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EXMO. (A) SR. (A) DR.

(A) JUIZ (A) FEDERAL DA ____ VARA DO JUIZADO


ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO DE BELO HORIZONTE – MINAS
GERAIS

OPÇÃO PELO JUIZO 100% DIGITAL

DEUSMIL ROSA DA SILVA, brasileiro, portador do RG M –


3.177.567, CPF 319.862.006-63, com telefone/whatsapp (31) 9.9555-2200,
residente e domiciliado à Rua Heróis Da Fé, nº 85, Bairro Cruzeiro, na cidade de
Betim/MG, CEP 32.661-320, representado por seu advogado abaixo assinado,
vem, respeitosamente na presença de Vossa Excelência, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE REVISÃO COM RETROAÇÃO DOS EFEITOS


FINANCEIROS em face do

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS),


estabelecido na Av. Cardial Eugênio Paceli, 1819, Bairro Cidade Industrial,
Contagem, MG, CEP: 32.000-000, com telefone (31) 3911-5012 e endereço
eletrônico cgofc@inss.gov.br, pelos fundamentos fáticos e jurídicos que ora
passa a expor:
DO JUÍZO 100% DIGITAL

Requer a parte autora a opção do juízo 100% digital nos presentes autos,
bem como informar o endereço eletrônico dos procuradores:
jouber@saraivaebatista.com.br e lucas@saraivaebatista.com.br; telefones: (31)
2571-5859; (31) 3534-6672; (31) 3534-7236; (31) 99553-2996 (WhatsApp) e o
telefone/whatsapp do autor: (31) 9.9555-2200.

A parte autora não tem endereço eletrônico por isso deve ser intimada e
notificada pelo e-mail de seu procurador, acima indicado.

Caso não seja o entendimento desse juízo, requer que a audiência seja
realizada de forma semipresencial para as partes impossibilitadas de realizá-la
de forma tele presencial, conforme previsão contida no art. 2º da Portaria
Conjunta GCR/GVCR N. 11, de 3 de setembro de 2020.

DAS PUBLICAÇÕES E INTIMAÇÕES

A parte autora requer o cadastramento e a habilitação de todos os


advogados constantes no instrumento de procuração em anexo, em especial o
Dr. Jouber da Silva Saraiva Amaral, OAB/MG 94.712 e Dr. Lucas Vinícius de
Almeida Batista, OAB/MG 142.449, para fins de recebimento de publicações e
intimações com acesso amplo e total para impulsionar o processo, sob pena de
nulidade.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Requer a parte autora o benefício da justiça gratuita, com base no art. 2º,
parágrafo único da Lei 1060/50, por ser pobre no sentido legal, não podendo
demandar sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.

DO VALOR DA CAUSA

A presente ação visa a obter provimento jurisdicional que reconheça e


declare o direito da parte autora de ter revisada a RMI de sua aposentadoria
concedida em 14/06/2018 (data da concessão da Aposentadoria por Tempo de
Contribuição – NB: 175.518.994-7), de modo a majorar seu benefício, mediante
o cálculo de todos os salários de contribuição, inclusive os anteriores a julho de
1994.

Considerando que a renda mensal inicial é de R$ 2.275,44, apura-se, no


momento do ajuizamento da presente ação, o quantitativo de R$ 48.581,12 a
título de prestações vencidas. Agregando-se mais 12 parcelas vincendas, ou
seja, o quantum de R$ 4.751,40, apura-se o valor da causa em R$ 53.332,52
(cinquenta e três mil, trezentos e trinta e dois reais e cinquenta e dois centavos).

DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL

O artigo 2° da Lei 12.153/2009 prevê que é de competência dos Juizados


Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar e julgar causas cíveis de
interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até
o valor de 60 (sessenta) salários mínimos:

Art. 2° É de competência dos Juizados Especiais da


Fazenda Pública processar, conciliar e julgar causas
cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios, até o valor de 60 (sessenta)
salários mínimos.

