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AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 2016982 - MG (2021/0346408-4)

RELATOR : MINISTRO OG FERNANDES


AGRAVANTE : SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INSTITUIÇÕES
FEDERAIS DE ENSINO-SINDIFES
AGRAVANTE : ANGEL FRANÇOIS CHRISTIAN RODRIGUEZ
AGRAVANTE : FRANCOIS JEAN SAUD RODRIGUEZ
AGRAVANTE : GEORGES LUIS SAUD RODRIGUEZ
AGRAVANTE : EMILIA CRISTINA SAUD RODRIGUEZ
ADVOGADOS : MARIA DA CONCEIÇÃO CARREIRA ALVIM - MG042579
BERNARDO GONTIJO DE CASTRO - MG180948
AGRAVADO : UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

DECISÃO

Vistos, etc.
Trata-se de agravo interposto contra decisão que inadmitiu o recurso
especial com base na Súmula 7/STJ e na inexistência de violação do art. 1.022
do CPC/2015.
Impugnados especificamente os fundamentos adotados pelo Tribunal de
origem, passo ao exame do recurso especial.
É o relatório.
Ultrapassados os requisitos de conhecimento do presente agravo, passo a
examinar o recurso especial manejado por Sindicato dos Trabalhadores nas
Instituições Federais de Ensino - SINDIFES, com amparo no art. 105, III, alínea
"a", da CRFB/1988, em oposição a acórdão do Tribunal Regional Federal da
1ª Região assim ementado (e-STJ, fl. 201):

PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO. EMBARGOS À


EXECUÇÃO. PAGAMENTO DO PERCENTUAL DE 3,17%. A
LIMITAÇÃO DO REAJUSTE. JUROS DE MORA E CORREÇÃO
MONETÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
1. O termo inicial do reajuste de 3,17% é a data de 1°/01/1995, e o
termo final é a data da efetiva reestruturação ou reorganização de
cargos e carreiras, conforme art. 10 da Medida Provisória n. 2.225, de
2001, ou, no caso de não ter havido reestruturação, o termo final é
31/12/2001, uma vez que o art. 9° da referida MP determinou a
incorporação desse mesmo percentual à remuneração dos servidores
públicos federais a partir de 10/01/2002, na linha da jurisprudência do
STJ.
2. Não há falar em ofensa à coisa julgada no caso de não ter havido
discussão no processo de conhecimento da questão concernente à
reestruturação, uma vez que o direito ao referido complemento de
reajuste foi assegurado pelo legislador a todos os servidores do Poder

Edição nº 0 - Brasília,
Documento eletrônico VDA31341764 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Og Fernandes Assinado em: 09/02/2022 16:15:33
Publicação no DJe/STJ nº 3331 de 10/02/2022. Código de Controle do Documento: cb05c755-becc-4840-b6e1-33a1e6837de3
Executivo Federal, nos termos dos arts. 8° e 9° da Medida Provisória
n. 2.225-45, de 2001, dispondo-se, ainda, que, se tivesse havido
reestruturação da carreira, até aí incidiria o reajuste, nos termos do art.
10 da mesma medida provisória. Portanto, se a sentença impôs como
data limite ao reajuste data anterior à referida medida provisória, tendo
transitado em julgado, vigora o quanto disposto na sentença; se não
foi fixado limite temporal, a regra da lei, que determinou o reajuste
para todos os servidores, alcança todas as demais situações, pois em
casos assim a violação do direito, pela não aplicação do art. 28 da Lei
n. 8.880, de 1994, foi restaurada pela referida medida provisória. É
cediço que a sentença em casos da espécie tem eficácia rebus sic
stantibus, de modo que restaurado o direito tem-se atendido o quanto
nela determinado, não podendo haver, por outro lado, duplicidade de
incidência do mesmo percentual aos servidores, uma pela lei e outra,
pela sentença.
3. Juros de mora e correção monetária fixados nos termos do voto.
4. A verba honorária deve ser fixada em 10% (dez por cento) conforme
critérios estabelecidos no § 3° do art. 85 do NCPC. Sendo, 10% (dez
por cento) sobre o valor excluído da execução em favor da
embargante (UFMG) e 10% (dez por cento) sobre a parcela
exequenda em favor dos servidores credores.
5. Apelação provida, em parte, para ajustar a incidência dos juros de
mora, da correção monetária e da verba honorária, nos termos do
voto.

Embargos de declaração rejeitados.


Em suas razões, o recorrente sustenta contrariedade ao art. 1.022 do
CPC/2015, ao argumento de omissão sobre pontos essenciais ao deslinde da
controvérsia, em especial acerca da sucumbência, da assistência judiciária e
sobretudo da hipótese peculiar dos autos relativa ao limite temporal do
pagamento dos 3,17% pela reestruturação da carreira, o que não poderia ter
ocorrido já que a matéria poderia ter sido arguida no curso da fase cognitiva,
havendo preclusão máxima da questão e consequente impossibilidade de se
não observar a coisa julgada.
Quanto à questão de fundo, indica ofensa aos arts. 10 da MP n.
2.225/2001 e 493, 502, 503, 507, 508 e 1.014 do CPC/2015.
Com contrarrazões.
É o relatório.
A irresignação preliminar merece prosperar.
Dos autos, verifica-se que o insurgente pretende a anulação do acórdão
proferido pela Corte de origem em embargos de declaração sob o argumento de
negativa de prestação jurisdicional, remanescendo omisso o julgamento da
controvérsia.
Extrai-se dos autos que o interessado argumentou e requereu a
manifestação expressa do órgão julgador sobre a hipótese peculiar dos autos
relativa ao limite temporal do pagamento dos 3,17% pela reestruturação da
carreira, o que não deveria ter ocorrido já que a matéria poderia ter sido arguida
no curso da fase cognitiva, havendo preclusão máxima da questão e
consequente impossibilidade de se não observar a coisa julgada.
Com efeito, evidencia-se que a questão suscitada guarda correlação lógico-
jurídica com a pretensão deduzida nos autos e se apresenta imprescindível à
satisfação da tutela jurisdicional, de forma que a falta de manifestação a respeito
de tema necessário à resolução integral da demanda autoriza o acolhimento de
ofensa ao art. 1.022, II, do CPC/2015, enseja a anulação do acórdão proferido

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em embargos de declaração e torna indispensável o rejulgamento dos
aclaratórios.
A propósito: AgInt no REsp n. 1.394.325/RJ, relator Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, DJe de 30/11/2016; AgRg no REsp n. 1.221.403/RS,
relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe de 23/8/2016;
AgRg no REsp n. 1.407.552/SP, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira
Turma, DJe de 3/3/2016.
Ante o exposto, com fulcro no art. 932, V, do CPC, c/c o art. 253, parágrafo
único, II, "c", do RISTJ, assim como na Súmula 568/STJ, conheço do agravo
para conhecer do recurso especial e, na sequência, dar provimento ao pleito
preliminar, tornando nulo o acórdão proferido no julgamento dos embargos de
declaração, a fim de que a Corte de origem se manifeste sobre a matéria
assentada nos aclaratórios, tudo nos termos da fundamentação supra.
Prejudicado o recurso especial de e-STJ, fls. 281/285.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília, 09 de fevereiro de 2022.

Ministro OG FERNANDES
Relator

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