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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.598.967 - PR (2016/0119755-5)

RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


RECORRENTE : IHEL INSTITUTO DE HEMATOLOGIA DE LONDRINA S C
LTDA
ADVOGADOS : RUBENS DE OLIVEIRA PEIXOTO
LUIS AUGUSTO DE OLIVEIRA AZEVEDO
LINARA PANTALEÃO DE FREITAS E OUTRO(S)
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
RECORRIDO : OS MESMOS
EMENTA
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ANULATÓRIA.
PRESCRIÇÃO. PRAZO DE CINCO ANOS. APLICAÇÃO DO DECRETO
20.910/1932. POSSIBILIDADE. FIXAÇÃO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. ART. 535, II, DO CPC.
FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SÚMULA 211/STJ.
1. Os recorrentes sustentam que o art. 535, II, do CPC foi violado, mas deixam
de apontar, de forma clara, o vício em que teria incorrido o acórdão impugnado.
Assim, é inviável o conhecimento do Recurso Especial nesse ponto, ante o óbice
da Súmula 284/STF.
Recurso Especial da Fazenda Nacional
2. In casu, trata-se de Ação Anulatória de Débito Fiscal na qual a contribuinte
pretende a anulação do título executivo. Contudo, o STJ possui o entendimento de
que no crédito executado não está incluído o encargo legal de 20% (vinte por
cento) previsto no art. 1° do Decreto-Lei 1.025/1969, que substitui os
honorários advocatícios nas Execuções Fiscais da União.
3. Ressalte-se que a orientação da Súmula 168/TFR ("O encargo de 20%, do
Decreto-Lei 1.025, de 1969, é sempre devido nas execuções fiscais da União e
substitui, nos embargos, a condenação do devedor em honorários advocatícios")
não pode ser ampliada, pois tem aplicação específica às hipóteses de Embargos à
Execução Fiscal da União, em que o encargo de 20% do Decreto-Lei 1.025/1969
compõe a dívida (REsp 1.143.320/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção,
DJe 21.5.10, submetido ao rito do art. 543-C do CPC).
Recurso da Empresa
4. A indicada afronta do art. 108, I, § 1º, do CTN e do art. 202 do CC não pode
ser analisada, pois o Tribunal de origem não emitiu juízo de valor sobre esse
dispositivo legal. O Superior Tribunal de Justiça entende ser inviável o
conhecimento do Recurso Especial quando os artigos tidos por violados não
foram apreciados pelo Tribunal a quo, a despeito da oposição de Embargos de
Declaração, haja vista a ausência do requisito do prequestionamento. Incide, na
espécie, a Súmula 211/STJ.
5. A jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de que o prazo prescricional
para a Ação Anulatória é de cinco anos, nos termos do art. 1º do Decreto
20.910/1932, contados da notificação do lançamento. Orientação reafirmada no
julgamento do REsp 947.206/RJ, sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do
CPC).
6. In casu, a constituição do crédito tributário, por meio de declarações do
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contribuinte, deu-se, em relação aos dois primeiros, em 15.2.2005, e, quanto ao
último, em 13.8.2004. Contudo a Ação Anulatória, porém, apenas veio a ser
ajuizada em 9.5.2014, após o transcurso do prazo quinquenal.
7. Recursos Especiais parcialmente conhecidos para prover o da Fazenda
Nacional e negar provimento ao da empresa.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por
unanimidade, conheceu em parte do recurso da Fazenda Nacional e, nessa parte, deu-lhe
provimento; conheceu em parte do recurso de IHEL Instituto de Hematologia de Londrina S/C
Ltda e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos termos do voto do(a) Sr(a).
Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães
(Presidente), Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto
Martins votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 21 de junho de 2016(data do julgamento).

