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AgInt nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1984062 - DF (2022/0031338-3)

RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


AGRAVANTE : DISTRITO FEDERAL
ADVOGADO : MARIANA PESSOA DE MELLO PEIXOTO E OUTRO(S) -
DF022017
AGRAVADO : COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS
ADVOGADOS : LUIZ EDUARDO DE ALMEIDA - SP248220
VIVIANE ALVES DE MORAIS - SP355822
JOYCE SOARES DE LIMA - SP437114

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO. ICMS-DIFAL. MANDADO


DE SEGURANÇA. DECLARAÇÃO DO DIREITO À COMPENSAÇÃO DO INDÉBITO.
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL RETROATIVA A CONTAR DA IMPETRAÇÃO.
PRECEDENTES DO STJ.
1. O Agravo Interno não procede.
2. Não há ofensa ao art. 489, § 1º, VI, do CPC/2015, pois a Corte de origem explanou
fundamentos jurídicos suficientes para delimitar o interregno da compensação/restituição
tributária em apreço, revelando-se desnecessária a análise de todos os demais pontos levantados,
uma vez que seriam incapazes de infirmar a conclusão adotada, conforme o art. 489, § 1º, IV, do
CPC/2015.
3. Igualmente opinou o Parquet federal, ao dizer que "o aresto recorrido enfrentou o cerne da
controvérsia submetida ao Judiciário, consistindo em resposta jurisdicional plena e suficiente à
solução do conflito e à pretensão das partes, hipótese em que não existe a alegada ofensa ao art.
489 do CPC" (fl. 1.414, e-STJ).
4. No mérito, descabe Recurso Especial por violação de teor sumular, pois não se enquadra no
permissivo constitucional, exatamente como prevê a Súmula 518/STJ. Precedentes do STJ.
5. Não obstante, como já retificado via Aclaratórios, o Tribunal a quo decidiu equivocadamente
acerca do intervalo quinquenal de alcance do writ, – e é este apenas o objeto recursal, ressalte-se
–, pois o STJ entende que o "mandado de segurança constitui instrumento adequado à declaração
do direito à compensação do indébito recolhido em período anterior à impetração, observado o
prazo prescricional de 5 (cinco) anos contados retroativamente a partir da data do ajuizamento
da ação mandamental" (AgInt no REsp 1.778.268/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma, DJe 2/4/2019, grifou-se), inexistindo o óbice da Súmula 271/STF levantado no
acórdão.
6. Deve ser mantida a decisão anterior que deu provimento ao Recurso Especial para declarar o
direito de compensar e/ou restituir o montante recolhido no quinquênio anterior à data da
distribuição do Mandado de Segurança, mediante deferimento do requerimento administrativo
cabível.
7. Agravo Interno não provido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam
os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual
de 20/09/2022 a 26/09/2022, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos
do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Mauro Campbell Marques e Assusete
Magalhães votaram com o Sr. Ministro Relator.
Não participou do julgamento o Sr. Ministro Humberto Martins.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques.

Brasília, 26 de setembro de 2022.

MINISTRO HERMAN BENJAMIN


Relator
Superior Tribunal de Justiça
AgInt nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.984.062 - DF (2022/0031338-3)

RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


AGRAVANTE : DISTRITO FEDERAL
ADVOGADO : MARIANA PESSOA DE MELLO PEIXOTO E OUTRO(S) -
DF022017
AGRAVADO : COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS
ADVOGADOS : LUIZ EDUARDO DE ALMEIDA - SP248220
VIVIANE ALVES DE MORAIS - SP355822
JOYCE SOARES DE LIMA - SP437114

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator):


Trata-se de Agravo Interno contra monocrática que acolheu os Aclaratórios e,
complementando a decisão anterior, deu provimento ao Recurso Especial da ora
agravada (fls. 1.445-1.446, e-STJ).
A parte requer a reforma da decisão anterior (fls. 1.450-1.466, e-STJ).
Contrarrazões presentes (fls. 1.470-1.478, e-STJ).
É o relatório.