Considerando que o valor da causa é de R$ 53.332,52 (cinquenta e três


mil, trezentos e trinta e dois reais e cinquenta e dois centavos), fica claro que
este Juízo é competente para processar e julgar esta demanda.

DA SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL

A parte autora foi beneficiada com Aposentadoria por Tempo de


Contribuição em 14/08/2018, conforme comprovante em anexo.

Em 12/04/2023 protocolou requerimento administrativo pleiteando a


revisão de seu benefício concedido em 14/08/2018, que posteriormente foi
indeferido na data de 03/08/2023.
O requerimento administrativo é causa suspensiva da prescrição
quinquenal, por esse motivo, no período de 14/04/2023 a 03/08/2023 a contagem
do prazo prescricional estava suspenso, voltando a contagem somente em
04/08/2023.

O prazo prescricional não corre durante o curso do processo


administrativo, conforme art. 4º do Decreto 20.910/32:

Art. 4º Não corre a prescrição durante a demora que, no


estudo, ao reconhecimento ou no pagamento da dívida,
considerada líquida, tiverem as repartições ou
funcionários encarregados de estudar e apurá-la.

Parágrafo único. A suspensão da prescrição, neste caso,


verificar-se-á pela entrada do requerimento do titular do
direito ou do credor nos livros ou protocolos das
repartições públicas, com designação do dia, mês e ano.

Nesse sentido já decidiu o TRF4:

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. PRESCRIÇÃO. PRAZO.


SUSPENSÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO.

- O prazo prescricional fica suspenso durante o trâmite do


processo administrativo, pois não flui enquanto durar sua
tramitação, consoante o disposto no art. 4º do Decreto nº
20.910/32.

(TRF4, AC 5002547-28.2019.4.04.7108, SEXTA TURMA,


Relator JULIO GUILHERME BEREZOSKI
SCHATTSCHNEIDER, juntado aos autos em 12/03/2022)

Nessa senda, deve ser computado o lapso transcorrido entre o


ajuizamento da ação e a comunicação da decisão administrativa, excluído o
período de tramitação do processo administrativo, e contado o tempo decorrido
anteriormente ao requerimento administrativo de revisão.
DOS FATOS

No dia 12/04/2023 o autor protocolou requerimento administrativo


objetivando a revisão da sua aposentadoria, NB: 175.518.994-7, mediante
inclusão dos salários de contribuição anteriores a julho de 1994 (revisão da vida
toda ou revisão da vida inteira). No entanto seu pedido foi indeferido, sob o
fundamento de que ainda não houve o trânsito em julgado do recurso que trata
da Revisão da Vida Toda, ainda estando em discussão no âmbito do Poder
Judiciário, sem previsão legal para o reconhecimento administrativo dessa
revisão:

TRECHO RETIRADO DA PÁGINA 71 DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DO AUTOR (PROTOCOLO: 1577207892)

A parte ré alega que por não ter ocorrido o trânsito em julgado da decisão,
os processos que tratam deste tema, devem ficar suspensos até o trânsito em
julgado do processo ou, alternativamente, até a data da publicação do acórdão
da decisão do STF.

A decisão do STF, em julgamento concluído em dezembro de 2022, tem


repercussão geral (Tema 1102), o que obriga a aplicação do entendimento a
todos os processos em tramitação sobre o tema.

Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes observou que, de acordo com


o entendimento do STF, eventual suspensão nacional de processos não é
automática, cabendo ao relator verificar a conveniência da medida. A seu
ver, os argumentos do INSS quanto às atuais dificuldades operacionais e
técnicas para a implantação da revisão dos benefícios são relevantes. Mas, dado
o impacto social da decisão, a suspensão deve ser analisada sob condições
claras e definidas.

A fim de ratificar tal fundamentação, destaco voto do ministro Celso de


Mello ao negar reclamação contra decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª
Região que aplicou entendimento do STF antes do trânsito em julgado da
decisão. Dessa forma, veja o disposto:

A Corte possui entendimento no sentido de que a


existência de precedente firmado pelo Plenário autoriza o
julgamento imediato de causas que versem sobre o
mesmo tema, independentemente da publicação ou do
trânsito em julgado do ‘leading case’. RCL 30996 TP / SP.