MINISTRO HERMAN BENJAMIN


Relator

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.598.967 - PR (2016/0119755-5)
RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN
RECORRENTE : IHEL INSTITUTO DE HEMATOLOGIA DE LONDRINA S C
LTDA
ADVOGADOS : RUBENS DE OLIVEIRA PEIXOTO
LUIS AUGUSTO DE OLIVEIRA AZEVEDO
LINARA PANTALEÃO DE FREITAS E OUTRO(S)
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
RECORRIDO : OS MESMOS

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): Cuida-se


de Recursos Especiais interpostos, com fundamento no art. 105, III, "a" e "c", da Constituição
da República, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região assim ementado (fl.
274, e-STJ):

TRIBUTÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA DE LANÇAMENTO


FISCAL. NATUREZA DESCONSTITUTIVA. EXERCÍCIO DO DIREITO
DE ANULAÇÃO. TERMO INICIAL. PRAZO DECADENCIAL. CINCO
ANOS. APLICAÇÃO DO DECRETO 20.910/32. ENCARGO DO
DECRETO-LEI 1.025, DE 1969. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
1. A ação anulatória possui nítido caráter desconstitutivo, pois
objetiva a eliminação do ato de imposição tributária, buscando extinguir a relação
jurídica que obriga a autora ao pagamento do crédito tributário neles constituído.
2. O prazo decadencial para ajuizamento da ação declaratória de
nulidade de lançamento tributário é de cinco anos, nos moldes do art. 1Q do
Decreto 20.910/32. Precedentes do STJ.
3. Decadência do direito de postular a anulação do lançamento
fiscal, pois transcorridos mais de cinco anos entre a constituição definitiva do
crédito e o ajuizamento da ação anulatória.
4. Em se tratando de pretensão de anulação de crédito tributário
que é objeto de execução fiscal, cuja natureza é similar à ação de embargos do
devedor, é de ser estendido o entendimento estabelecido na Súmula 168 do TFR,
afastando-se a cobrança de verba honorária.

Os Embargos de Declaração foram rejeitados (fls. 293-297, e-STJ).


Os recorrentes alegam, além de divergência jurisprudencial, violação do art.
108, I, § 1º, do CTN; do art. 202 do CC; do art. 7º do Decreto 20.910/1932; dos arts. 20 e

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535, II, do CPC; do art. 1º do Decreto-Lei 1.025/1969. Afirmam que o acórdão é omisso,
porquanto deixou de apreciar diversas questões de direito (fl. 304, e-STJ).
A Fazenda Nacional aduz que faz jus ao recebimento de honorários
advocatícios (fl. 304, e-STJ).
A empresa salienta que o lançamento feito com base em erro constitui crédito
tributário que não decorre da obrigação (fl. 318, e-STJ).
Registra que o Decreto 20.910/1932 não pode ser aplicado à espécie, pois o
art. 202 do CC é o dispositivo que deveria reger o caso em tela (fl. 318, e-STJ).
Contrarrazões apresentadas às fls. 357-365 e 366-377, e-STJ.

É o relatório.

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VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): Os autos


foram recebidos neste Gabinete em 16.5.2016.
As irresignações não merecem ser acolhidas.
As recorrentes sustentam que o art. 535, II, do CPC foi violado, mas deixam
de apontar, de forma clara, o vício em que teria incorrido o acórdão impugnado. Assim, é
inviável o conhecimento do Recurso Especial nesse ponto, ante o óbice da Súmula 284/STF.
Cito precedentes:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
DESAPROPRIAÇÃO. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 535 DO CPC.
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. ARTIGOS
INFRACONSTITUCIONAIS APONTADOS COMO VIOLADOS NÃO
PREQUESTIONADOS. SÚMULA 211/STJ. LAUDOS TÉCNICOS
DIVERGENTES. VALORES EM DESCOMPASSO. REVISÃO DO
JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DE MATÉRIA
FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ.
1. Não se conhece da alegada violação do art. 535, II, do Código
de Processo Civil - CPC quando são apresentadas alegações genéricas sobre as
suas negativas de vigência. Óbice da Súmula 284 do STF.
(...)
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 44.316/SE, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 18/02/2014).