HB544
REsp 1984062 Petição : 603227/2022 C542524155191089074650@ C42552402301:032245890@
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RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


AGRAVANTE : DISTRITO FEDERAL
ADVOGADO : MARIANA PESSOA DE MELLO PEIXOTO E OUTRO(S) -
DF022017
AGRAVADO : COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS
ADVOGADOS : LUIZ EDUARDO DE ALMEIDA - SP248220
VIVIANE ALVES DE MORAIS - SP355822
JOYCE SOARES DE LIMA - SP437114
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO.


ICMS-DIFAL. MANDADO DE SEGURANÇA. DECLARAÇÃO DO
DIREITO À COMPENSAÇÃO DO INDÉBITO. PRESCRIÇÃO
QUINQUENAL RETROATIVA A CONTAR DA IMPETRAÇÃO.
PRECEDENTES DO STJ.
1. O Agravo Interno não procede.
2. Não há ofensa ao art. 489, § 1º, VI, do CPC/2015, pois a Corte de origem
explanou fundamentos jurídicos suficientes para delimitar o interregno da
compensação/restituição tributária em apreço, revelando-se desnecessária a
análise de todos os demais pontos levantados, uma vez que seriam incapazes de
infirmar a conclusão adotada, conforme o art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015.
3. Igualmente opinou o Parquet federal, ao dizer que "o aresto recorrido
enfrentou o cerne da controvérsia submetida ao Judiciário, consistindo em
resposta jurisdicional plena e suficiente à solução do conflito e à pretensão das
partes, hipótese em que não existe a alegada ofensa ao art. 489 do CPC" (fl.
1.414, e-STJ).
4. No mérito, descabe Recurso Especial por violação de teor sumular, pois não
se enquadra no permissivo constitucional, exatamente como prevê a Súmula
518/STJ. Precedentes do STJ.
5. Não obstante, como já retificado via Aclaratórios, o Tribunal a quo decidiu
equivocadamente acerca do intervalo quinquenal de alcance do writ, – e é este
apenas o objeto recursal, ressalte-se –, pois o STJ entende que o "mandado de
segurança constitui instrumento adequado à declaração do direito à
compensação do indébito recolhido em período anterior à impetração,
observado o prazo prescricional de 5 (cinco) anos contados retroativamente a
partir da data do ajuizamento da ação mandamental" (AgInt no REsp
1.778.268/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe
2/4/2019, grifou-se), inexistindo o óbice da Súmula 271/STF levantado no
acórdão.
6. Deve ser mantida a decisão anterior que deu provimento ao Recurso Especial
para declarar o direito de compensar e/ou restituir o montante recolhido no
quinquênio anterior à data da distribuição do Mandado de Segurança, mediante
deferimento do requerimento administrativo cabível.
7. Agravo Interno não provido.
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VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): Os