Conforme entendimento pacífico do Supremo Tribunal Federal, dispensa-


se a espera da publicação do acórdão ou do trânsito em julgado para o
cumprimento imediato de suas decisões. Assim, tal fundamento tem por base o
princípio da eficiência, que preconiza a celeridade na prestação jurisdicional.
Então, o condicionamento da retirada da suspensão dos processos ao trânsito
em julgado da decisão, vai de encontro ao entendimento dos tribunais
superiores.

Dessa forma, no mesmo sentido, o STJ também possui precedentes


consolidados quanto a desnecessidade do trânsito em julgado:

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APLICAÇÃO DE TESE


FIRMADA EM RECURSO REPETITIVO. AUSÊNCIA DE
TRÂNSITO EM JULGADO. IRRELEVÂNCIA.
PRECEDENTES. MATÉRIA EXAUSTIVAMENTE
ANALISADA. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA.

1. Nos termos de diversos precedentes da Casa, a


ausência de trânsito em julgado não impede a aplicação
de paradigma firmado no rito do art. 543-C do CPC.

2. Descabe, em sede de embargos de declaração, a


rediscussão de matéria meritória, exaustivamente
analisada pelo acórdão embargado.
3. Embargos de declaração recebidos como agravo
regimental a que se nega provimento.” (REsp 1.240.821-
EDcl/PR, rel. min. LUIS FELIPE SALOMÃO — grifei)

Por fim, o TRF/4 exarou recentes decisões acerca do tema. Conforme o


julgado, além de ser de observância obrigatória e vinculante (art. 927, III, do
CPC), a tese firmada no recurso repetitivo é mecanismo processual que
prescinde do trânsito em julgado para aplicação imediata da orientação nele
firmada. Logo, pode ser aplicada desde então. Dessa forma, vejamos:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL.


REVISÃO DA VIDA TODA. TEMA 1102 DO STF.
DESNECESSIDADE DO TRÂNSITO EM JULGADO.
REVISÃO DO BENEFÍCIO. CONSECTÁRIOS. ÍNDICES
DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA.

1. O segurado que implementou as condições para o


benefício previdenciário após a vigência da Lei 9.876, de
26.11.1999, e antes da vigência das novas regras
constitucionais, introduzidas pela EC 103/2019, tem o
direito de optar pela regra definitiva, caso esta lhe seja
mais favorável (Tema 1.102 do STF).

2. A tese firmada no recurso repetitivo é mecanismo


processual que prescinde do trânsito em julgado para
aplicação imediata da orientação nele firmada.

3. Considerada a eficácia mandamental dos provimentos


fundados no art. 497, caput, do Código de Processo Civil,
e tendo em vista que a decisão não está sujeita, em
princípio, a recurso com efeito suspensivo, é imediato o
cumprimento do acórdão quanto à revisão do benefício
devido à parte autora, a ser efetivado em 30 (trinta) dias.

4. A correção monetária incidirá a contar do vencimento


de cada prestação e será calculada pelo INPC a partir de
abril de 2006 (Medida Provisória n. 316, de 11 de agosto
de 2006, convertida na Lei n.º 11.430, que acrescentou o
artigo 41-A à Lei n.º 8.213), conforme decisão do Supremo
Tribunal Federal no RE nº 870.947 e do Superior Tribunal
de Justiça no REsp nº 1.492.221/PR.
Os juros de mora, de 1% (um por cento) ao mês, serão
aplicados a contar da citação (Súmula 204 do Superior
Tribunal de Justiça), até 29 de junho de 2009; a partir de
então, os juros moratórios serão computados de acordo
com os índices oficiais de remuneração básica e juros
aplicados à caderneta de poupança, conforme dispõe o
artigo 5º da Lei nº 11.960, que deu nova redação ao artigo
1º-F da Lei nº 9.494, conforme decisão do Supremo
Tribunal Federal no RE nº 870.947 e do Superior Tribunal
de Justiça no REsp nº 1.492.221/PR.

