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RECURSO ESPECIAL Nº 1873138 - DF (2020/0106595-5)

RELATORA : MINISTRA REGINA HELENA COSTA


RECORRENTE : BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADO : RICARDO LOPES GODOY E OUTRO(S) - DF037808
RECORRIDO : ADEMAR DE OLIVEIRA BESERRA
ADVOGADO : HENRY WALL GOMES FREITAS E OUTRO(S) - PI004344

DECISÃO

Vistos.
Trata-se de Recurso Especial interposto pelo BANCO DO BRASIL contra
acórdão prolatado, por unanimidade, pela 2ª Turma do Distrito Federal e dos Territórios
no julgamento de apelação, assim ementado (fls. 651/652e):

APELAÇÃO CÍVEL. PASEP. REPARAÇÃO. CONTA INDIVIDUAL.


PRESERVAÇÃO DE VALORES. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
CONGRUÊNCIA. PRELIMINAR ACOLHIDA.SENTENÇA CASSADA.
JULGAMENTO NOS TERMOS DO ARTIGO 1.013, §4º,
CPC.PRESCRIÇÃO AFASTADA. TEORIA ACTIO NATA. FALHA NA
GESTÃO. REPARAÇÃO. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO.
1. Apelação interposta contra a sentença que extinguiu o feito com
resolução do mérito, com fulcro no artigo 487, inciso II, do Código de
Processo Civil, em razão do acolhimento da prejudicial de prescrição.
2. Pelo artigo 492 do Código de Processo Civil, que exprime o princípio da
adstrição, correlação ou congruência, é nula a sentença que foge dos
limites da lide, delineados na causa de pedir e no pedido. Na hipótese em
exame, é possível constar que os fundamentos analisados pela sentença
não guardam relação com o cerne da causa de pedir, atraindo a
incidência do aludido dispositivo.
3. Para a teoria denominada actio nata, que orienta a interpretação do
artigo 189 do diploma material privado, a pretensão surge no momento em
que verificada a ciência inequívoca da violação ao direito subjetivo, em
conteúdo e extensão. Se o demandante somente toma conhecimento da
diferença de saldo quando obtida a microfilmagem do extrato completo de
sua conta PASEP, é nesse momento que nasce a pretensão.
4. Alegada a ocorrência de falha na gestão da conta PASEP,
caracterizada pela não preservação do patrimônio nela existente antes da
alteração do regime jurídico de tais recursos, cumpria à instituição
financeira requerida, na condição de administradora das contas de tal
natureza, com acesso irrestrito à documentação correspondente, trazer
aos autos elementos capazes de infirmar a pretensão autoral,
demonstrando a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito alegado pela parte adversa, conforme disposto no artigo 373 do
Código de Processo Civil – o que não ocorreu.
5. A frustração experimentada em relação aos valores não preservados,
por si só, não é suficiente à configuração de ofensa substancial à

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dignidade do recorrente, a ponto de diminuir-lhe a noção de pessoa, razão
pela qual, afastando-se, pois, a pretensão de indenização por possíveis
danos morais.
6. Tendo sido invertida a sucumbência, os ônus que lhes são
correspondentes devem ser transferidos ao requerido. Constata-se,
entretanto, que o caso particular atrai a incidência do artigo 85, § 8º, do
Código de Processo Civil, pois os honorários foram inicialmente fixados
em descompasso com os critérios previstos no §2º do referido dispositivo.
7. Recurso conhecido e parcialmente provido

Com amparo no art. 105, III, a, da Constituição da República, aponta-se


ofensa aos dispositivos a seguir relacionados, alegando-se, em síntese, que:

i. Art. 1° do Decreto n. 20.910/1932 – “(...) o termo inicial do prazo


prescricional é a data a partir da qual deixou de ser feito o
creditamento da última diferença pleiteada. Portanto, o termo inicial
corresponde à data do último depósito, que ocorreu em 1988. Logo,
uma vez que a distribuição de cotas do PASEP vigorou até 1988,
eventual não recolhimento de valores pela União Federal poderia ser
reclamado até o quinquênio seguinte ao último depósito. Com a
promulgação de Carta Magna descabem novos depósitos e,
somente até1993 poderia ser proposta ação reclamando eventuais
valores não creditados” (fl. 667e).

