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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR - 12203-55.2017.5.15.0066

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100432CB8C369C765C.
A C Ó R D Ã O
7ª Turma
CMB/ansv/aps

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA DO AUTOR. LEI Nº 13.467/2017.
ESTABILIDADE PRÉ-APOSENTADORIA. NORMA
COLETIVA. EXIGÊNCIA DE APOSENTADORIA
PROPORCIONAL. SÚMULA Nº 126 DO TST.
TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA CONSTATADA.
Em relação à transcendência econômica,
esta Turma estabeleceu como referência,
para o recurso do empregado, o valor
fixado no artigo 852-A da CLT. Na
hipótese dos autos, os pedidos da
petição inicial foram improcedentes,
todavia o valor da causa está fixado em
R$ 50.000,00, o que alcança o patamar da
transcendência. O Tribunal Regional,
soberano na análise do conjunto
fático-probatório, consignou que “A
norma coletiva, como visto, não garante
o emprego ao trabalhador em vias de
aposentadoria integral.” Assim, a tese
recursal no sentido de que existia o
direito à estabilidade, esbarra no teor
da Súmula nº 126 do TST, pois demanda a
análise da norma coletiva. Agravo de
instrumento conhecido e não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n°
TST-AIRR-12203-55.2017.5.15.0066, em que é Agravante LUIZ CARLOS
FELIPPIN e Agravado MAKRO ATACADISTA S.A...

A parte autora, não se conformando com a decisão do


Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, que negou seguimento ao
recurso de revista, interpõe o presente agravo de instrumento. Sustenta
que foram preenchidos todos os pressupostos legais para o regular
processamento daquele recurso.
Contraminuta e contrarrazões apresentadas.
Firmado por assinatura digital em 24/06/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público
do Trabalho, nos termos do artigo 95, § 2º, II, do Regimento Interno do
TST.
É o relatório.

V O T O

MARCOS PROCESSUAIS E NORMAS GERAIS APLICÁVEIS

Considerando que o acórdão regional foi publicado em


29/01/2019 e que a decisão de admissibilidade foi publicada em
01/07/2019, incide a Lei nº 13.467/2017.

CONHECIMENTO

Presentes os pressupostos legais de admissibilidade,


conheço do agravo de instrumento.

MÉRITO

TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA

Nos termos do artigo 896-A da CLT, com a redação que


lhe foi dada pela Lei nº 13.467/2017, antes de adentrar o exame dos
pressupostos intrínsecos do recurso de revista, é necessário verificar
se a causa oferece transcendência.
Primeiramente, destaco que o rol de critérios de
transcendência previsto no mencionado preceito é taxativo, porém, os
indicadores de cada um desses critérios, elencados no § 1º, são meramente
exemplificativos. É o que se conclui da expressão "entre outros",
utilizada pelo legislador.
Pois bem.
A parte autora insiste no processamento do seu recurso
de revista quanto ao tema: ESTABILIDADE PRÉ-APOSENTADORIA - NORMA
COLETIVA - EXIGÊNCIA DE APOSENTADORIA PROPORCIONAL.
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Merecem destaque os seguintes trechos da decisão
regional:
“(...) À análise.
A rescisão contratual foi homologada em 26.9.2016 (fls. 229/230).
Embora não tenha sido feita qualquer ressalva no TRCT acerca da condição
de estabilidade provisória, o reclamante comprovou que, anteriormente,
comunicou a reclamada do direito ao benefício que entendia fazer jus (fls. 15
e 24).
Ocorre que na cláusula 21ª da CCT (fl. 42) foi pactuada estabilidade de
dois anos para os empregados com vinte anos de trabalho na empresa ou
mais, nos seguintes termos:
21 - GARANTIA DE EMPREGO DO FUTUDO APOSENTADO -
Fica assegurado aos empregados em geral, sejam homens ou mulheres, em
vias de aposentadoria, nos prazos mínimos legais, de conformidade com o
previsto nos termos do artigo 188 do Decreto nº 3.048/99, com a redação
dada pelo Decreto nº 4.729, garantia de emprego, como segue: [...]
Parágrafo 3º - O empregado que deixar de apresentar o extrato de
informações previdenciárias no prazo estipulado no parágrafo 1º, ou de
pleitear a aposentadoria na data em que adquirir essa condição, não fará jus à
garantia de emprego e/ou indenização correspondente previstas no parágrafo
anterior.
[...]
O artigo 188 do Decreto 3.048/99, referido na cláusula supra, cuida
especificamente da aposentadoria proporcional, cabível quando o segurado
homem, cumulativamente, contar com cinquenta e três anos ou mais de
idade, e tempo de contribuição igual, no mínimo, a trinta anos.
Conforme se infere da CTPS (fl. 79), o reclamante nasceu em
14.6.1963. Logo, nada data da dispensa (1º.9.2016), estava com 53 anos.
E, conforme documento de fl. 85 (Demonstrativo de Simulação do
Cálculo do Tempo de Contribuição), em 14.9.2016, seu tempo de
contribuição era de 33 anos, 1 mês e 23 dias, ou seja, por ocasião da rescisão
contratual já tinha adquirido o direito à aposentadoria proporcional.
A norma coletiva, como visto, não garante o emprego ao trabalhador
em vias de aposentadoria integral. Se os sindicatos que assinaram a
convenção coletiva quisessem vincular a garantia de emprego à
aposentadoria integral não teriam feito menção ao artigo 188 do Decreto
3048/99.
Assim, como as normas benéficas comportam interpretação restritiva,
nos termos do art. 114 do Código Civil, dou provimento ao recurso porque,
no caso, não há falar em dispensa obstativa, julgando improcedente a
reclamação.” (fls. 306/307 – destaquei).

Em relação à transcendência econômica, esta Turma


estabeleceu como referência, para o recurso do empregado, o valor fixado
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no artigo 852-A da CLT. Na hipótese dos autos, os pedidos da petição
inicial foram improcedentes, todavia o valor da causa está fixado em R$
50.000,00, o que alcança o patamar da transcendência.
Passo ao exame do apelo.

ESTABILIDADE PRÉ-APOSENTADORIA - NORMA COLETIVA -


EXIGÊNCIA DE APOSENTADORIA PROPORCIONAL - SÚMULA Nº 126 DO TST

Afirma que cumpriu todos os requisitos exigidos para


ter direito à estabilidade pré-aposentadoria. Defende que a norma
coletiva não faz distinção entre aposentadoria proporcional ou integral.
Aponta violação do artigo 7º, XXVI, da Constituição Federal. Transcreve
arestos para o confronto de teses.
Pois bem.
O Tribunal Regional, soberano na análise do conjunto
fático-probatório, consignou que “A norma coletiva, como visto, não
garante o emprego ao trabalhador em vias de aposentadoria integral.”
Assim, a tese recursal no sentido de que existia o
direito à estabilidade, esbarra no teor da Súmula nº 126 do TST, pois
demanda a análise da norma coletiva.
Os arestos colacionados desservem à comprovação de
dissenso pretoriano. Os de fls. 324/325 por não refletirem as premissas
fáticas das quais partiu o acórdão recorrido, pois não tratam da restrição
de aposentadoria proporcional prevista na norma (Súmula nº 296, I, do
TST). Já os de fls. 325/326 são oriundos de Turmas do TST, órgão não
elencado no artigo 896, “a”, da CLT.
Nego provimento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de
instrumento.
Brasília, 23 de junho de 2021.

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CLÁUDIO BRANDÃO
Ministro Relator

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