autos ingressaram no Gabinete em 18.8.2022.
O Agravo Interno não procede.
Observe-se como o Tribunal distrital julgou (fls. 1.295-1.294, e-STJ,
grifei):
(...) De início, cabe esclarecer que a pretensão do Distrito Federal
para afastar aplicação da tese fixada pelo STF no julgamento do RE
1.287.019/DF, pelo fato de a decisão ter sido questionada em sede de embargos
de declaração, bem como para reconhecer “válida a cobrança do DIFAL-ICMS
realizada de acordo com a legislação local até janeiro de 2022”, constitui
irresignação quanto ao próprio mérito do acórdão, não sendo hipótese a ensejar
esclarecimento.
(...) O ente distrital aponta ainda haver contradição no acórdão
pois, embora tenha declarado o direito a restituir e ou compensar os valores
indevidamente recolhidos, o pedido formulado pela impetrante seria apenas para
reconhecer o direito à restituição, o qual não deve abranger os 5 (cinco) anos
anteriores ao ajuizamento da ação, pois vedado pela Súmula nº 271 do STF.
Assim, requer o acolhimento dos embargos para excluir do
dispositivo do acórdão “(i) a parte relativa à declaração do direito de compensar,
bem como (ii) a concessão da ordem de restituir os valores recolhidos no
período anterior à distribuição do mandado de segurança.” (...)
No que se refere a alegada ausência de pedido para reconhecer o
direito a compensação, ainda que a impetrante não tenha expressamente
formulado nos requerimentos ao final da peça de ingresso, a referida pretensão é
consequência da análise dos fundamentos deduzidos da petição inicial, na qual
consta capítulo dedicado ao pedido relacionado ao reconhecimento do direito “a
optar pela compensação ou restituição de todos os valores indevidamente
recolhidos a esse título”. (...)
Deste modo, inexiste qualquer vício quanto ao
reconhecimento do direito a compensação e ou restituição dos valores
recolhidos indevidamente em favor do Distrito Federal relativos ao
diferencial de alíquota de ICMS (DIFAL).
Relevante destacar, por outro lado, ser considerado omissão do
julgado deixar o acórdão de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte ou que incorra em qualquer das condutas
descritas no art. 489, § 1º, do CPC.
Assim, assiste razão ao Distrito Federal ao indicar vício no
julgado relacionado à abrangência do direito de compensar/restituir os valores
recolhidos indevidamente nos 5 (cinco) anos anteriores à data de distribuição da
demanda, pois incompatível com o entendimento firmado pela Súmula nº 271
do STF.
No caso, o acórdão embargado deu provimento ao recurso
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REsp 1984062 Petição : 603227/2022 C542524155191089074650@ C42552402301:032245890@
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interposto pela impetrante para afastar a cobrança do diferencial de
alíquota ICMS (DIFAL), “bem como para declarar o direito de
compensar/restituir os valores recolhidos no quinquênio anterior à data de
distribuição da demanda.” (...)
Contudo, cabe esclarecer que a eficácia do provimento obtido em
mandado de segurança irradia efeitos para o período subsequente a data da
impetração, sendo a questão pacificada pelo STF na Súmula de nº 271, a qual
preceitua que a “concessão de mandado de segurança não produz efeitos
patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados
administrativamente ou pela via judicial própria”.
Ademais, a Suprema Corte também registra entendimento
sumulado no sentido de que "o mandado de segurança não é substitutivo de
ação de cobrança" (Sumula nº 269).
Deste modo, compete à parte impetrante, após o trânsito em
julgado da sentença mandamental concessiva, promover execução do título
executivo judicial ou ajuizar demanda própria (restituição de indébito tributário)
mediante instrução probatória e reivindicar os valores que entende devidos.
Assim, tratando-se de mandado de segurança, a pretensão
para reconhecer o direito à restituição e ou compensação da quantia
indevidamente recolhida a partir dos 5 (cinco) que antecederam a
impetração encontra-se óbice na mencionada Súmula nº 271 do STF,
devendo se restringir a data da impetração.
Portanto, merece acolhimento os embargos opostos pelo Distrito
Federal para excluir do dispositivo do acórdão a abrangência do período de 5
(cinco) anos anterior à distribuição do mandado de segurança, relativo ao direito
à compensação e ou restituição dos valores recolhidos indevidamente.
(...) Com essas considerações, ACOLHO EM PARTE OS
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos pelas partes para, excluindo a
abrangência do período de 5 (cinco) anos anterior à distribuição da demanda,
reconhecer o direito da impetrante à restituição e ou compensação do tributo
recolhido indevidamente a partir da data da impetração do mandado de
segurança.

