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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-AIRR-10491-32.2021.5.03.0031
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10058314E8C17770AB.
Agravante: CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS S.A. - CEASAMINAS
Advogado: Dr. Bernardo Ananias Junqueira Ferraz
Agravado: SINDICATO DOS TRABALHADORES ATIVOS, APOSENTADOS E
PENSIONISTAS DO SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL NO ESTADO DE MINAS
GERAIS -SINDSEP-MG
Advogado: Dr. Marcelo Aroeira Braga
Advogada: Dra. Maria da Conceicao Carreira Alvim
Agravada: AROEIRA BRAGA, GUSMAN PEREIRA, CARREIRA ALVIM E ADVOGADOS
ASSOCIADOS.
Advogada: Dra. Maria da Conceicao Carreira Alvim
GMDMA/VRA
DECISÃO
“PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
O recurso é próprio, tempestivo (acórdão publicado em 09/11 /2022 ;
recurso de revista interposto em 22/11/2022 ), devidamente preparado
(depósito recursal - Id c35ea11 ; custas - Id 3fadcc6 ), sendo regular a
representação processual.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
TRANSCENDÊNCIA
Nos termos do artigo 896-A, § 6º da CLT, cabe ao Tribunal Superior
do Trabalho analisar se a causa oferece transcendência em relação aos
reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica.
Direito Coletivo / Contribuição Sindical
Examinados os fundamentos do acórdão, constato que o recurso não
demonstra divergência jurisprudencial válida e específica, nem
contrariedade com Súmula de jurisprudência uniforme do TST ou Súmula
Vinculante do STF, tampouco violação literal e direta de qualquer
dispositivo de lei federal e/ou da Constituição da República, como exigem
as alíneas "a" e "c" do art. 896 da CLT.
Quanto à determinação de desconto da mensalidade associativa em
folha de salário e da indenização pelos valores equivalentes da
mensalidade associativa não repassados a tempo e modo, de acordo com
os fundamentos expostos no acórdão, especialmente os de que... a
justificativa apresentada pela ré para a cessação dos descontos (vide
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Poder Judiciário
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resposta ao ofício encaminhado pelo Sindicato), não se sustenta, sendo
certo que o art. 545 da CLT prevê que "os empregadores ficam
obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus empregados,
desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas
ao sindicato, quando por este notificados" , não se vislumbra possível
ofensa aos dispositivos da Constituição Federal e da legislação federal
mencionados no recurso de revista, de forma direta e literal.
Ressaltou-se inclusive que, a decisão de origem não merece
reparo, impondo-se o acolhimento dos documentos juntados pelo
autor, mesmo após a contestação da ré, uma vez que estes foram
apresentados para contraposição ao fato novo suscitado pela
reclamada na defesa, qual seja: a inexistência das autorizações
individualizadas dos empregados sindicalizados para o desconto da
mensalidade sindical, justificativa que não constou da resposta
negativa ao ofício encaminhado pelo Sindicato no âmbito extrajudicial.
O deslinde da controvérsia transpõe os limites da literalidade dos
preceitos legais invocados, uma vez que a matéria em discussão é
eminentemente interpretativa, não se podendo afirmar que a própria letra
dos dispositivos tenha sofrido ofensa pelo acórdão.
Com efeito, o posicionamento adotado no acórdão recorrido reflete
a interpretação dada pelo Colegiado aos preceitos legais que regem a
matéria.
Eventual ofensa constitucional, ainda que fosse possível admiti-la,
seria meramente reflexa, insuficiente, portanto, para autorizar o trânsito
regular do recurso de revista.
O acórdão recorrido está lastreado em provas. Para se concluir de
forma diversa, seria necessário revolver fatos e provas, propósito
insuscetível de ser alcançado nesta fase processual, à luz da Súmula nº 126
do TST.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.”
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individuais para o respectivo desconto da mensalidade associativa em folha de
pagamento, como contraprova de fato novo suscitado na contestação; que a
empresa-ré justificou a cessão dos descontos apenas na inexistência de condições
técnicas da empresa para a realização da cobrança e dos repasses das mensalidades
sindicais, e na ausência de instrumento coletivo que institua a referida obrigação;
todavia, a Corte de origem registrou que a justificativa para cessão dos descontos
não se sustenta, haja vista que a empresa-ré não alegou a ausência de autorizações
individualizadas.