Com contrarrazões (fls. 679/693e), o recurso foi admitido (fl. 729/730e).


Feito breve relato, decido.
Por primeiro, consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão
realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação
do provimento jurisdicional impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Código de
Processo Civil de 2015.
Nos termos do art. 932, III, do Código de Processo Civil de 2015,
combinado com os arts. 34, XVIII, a, e 255, I, ambos do Regimento Interno desta Corte,
o Relator está autorizado, por meio de decisão monocrática, a não conhecer de recurso
inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os
fundamentos da decisão recorrida.
O tribunal de origem decidiu pelo afastamento da prescrição, sob o
fundamento de que i) não poderia ser aplicado o prazo prescricional do Decreto n.
20.910/1932 porquanto a situação fática não refletiria o caso do Resp n. 1.205.277 o
qual tratava da cobrança da diferença de correção monetária incidente sobre o saldo
das referidas contas; ii) o fato de o Banco do Brasil, ora recorrente, ser sociedade de
economia mista afasta a aplicação do Decreto n. 20.910/1932, conforme se extrai dos
seguintes excertos do acórdão recorrido (fls. 655/656e):

Conforme alinhavado, o cerne da presente demanda não é o


questionamento acerca dos critérios de recomposição dos valores

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presentes na conta PASEP de titularidade do autor, mas sim a própria
quantia sobre o qual devem incidir tais acréscimos. Assim, conquanto
firmada pelo Superior Tribunal de Justiça aplicação do prazo prescricional
de cinco anos, previsto no Decreto-Lei n.º 20.910/1932, a atenta leitura do
mencionado entendimento revela que a situação fática ora examinada não
reflete a hipótese debatida naquele julgado (REsp n.º 1.205.277). Eis o
enunciado da aludida tese: “É de cinco anos o prazo prescricional da ação
promovida contra a União Federal por titulares de contas vinculadas ao
PIS/PASEP visando à cobrança de diferenças de correção monetária
incidente sobre o, nos termos do art. 1º do Decreto-Lei 20.910/32.”saldo
das referidas contas Também representa circunstância relevante ao
afastamento do prazo previsto no Decreto-Lei n.º20.910/1932 o fato de a
presente demanda ter sido proposta em desfavor do Banco do Brasil S/A,
sociedade de economia mista, entidade de direito privado, que não se
equipara ao conceito de “Fazenda Pública”. Em casos similares, este
Tribunal já se manifestou pela adoção do prazo decenal – regra residual
inserta no artigo 205 do Código Civil, aplicável sempre que ausente
disposição legal específica estabelecendo prazo menor. A propósito:
(...)
Com efeito, embora exista debate jurisprudencial acerca do prazo
prescricional incidente em situações como a descrita nestes autos (há,
ainda, teses pela adoção do quinquênio previsto na legislação
consumerista e pelo prazo vintenário, ante a necessidade de observância
da regra de transição do artigo2.028 do Código Civil), a identificação do
termo inicial – no caso concreto – revela que a pretensão autoral não seria
fulminada por quaisquer dos prazos possíveis. Para a teoria denominada
actio nata, que orienta a interpretação do artigo 189 do diploma material
privado, a pretensão surge no momento em que verificada a ciência
inequívoca da violação ao direito subjetivo, em conteúdo e extensão. Ou
seja, são irrelevantes quaisquer atos anteriores – quando não era possível
atestar satisfatoriamente o malferimento – ou posteriores, restritos à
ratificação. No caso particular, a pretensão deduzida refere-se a uma
diferença de saldo somente conhecida quando obtido pelo demandante o
extrato completo de sua conta PASEP, em junho de 2019. Note-se que,
mesmo se adotada a data do saque (22/11/2017), não se observa o
decurso de qualquer dos prazos prescricionais possíveis, porquanto
ajuizada a presente demanda em 07/08/2019.

