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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-AIRR-1000191-95.2021.5.02.0362
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005564FE95C7FAF54.
Agravante: HELIO NOGUEIRA CAVALLARI
Advogado: Dr. Clayton Eduardo Casal Santos
Agravado: MARELLI COFAP DO BRASIL LTDA.
Advogado: Dr. José Eduardo Duarte Saad
GMDAR/CDGLC
DECISÃO
Vistos etc.
I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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Poder Judiciário
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Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-AIRR-1000191-95.2021.5.02.0362
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IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da
legislação trabalhista.
O exame do art. 896-A, § 1º, da CLT revela que o próprio legislador deixou
aberta a possibilidade de detecção de outras hipóteses de transcendência, ao sugerir de
modo meramente exemplificativo os parâmetros delineados no § 1º do art. 896-A da
CLT.
Não se pode, portanto, no exercício desse juízo inicial de delibação, afastar
o papel precípuo do TST de guardião da unidade interpretativa do direito no âmbito da
Justiça do Trabalho.
Nesse sentido, deve se entender presente a transcendência política nas
hipóteses em que as decisões regionais, de forma direta e objetiva, contrariam a
jurisprudência pacífica e reiterada desta Corte, ainda que não inscrita em Súmula ou
Orientação Jurisprudencial.
Esse novo sistema busca realizar pelo menos três valores constitucionais
relevantes: isonomia, celeridade e segurança jurídica no tratamento aos
jurisdicionados. Por isso, também as decisões nesses incidentes, quando descumpridas,
devem ensejar o reconhecimento da transcendência política para o exame do recurso
de revista.
Em síntese, o pressuposto da transcendência política estará configurado
sempre que as decisões regionais desafiarem as teses jurídicas pacificadas pelo TST em
reiteradas decisões (§ 7º do art. 896 c/c a Súmula 333 do TST), em Súmulas, em
Orientações Jurisprudenciais ou em Incidentes de Resolução de Demandas Repetitivas e
de Assunção de Competência.
II – AGRAVO DE INSTRUMENTO
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entender não configuradas as hipóteses de cabimento previstas no artigo 896 da CLT.
Eis os termos da decisão:
Processo: 1000191-95.2021.5.02.0362
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRT 2ª Região
ROT-1000191-95.2021.5.02.0362 - Turma 16
Recurso de Revista
Recorrente(s):
HELIO NOGUEIRA CAVALLARI
Advogado(a)(s):
CLAYTON EDUARDO CASAL SANTOS (SP - 211908)
Recorrido(a)(s):
MARELLI COFAP DO BRASIL LTDA.
Advogado(a)(s):
JOSE EDUARDO DUARTE SAAD (SP - 36634)
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tramitação na forma da Lei n.º 13.467/2017.
Tempestivo o recurso (decisão publicada no DEJT em
20/04/2023 - Aba de Movimentações; recurso apresentado em
04/05/2023 - id. d4356b1 ).
Regular a representação processual, id. be07a51 .
Dispensado o preparo (id. f16e5f2 ).
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Duração do Trabalho / Intervalo Intrajornada.
A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho havia
firmado o entendimento de que é inválida cláusula de acordo ou
convenção coletiva de trabalho que prevê a supressão ou
redução do intervalo intrajornada (item II da Súmula 437).
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Contudo, em 02/06/2022, o Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.121.633 (Tema nº
1046 de repercussão geral), fixou a seguinte tese jurídica:
"São constitucionais os acordos e as convenções coletivos
que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam
limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas,
independentemente da explicitação especificada de vantagens
compensatórias, desde que respeitados os direitos
absolutamente indisponíveis." (DJe 14/06/2022)
Nos termos da referida decisão, exceto quando houver
afronta a direito absolutamente indisponível - não é o caso dos
autos -, deverá sempre prestigiada a autonomia da vontade
coletiva consagrada pelo art. 7º, XXVI, da Lei Maior, como
entendeu o Regional.
Assim, tendo em vista o caráter vinculante e a eficácia erga
omnes da decisão proferida no mencionado recurso
extraordinário (CPC, art. 927, III), inviável o seguimento do apelo.
Nesse sentido:
"RECURSO DE REVISTA COM AGRAVO. ACÓRDÃO DO
REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. [...]