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. MILITAR. LICENCIAMENTO. OMISSÃO DO
JULGADO REGIONAL. OFENSA AO ART. 535 DO CPC.
FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. PRECEDENTES.
INEXISTÊNCIA DE INVALIDEZ TOTAL E DEFINITIVA PARA O
TRABALHO CASTRENSE. REFORMA INCABÍVEL. SÚMULA 7/STJ.
1. É deficiente a fundamentação do recurso especial em que a
alegação de ofensa ao art. 535 do CPC se faz de forma genérica.
Aplica-se, assim, o óbice da Súmula 284 do STF. Precedentes do
STJ.
2. A alteração das conclusões adotadas pela instância ordinária
quanto à inexistência de invalidez total e definitiva para o trabalho castrense, tal
como colocada a questão nas razões recursais, exigiria, necessariamente, novo
exame do acervo fático-probatório constante dos autos, providência vedada em
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recurso especial, conforme o óbice previsto na Súmula 7/STJ.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 1341229/RJ, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA,
PRIMEIRA TURMA, DJe 17/02/2014).

1. Do Recurso da Fazenda Nacional

In casu, trata-se de Ação Anulatória de Débito Fiscal na qual a contribuinte


pretende a anulação do título executivo. Contudo, o STJ possui o entendimento de que no
crédito executado não está incluído o encargo legal de 20% (vinte por cento) previsto no art.
1° do Decreto-Lei 1.025/1969, que substitui os honorários advocatícios nas Execuções
Fiscais da União.
Ressalte-se que a orientação da Súmula 168/TFR ("O encargo de 20%, do
Decreto-Lei 1.025, de 1969, é sempre devido nas execuções fiscais da União e substitui, nos
embargos, a condenação do devedor em honorários advocatícios") não pode ser ampliada,
pois tem aplicação específica às hipóteses de Embargos à Execução Fiscal da União, em que o
encargo de 20% do Decreto-Lei 1.025/1969 compõe a dívida (REsp 1.143.320/RS, Rel.
Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 21.5.10, submetido ao rito do art. 543-C do CPC).
Cito precedentes:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RENÚNCIA AO


DIREITO OU DESISTÊNCIA DA AÇÃO. REGIME INSTITUÍDO PELA LEI
11.941/2009. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO NAS
HIPÓTESES NÃO ALCANÇADAS PELO ART. 6°, § 1°.
INTERPRETAÇÃO ESTRITA. PRECEDENTES DA CORTE ESPECIAL E
DAS TURMAS DE DIREITO PÚBLICO.
1. Cuida-se, na origem, de Ação Declaratória ajuizada contra a
União com a finalidade de discutir a existência de créditos de IRPJ e CSSL
constituídos mediante Auto de Infração.
2. A controvérsia remanescente diz respeito à legalidade da
imposição de honorários advocatícios de sucumbência à parte que renuncia ao
direito ou desiste da ação, na forma do art. 6°, § 1°, da Lei 11.941/2009, para os
fins de aderir ao regime facilitado de quitação tributária instituído por esse diploma
legal.
3. O artigo 6º, § 1º, da Lei 11.941, de 2009, só dispensou dos
honorários advocatícios o sujeito passivo que desistir de ação ou renunciar ao
direito em demanda na qual se requer "o restabelecimento de sua opção ou a sua
reinclusão em outros parcelamentos". Nos demais casos, à míngua de disposição
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legal em sentido contrário, aplica-se a regra geral do artigo 26 do CPC.
Precedentes do STJ.
4. Ressalte-se que a orientação da Súmula 168/TFR ("O encargo
de 20%, do Decreto-Lei 1.025, de 1969, é sempre devido nas execuções fiscais
da União e substitui, nos embargos, a condenação do devedor em honorários
advocatícios") não pode ser ampliada, pois tem aplicação específica às hipóteses
de Embargos à Execução Fiscal da União, em que o encargo de 20% do
Decreto-Lei 1.025/1969 compõe a dívida (REsp 1.143.320/RS, Rel. Ministro Luiz
Fux, Primeira Seção, DJe 21.5.10, submetido ao rito do art. 543-C do CPC).
5. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do
art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.
(REsp 1353826/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 17/10/2013).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO


ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. NULIDADE DA CDA.
REVISÃO. REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA
7/STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO.
(...)
3. No julgamento do REsp 1.353.826/SP, submetido ao regime do
art. 543-C do CPC, a Primeira Seção ratificou o entendimento de que "O artigo
6º, § 1º, da Lei 11.941, de 2009, só dispensou dos honorários advocatícios o
sujeito passivo que desistir de ação ou renunciar ao direito em demanda na qual
se requer 'o restabelecimento de sua opção ou a sua reinclusão em outros
parcelamentos'. Nos demais casos, à míngua de disposição legal em sentido
contrário, aplica-se a regra geral do artigo 26 do CPC" (pendente de
publicação). In casu, trata-se de Ação Ordinária Declaratória de nulidade da
CDA. Portanto, no crédito executado não está incluído o encargo legal de 20%
(vinte por cento) previsto no art. 1° do Decreto-Lei 1.025/1969, que substitui os
honorários advocatícios nas Execuções Fiscais da União.
4. Agravo Regimental não provido.
(AgRg no AREsp 733.698/PR, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 2/2/2016).

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS NA


DESISTÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. PETIÇÃO PROTOCOLADA
NESTA CORTE ATRAVÉS DA QUAL A AUTORA RENUNCIA AO
DIREITO SOBRE QUE SE FUNDA A AÇÃO ANULATÓRIA. EXTINÇÃO
DO PROCESSO, NOS TERMOS DO ART. 269, V, DO CPC. CABIMENTO
DA CONDENAÇÃO DA RENUNCIANTE EM HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS.
1. No processo judicial tributário, em caso de renúncia do
autor-contribuinte ao direito sobre o qual se funda a ação – ainda que em virtude
de sua adesão a programa instituído por lei para fins de parcelamento ou
pagamento à vista de créditos tributários –, o objetivo das leis instituidoras de
programas como tais não é criar nova hipótese de condenação em honorários
advocatícios, nem modificar as regras de sucumbência previstas no Código de
Processo Civil ou na legislação processual em vigor. Assim, a incidência ou não
da verba honorária deve ser examinada caso a caso, não com base na legislação
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que disciplina o programa de parcelamento ou pagamento à vista dos créditos
tributários, e sim à luz da legislação processual própria.
2. Por não se tratar, no caso, de embargos à execução fiscal
promovida pela Fazenda Nacional, e sim de ação anulatória de débito fiscal, não
se aplica a orientação adotada pela Primeira Seção, no REsp 1.143.320/RS (Rel.
Min. Luiz Fux, DJe 21.5.2010).
3. A Corte Especial, ao julgar o AgRg nos EDcl nos EDcl no RE
nos EDcl no AgRg no REsp 1.009.559/SP (Rel. Min. Ari Pargendler, DJe de
8.3.2010), decidiu que a Lei 11.941/2009, no § 1º de seu art. 6º, só dispensou dos
honorários advocatícios o sujeito passivo que desistir de ação judicial em que
requeira "o restabelecimento de sua opção ou a sua reinclusão em outros
parcelamentos". Nas demais hipóteses, à míngua de disposição legal em sentido
contrário, aplica-se o art. 26, caput, do CPC, que determina o pagamento dos
honorários advocatícios pela parte que desistiu do feito.
(...)
5. Embargos declaratórios recebidos como agravo regimental, ao
qual se nega provimento.
(EDcl na DESIS no REsp 973.698/PR, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe 29/11/2010).

