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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR-10841-02.2015.5.05.0281

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001D5164D70C86E6D.
Agravante: CARLOS DA SILVA BISPO
Advogado : Dr. Helder Morais Dias
Agravado : JACOBINA MINERAÇÃO E COMÉRCIO LTDA.
Advogada : Dra. Ana Cláudia Guimarães Vitari
Advogada : Dra. Bruna Sampaio Jardim
Advogada : Dra. Priscila Vasconcelos de Mello Vieira
Agravado : ENGEFORTE OBRAS INDUSTRIAIS TERRAPLANAGEM E PAVIMENTAÇÃO
LTDA. - ME
IGM/nc

D E S P A C H O

I) RELATÓRIO
Contra o despacho da Vice-Presidência do TRT da 5ª Região, que
denegou seguimento ao seu recurso de revista com fulcro nas Súmulas 126
e 333 do TST (seq. 3, págs. 275-277), o Reclamante interpõe agravo de
instrumento, no intuito de rediscutir o tema da responsabilidade
subsidiária (seq. 3, págs. 280-284).
II) FUNDAMENTAÇÃO
Tratando-se de agravo de instrumento interposto contra
despacho denegatório de recurso de revista referente a acórdão regional
publicado após a entrada em vigor da Lei 13.467/17 (seq. 3, pág. 279),
tem-se que o apelo ao TST deve ser analisado à luz do critério da
transcendência previsto no art. 896-A da CLT, que dispõe:
“Art. 896-A - O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará
previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de
natureza econômica, política, social ou jurídica.
§ 1º São indicadores de transcendência, entre outros:
I - econômica, o elevado valor da causa;
II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;
III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social
constitucionalmente assegurado;
IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação
trabalhista” (grifos nossos).
Não é demais registrar que o instituto da transcendência foi
outorgado ao TST para que possa selecionar as questões que transcendam
o interesse meramente individual (transcendência econômica ou social em
face da macro lesão), exigindo posicionamento desta Corte quanto à

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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interpretação do ordenamento jurídico trabalhista pátrio, fixando teses
jurídicas que deem o conteúdo normativo dos dispositivos da CLT e
legislação trabalhista extravagante (transcendência jurídica) e
garantam a observância da jurisprudência, então pacificada, pelos
Tribunais Regionais do Trabalho (transcendência política).
Conforme disposto no art. 247 do RITST, tal critério, sendo
ínsito ao apelo, deve ser examinado de ofício, independentemente de ter
sido articulado ou esgrimido pela Parte.
Ademais, topograficamente, a Seção II do RITST, que trata da
transcendência, foi colocada em separado relativamente às Seções III e
IV, que se referem, respectivamente, ao recurso de revista e ao agravo
de instrumento, justamente porque se dirige a ambos os apelos.
Isso porque, se a transcendência consiste em juízo de
delibação, prévio à análise do recurso em seus demais pressupostos, e
tais pressupostos não podem ser afastados com base no reconhecimento da
transcendência do apelo, temos que o vício formal na veiculação de agravo
de instrumento retira ipso facto a transcendência do recurso de revista.
Nesse sentido se deve fazer a leitura do § 5º do art. 896-A
da CLT, quando fala em ausência de transcendência da matéria, nos casos
de denegação monocrática de agravo de instrumento pelo relator no TST.
Se o agravo nem sequer ultrapassa o seu próprio conhecimento,
por vício formal ostensivo, o apelo carece de transcendência para ser
analisado, já que não se poderá reabrir o mérito da discussão. Ou seja,
a eventual transcendência de tópico de recurso de revista não supre o
não preenchimento dos pressupostos extrínsecos ou intrínsecos deste ou
do agravo de instrumento que visava a destrancá-lo.
In casu, o Agravante não enfrenta os obstáculos erigidos pelo
despacho agravado, notadamente o óbice da Súmula 126 do TST,
desrespeitando totalmente o princípio da dialeticidade previsto na
Súmula 422 do TST e no art. 1.016, III, do CPC.
Assim, no caso concreto, o agravo de instrumento não atende
aos requisitos do art. 896-A, caput e §§ 1º e 5º, da CLT, uma vez que,
tropeçando no óbice da Súmula 422 do TST, por não ter atacado a totalidade
dos fundamentos jurídicos do despacho agravado, inviabiliza a análise
dos pressupostos de transcendência do recurso denegado, e o

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reconhecimento do seu vício formal não constitui inovação, encontrando
solução na jurisprudência sumulada desta Corte (Enunciado 422), em
desfavor do Reclamante, independentemente da questão jurídica esgrimida
quanto ao mérito do recurso de revista (responsabilidade subsidiária)
ou do valor atribuído à causa (R$ 100.000,00), cuja condenação foi
arbitrada em R$ 50.000,00.
Por outro lado, não sendo mais recorrível dentro deste Tribunal
o despacho denegatório do agravo de instrumento por falta de
transcendência, inclusive por embargos declaratórios, em face de sua
natureza recursal (Súmula 421, II, do TST), e não sendo admissível recurso
extraordinário para rediscussão dos requisitos de admissibilidade dos
recursos de competência de outros tribunais, por ausência de repercussão
geral (STF-RE 598.365 RG/MG, Rel. Min. Ayres Britto, DJe de 26/03/10,
ARE 697.560 AgR/MG, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 05/03/13; ARE 733.114/DF,
Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 03/04/13; ARE 646.574/PA, Rel. Min. Dias
Toffoli, DJe de 18/02/13), a consequência natural é a formação da coisa
julgada, com a imediata baixa dos autos à origem.
III) CONCLUSÃO
Do exposto, não sendo transcendente o agravo de instrumento
e o recurso de revista que visava destrancar, denego seguimento ao apelo,
lastreado no art. 896-A, §§ 1º e 5º, da CLT, determinando a imediata baixa
dos autos ao juízo de origem.
Publique-se.
Brasília, 26 de setembro de 2018.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


IVES GANDRA DA SILVA MARTINS FILHO
Ministro Relator

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