Como se lê, evidentemente não há ofensa ao art. 489, § 1º, VI, do


CPC/2015, pois a Corte de origem explanou fundamentos jurídicos suficientes para
delimitar o interregno da compensação/restituição tributária em apreço,
revelando-se desnecessária a análise de todos os demais pontos levantados, uma vez
que seriam incapazes de infirmar a conclusão adotada, conforme o art. 489, § 1º, IV,
do CPC/2015.
Igualmente opinou o Parquet federal, ao dizer que "o aresto recorrido
enfrentou o cerne da controvérsia submetida ao Judiciário, consistindo em resposta
jurisdicional plena e suficiente à solução do conflito e à pretensão das partes,
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hipótese em que não existe a alegada ofensa ao art. 489 do CPC" (fl. 1.414, e-STJ).
No mérito, descabe Recurso Especial por violação de teor sumular,
pois não se enquadra no permissivo constitucional, exatamente como prevê a
Súmula 518/STJ.
Veja-se:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS.
ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. VEÍCULOS PARTICULARES.
RESPONSABILIDADE CIVIL. 1. VIOLAÇÃO A SÚMULAS.
IMPOSSIBILIDADE DE EXAME PELO STJ. 2. VIOLAÇÃO A
DISPOSITIVOS LEGAIS. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 3.
RESPONSABILIDADE CIVIL. REEXAME DE PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 4. AGRAVO INTERNO
IMPROVIDO.
1. Não se conhece do recurso especial por suposta ofensa a texto sumular,
por não se estar diante de lei em sentido formal, conforme a Súmula
518/STJ: "Para fins do art. 105, III, a, da Constituição Federal, não é cabível
recurso especial fundado em alegada violação de enunciado de súmula".
(...) 4. Agravo interno improvido. (AgInt no REsp 1.743.359/MG, Rel. Ministro
MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, DJe 30/3/2020)

AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM


RECURSO ESPECIAL. CONTRATO BANCÁRIO. JUROS
REMUNERATÓRIOS. EXORBITÂNCIA. NÃO OCORRÊNCIA.
REEXAME. SÚMULAS N. 5 E 7/STJ. CONTRATAÇÃO. ALEGAÇÃO
DE AUSÊNCIA. SÚMULA N. 530/STJ. VIOLAÇÃO. SÚMULA N.
518/STJ. TAXA FLUTUANTE. LEGALIDADE.
PREQUESTIONAMENTO E IMPUGNAÇÃO. AUSÊNCIA. SÚMULAS
N. 282, 283, 284 E 356/STF. NÃO PROVIMENTO.
1. Não cabe, em recurso especial, reexaminar matéria fático-probatória e a
interpretação de cláusulas contratuais (Súmulas 5 e 7/STJ).
2. Para fins do art. 105, III, a, da Constituição Federal, não é cabível
recurso especial fundado em alegada violação de enunciado de súmula
(Súmula 518).
3. Constando no acórdão local que houve contratação de juros a taxas
flutuantes, a ausência de impugnação a esse fundamento e de debate quanto à
sua legalidade atrai a incidência dos enunciados n. 282, 283, 284 e 356 da
Súmula do Supremo Tribunal Federal, na medida em que o especial é recurso
de fundamentação vinculada.
4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt nos EDcl no REsp
1.941.728/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA
TURMA, DJe 7/4/2022)