2. Do recurso da empresa

Conheço do recurso pelas alíneas "a" e "c" do art. 105 da CF, contudo a
irresignação não merece provimento.
A indicada afronta do art. 108, I, § 1º, do CTN e do art. 202 do CC não pode
ser analisada, pois o Tribunal de origem não emitiu juízo de valor sobre esse dispositivo legal.
O Superior Tribunal de Justiça entende ser inviável o conhecimento do Recurso Especial
quando os artigos tidos por violados não foram apreciados pelo Tribunal a quo, a despeito da
oposição de Embargos de Declaração, haja vista a ausência do requisito do
prequestionamento. Incide, na espécie, a Súmula 211/STJ. A propósito cito:
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. AGRAVO
REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO
ART. 535 DO CPC. FUNDAMENTO GENÉRICO.
SÚMULA 284/STF. ART. 40, CAPUT, DA LEI N. 6.830/80.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ.
RESPONSABILIDADE PELA DEMORA NA MOVIMENTAÇÃO DO
FEITO. REEXAME PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ.
(...)
2. Não obstante a oposição de embargos declaratórios, o
dispositivo legal tido por malferido (art. 40, caput, da Lei n. 6.830/80) deixou de
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ser apreciado pela instância ordinária. Assim, ausente o indispensável
prequestionamento das matérias insertas na legislação infraconstitucional tida por
violada, atraindo-se a incidência da Súmula 211 desta Corte, a qual impede o
conhecimento do especial.
(...)
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 703.695/RJ, Rel. Ministro OG FERNANDES,
SEGUNDA TURMA, DJe 01/07/2015).

PROCESSUAL CIVIL. ACÓRDÃO RECORRIDO.


FUNDAMENTOS SUFICIENTES NÃO ATACADOS NAS RAZÕES
RECURSAIS. SÚMULA N. 283/STF. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N. 211/STJ. DIREITO LOCAL.
ANÁLISE. ÓBICE DA SÚMULA N. 280/STF.
(...)
2. A ausência de debate no acórdão recorrido à luz dos normativos
federais tidos por violados e da tese adotada nas razões recursais impõe o não
conhecimento do recurso especial por falta de prequestionamento apto a viabilizar
a pretensão recursal. Incidência da Súmula n. 211 do Superior Tribunal de Justiça.
(...)
Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 343.633/SP, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 30/6/2015).

A jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de que o prazo prescricional


para a Ação Anulatória é de cinco anos, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/1932,
contados da notificação do lançamento. Orientação reafirmada no julgamento do REsp
947.206/RJ, sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC). Seguem precedentes:
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO
ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.
ARTIGO 1º DO DECRETO N. 20.910/32. RESP 947.206/RJ JULGADO SOB
O RITO DO ART. 543-S DO CPC. TERMO A QUO. NOTIFICAÇÃO.
AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO. TERMO INICIAL. VENCIMENTO.
POSSIBILIDADE. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA.
VALORIZAÇÃO DO IMÓVEL. NÃO COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE
DE ANÁLISE DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
1. O STJ fixou entendimento, sob o rito do art. 543-C do CPC
(REsp 947206/RJ, Rel. Min. Luiz Fux), segundo o qual a ação declaratória de
nulidade de lançamento submete-se à incidência da prescrição quinquenal, nos
termos do art. 1º do Decreto n. 20.910/32, cujo termo a quo é a notificação fiscal
do lançamento.
2. A Corte de origem tomou como termo a quo para a contagem
do prazo prescricional para a propositura da presente ação anulatória de débito
fiscal o vencimento do tributo, uma vez que "não havendo nos autos qualquer
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demonstração da data em que houve tal notificação, presume-se que esta tenha
ocorrido na data de vencimento do boleto, o qual ocorreu em 10/04/2008,
conforme documento de fl. 12." (fls. 12, e-STJ).
3. Irrepreensível o entendimento fixado na origem, porquanto,
conforme se extrai dos autos, sendo o vencimento do tributo datado de 10.4.2008
e a ação tendo sido proposta em novembro de 2011, três anos após o vencimento,
não há como cogitar que a notificação tenha se dado há mais de dois anos da data
do vencimento. Portanto ainda que se considerasse a data da constituição do
crédito, a pretensão autoral não estaria prescrita.
4. Entendimento contrário ao da Corte estadual acerca da
ausência de notificação do contribuinte demandaria a incursão no contexto fático
dos autos, impossível nesta Corte, ante o óbice da Súmula 7/STJ.
5. A Corte a quo não analisou, ainda que implicitamente, o disposto
no art. 21, caput, do CPC. Incidência das Súmulas 282 e 356/STF.
6. É entendimento do STJ no sentido de que o valor a ser pago a
título de contribuição de melhoria deve corresponder à valorização do imóvel,
decorrente da obra realizada, observados os limites estabelecidos no art. 81 do
CTN. O custo da obra será considerado, segundo a doutrina e jurisprudência
majoritárias, para limitar o valor global a ser pago pelos beneficiários.
7. Não havendo prova da efetiva valorização imobiliária
decorrente de obra pública, e levando-se em conta que a valorização não pode ser
presumida, não cabe a cobrança da contribuição de melhoria. Incidência da
Súmula 7/STJ.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 538.554/PR, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 23/9/2014).