A partir de 9 de dezembro de 2021, nos termos do art. 3º


da Emenda Constitucional n.º 113, deve incidir, para os
fins de atualização monetária, de remuneração do capital
e de compensação da mora, apenas a taxa referencial do
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC),
acumulada mensalmente.

(TRF4, AC 5057830-64.2017.4.04.9999, QUINTA


TURMA, Relator OSNI CARDOSO FILHO, juntado aos
autos em 16/02/2023)

Assim sendo, é evidente o fato constitutivo e a desnecessidade de


publicação ou trânsito em julgado do acórdão para o cumprimento de decisões
do Superior Tribunal Federal.

DA UTILIZAÇÃO DE TODOS OS SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO


REVISÃO DA VIDA TODA

A Lei 8.213/91 previa, em sua redação original, que o salário de benefício


deveria ser calculado através da média aritmética dos salários de contribuição
imediatamente anteriores a concessão do benefício até o máximo de 36 salários
de contribuição encontrados nos 48 meses anteriores. Veja-se o texto original do
art. 29 da Lei 8.213/91:

Art. 29. O salário-de-benefício consiste na média


aritmética simples de todos os últimos salários-de-
contribuição dos meses imediatamente anteriores ao do
afastamento da atividade ou da data da entrada do
requerimento, até o máximo de 36 (trinta e seis), apurados
em período não superior a 48 (quarenta e oito) meses.
(Redação original)

Assim, o segurado poderia verter contribuições sobre valor inferior


durante toda a vida laboral, e elevar o valor destas nos últimos 36 meses
anteriores à aposentadoria, garantindo um benefício de valor elevado.

Buscando maior equilíbrio financeiro e atuarial, foi editada a Lei 9.876/99,


que alterou drasticamente a forma de cálculo do benefício determinando que o
salário de benefício fosse calculado através da média aritmética simples dos
oitenta por cento maiores salários de contribuição existentes durante toda a vida
laboral do segurado, nos seguintes termos:

Art. 29. O salário-de-benefício consiste:

I - para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do


inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos
maiores salários-de-contribuição correspondentes a
oitenta por cento de todo o período contributivo,
multiplicada pelo fator previdenciário;

II - para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e, h


do inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos
maiores salários-de-contribuição correspondentes a
oitenta por cento de todo o período contributivo. (Redação
dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99).

Dessa forma, considerando a necessidade de evitar prejuízos aos


segurados que já eram filiados a previdência social pelo alargamento do período
básico de cálculo para todo o período contributivo, tornou-se necessário
introduzir uma regra transitória para ser aplicada aqueles trabalhadores que já
estavam próximos da aposentadoria e poderiam ter seu benefício reduzido pela
drástica alteração na forma de cálculo do benefício. Tal regra de transição foi
introduzida pela Lei 9.876/99, em seu art. 3º, in verbis:

Art. 3º Para o segurado filiado à Previdência Social até o


dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a
cumprir as condições exigidas para a concessão dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no
cálculo do salário-de-benefício será considerada a média
aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição,
correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo
o período contributivo decorrido desde a competência
julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e II do
caput do art. 29 da Lei n. 8.213, de 1991, com a redação
dada por esta Lei.

§ 1º Quando se tratar de segurado especial, no cálculo do


salário-de-benefício serão considerados um treze avos da
média aritmética simples dos maiores valores sobre os
quais incidiu a sua contribuição anual, correspondentes a,
no mínimo, oitenta por cento de todo o período
contributivo decorrido desde a competência julho de 1994,
observado o disposto nos incisos I e II do § 6º do art. 29
da Lei no 8.213, de 1991, com a redação dada por esta
Lei.

§ 2º No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas


"b", "c" e "d" do inciso I do art. 18, o divisor considerado
no cálculo da média a que se refere o caput e o § 1º não
poderá ser inferior a sessenta por cento do período
decorrido da competência julho de 1994 até a data de
início do benefício, limitado a cem por cento de todo o
período contributivo.”

