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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RRAg-1001533-78.2016.5.02.0472

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005503825A6B0C0DA.
Agravado, Recorrente e Recorrido: ANDERSON APARECIDO ALVES DE
ALMEIDA
Advogado: Dr. Clayton Eduardo Casal Santos
Agravante, Recorrente e Recorrido: GENERAL MOTORS DO BRASIL LTDA
Advogada: Dra. Raquel Nassif Machado Paneque

GMHCS/mbs

DECISÃO

I - Relatório
Trata-se de agravo de instrumento interposto para destrancar recurso de
revista da parte, bem assim recursos de revista interpostos contra o acórdão do
Tribunal Regional do Trabalho.

II - Fundamentação
1. Agravo de instrumento da reclamada
Na minuta de agravo de instrumento, a parte agravante defende o trânsito
do recurso de revista, insistindo na viabilidade do recurso à luz das hipóteses de
admissibilidade previstas no art. 896 da CLT.
Decido.
Na hipótese, as razões recursais não logram êxito em demonstrar o
desacerto da decisão agravada.
Neste contexto, há de ser mantida a conclusão do Tribunal Regional, no
sentido de denegar seguimento a recurso de revista que não se viabiliza por nenhuma
das hipóteses do artigo 896 da CLT, seja naquelas previstas em suas alíneas “a”, “b” e “c”,
seja naquelas previstas nos parágrafos 2º, 9º e 10º do mencionado artigo, razão pela
qual, a decisão agravada deve ser mantida, por seus próprios e jurídicos fundamentos.
Destaco, desde logo, que a adoção da decisão agravada atende à exigência
legal e constitucional da motivação das decisões proferidas pelo Poder Judiciário,
conforme já se consolidou a jurisprudência do Excelso Supremo Tribunal Federal (RHC
113308, Primeira Turma, Relator Min. Marco Aurélio, Redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, Dj 02/06/2021).
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instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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Registre-se, por fim, que não há falar em incidência do art. 1.021, § 3º, do
CPC/2015, pois esse dispositivo aplica-se aos agravos internos, e não aos agravos de
instrumento.
Nego provimento.

2. Recurso de revista da reclamada


Valor da indenização por danos morais
Quanto ao tema em destaque, constato que os valores objeto do recurso
de revista, individualmente considerado em seus temas, não revelam relevância
econômica a justificar a atuação desta Corte Superior.
Por outro lado, o recurso de revista não trata de questão nova nesta Corte
Superior, tampouco se verifica haver desrespeito à jurisprudência dominante desta
Corte ou do Supremo Tribunal Federal ou afronta direta a direitos sociais
constitucionalmente assegurados.
Com efeito, acerca da matéria, o entendimento desta Corte Superior é no
sentido de que a revisão do montante arbitrado na origem, em compensação pelos
danos sofridos, dá-se, tão somente, em hipóteses em que é nítido o caráter irrisório ou
exorbitante da condenação, de modo tal que sequer seja capaz de atender aos
objetivos estabelecidos pelo ordenamento para o dever de indenizar.
No caso, frente ao cenário ofertado no acórdão recorrido, não diviso
notória desproporcionalidade ou falta de razoabilidade passível de ensejar a redução
da indenização por danos morais.
Nessa medida, os recursos de revista não oferece transcendência com
relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica.
Não conheço.

3. Recurso de revista do reclamante


3.1. Danos materiais. Parcela única
Quanto ao tema em destaque, constato que a parte não indica, em seu
recurso de revista, o trecho do acórdão regional em que consubstanciado o
prequestionamento da controvérsia. Descumprido, portanto, o requisito previsto no
artigo 896, § 1º-A, I, da CLT. Ressalto que o trecho transcrito à fl. 846 não trata do
indeferimento do pagamento da indenização por danos materiais de uma só vez.
Não conheço.
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3.2. Valor da indenização por danos morais
Quanto ao tema em destaque, constato que os valores objeto do recurso
de revista, individualmente considerado em seus temas, não revelam relevância
econômica a justificar a atuação desta Corte Superior.
Por outro lado, o recurso de revista não trata de questão nova nesta Corte
Superior, tampouco se verifica haver desrespeito à jurisprudência dominante desta
Corte ou do Supremo Tribunal Federal ou afronta direta a direitos sociais
constitucionalmente assegurados.
Com efeito, acerca da matéria, o entendimento desta Corte Superior é no
sentido de que a revisão do montante arbitrado na origem, em compensação pelos
danos sofridos, dá-se, tão somente, em hipóteses em que é nítido o caráter irrisório ou
exorbitante da condenação, de modo tal que sequer seja capaz de atender aos
objetivos estabelecidos pelo ordenamento para o dever de indenizar.
No caso, frente ao cenário ofertado no acórdão recorrido, não diviso
notória desproporcionalidade ou falta de razoabilidade passível de ensejar a majoração
da indenização por danos morais.
Nessa medida, os recursos de revista não oferece transcendência com
relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica.
Não conheço.