RECURSO DE REVISTA. INTERVALO INTRAJORNADA. REDUÇÃO
POR NORMA COLETIVA. VALIDADE. TEMA 1046 DA TABELA DE
REPERCUSSÃO GERAL. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. 1. Esta Corte
Superior tinha o entendimento de que o intervalo intrajornada
constituía medida de higiene, saúde e segurança do trabalho,
sendo inválida a cláusula normativa que contemplava sua
supressão ou intervalo (Súmula nº 437, II, do TST). 2. Com a
reforma trabalhista, a Lei nº 13.467/2017 estabeleceu novos
parâmetros à negociação coletiva, introduzindo os artigos 611-A
e 611-B à CLT, que possibilitam a redução do intervalo
intrajornada, respeitado o limite mínimo de 30 minutos para
jornada superior a seis horas, fazendo, ainda, constar que regras
sobre duração do trabalho e intervalos não são consideradas
como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho para os
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fins da proibição de negociação coletiva (art. 611-B, parágrafo
único). 3. Em recente decisão proferida no Tema nº 1046 da
Tabela de Repercussão Geral (ARE 1121633), o STF fixou a tese
jurídica de que 'são constitucionais os acordos e as convenções
coletivos que, ao consideraram a adequação setorial negociada,
pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas,
independentemente da explicitação especificada de vantagens
compensatórias, desde que respeitados os direitos
absolutamente indisponíveis'. (destaquei). 4. Na oportunidade,
segundo notícia extraída do sítio eletrônico da Suprema Corte,
prevaleceu o entendimento do Exmo. Ministro Gilmar Mendes
(Relator), que prestigiou a norma coletiva que flexibilizou as
horas in itinere, explicitando que, ainda que a questão esteja
vinculada ao salário e à jornada de trabalho, a própria
Constituição Federal permite a negociação coletiva em relação
aos referidos temas, ficando vencidos os Exmos. Ministros Edson
Fachin e Rosa Weber, que entendiam que, estando o direito
relacionado com horas extras, seria inadmissível a negociação
coletiva. 5. A conclusão a que se chega é que, exceto nos casos
em que houver afronta a padrão civilizatório mínimo assegurado
constitucionalmente ao trabalhador, será sempre prestigiada a
autonomia da vontade coletiva consagrada pelo art. 7º, XXVI, da
CR. 6. No presente caso, há registro de que o reclamante
usufruía de 30 minutos de intervalo intrajornada e que houve
negociação coletiva a respeito do tema, o que atende ao
precedente vinculante do STF, além de estar em consonância
com as normas constitucional (artigo 7º, XIII) e legal (artigo 611-A,
III, da CLT), que permitem a flexibilização da jornada de trabalho.
7. Correta, pois, a decisão do v. acórdão regional que reconheceu
a validade da negociação coletiva. Recurso de revista não
conhecido" (ARR-1001605-10.2016.5.02.0361, 8ª Turma, Relator
Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 03/11/2022).
DENEGO seguimento.
Duração do Trabalho / Adicional Noturno.
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Duração do Trabalho / Adicional Noturno /
Prorrogação do Horário Noturno.
Duração do Trabalho / Horas Extras.
A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-1,
órgão uniformizador de jurisprudência interna corporis do
Tribunal Superior do Trabalho, firmou o entendimento de que,
havendo norma coletiva fixando como base de cálculo das horas
extras e do adicional noturno tão somente o salário nominal, em
virtude de utilização de adicional superior - é o caso dos autos -,
devem prevalecer as condições pactuadas, ante o disposto no
artigo 7º, XXVI, da Constituição Federal, que permite a
flexibilização do Direito do Trabalho fundada na autonomia
coletiva privada.
Precedentes: AgR-E-ED-RR-228-27.2011.5.02.0060, Relator
Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, DEJT 19/12/2017;
AgR-ED-E-RR-441-25.2012.5.02.0019, Relator Ministro Hugo
Carlos Scheuermann, DEJT 31/10/2017;
E-RR-1000117-05.2014.5.02.0421, Relator Ministro Aloysio Corrêa
da Veiga, DEJT 29/09/2017; E-ED-RR-431-93.2012.5.02.0014,
Relator Ministro Augusto César Leite de Carvalho, DEJT
18/11/2016; E-RR-1121-40.2013.5.02.0030, Relator Ministro
Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 18/11/2016;
E-RR-611-14.2010.5.02.0036, Relator Ministro João Batista Brito
Pereira, DEJT 30/08/2013; E-ED-ED-RR-2259-87.2011.5.02.0070,
Relator Ministro Augusto César Leite de Carvalho, DEJT
07/11/2014.
Assim, estando a decisão recorrida em consonância com a
atual e iterativa jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho,
o trânsito do recurso de revista encontra óbice no art. 896, § 7º,
da CLT e na Súmula 333 do TST.
DENEGO seguimento.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Intimem-se.
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/mlf
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incorporados a esta decisão.
Assim, constatado que as razões apresentadas pela parte Agravante não
são capazes de justificar a reforma da decisão Regional, viabilizando o processamento
regular do recurso de revista denegado, no que se refere aos temas veiculados nas
razões recursais, porquanto não se evidencia a transcendência sob quaisquer de suas
espécies, na medida em que não alcança questão jurídica nova (transcendência
jurídica); o valor da causa não assume expressão econômica suficiente a ensejar a
intervenção desta Corte (transcendência econômica); tampouco se divisa ofensa a
direito social constitucionalmente assegurado (transcendência social).
Ademais, não há, a partir das específicas circunstâncias fáticas
consideradas pela Corte Regional, jurisprudência dissonante pacífica e reiterada no
âmbito desta Corte, não se configurando a transcendência política do debate
proposto.
Registro, por fim, que, conforme Tese 339 de Repercussão Geral do STF, o
artigo 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam
fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame
pormenorizado de cada uma das alegações ou provas.
Logo, uma vez que a parte já recebeu a resposta fundamentada deste
Poder Judiciário, não há espaço para o processamento do recurso de revista denegado.
Assim, ratificando os motivos inscritos na decisão agravada, devidamente
incorporados a esta decisão, e amparado no artigo 932 do CPC/2015, NEGO
PROVIMENTO ao agravo de instrumento.
Publique-se.
Brasília, 28 de agosto de 2023.
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