AgInt no PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 2.517 - SP (2019/0384753-1)
RELATOR : MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO
AGRAVANTE : BIOFAST MEDICINA E SAÚDE LTDA ADVOGADOS : LAURA MENDES BUMACHAR - RJ102691 ANTONIO CARLOS NACHIF CORREIA FILHO - SP270847 AGRAVADO : BANCO BRADESCO CARTÕES S.A ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M
DECISÃO
Trata-se de agravo interno interposto por BIOFAST MEDICINA E SAÚDE
LTDA. contra a decisão que não conheceu do pedido de tutela provisória destinado a conferir efeito suspensivo a recurso especial. O recurso em questão foi interposto contra julgado do TJSP que, ao apreciar agravos de instrumento contra a decisão que homologara o plano de recuperação judicial da ora agravante, conheceu, de ofício, de suposta violação de normas de ordem pública protetivas de direitos de trabalhadores para, aplicando orientação inserida no Enunciado I do Grupo de Câmaras Reservadas de Direito Empresarial do citado Tribunal, declarar a nulidade de cláusula que disciplinava o prazo de pagamento aos credores trabalhistas e determinar o pagamento integral dos créditos em questão no prazo de 30 dias. Aduz a agravante que o STJ, ao examinar caso idêntico no TP n. 2.419/SP, versando sobre recurso especial contra acórdão que, também de ofício, determinara a contagem do prazo de pagamento aos credores trabalhista a partir do término do stay period, deferiu a tutela de urgência mesmo antes da realização do juízo de admissibilidade pelo tribunal de origem. Assevera que a ilegalidade da decisão do TJSP é facilmente aferível diante da relevância e da verossimilhança dos argumentos apresentados, "que têm farto respaldo legal, jurisprudencial e doutrinário, como se depreende das razões da TP" (fl. 273). Salienta que a presente medida representa "o único meio de a Biofast evitar sua iminente falência, que deverá decorrer de sua impossibilidade de pagar R$ 5.5 MILHÕES de créditos trabalhistas no prazo fixado pelo E. TJSP" (fl. 276). É o relatório. Decido. Constata-se, da leitura das razões do recurso especial da ora agravante, que a questão de direito debatida tem contornos mais amplos do que sugere a decisão agravada, estando, de fato, a tese principal desenvolvida naqueles autos em aparente sintonia com recente julgado da Segunda Seção do STJ que reconheceu ser possível a prorrogação do prazo de Documento: 105078798 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 04/02/2020 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça suspensão de 180 dias de que trata o art. 6º, § 4º, da Lei de Responsabilidade Fiscal nos casos em que tal dilação seja necessária para não frustrar o plano de recuperação da empresa (AgInt no CC n. 159.480/MT, relator o Ministro Luis Felipe Salomão, DJe de 30/9/2019). A questão ainda não está pacificada, mas há uma forte tendência na direção da tese da agravante. Ademais, está preenchido o requisito do periculum in mora, consubstanciado na proximidade do fim do prazo de 30 dias estabelecido pelo Tribunal de origem para pagamento integral dos créditos trabalhistas, sob pena de convolação da recuperação judicial em falência. Ante o exposto, reconsidero a decisão agravada e defiro o pedido de tutela provisória para atribuir efeito suspensivo ao recurso especial da recorrente a fim de sustar a ordem de pagamento dos créditos trabalhistas no prazo fixado pela Corte de origem – restabelecendo, nesse particular, a decisão de primeira instância que homologou o plano de recuperação judicial –, sem prejuízo de posterior deliberação pelo Ministro relator do recurso especial. Comunique-se com urgência ao Tribunal de origem. Publique-se. Intimem-se. Brasília, 15 de janeiro de 2020.
MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
Presidente
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