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS


DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO ANULATÓRIA DE
DÉBITO FISCAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ARTIGO 1º DO
DECRETO N. 20.910/32. ESPECIAL EFICÁCIA VINCULATIVA DO
ACÓRDÃO PROFERIDO NO RESP 947.206/RJ.
1. A Primeira Seção desta Corte, com o julgamento do REsp
947.206/RJ, pela sistemática do art. 543-C do CPC e da Res. STJ 8/08, assentou
que "o prazo prescricional adotado em sede de ação declaratória de nulidade de
lançamentos tributários é qüinqüenal, nos moldes do art. 1º do Decreto
20.910/32".
2. Agravo regimental não provido.
(AgRg nos EDcl no REsp 1.406.776/SE, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe 19/5/2014).

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO ANULATÓRIA. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO.
PRAZO PRESCRICIONAL. ART. 1º DO DECRETO 20.910/1932. RECURSO
REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC.
1. A jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de que o prazo
prescricional para a Ação Anulatória é de cinco anos, nos termos do art. 1º do
Decreto 20.910/1932, contados da notificação do lançamento.
2. Orientação reafirmada no julgamento do REsp 947.206/RJ, sob
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o rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC).
3. Discutem-se na presente ação os lançamentos que originaram
as inscrições em dívida ativa de nº 90.8.97.000025-46, 90.8.97.000003-30 e
90.8.97.000005-00. In casu, a constituição do crédito tributário, por meio da
notificação dos respectivos lançamentos, deu-se, em relação aos dois primeiros,
em 21.11.1992, e, quanto ao último, em 24.04.1995. A Ação Anulatória, porém,
apenas veio a ser ajuizada em 11.4.2002, após o transcurso do prazo quinquenal.
4. Recurso Especial não provido.
(REsp 1.213.024/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, DJe 24/9/2012).

In casu, a constituição do crédito tributário, por meio de declarações do


contribuinte, deu-se, em relação aos dois primeiros, em 15.2.2005, e, quanto ao último, em
13.8.2004. A Ação Anulatória, porém, apenas veio a ser ajuizada em 9.5.2014, após o
transcurso do prazo quinquenal.

Por tudo isso, conheço parcialmente do Recurso Especial da Fazenda


Nacional e da Empresa, para dar provimento ao da primeira recorrente, fixando os
honorários advocatícios em R$ 10.000,00 (dez mil reais), com base no art. 20, § § 3º e
4º, do CPC, e negar provimento ao recurso da segunda recorrente.

É como voto.

Documento: 1522512 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 06/09/2016 Página 11 de 4
Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2016/0119755-5 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.598.967 / PR

Números Origem: 200770010024060 50099609820144047001 PR-200770010024060


PR-50099609820144047001

PAUTA: 21/06/2016 JULGADO: 21/06/2016

Relator
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : IHEL INSTITUTO DE HEMATOLOGIA DE LONDRINA S C LTDA
ADVOGADOS : RUBENS DE OLIVEIRA PEIXOTO
LUIS AUGUSTO DE OLIVEIRA AZEVEDO
LINARA PANTALEÃO DE FREITAS E OUTRO(S)
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
RECORRIDO : OS MESMOS

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - Contribuição Social sobre


o Lucro Líquido

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, conheceu em parte do recurso da Fazenda Nacional e,
nessa parte, deu-lhe provimento; conheceu em parte do recurso de IHEL Instituto de Hematologia
de Londrina S/C Ltda e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos termos do voto do(a) Sr(a).
Ministro(a)-Relator(a)."
Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente), Diva
Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto Martins votaram com o
Sr. Ministro Relator.

Documento: 1522512 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 06/09/2016 Página 12 de 4

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