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EDcl na PET na SUSPENSÃO DE LIMINAR E DE SENTENÇA Nº 3092 - SC

(2022/0099380-0)

RELATORA : MINISTRA PRESIDENTE DO STJ


EMBARGANTE : ASSOCIACAO DA INTEGRACAO SOCIAL - AINTENSO
EMBARGADO : UNIÃO
REQUERIDO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4A REGIÃO
INTERES. : ADNER AUGUSTIN E OUTROS
ADVOGADO : ALINE JAMILE BUENO NOSSABEIN - PR082481
INTERES. : JOLAN BARTHELEMY E OUTROS
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
INTERES. : JEMPSON GILLES E OUTROS
ADVOGADOS : DÉBORA PINTER MOREIRA - RS051679
SANDRA MARA PORTO - SC026875
JANAINA MARANHAO DA SILVA - SC055192
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E DE ERRO.


DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGA SEGUIMENTO A AGRAVO
INTERNO OPOSTO NA CONDIÇÃO DE AMICUS CURIAE. AFIRMAÇÃO DE
QUE O AGRAVO INTERNO FOI PROPOSTO NA CONDIÇÃO DE PARTE.
ASSEVERAÇÃO INÉDITA E QUE NÃO FOI TRAZIDA ANTERIORMENTE,
QUANDO DA INTERPOSIÇÃO DO AGRAVO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO OU
DE ERRO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.

DECISÃO

Trata-se de Embargos Declaratórios opostos pela ASSOCIAÇÃO DE


INTEGRAÇÃO SOCIAL – AINTENSO às fls. 556-560, contra a decisão do eminente Ministro
Humberto Martins de fls. 525/526, que, a par de inferir o seu ingresso como amicus curiae,
julgou prejudicado o Agravo Interno interposto às fls. 407-505 contra a decisão de fls. 300-306,
que, na SLS 3.092/SC, determinou "a) a suspensão dos efeitos da decisão monocrática proferida
no Agravo de Instrumento n. 5003847-04.2022.4.04.0000/SC até o trânsito em julgado do
Processo originário n. 5022373-81.2021.4.04.7201; b) a suspensão dos efeitos da decisão
monocrática proferida no Agravo de Instrumento n. 5049676-42.2021.4.04.0000/SC até o
trânsito em julgado do Processo originário n. 5029676-52.2021.4.04.7200; c) a suspensão dos
efeitos da decisão proferida pelo Juízo da 2ª Vara Federal de Itajaí até o trânsito em julgado do
Processo n. 5017769-56.2021.4.04.7208; d) a suspensão dos efeitos da decisão proferida pelo

Edição nº 0 - Brasília, Publicação: terça-feira, 27 de setembro de 2022


Documento eletrônico VDA33955076 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA Assinado em: 24/09/2022 11:04:26
Publicação no DJe/STJ nº 3485 de 27/09/2022. Código de Controle do Documento: 89cd1f79-e9cc-46d9-8dda-6b05d652fb50
Juízo da 3ª Vara Federal de Itajaí até o trânsito em julgado do Processo n. 5029676-
52.2021.4.04.7200; e) a extensão dos efeitos da suspensão para outras tutelas antecipadas ou
liminares de objeto idêntico, em outras ações de índole coletiva ou individual no território
nacional".

O eminente Ministro Humberto Martins, na decisão embargada (fls. 525/526),


além de indeferir o ingresso da recorrente como amicus curiae, julgou prejudicado o Agravo
Interno por ela oposto, porque aquele recurso foi interposto na condição de amicus curiae,
condição essa que não foi admitida para a intervenção no feito.

Insurge-se a associação especificamente conta a parte da decisão que considerou


prejudicado o agravo, ao argumento de que não recorreu apenas na condição de pretensa amicus
curiae, mas também como parte afetada, pois seria a autora da Ação Civil Pública 5016141-
65.2021.4.04.7100, em curso na Justiça Federal do Rio Grande do Sul.

Dessa forma, assevera que “independentemente do pedido de habilitação na


condição de amicus curiae, a parte embargante interpôs recurso de forma autônoma e dentro do
prazo legal, sob a égide do artigo 996 do CPC”.

Aduz que “No caso concreto este insigne Presidente entendeu por indeferir o
pedido da parte embargante para participar do feito como amicus curiae. A decisão fora
adequadamente fundamentada neste ponto. Sobre este ponto, nada a aclarar. Não obstante, não
há fundamentação das razões que deram ensejo ao não conhecimento do Agravo, dado que: a)
Fora interposto no prazo legal; b) Fora interposto no prazo regimental; c) Fora interposto por
quem demonstrou, processualmente, possuir legitimidade ativa, na forma do artigo 996 do CPC;
d) Seguiu as regras processuais para interposição; e) Não fora interposto na condição de amicus
curiae (até porque sequer fora autorizado o ingresso no feito nesta condição)”.

