Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Diante do exposto, tendo em vista que mesmo ciente da maternidade, a requerido recusa-se
a registrar a requerente, inclusive a realizar o exame de DNA de forma administrativa,
necessá ria a sua realizaçã o e consequentemente a procedência da demanda.
b) DO EXAME DE DNA – NECESSIDADE DA COMPROVAÇÃO DE MATERNIDADE
BIOLÓGICA
Ante a necessidade da comprovaçã o de maternidade bioló gica, requer seja determinado
com urgência a realização do exame de DNA, para certificaçã o do vínculo paterno entre
a requerente e a requerida.
A preferência na averiguaçã o da maternidade tem como base o exame de DNA, dada sua
precisã o e confiabilidade, é o que prevê o Có digo Civil:
Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa.
Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame.
A Sumula 301 do STJ foi uníssona no assunto: “Em ação investigatória, a recusa do suposto
pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade”.
A presente demanda pretende exclusivamente ter comprovada a maternidade e
consequentemente os direitos e obrigaçõ es provenientes do vínculo.
A jurisprudência vem destacar ainda que é direito inaliená vel e imprescritível do filho
buscar o reconhecimento de sua filiaçã o bioló gica através do exame de DNA:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. RETIFICAÇÃO DE
REGISTRO. EXAME DE DNA. FILHO MAIOR. FILIAÇÃO SÓCIOAFETIVA. DECADÊNCIA. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA.
AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO "IN CASU". -Ainda que exista uma filiação socioafetiva, é direito inalienável
e imprescritível do filho buscar o reconhecimento de sua filiação biológica através do exame de DNA -Inexiste no
direito brasileiro a decadência ou mesmo a prescrição do direito ou ação do filho objetivando reconhecer seu pai
biológico -Somente através da prova científica "DNA" e da ação, o filho pode ter a certeza de quem é seu pai
biológico. ( TJ-MG - Agravo de Instrumento-Cv AI 10699100028595001 Ubá. Desembargador BELIZÁRIO DE
LACERDA (RELATOR). Data de publicação: 13/07/2012)
Desta feita, é patente o direito que assiste a requerente em ter o seu registro retificado para
[NOME DA REQUERENTE COM O SOBRENOME MATERNO], sendo imperioso concluir-se
pela procedência de seu pedido.
e) DO DEVER DE INDENIZAR PELO ABANDONO AFETIVO
O direito da requerente vem amparado segundo o artigo 227 da Constituiçã o Federal, no
qual atribui aos pais e responsá veis o dever de cuidado, zelo, criaçã o da prole, convivência
familiar com seus filhos, a fim de preservá -los de negligências, discriminaçã o entre outros.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010)
Infelizmente, nã o há como o Estado obrigar um pai e mã e a darem amor e afeto ao seu filho,
mas a legislaçã o assegura à requerente o direito de ser cuidada. Assim, os responsá veis que
negligenciam ou sã o omissos no dever de cuidado podem responder judicialmente por
terem causados danos morais à sua prole.
O ordenamento jurídico brasileiro também inclui normas que tratam, especificamente, dos
deveres dos pais para com seus filhos, a exemplo do art. 229 da Constituiçã o Federal. E do
Có digo Civil infere-se que:
Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
I - dirigir-lhes a criação e educação;
II - tê-los em sua companhia e guarda;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o
sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que
forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
O grande filó sofo, Platã o, já dizia “não deverão gerar filhos quem não quer dar-se ao trabalho
de criá-los e educá-los”.
Ora, Nobre Julgador, é de conhecimento comum da sociedade a importâ ncia da presença da
mã e na vida de um filho, nã o sendo possível mensurar os danos causados pela ausência
desta figura na filiaçã o familiar.
Assim, nã o se trata se falta de amor, mas sim de negativa real de amparo para garantir uma
assistência moral e psíquica ao ofendido.
Neste caso, resta clara a falta de cuidado e amparo pela requerida, ao passo que jamais
preocupou-se em procurar a requerente, ignorando e enrolando-a, caracterizando assim
um descaso com reais necessidades ínfimas e primá rias na vida da suposta filha.
Todo esse distanciamento por parte da requerida privou a requerente do convívio familiar
paterno, inclusive com os filhos da requerida, supostos irmã os da requerente.
Nã o fosse suficiente, a ausência de referencial materno acarretou em diversas sequelas à
requerente na vida adulta, principalmente em relaçã o aos relacionamentos amorosos, nã o
conseguindo manter a estabilidade, sentindo-se traída e abandonada por seus
companheiros, que só existiam na sua mente, culminando sempre no término dos
relacionamentos e consequentemente sendo obrigada a arcar sozinha com os cuidados das
suas filhas.
Além disso, a requerida sempre gozou de uma excelente condiçã o financeira, e a
requerente foi privada de uma vida melhor, de uma educaçã o melhor, como por exemplo
pelo fato de sempre ter estudado em escolas pú blicas e nã o ter tido a oportunidade de
cursar faculdade, diferente dos outros filhos da requerida.
Neste viés, é ausente o papel de mã e na vida da autora, causando tamanhos transtornos,
refletindo até no presente momento. É nítido que a requerida jamais demonstrou qualquer
responsabilidade, por intermédio do dever de cuidar, criar, dar subsistências, amparo e
educaçã o, infringindo assim os preceitos bá sicos da personalidade humana da requerente.