O art. 545 da CLT, com a nova redação dada pela Lei
13.467/2017, dispõe que os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de
pagamento dos seus empregados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por
este notificados.
Assim, o artigo não exige a autorização por meio de
assembleia geral, pelo contrário, o referido artigo prevê que as contribuições
sindicais só poderão ser recolhidas mediante autorização prévia e expressa de cada
trabalhador.
Essa exigência de autorização prévia e expressa do
trabalhador decorre do princípio da liberdade de associação ao sindicato, previsto
nos arts. 5º, XX, e 8º, V, da Constituição Federal, e ainda, em última análise, do
princípio da proteção jurídica do salário dos trabalhadores, que veda ao empregador
realizar descontos não autorizados expressamente em lei. Nesse sentido, julgados:
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asseverou que a autorização prévia e expressa para a cobrança de
contribuição sindical não pode se dar mediante deliberação coletiva em
assembleia; cabendo ao sindicato apresentar autorizações individuais
emitidas pelos empregados da reclamada para desconto de contribuições
sindicais. Nesse aspecto, tem prevalecido nesta Corte o entendimento de
que, a partir da vigência da Lei nº 13.467/2017, o recolhimento das
contribuições sindicais passou a ser facultativo, exigindo-se, assim, a
autorização prévia e expressa dos trabalhadores. Dessa forma, a
autorização coletiva para o desconto da contribuição sindical, mediante
assembleia geral, não cumpre a exigência legal de autorização prévia e
expressa do trabalhador. Óbice do art. 896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333
do TST. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (...)’
(AIRR-1000285-24.2018.5.02.0467, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria
Helena Mallmann, DEJT 27/05/2022). (grifos apostos);
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tenha feito referência expressa à necessidade de a autorização ser dad a de
forma individualizada, tal interpretação se coaduna com o espírito da lei,
que, ao transformar a contribuição sindical em facultativa, dependente de
autorização prévia e expressa, pretendeu resguardar o princípio
constitucional da liberdade de associação sindical, preconizado nos arts.
5º, XX, 8º, V, da Constituição Federal e que, inclusive, já norteava as
questões atinentes à cobrança de contribuição assistencial e confederativa
em face de empregados não sindicalizados. Precedente. Importante
registrar, ainda, que caso a intenção do legislador fosse permitir a
autorização coletiva para a cobrança/desconto da contribuição sindical, tal
como pretende a parte autora, o teria feito de forma expressa, o que não
ocorreu. Dessa forma, a decisão agravada foi proferida pelo
reconhecimento de existência de transcendência jurídica apta ao
conhecimento da revista . Nesse contexto, não tendo sido apresentados
argumentos suficientes à reforma da r. decisão impugnada, deve ser
desprovido o agravo. Ante a improcedência do recurso, aplica-se à parte
agravante a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo não provido,
com imposição de multa’ (Ag-RR-101450-23.2016.5.01.0082, 5ª Turma,
Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 27/05/2022). (grifos apostos);
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2 - Incontroverso nos autos que o desconto aprovado nos salários dos
trabalhadores da contribuição sindical foi em duas parcelas de 2% nos
meses de agosto de 2018 e janeiro de 2019. 3 - Diante da nova redação dos
arts. 578 e 579 da CLT dada pela Lei nº 13.467/2017, o desconto da
contribuição sindical não pode ser imposto a trabalhadores e
empregadores, conforme, inclusive, já decidiu o STF, ao julgar a ADI 5.794,
de modo a ser necessário autorização prévia e expressa para que seja
efetuado. 4 - Em que pese os referidos dispositivos não tenham feito
menção expressa à autorização individual para fins de desconto da
contribuição sindical, o entendimento desta Corte é de que, diante do
critério facultativo adotado, a autorização coletiva para o desconto da
contribuição sindical, dada em assembleia geral, não cumpre a exigência
legal de prévia e expressa autorização do trabalhador, e há necessidade de
haver autorização individualizada, com vistas a, inclusive, ser resguardado
o princípio da liberdade de associação sindical (artigos 5º, XX e 8º, V, da
Constituição Federal). Julgados. 5 - Recurso de revista de que se dá
provimento’ (RR-448-54.2019.5.22.0006, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia
Magalhaes Arruda, DEJT 06/05/2022). (grifos apostos);
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