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Não obstante, como já retificado via Aclaratórios, o Tribunal a quo
decidiu equivocadamente acerca do intervalo quinquenal de alcance do writ, – e é
este apenas o objeto recursal, ressalte-se –, pois o STJ entende que o "mandado de
segurança constitui instrumento adequado à declaração do direito à compensação do
indébito recolhido em período anterior à impetração, observado o prazo
prescricional de 5 (cinco) anos contados retroativamente a partir da data do
ajuizamento da ação mandamental" (AgInt no REsp 1.778.268/RS, Rel. Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 2/4/2019, grifou-se), inexistindo o
óbice da Súmula 271/STF levantado no acórdão.
Nesse sentido, observe os vários e precisos precedentes, com grifos
inclusos:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.
MANDADO DE SEGURANÇA. ICMS. DECL ARAÇÃO DO DIREITO À
COMPENSAÇÃO DOS VALORES REFERENTES AO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO NÃO ATINGIDOS PELA PRESCRIÇÃO (QUINQUÊNIO
QUE ANTECEDE À IMPETRAÇÃO). POSSIBILIDADE.
1. A jurisprudência pacífica do STJ entende que a possibilidade de a sentença
mandamental declarar o direito à compensação (ou creditamento), nos termos da
Súmula 213/STJ, de créditos ainda não atingidos pela prescrição não implica
concessão de efeitos patrimoniais pretéritos à impetração, de modo que,
reconhecido o direito à compensação, a comprovação do indébito e efetiva
compensação deverão ser pleiteadas no âmbito administrativo, respeitado
o prazo prescricional quinquenal anterior ao ajuizamento do mandamus.
Precedentes: AgInt nos EDcl no AREsp 1.793.224/MS, Rel. Ministra
ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/05/2021,
DJe 06/05/2021; AgInt no REsp 1.209.315/MG, Rel. Ministro OG
FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/04/2021, DJe
27/04/2021; EDcl nos EDcl no REsp 1.215.773/RS, Rel. Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 20/6/2014.
2. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp 1.911.513/RS, Rel. Ministro
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 18/8/2021)

PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.


EXCLUSÃO DE VALORES RELATIVOS A JUROS MORATÓRIOS E
CORREÇÃO MONETÁRIA (TAXA SELIC) DAS BASES DE CÁLCULO
DO IRPJ, DA CSLL, DO PIS E DA COFINS. RECURSO ESPECIAL.
ÓBICES DE ADMISSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. CONTROVÉRSIA QUE ENVOLVE TEMA
DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. INADEQUAÇÃO DA VIA
ELEITA. AGRAVO INTERNO. DECISÃO MANTIDA.
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[...] IX - Por fim, mesmo que fosse superado o óbice do prequestionamento,
sustenta, sem razão, a parte recorrente o direito de ressarcimento em pecúnia nos
autos do mandado de segurança. O recurso não encontra amparo na
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, porque busca a parte
recorrente utilizar-se do mandado de segurança como substitutivo de ação
de cobrança (Enunciado Sumular n. 269/STF, que incide por analogia). A
pretensão de restituição de tributo indevidamente pago no passado,
viabilizando o posterior recebimento desse valor mediante precatório,
implica, pois, utilização do mandado de segurança como substitutivo da
ação de cobrança. Confira-se: REsp 1.918.433/DF, relator Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 15/3/2021.
X - Agravo interno improvido. (AgInt no REsp 1.949.816/RS, Rel. Ministro
FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, DJe 16/2/2022)

RECURSO ESPECIAL. REEXAME POR FORÇA DO ART. 1.040,


CPC/2015. PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. PIS/PASEP E COFINS.
BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. EXCLUSÃO DO
ICMS. PRECEDENTE VINCULANTE DO STF: RE N. 574.706 RG / PR.
(...) 5. A questão da modulação de efeitos é processual acessória ao pedido
principal da FAZENDA NACIONAL que se refere à inclusão do ICMS na
base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS e que foi decidida
sob argumentação com predominância constitucional no repetitivo RE n.
574.706 RG / PR (STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
15/03/2017). Sendo assim, somente ao Supremo Tribunal Federal caberá
analisar a possibilidade de suspender os processos sobre o tema a fim de
aguardar a modulação dos efeitos do que ali decidido.
6. Mantido o reconhecimento da prescrição do direito da impetrante de
pleitear a restituição e/ou compensação dos tributos em questão recolhidos
antes dos cinco anos que antecedem a impetração do mandado de
segurança, consoante o precedente vinculante do STF firmado no RE n.
566.621/RS, Plenário, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 04.08.2011, onde foi
fixado marco para a aplicação do regime novo de prazo prescricional levando-se
em consideração a data do ajuizamento da ação (e não mais a data do
pagamento) em confronto com a data da vigência da lei nova (9.6.2005).
7. Recurso parcialmente conhecido e parcialmente provido. (REsp
1.215.148/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, DJe 26/2/2019)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO.