Frisa-se que esta norma possui caráter transitório como forma de


resguardar o direito dos segurados que já estavam inscritos na previdência social
até 29/11/1999. Giza-se que o caráter de norma transitória fica evidente quando
se considerar que a limitação temporal prevista no art. 3º da Lei 9.876/99 deixará
de ser aplicada a partir do momento em que deixarem de existir segurados
filiados ao RGPS antes da edição da referida Lei.

E como norma de transição que é, não pode o art. 3º da Lei 9.876/999


prejudicar o segurado que já possuía uma trajetória contributiva regular antes da
edição da Lei 9.876/99.
Ressalta-se que até então o período básico de cálculo era restrito aos
últimos 36 meses de contribuição, nos termos da redação original do art. 29 da
Lei 8.213/91, e a regra de transição, ao estipular o termo inicial do Período
Básico de Cálculo em julho de 1994 permite que o número de salários de
contribuição utilizados no cálculo fosse elevado progressivamente, com o passar
dos anos, até que regra de transição deixe de ser aplicável.

Ocorre que existem vários casos em que o segurado possui regularidade


nas contribuições antes de 1994 e muitas vezes com valores superiores aos dos
salários de contribuição vertidos após julho de 1994. Nesses casos, a aplicação
da regra permanente é mais vantajosa ao segurado.

Destaca-se que a regra de transição não pode impor ao segurado que


possui muito mais contribuições, por vezes em valor mais elevado que as
vertidas após julho de 1994, uma situação pior do que a regra nova.

Inicialmente, importa destacar que na presente demanda não se está a


discutir a constitucionalidade da regra de transição prevista no art. 3º da
9.876/99. O que se defende é, que mesmo sendo constitucional, o referido
dispositivo trata-se de norma de transição, que somente pode ser aplicada para
beneficiar o segurado, sendo possível a opção pela regra permanente caso esta
seja mais favorável, eis que esta é a “verdadeira” regra estipulada pelo legislador
e que melhor atende aos princípios da razoabilidade da proporcionalidade entre
o custeio e o benefício, eis que o valor do benefício será aferido através de todas
as contribuições vertidas pelo segurado ao INSS.

Portanto, tratando-se as regras do art. 3º, caput, e §2º da Lei 9.876/99 de


regras de transição deve ser facultado ao segurado optar pela aplicação das
regras permanentes do art. 29, I, da Lei 8.213/91, com a utilização de todo o
período contributivo, incluindo as contribuições anteriores a julho de 1994.

Nesse sentido, importante ressaltar que a Primeira Seção do Superior


Tribunal de Justiça proferiu decisão, sob o rito dos recursos repetitivos,
cadastrado como TEMA 999, no sentido de que os segurados do INSS têm
direito à revisão da vida toda, ou seja: pode-se optar em utilizar todos os salários
de contribuição, inclusive os anteriores a 1994, para composição da média
salarial da renda mensal da sua aposentadoria. Vejamos:

TEMA 999 do STJ. Aplica-se a regra definitiva prevista no


artigo 29, incisos I e II, da Lei 8.213/1991, na apuração do
salário de benefício, quando mais favorável do que a regra
de transição contida no artigo 3º da Lei 9.876/1999, aos
segurados que ingressaram no Regime Geral da
Previdência Social até o dia anterior à publicação da Lei
9.876/1999.

Com esta decisão, os segurados terão direito ao cálculo da aposentadoria


que for mais vantajoso: a média aritmética simples dos maiores salários de
contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo (inclusive
anteriores 1994) ou a média aritmética simples dos maiores salários de
contribuição correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o período contributivo
desde julho de 1994.

Consoante planilha de cálculo em anexo, utilizando todas as contribuições


previdenciárias da parte autora, inclusive as anteriores a 1994, resultará em
substancial aumento em sua aposentadoria.

