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ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam
os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar parcial
provimento ao recurso nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins
(Presidente), Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques e Cesar Asfor Rocha votaram com o Sr.
Ministro Relator.
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.209.524 - MG (2010/0154451-0)
RELATÓRIO
No recurso especial, alega-se que houve negativa de prestação jurisdicional e ofensa aos
artigos 19 da Lei n.º 4.717/65 e 475 do CPC, ao argumento de ser obrigatória a remessa necessária nas
ações civis públicas propostas para a reparação de danos ao erário, dada a analogia entre o regime das
ações populares e o das ações civis públicas propostas em defesa do patrimônio público.
Sem contrarrazões (e-STJ fl. 1.490).
Parecer ministerial pelo provimento do apelo (e-STJ fls. 1.506-1.512).
É o relatório.
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.209.524 - MG (2010/0154451-0)
EMENTA
VOTO
Contudo, o juízo a quo mostrou-se claro ao expor seu entendimento sobre o não-cabimento
do duplo grau de jurisdição obrigatório, tratando-se de sentença proferida em ação civil pública para
defesa do patrimônio público, não tendo incorrido em quaisquer dos vícios de cognição previstos no art.
535 do CPC. Assim, manifestou-se no voto condutor:
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Isso posto, observa-se que os embargos de declaração ajuizados visaram apenas reformar
a conclusão de mérito do decisório atacado, não havendo omissão quando se pretende a reapreciação
do mérito da demanda, já que o ordenamento pátrio destina fim específico aos aclaratórios: a integração
de decisão judicial, em que tenha ocorrido omissão, contradição ou obscuridade, nos termos do art. 535
do CPC.
Assim, basta que o magistrado tenha solucionado de maneira integral a querela e rejeitado
logicamente as teses contrárias, sendo desnecessário que se oponha a cada um dos argumentos
expendidos pelo recorrente.
É esta a jurisprudência sedimentada do Superior Tribunal de Justiça:
Por outro lado, o recorrente alega que houve ofensa aos artigos 19 da Lei da Ação Popular
(Lei n.º 4.717/65) e 475 do CPC, ao argumento de ser obrigatória a remessa necessária nas ações civis
públicas propostas para a reparação de danos ao erário, dada a analogia entre o regime das ações
populares e o das ações civis públicas propostas em defesa do patrimônio público.
Observe-se a dicção dos dispositivos legais:
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está
sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo
tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.
Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as
respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de
dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI).
O Superior Tribunal de Justiça, sob a minha relatoria, já teve oportunidade de analisar caso
semelhante e assim manifestar-se:
Portanto, dada a ausência de dispositivo na Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85)
versando sobre a remessa oficial, deve-se, prioritariamente, buscar norma de integração dentro do
microssistema processual da tutela coletiva, o que confirma como legítima a aplicação por analogia do
art. 19 da Lei nº 4.717/65. Assim, devem os autos retornar à origem para a devida análise da remessa
necessária.
Ante o exposto, dou provimento em parte ao recurso especial.
É como voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ FLAUBERT MACHADO ARAÚJO
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
RECORRIDO : JUSSARA MENICUCCI DE OLIVEIRA E OUTROS
ADVOGADO : DULCÍDIO SEQUEIRA COSTA FILHO E OUTRO(S)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, deu parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do
Sr. Ministro-Relator, sem destaque."
Os Srs. Ministros Humberto Martins (Presidente), Herman Benjamin, Mauro Campbell
Marques e Cesar Asfor Rocha votaram com o Sr. Ministro Relator.
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