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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

14/08/2023

Número: 1006878-76.2021.4.01.3700
Classe: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL
Órgão julgador: 13ª Vara Federal Cível da SJMA
Última distribuição : 17/02/2021
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: PAES/Parcelamento Especial
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
GOMES SODRE ENGENHARIA LTDA (IMPETRANTE) GEORGE DOS SANTOS RIBEIRO (ADVOGADO)
DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM SAO
LUIS/MA (IMPETRADO)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
71720 24/09/2021 13:56 Sentença Tipo A Sentença Tipo A
3471
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Maranhão
13ª Vara Federal Cível da SJMA

SENTENÇA TIPO "A"

PROCESSO: 1006878-76.2021.4.01.3700
CLASSE: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL (120)
POLO ATIVO: GOMES SODRE ENGENHARIA LTDA
REPRESENTANTES POLO ATIVO: GEORGE DOS SANTOS RIBEIRO - PI5692
POLO PASSIVO:DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM SAO LUIS/MA

SENTENÇA

1. RELATÓRIO

GOMES SODRÉ ENGENHARIA LTDA. Impetrou Mandado de Segurança contra conduta


omissiva atribuída ao DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM SÃO LUÍS, objetivando
provimento jurisdicional que imponha ao Impetrado a análise imediata dos Pedidos de
Compensação/Restituição (PER/DCOMP).

Sustentou, em resumo, que, embora tenha protocolado Pedidos de


Compensação/Restituição de créditos tributários nos meses de junho e julho de 2019, permanece sem
resposta definitiva da autoridade competente. Alegou, ainda, que a referida demora viola os princípios da
eficiência e da razoável duração do processo, contrariando o art. 24 da Lei 11.457/2007, que estabelece o
prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias para que a Receita profira decisão a respeito de petições, defesas ou
recursos administrativos.

Em suas Informações, o Impetrado alegou que a mora decorre do excessivo número de


demandas administrativas sob responsabilidade do Fisco. Ressaltou, ademais, que qualquer decisão que lhe
imponha a análise imediata dos pedidos da Impetrante importaria em favorecimento imotivado, violador do
princípio da isonomia. Ao final, requereu o indeferimento do mandado de segurança (id 473490399).

Em seguida, os autos vieram conclusos.

Eis o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

Com a apresentação de Informações da Autoridade Impetrada, analiso a pretensão principal

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formulada no presente feito, dispensando a prévia intimação do Ministério Público, eis que o Parquet,
invocando o seu novo papel constitucional à luz do art. 129 da CF/88, vem deixando de apresentar parecer em
processos semelhantes, nos quais, tal como no presente mandamus, discute-se sobre direitos individuais
disponíveis.

Sobre a questão discutida nos autos, assim reza o art. 24 da Lei 11.457/2007:

Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo


máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições,
defesas ou recursos administrativos do contribuinte.

No caso em espécie, a documentação da inicial aponta o protocolo de diversos Pedidos de


Compensação/Restituição nos meses de junho/julho de 2019, sendo certo que, até o presente momento, estes
permanecem pendentes de análise administrativa.

Nesse contexto, entendo que a referida demora vai de encontro com o que dispõe o art. 24 da
Lei 11.457/07, regra que reflete o princípio constitucional da razoável duração do processo, insculpido no art.
5º, inciso LXXVIII, da CF/1988.

Nesse sentido, o aresto colacionado abaixo:

CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO - DURAÇÃO RAZOÁVEL DO


PROCESSO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. PEDIDO ADMINISTRATIVO DE
RESTITUIÇÃO. PRAZO PARA DECISÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
APLICAÇÃO DA LEI 11.457/07 - PRAZO 360 (TREZENTOS E SESSENTA)
DIAS - REMESSA OFICIAL IMPROVIDA. 1. Dispondo sobre a Administração
Tributária Federal (como preceito especial que prevalece sobre a disposição
normativa geral), a Lei 11.457/2007, em seu art. 24, estabelece a
obrigatoriedade de decisão administrativa no prazo máximo de 360
(trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou
recursos administrativos do contribuinte. Mesmo em vista do art. 5º,
LXXVIII da Constituição que prevê a duração do processo como uma garantia
fundamental, particularmente acredito que o prazo de 360 dias é excessivo em
se tratando de requerimentos simples em forma de petições relacionadas a
feitos não contenciosos na via administrativa (tais como pedidos de restituição
etc.), embora não o seja em se tratando de feitos litigiosos (impugnações e
recursos). 2. Contudo, o E. STJ, ao apreciar o Recurso Especial nº.
1.138.206/RS, representativo de controvérsia, sujeito ao procedimento
previsto no art. 543-C, do Código de Processo Civil, concluiu que, tanto
para os requerimentos efetuados anteriormente à vigência da Lei nº
11.457/2007, quanto aos pedidos protocolados após o advento da referida
lei, o prazo aplicável é de 360 dias a partir do protocolo dos pedidos. 3.
Ademais, é pacífico o entendimento jurisprudencial firmado nesta Corte
de que a demora injustificada na tramitação e decisão dos procedimentos
administrativos - em casos como o da hipótese dos autos, em que
decorridos vários meses sem qualquer manifestação do ente público -
configura lesão a direito subjetivo individual, reparável pelo Poder
Judiciário, que pode determinar a fixação de prazo razoável para fazê-lo, à
luz do disposto no artigo 5º, inciso LXXVIII, da Carta Constitucional e na
Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999. 4. Na hipótese, tendo transcorrido
prazo razoável para que a Administração concluísse os pedidos de
restituição de crédito, ou seja, há mais de um ano, deve a sentença que

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concedeu a segurança ser mantida. 5. Remessa oficial improvida. (REOMS
00103443420124036100, DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO FONTES,
TRF3 - QUINTA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:15/06/2015
..FONTE_REPUBLICACAO:.) Grifei

Assim, revelada a injusta demora na apreciação do pedido administrativo, contrária à Lei


11.457/07 e ao princípio da razoável duração do processo, afigura-se líquido e certo o direito da Impetrante à
decisão dos seus Pedidos de Compensação/Restituição.

Desse modo, considero razoável garantir ao Impetrado o prazo de 10 (dez) dias para resolução
das referidas demandas administrativas.

DISPOTIVO

ANTE O EXPOSTO, concedo a segurança (CPC 487 I), para determinar ao Impetrado que
realize a análise dos Pedidos de Compensação/Restituição objeto dos autos (id 447565442), bem como
profira o competente Despacho Decisório, fundamentadamente, no prazo máximo de 10 (dez) dias, a
contar da ciência da presente sentença.

Custas em restituição pelo Impetrado. Honorários advocatícios indevidos (art. 25 da Lei


12.016/2009; Súmula n. 512 do STF; e Súmula n. 105 do STJ).

Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição.

Decorrido o prazo de interposição de recurso, remetam-se os autos ao TRF1.

Intimem-se, inclusive, a União (Fazenda Nacional).

São Luís, 2 de setembro de 2021.

JOSÉ VALTERSON DE LIMA

Juiz Federal

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