Portanto, requer seja realizado a revisão no benefício previdenciário da


parte autora (NB: 175.518.994-7), sendo realizado novo cálculo de RMI,
utilizando as contribuições previdenciárias de toda sua vida (inclusive as
anteriores a 1994), resultando em substancial aumento em seu benefício
previdenciário, pagando-se a diferença encontrada entre o benefício recebido
pelo segurado e o que lhe é de direito desde de sua concessão (14/06/2018) ou,
sucessivamente, desde o pedido de revisão, acrescido de juros e correção
monetária.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO

Considerando a política atual de acordo zero adotada pelos procuradores


federais, a parte autora vem manifestar, em cumprimento ao art. 319, inciso VII,
do CPC/2015, que não há interesse na realização de audiência de conciliação
ou mediação, haja vista a iminente ineficácia do procedimento e a necessidade
de que ambas as partes dispensem a sua realização, conforme previsto no art.
334, §4º, inciso I, do CPC/2015.

DOS HONORÁRIOS

O artigo 85, §2º do CPC prevê que o vencido deverá pagar ao vencedor
os honorários sucumbenciais, no importe de 10% a 20% sobre o valor da
condenação, considerando o grau de zelo profissional, o lugar da prestação de
serviços e o tempo exigido pelo serviço:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar


honorários ao advogado do vencedor.

§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e


o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação,
do proveito econômico obtido ou, não sendo possível
mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:

I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço;

III - a natureza e a importância da causa;

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido


para o seu serviço.

Diante do exposto, requer a condenação da parte ré ao pagamento de


honorários advocatícios de sucumbência, no importe de 20% do valor da causa.

DOS PEDIDOS

Por todo exposto, pede e requer:

1. o cadastramento e a habilitação de todos os advogados constantes no


instrumento de procuração em anexo, em especial Dr. Jouber da Silva
Saraiva Amaral, OABMG 94.712 e Dr. Lucas Vinícius de Almeida
Batista, OABMG 142.449, para fins de recebimento de publicações e
intimações com acesso amplo e total para impulsionar o processo, sob
pena de nulidade;
2. a citação da ré para, caso queira, apresentar defesa sob pena de revelia
e confissão;

3. a procedência da presente ação, para que seja revisada a Aposentadoria


por Tempo de Contribuição do autor (NB: 175.518.994-7) desde a DER
em 14/06/2018, ou, sucessivamente, desde o pedido de revisão, sendo
realizado novo cálculo de RMI, utilizando as contribuições previdenciárias
de toda sua vida (inclusive as anteriores a 1994), com o pagamento das
parcelas vencidas e vincendas, com acréscimo de juros e correção. Caso
não haja aumento em seu benefício, o requerente pede pela
desconsideração do presente requerimento.

4. a condenação da ré ao pagamento de custas e honorários advocatícios


de sucumbência no importe de 20% sobre o valor da condenação;

5. que seja retido 30% do valor devido a parte autora, a título de honorários
advocatícios contratuais, sendo expedido RPV em nome de Saraiva e
Batista Sociedade de Advogados relativo aos 30% retidos, nos exatos
termos do contrato de honorários em anexo;

6. o benefício da justiça gratuita, por ser pobre nos termos da lei;

7. provar o alegado através de todos os meios de provas em direito


admitidas;

AUTENTICAÇÃO DE DOCUMENTOS

O Advogado que esta subscreve, usa da prerrogativa que lhe confere o


artigo 830 da CLT, com redação dada pela Lei 11.925 de 17 de abril de 2009,
c/c com o artigo 544, §1º do CPC, para declarar, sob responsabilidade, a
autenticidade de todas as peças anexadas com a presente exordial.

Dá-se à causa o valor de R$ 53.332,52 (cinquenta e três mil, trezentos e


trinta e dois reais e cinquenta e dois centavos).
Nestes termos, pede deferimento.

Betim, 23 de novembro de 2023.

JOUBER DA SILVA SARAIVA AMARAL


OAB/MG 94.712

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