Contrarrazões aos Embargos Declaratórios oferecidas pela União às fls. 622-626,


nas quais contra-atacou apenas a questão atinente à admissibilidade da associação embargante
como amicus curiae, tema que já está precluso e sobre o qual não houve insurgência.
É o relatório.
Insurge-se a associação embargante, especificamente, conta a parte do ato judicial
que considerou prejudicado o agravo, ao argumento de que ela não agravou apenas na condição
de pretensa amicus curiae, mas também como parte prejudicada, pois seria a autora da Ação
Civil Pública 5016141-65.2021.4.04.7100, em curso na Justiça Federal do Rio Grande do Sul.

Dessa forma, asseverou, como atrás dito, que “independentemente do pedido de


habilitação na condição de amicus curiae, a parte embargante interpôs recurso de forma
autônoma e dentro do prazo legal, sob a égide do artigo 996 do CPC”.

Aduziu que “No caso concreto este insigne Presidente entendeu por indeferir o

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pedido da parte embargante para participar do feito como amicus curiae. A decisão fora
adequadamente fundamentada neste ponto. Sobre este ponto, nada a aclarar. Não obstante, não
há fundamentação das razões que deram ensejo ao não conhecimento do Agravo, dado que: a)
Fora interposto no prazo legal; b) Fora interposto no prazo regimental; c) Fora interposto por
quem demonstrou, processualmente, possuir legitimidade ativa, na forma do artigo 996 do CPC;
d) Seguiu as regras processuais para interposição; e) Não fora interposto na condição de amicus
curiae (até porque sequer fora autorizado o ingresso no feito nesta condição)”.

Consoante a literalidade do artigo 1.022 do Código de Processo Civil, os


Embargos de Declaração são cabíveis para esclarecer obscuridade, eliminar contradição, suprir
omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz, de ofício ou a
requerimento, e/ou corrigir eventual erro material.

Na hipótese dos autos, contudo, não se verifica a existência de omissão ou de


contradição no decisum.

Isso porque, examinando-se a peça protocolada às fls. 407-505, percebe-se que em


momento algum a embargante mencionou ser autora ou parte em Ação Civil Pública ou em
qualquer outra ação judicial afetada por esta Suspensão de Liminar e de Sentença. Em todo o
arrazoado, o que se lê é que aquele recurso é interposto exclusivamente na condição de
amicus curiae. Transcrevo, para elucidar, trechos da interposição:

Considerando que a ASSOCIAÇÃO DE HAITIANOS, ora peticionante, tem


como seu objetivo social e estatutário a defesa dos interesses dos haitianos,
inclusive em juízo, possui legitimidade para atuar neste caso como amicus
curiae, nos termos do artigo 138 do CPC.
...
Portanto, possui legitimidade recursal nos termos do artigo 996 do CPC.
Vejamos: “O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro
prejudicado pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem
jurídica”
...
impende referir que a decisão proferida poderá causar dano irreparável para a
parte agravante. Isso porque, amparados pela sentença judicial que julgou
procedente a ação coletiva, os associados da AINTESO, reuniram esforços
para comprar as suas passagens aéreas de vinda ao Brasil. E no dia 12/05/2022
sai um vôo do Haiti para o Brasil com 12 passageiros que não terão condições
financeiras para custear novas passagens caso sejam impedidos de viajar
...
No mérito, requer o provimento do recurso para fins de autorizar aos
associados da AINTESO a ingressarem no Brasil, sem visto, nos termos da
sentença prolatada pelo juízo singular, para fins de dar cumprimento aos
tratados internacionais de Direitos Humanos referidos nas razões, afastando os
efeitos da decisão recorrida para a parte recorrente e seus associados.

A alegação de que a embargante estaria a recorrer como parte e — não como


simples interessada — só veio aos autos na peça de fls. 556-560, sendo inédita até aquele
momento essa assertiva. Dessa forma, o Agravo Interno foi interposto exclusivamente na

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qualidade de terceira interessada (cujo ingresso no feito nem havia sido admitido e,
posteriormente, foi negado).

Do exposto, resulta que a questão foi devidamente apreciada e decidida de modo


claro e inequívoco, segundo aquilo que foi proposto e apresentado no momento da interposição
do Agravo Interno, inexistindo omissão qualquer a ser suprida ou equívoco a ser corrigido,
inclusive e principalmente em relação à qualidade e condição da agravante, ora embargante.

Vê-se, pois, que pretende a recorrente a alteração de situação de fato e a


substituição da sua qualidade — de terceira interessada para parte — na interposição do Agravo,
colmatando a omissão anterior, de forma a viabilizar o processamento do recurso.

No entanto, os aclaratórios possuem finalidade integrativa e não se prestam à


integrar decisões anteriores com elementos trazidos ulteriormente e que objetivam propiciar a
viabilização de recurso que não foi adequada e tempestivamente interposto (na qualidade de
parte).

Sendo assim, rejeito os Embargos de Declaração opostos às fls. 556-560 e não


admito a convalidação do Agravo Interno interposto na qualidade de amicus curiae como se
aforado na condição de parte fosse.

Brasília, 22 de setembro de 2022.

MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA


Presidente

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