Nas razões do Recurso Especial, tais fundamentações não foram


refutadas, implicando a inadmissibilidade do recurso, visto que esta Corte tem firme
posicionamento, segundo o qual a falta de combate a fundamento suficiente para
manter o acórdão recorrido justifica a aplicação, por analogia, da Súmula n. 283 do
Colendo Supremo Tribunal Federal: “é inadmissível o recurso extraordinário, quando a
decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não
abrange todos eles”.
Nessa linha, destaco os seguintes julgados de ambas as Turmas que
compõem a 1ª Seção desta Corte:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL


NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. OCUPAÇÃO DE TERRA
PÚBLICA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. DEMOLIÇÃO DE
CONSTRUÇÃO. OMISSÃO NÃO CARACTERIZADA. INTERPRETAÇÃO

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DE LEI LOCAL. SÚMULA N. 280 DO STF. ACÓRDÃO A QUO QUE
CONCLUI, COM BASE NOS FATOS E PROVAS DOS AUTOS, PELA
IRREGULARIDADE DA EDIFICAÇÃO. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA N. 7 DO STJ. FUNDAMENTO AUTÔNOMO INATACADO.
SÚMULA N. 283 DO STF. ALEGADA VIOLAÇÃO À LEI FEDERAL.
DISPOSITIVOS NÃO INDICADOS. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE.
SÚMULA N. 284 DO STF.
(...)
4. A argumentação do recurso especial não atacou o fundamento
autônomo e suficiente empregado pelo acórdão recorrido para decidir que
o Código de Edificações do Distrito Federal autoriza à Administração
Pública, no exercício regular do poder de polícia, determinar a demolição
de obra irregular, inserida em área pública e de preservação permanente.
Incide, no ponto, a Súmula 283/STF.
5. Revelam-se deficientes as razões do recurso especial quando o
recorrente limita-se a tecer alegações genéricas, sem, contudo, apontar
especificamente qual dispositivo de lei federal foi contrariado pelo Tribunal
a quo, fazendo incidir a Súmula 284 do STF.
6. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 438.526/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 08/08/2014);

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. FASE DE EXECUÇÃO DE


SENTENÇA CONDENATÓRIA POR ATO DE IMPROBIDADE. BENS
IMÓVEIS PENHORADOS, LEVADOS A HASTA PÚBLICA E
ARREMATADOS. SUPERVENIÊNCIA DE DECISÃO EM AÇÃO
RESCISÓRIA, RESCINDINDO O ACÓRDÃO CONDENATÓRIO.
PRETENSÃO DE ANULAÇÃO DAS ARREMATAÇÕES. NECESSIDADE
DE AÇÃO PRÓPRIA. IMÓVEIS QUE TERIAM SIDO ARREMATADOS
POR PREÇO VIL. INDENIZAÇÃO QUE DEVE SER BUSCADA EM
AÇÃO PRÓPRIA. ACÓRDÃO RECORRIDO CUJOS FUNDAMENTOS
NÃO SÃO IMPUGNADOS PELAS TESES DO RECORRENTE. SÚMULA
N. 283 DO STF. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.
(...)
4. Com relação aos demais pontos arguidos pelo recorrente, forçoso
reconhecer que o recurso especial não merece conhecimento, porquanto,
além da ausência de prequestionamento das teses que suscita (violação
dos artigos 687, 698 do CPC e 166, inciso IV, e 1.228 do Código Civil)
(Súmula n. 211 do STJ), tem-se que as razões recursais não impugnam,
especificamente, os fundamentos do acórdão recorrido, o que atrai o
entendimento da Súmula n. 283 do STF.
5. Não sendo possível o retorno ao status quo ante, deve o prejudicado
pedir indenização por meio de ação própria, caso entenda que aquela
arbitrada pelo juízo da execução é insuficiente para recompor sua
indevida perda patrimonial.
Recurso especial não conhecido.
(REsp 1.407.870/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 12/08/2014, DJe 19/08/2014).

Por sua vez, esta Corte possui orientação jurisprudencial, segundo a qual
o curso do prazo prescricional do direito de reparação inicia-se somente quando o
titular do direito subjetivo violado passa a conhecer o fato e a extensão de suas
consequências, conforme o princípio da actio nata.
Nessa linha:

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AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.FUNASA.
SERVIDOR QUE UTILIZAVA INSETICIDA EM CAMPANHAS DE
COMBATE A ENDEMIAS. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
PRESCRIÇÃO AFASTADA. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM PARA
EXAME DO MÉRITO.
1. A jurisprudência deste Superior Tribunal assenta entendimento de que
no ordenamento jurídico pátrio, o termo inicial da prescrição surge com o
nascimento da pretensão (actio nata), assim considerada a data a partir
da qual a ação poderia ter sido ajuizada"(REsp 1.355.636/PE, Rel. o
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em
11/12/2012, DJe 17/12/2012).
2. Nessa linha de raciocínio, o julgado proferido no REsp 1.236.863/ES,
de relatoria do Ministro Herman Benjamin, DJe 27/02/2012, firmou
orientação segundo a qual, no caso da responsabilidade civil sanitário-
ambiental, "o dano somente se perfaz, em tese, com o surgimento e
identificação das lesões ou patologias alegadas. Antes disso, inexiste
pretensão indenizatória propriamente dita e, via de consequência,
descabe falar em prescrição, uma vez que a aplicação de inseticida ou
utilização de substância tóxica não caracteriza, quando vista
isoladamente, o evento danoso.
3. O fundamento exarado pelas instâncias originárias no sentido de que
suposta doença posterior à aposentadoria não altera o termo de
prescrição, pois os fatos que ensejariam a indenização já eram de
conhecimento do autor quando da prestação do serviço e decorreriam
dessa prestação conforme os próprios termos da inicial, contraria,
frontalmente, a jurisprudência do STJ, a qual considera, em situações
análogas, que a pretensão indenizatória surge apenas com a identificação
das lesões ou patologias.
4. Afastado o decreto prescricional, devem ser remetidos os autos à de
origem, a fim de que proceda o exame do mérito.
5. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1192556/RS, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 15/05/2018, DJe 18/05/2018)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA.
ANISTIA. EX-EMPREGADO DA CAIXEGO. ALEGADA OFENSA AO
ART. 535 DO CPC/73. INEXISTÊNCIA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
ACTIO NATA. JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DO STJ. AFASTAMENTO,
PELO ACÓRDÃO RECORRIDO, DA DECADÊNCIA PARA A
IMPETRAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO DO DIREITO DE AÇÃO.
CONTROVÉRSIA RESOLVIDA, PELO TRIBUNAL DE ORIGEM, À LUZ
DAS PROVAS DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO, NA VIA
ESPECIAL. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
I. Agravo interno aviado contra decisão publicada em 28/09/2017, que, por
sua vez, julgara recurso interposto contra decisum publicado na vigência
do CPC/2015. II. Na origem, trata-se de Mandado de Segurança,
impetrado pela parte ora agravada contra ato do Secretário de Estado de
Gestão e Planejamento do Estado de Goiás, consubstanciado no
indeferimento do seu pedido de retorno ao serviço público, sob o
fundamento de que não era ela originariamente servidora da Caixego,
razão pela qual não se enquadraria nas situações descritas pela lei
anistiadora. O Tribunal de origem concedeu a segurança, para determinar
o prosseguimento do processo administrativo instaurado pela impetrante,
e o seu retorno aos quadros da Administração Pública estadual.

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III. Não há falar, na hipótese, em violação ao art. 535 do CPC/73,
porquanto a prestação jurisdicional foi dada na medida da pretensão
deduzida, de vez que os votos condutores do acórdão recorrido e do
acórdão proferido em sede de Embargos de Declaração apreciaram
fundamentadamente, de modo coerente e completo, as questões
necessárias à solução da controvérsia, dando-lhes, contudo, solução
jurídica diversa da pretendida.
IV. Na forma da jurisprudência do STJ, conforme o princípio da actio nata,
o curso do prazo prescricional do direito de reclamar inicia-se somente
quando o titular do direito violado passa a conhecer o fato e a extensão de
suas conseqüências. Nesse sentido: STJ, EDcl no REsp 1.443.365/SC,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe
de 16/05/2016; AgRg no AREsp 790.522/SP, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 10/02/2016.
V. O entendimento firmado pelo Tribunal a quo, em face das provas dos
autos - no sentido da não ocorrência da decadência para a impetração e
da prescrição do direito de ação -, não pode ser revisto, pelo Superior
Tribunal de Justiça, em sede de Recurso Especial, sob pena de ofensa ao
comando inscrito na Súmula 7 desta Corte. Precedentes do STJ.
VI. Agravo interno improvido.
(AgInt no AREsp 1145012/GO, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 15/03/2018, DJe 22/03/2018)

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.


RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. PRESCRIÇÃO. TERMO
A QUO. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA VÍTIMA DO DANO IRREVERSÍVEL.
PRINCÍPIO DA ACTIO NATA. MATÉRIA DE PROVA. SÚMULA 7/STJ.
1. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o prazo
prescricional da ação para indenizar dano irreversível causado por erro
médico começa a fluir a partir do momento em que a vítima tomou ciência
inequívoca de sua invalidez, bem como da extensão de sua incapacidade.
Aplicação do princípio da actio nata.
2. O acórdão recorrido fundamentou sua decisão no fato de que o
julgamento da lide pelo magistrado de primeiro grau, com declaração da
ocorrência da prescrição, foi prematuro, tendo em vista que o
delineamento da controvérsia depende ainda da análise de um contexto
probatório não produzido pelas partes .
3. Qualquer conclusão em sentido contrário ao que decidiu o aresto
impugnado envolve o reexame do contexto fático-probatório dos autos,
providência incabível em sede de recurso especial, conforme o que dispõe
a Súmula 7/STJ.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no Ag 1098461/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe 02/08/2010)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. PRAZO PRESCRICIONAL.
TERMO INICIAL. TEORIA DA ACTIO NATA. MATÉRIA QUE DEMANDA
REEXAME DE FATOS E PROVAS. SUMULA 7 DO STJ. ACÓRDÃO EM
SINTONIA COM O ENTENDIMENTO FIRMADO NO STJ. SÚMULA 83
DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
1. Não se viabiliza o recurso especial pela indicada violação do art. 1.022
do CPC/2015.
Isso porque, embora rejeitados os embargos de declaração, todas as
matérias foram devidamente enfrentada pelo Tribunal de origem, que
emitiu pronunciamento de forma fundamentada, ainda que em sentido

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contrário à pretensão da parte recorrente.
2. O STJ possui firme o entendimento no sentido de que, com base na
teoria da actio nata, o início do prazo não se dá necessariamente no
momento em que ocorre a lesão ao direito, mas sim quando o titular do
direito subjetivo violado obtém plena ciência da lesão e de toda a sua
extensão. Precedentes.
3. O Tribunal de origem, amparado no acervo fático - probatório dos
autos, concluiu que: "Considerando que a parte autora tinha um crédito
definido, lastreado no trânsito em julgado do processo de conhecimento,
cujo critério de indenização fundado no VPA apurado no balanço
patrimonial anterior à data da subscrição foi mantido pelo STJ, o acordo
entabulado caracteriza verdadeira renúncia de direitos, o que, por
conseguinte, contrariou os interesses do mandante e extrapolou os
poderes ordinários de mera transigência que lhe foram conferidos....O
próprio requerido, ao prestar contas, omitiu valores,contrariando os mais
basilares princípios éticos da advocacia e a boa-fé contratual, e deu como
certa a quantia paga a título de honorários contratuais.". Nesse contexto,
verifico que o acolhimento da pretensão recursal exigiria a alteração das
premissas fático-probatórias estabelecidas pelo acórdão recorrido, com o
revolvimento das provas carreadas aos autos, atraindo o óbice da Súmula
7 do STJ.
4. Agravo interno não provido.
(AgInt no AREsp 1239244/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 10/04/2018, DJe 19/04/2018)

O tribunal de origem, após minucioso exame dos elementos fáticos


contidos nos autos, consignou que a pretensão só teria sido conhecida no momento em
que o ora recorrido obteve acesso a extrato completo da sua conta PASEP (fls.
549/550e):

No caso particular, a pretensão deduzida refere-se a uma diferença de


saldo somente conhecida quando obtido pelo demandante o extrato
completo de sua conta PASEP, em junho de 2019. Note-se que, mesmo
se adotada a data do saque (22/11/2017), não se observa o decurso de
qualquer dos prazos prescricionais possíveis, porquanto ajuizada a
presente demanda em 07/08/2019.