3.3. Índice de correção monetária e juros aplicáveis aos créditos


trabalhistas
Publicado o acórdão regional na vigência da Lei 13.467/2017, incide o
disposto no art. 896-A da CLT, que exige, como pressuposto ao exame do recurso de
revista, a transcendência econômica, política, social ou jurídica (§1º, incisos I, II, III e IV).
Quanto à matéria em destaque, constato haver transcendência, tendo em
vista a tese firmada no julgamento conjunto das Ações Declaratórias de
Constitucionalidade (ADCs) 58 e 59 e das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs)
5867 e 6021.
Com efeito, em sessão do dia 18/12/2020, o Supremo Tribunal Federal
decidiu, por maioria, pela procedência parcial das ADCs 58 e 59 e ADIs 6021 e 5867,
conferindo interpretação conforme à Constituição aos artigos 879, § 7º, e 899, § 4º, da
CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de 2017, no sentido de considerar que à
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atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos
recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que
sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de correção monetária e de juros
vigentes para as condenações cíveis em geral, quais sejam, a incidência do IPCA-E na
fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código
Civil).A decisão teve seus efeitos modulados, de modo que restou estabelecido que:
(i) são reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão (na ação
em curso ou em nova demanda, incluindo ação rescisória) todos os pagamentos
realizados utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo
oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os juros de
mora de 1% ao mês, assim como devem ser mantidas e executadas as sentenças
transitadas em julgado que expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no
dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês;
(ii) os processos em curso que estejam sobrestados na fase de
conhecimento (independentemente de estarem com ou sem sentença, inclusive na fase
recursal) devem ter aplicação, de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção
monetária), sob pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em
interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º
e 7º, do CPC) e
(iii) igualmente, ao acórdão formalizado pelo Supremo sobre a questão
dever-se-á aplicar eficácia erga omnes e efeito vinculante, no sentido de atingir aqueles
feitos já transitados em julgado desde que sem qualquer manifestação expressa quanto
aos índices de correção monetária e taxa de juros (omissão expressa ou simples
consideração de seguir os critérios legais).
Ressalte-se que, nos termos da decisão proferida pelo Supremo Tribunal
Federal, a atualização dos créditos trabalhistas pelo IPCA-E, na fase pré-judicial, não
exclui a aplicação dos juros legais previstos no caput do art. 39 da Lei n. 8.177/1991.
Nesse sentido, os seguintes julgados: Rcl 49740/SP, Relator(a): Min. ROSA WEBER, DJE
07/10/2021; Rcl 50117 MC/RS, Relator(a): Min. NUNES MARQUES, DJE 05/11/2021; Rcl
49310/RS, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, DJE 19/10/2021; Rcl 50107/RS, Relator(a):
Min. CÁRMEN LÚCIA, DJE 26/10/2021.
Por sua vez, ressalvado o entendimento deste Relator, firmou-se nesta
Egrégia Primeira Turma o entendimento de que a existência de eventuais óbices
processuais, tais como a limitação do pedido nas razões recursais, não distinguiria o
caso concreto, de modo a afastar a aplicação da tese firmada pelo Supremo Tribunal
Federal. Tampouco haveria falar em reformatio in pejus, porquanto a atualização do
crédito constituiria matéria de ordem pública, não se podendo desconsiderar, ainda, o

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efeito vinculante das decisões proferidas em sede de controle concentrado pelo
Pretório Excelso.
No caso, o Tribunal Regional deu provimento ao recurso ordinário da
reclamada, registrando que “A correção monetária deve ser realizada pela Taxa referencial,
TR, conforme previsto no art. 879, § 7º da CLT.”.
Necessária, pois, a adequação dessa decisão à tese vinculante firmada ao
julgamento das ADCs 58 e 59 e ADIs 6021 e 5867.
Conheço do recurso de revista, por violação do art. 39 da Lei 8.177/91, e,
no mérito, dou-lhe provimento para, adequando o acórdão regional à tese de caráter
vinculante fixada pela Suprema Corte, determinar que o crédito trabalhista deferido na
presente ação seja atualizado pelo IPCA-E e juros de mora, na fase pré-judicial, e, a
partir do ajuizamento da ação, pela taxa SELIC (que abarca correção monetária e juros
de mora - art. 406 do CCB/2002), observados os parâmetros fixados pelo STF no
julgamento das ADI-5867, ADI-6021, ADC 58 e ADC 59.

III - Conclusão
Ante o exposto, com base no art. 118, X, do Regimento Interno do TST: I –
nego provimento ao agravo de instrumento da reclamada; II – não conheço do
recurso de revista da reclamada; III - conheço do recurso de revista do reclamante,
apenas quanto ao tema “Índice de correção monetária e juros aplicáveis aos créditos
trabalhistas”, por violação do art. 39 da Lei 8.177/91, e, no mérito, dou-lhe provimento
para, adequando o acórdão regional à tese de caráter vinculante fixada pela Suprema
Corte, determinar que o crédito trabalhista deferido na presente ação seja atualizado
pelo IPCA-E e juros de mora, na fase pré-judicial, e, a partir do ajuizamento da ação, pela
taxa SELIC (que abarca correção monetária e juros de mora - art. 406 do CCB/2002),
observados os parâmetros fixados pelo STF no julgamento das ADI-5867, ADI-6021, ADC
58 e ADC 59.
Publique-se.
Brasília, 15 de agosto de 2023.

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HUGO CARLOS SCHEUERMANN
Ministro Relator

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