MANDADO DE SEGURANÇA. RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO
DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO. POSSIBILIDADE. SÚMULAS 213 E 461
DO STJ.
1. Esta Corte já se manifestou no sentido de que o mandado de segurança
constitui instrumento adequado à declaração do direito à compensação do
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indébito recolhido em período anterior à impetração, observado o prazo
prescricional de 5 (cinco) anos contados retroativamente a partir da data
do ajuizamento da ação mandamental. Precedente: EDcl nos EDcl no REsp
1.215.773/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Seção, DJe
20/6/2014.
2. A sentença do Mandado de Segurança que reconhece o direito à
compensação tributária (Súmula 213/STJ: "O mandado de segurança constitui
ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária"), é título
executivo judicial, de modo que o contribuinte pode optar entre a compensação
e a restituição do indébito (Súmula 461/STJ: "O contribuinte pode optar por
receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário
certificado por sentença declaratória transitada em julgado").
3. Agravo interno da FAZENDA NACIONAL não provido. (AgInt no REsp
1.778.268/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, DJe 2/4/2019)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


MANDADO DE SEGURANÇA. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
EXPEDIÇÃO DE PRECATÓRIO. INVIABILIDADE.
1. A Segunda Turma desta Corte, no REsp 1.873.758/SC, Rel. Min. Herman
Benjamin, DJe 17/9/2020, reafirmou que, nos autos do mandado de segurança,
a opção pela compensação ou restituição do indébito se refere à restituição
administrativa do indébito e não à restituição via precatório ou RPV, uma vez
que a pretensão manifestada na via mandamental de condenação da Fazenda
Nacional à restituição de tributo indevidamente pago no passado, viabilizando o
posterior recebimento desse valor pela via do precatório, implica utilização do
mandado de segurança como substitutivo da ação de cobrança, o que não se
admite, conforme entendimento cristalizado na Súmula 269/STF.
2. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1.928.782/SP,
Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, DJe 2/9/2021)

Dissídio jurisprudencial prejudicado.


Assim sendo, é de se manter a decisão anterior que deu provimento ao
Recurso Especial para declarar o direito de compensar e/ou restituir o montante
recolhido no quinquênio anterior à data da distribuição do Mandado de Segurança,
mediante deferimento do requerimento administrativo cabível.
Ante o exposto, nego provimento ao Agravo Interno.
É como voto.

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TERMO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA
AgInt nos EDcl no REsp 1.984.062 / DF
Número Registro: 2022/0031338-3 PROCESSO ELETRÔNICO

Número de Origem:
07075386720208070018

Sessão Virtual de 20/09/2022 a 26/09/2022

Relator do AgInt nos EDcl


Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS


ADVOGADOS : LUIZ EDUARDO DE ALMEIDA - SP248220
VIVIANE ALVES DE MORAIS - SP355822
JOYCE SOARES DE LIMA - SP437114
RECORRIDO : DISTRITO FEDERAL
PROCURADOR : MARIANA PESSOA DE MELLO PEIXOTO E OUTRO(S) - DF022017

ASSUNTO : DIREITO TRIBUTÁRIO - IMPOSTOS - ICMS/ IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE


MERCADORIAS

AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE : DISTRITO FEDERAL


ADVOGADO : MARIANA PESSOA DE MELLO PEIXOTO E OUTRO(S) - DF022017
AGRAVADO : COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS
ADVOGADOS : LUIZ EDUARDO DE ALMEIDA - SP248220
VIVIANE ALVES DE MORAIS - SP355822
JOYCE SOARES DE LIMA - SP437114

TERMO

A SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 20/09/2022 a 26/09


/2022, por unanimidade, decidiu negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Mauro Campbell Marques e Assusete Magalhães votaram
com o Sr. Ministro Relator.
Não participou do julgamento o Sr. Ministro Humberto Martins.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques.
Brasília, 27 de setembro de 2022

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