In casu, rever tal entendimento, com o objetivo de acolher a pretensão


recursal, para definir a data do evento danoso, demandaria necessário revolvimento de
matéria fática, o que é inviável em sede de recurso especial, à luz do óbice contido na
Súmula n. 7 desta Corte, assim enunciada: “a pretensão de simples reexame de prova
não enseja recurso especial”.
Nesse sentido:
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE
CIVIL DO ESTADO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. INDENIZAÇÃO.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. FALTA DE INDICAÇÃO DE ARTIGO DE
LEI FEDERAL QUE SOFREU INTERPRETAÇÃO DIVERGENTE.
SÚMULA 284/STF. TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO. FATO
ENSEJADOR DO RESSARCIMENTO. REEXAME DE MATÉRIA
FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
1. A ausência de indicação do dispositivo legal tido por violado ou sobre o

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qual paira interpretação divergente configura deficiência de
fundamentação do recurso especial, atraindo a incidência da Súmula
284/STF.
2. Reconhecido pela Corte de origem que o fato ensejador da indenização
pleiteada ocorreu em 17/8/95, a alteração dessa conclusão, tal como
colocada a questão nas razões recursais, demandaria, necessariamente,
novo exame do acervo fático-probatório constante dos autos, providência
vedada em recurso especial, conforme o óbice previsto na Súmula 7/STJ.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no REsp 1368784/SC, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 16/03/2017, DJe 27/03/2017)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. OFENSA AO ART. 535 DO CPC/73. NÃO OCORRÊNCIA.
PRESCRIÇÃO. REVISÃO. ANÁLISE DE MATÉRIA PROBATÓRIA.
SÚMULA 7 DO STJ. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DO STF.
1. Não há violação do art. 535 do CPC/73 por omissão quando o Tribunal
de origem decide de forma contrária à defendida pelo recorrente,
elegendo fundamentos diversos daqueles por ele propostos.
2. Questão relativa à prescrição resolvida com base nas provas dos autos.
Óbice da Súmula 7/STJ.
3. Condenação por danos morais decidida com fundamento constitucional.
Impossibilidade de exame de matéria de competência do STF.
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1002750/RJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 02/05/2017, DJe 05/05/2017)

No que tange aos honorários advocatícios, da conjugação dos


Enunciados Administrativos ns. 3 e 7, editados em 09.03.2016 pelo Plenário desta
Corte, depreende-se que as novas regras relativas ao tema, previstas no art. 85 do
Código de Processo Civil de 2015, serão aplicadas apenas aos recursos sujeitos à
novel legislação, tanto nas hipóteses em que o novo julgamento da lide gerar a
necessidade de fixação ou modificação dos ônus da sucumbência anteriormente
distribuídos quanto em relação aos honorários recursais (§ 11).

Ademais, vislumbrando o nítido propósito de desestimular a interposição


de recurso infundado pela parte vencida, entendo que a fixação de honorários recursais
em favor do patrono da parte recorrida está adstrita às hipóteses de não conhecimento
ou de improvimento do recurso.

Quanto ao momento em que deva ocorrer o arbitramento dos honorários


recursais (art. 85, § 11, do CPC/2015), afigura-se-me acertado o entendimento
segundo o qual incidem apenas quando esta Corte julga, pela vez primeira, o recurso,
sujeito ao Código de Processo Civil de 2015, que inaugure o grau recursal, revelando-
se indevida sua fixação em agravo interno e embargos de declaração.

Registre-se que a possibilidade de fixação de honorários recursais está


condicionada à existência de imposição de verba honorária pelas instâncias ordinárias,

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Publicação no DJe/STJ nº 2929 de 16/06/2020. Código de Controle do Documento: d98f6518-0e2b-411c-8b61-6bcc221a868b
revelando-se vedada aquela quando esta não houver sido imposta.

Na aferição do montante a ser arbitrado a título de honorários recursais,


deverão ser considerados o trabalho desenvolvido pelo patrono da parte recorrida e os
requisitos previstos nos §§ 2º a 10 do art. 85 do estatuto processual civil de 2015,
sendo desnecessária a apresentação de contrarrazões (v.g. STF, Pleno, AO 2.063
AgR/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, Redator para o acórdão Min. Luiz Fux, j. 18/05/2017),
embora tal elemento possa influir na sua quantificação.

Assim, nos termos do art. 85, §§ 2º e 11, de rigor a majoração dos


honorários anteriormente fixados de R$ 10.000,00 – fl. 661e) para R$ 12.000,00 (doze
mil reais).

Posto isso, com fundamento nos arts. 932, III, do Código de Processo
Civil de 2015 e 34, XVIII, a, e 255, I, ambos do RISTJ, NÃO CONHEÇO do Recurso
Especial.

Publique-se e intimem-se.

Brasília, 05 de junho de 2020.

REGINA HELENA COSTA


Relatora

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