Como relatado, Excelência, foram dias de tristeza, de menosprezo, de rejeiçã o, de dú vidas
sobre o motivo que levava o requerido a agir desta maneira.
Sabe-se que os meandros da mente humana sã o difíceis de ser compreendidos, como
também as atitudes da requerida, que age ao contrá rio do que se espera de uma verdadeira
mã e.
Destarte, nã o há como o judiciá rio obrigar alguém a amar, em razã o que o amor é um
sentimento tã o puro e nobre, nã o podendo ser imposto juridicamente à parte requerida.
Em recente julgado o Tribunal do Distrito Federal teve o seguinte entendimento, sendo
necessá rio abrilhantar a presente peça com o referido precedente:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. ABANDONO AFETIVO. COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. POSSIBILIDADE.
DANO IN RE IPSA. 1. "A omissão é o pecado que com mais facilidade se comete, e com mais dificuldade se
conhece, e o que facilmente se comete e dificultosamente se conhece, raramente se emenda. A omissão é um
pecado que se faz não fazendo." (Padre Antônio Vieira. Sermão da Primeira Dominga do Advento.Lisboa, Capela
Real, 1650). 2. A omissão não significa a mera conduta negativa, a inatividade, a inércia, o simples não-fazer, mas,
sim, o não fazer o que a lei determina. 3. "Inexistem restrições legais à aplicação das regras concernentes à
responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar/compensar no Direito de Família." (Precedente do
STJ: REsp. 1159242/SP, Relatora Ministra Nancy Andrighi). 4. "A indenização do dano moral por abandono afetivo
não é o preço do amor, não se trata de novação, mas de uma transformação em que a condenação para pagar
quantia certa em dinheiro confirma a obrigação natural (moral) e a transforma em obrigação civil, mitigando a
falta do que poderia ter sido melhor: faute de pouvoir faire mieux, fundamento da doutrina francesa sobre o
dano moral.Não tendo tido o filho o melhor, que o dinheiro lhe sirva, como puder, para alguma melhoria." (Kelle
Lobato Moreira. Indenização moral por abandono afetivo dos pais para com os filhos: estudo de Direito
Comparado. Dissertação de Mestrado. Universidade Católica Portuguesa/Université de Rouen, França/Leibniz
Universität Hannover. Orientadora: Profa. Dra. Maria da Graça Trigo. Co-orientador: Prof. Dr. Vasco Pereira da
Silva. Lisboa, 2010). 5. "Dinheiro, advirta-se, seria ensejado à vítima, em casos que tais, não como simples mercê,
mas, e sobretudo, como algo que correspondesse a uma satisfação com vistas ao que foi lesado moralmente. Em
verdade, os valores econômicos que se ensejassem à vítima, em tais situações, teriam, antes, um caráter
satisfatório que, mesmo, ressarcitório." (Wilson Melo da Silva. O dano moral e sua reparação,Rio de Janeiro:
Forense, 1955, p. 122). 6. Não se pode exigir, judicialmente, desde os primeiros sinais do abandono, o
cumprimento da "obrigação natural" do amor. Por tratar-se de uma obrigação natural, um Juiz não pode obrigar
um pai a amar uma filha. Mas não é só de amor que se trata quando o tema é a dignidade humana dos filhos e a
paternidade responsável. Há, entre o abandono e o amor, o dever de cuidado. Amar é uma possibilidade; cuidar é
uma obrigação civil. 7. "A obrigação diz-se natural, quando se funda num mero dever de ordem moral ou social,
cujo cumprimento não é judicialmente exigível, mas corresponde a um dever de justiça." ( Código Civil português
- Decreto-Lei nº 47.344, de 25 de novembro de 1966, em vigor desde o dia 1 de junho de 1967, artigo 402º). 8. A
obrigação dos progenitores cuidarem (lato senso) dos filhos é dever de mera conduta, independente de prova ou
do resultado causal da ação ou da omissão. 9. "O cuidado como valor jurídico objetivo está incorporado no
ordenamento jurídico brasileiro não com essa expressão, mas com locuções e termos que manifestam suas
diversas desinências, como se observa do art. 227 da CF/88."(Precedente do STJ: REsp. 1159242/SP, Relatora
Ministra Nancy Andrighi). 10. Até 28 de março de 2019, data da conclusão deste julgamento, foram 21 anos, 2
meses e 20 dias de abandono, que correspondem a 1.107 semanas, com o mesmo número de sábados e
domingos, e a 21 aniversários sem a companhia do pai. 11. A mesma lógica jurídica dos pais mortos pela morte
deve ser adotada para os órfãos de pais vivos, abandonados, voluntariamente, por eles, os pais. Esses filhos não
têm pai para ser visto. No simbolismo psicanalítico, há um ambicídio. Esse pai suicida-se moralmente como via
para sepultar as obrigações da paternidade, ferindo de morte o filho e a determinação constitucional da
paternidade responsável. 12. "O dano moral, com efeito, tem seu pressuposto maior na angústia, no sofrimento,
na dor, assim como os demais fatores de ordem física ou psíquica que se concretizam em algo que traduza, de
maneira efetiva, um sentimento de desilusão ou de desesperança." (Wilson Melo da Silva. Idem,p. 116). 13.O dano
moral (patema d'animo) por abandono afetivo é in re ipsa 14. O valor indenizatório, no caso de abandono afetivo,
não pode ter por referência percentual adotado para fixação de pensão alimentícia, nem valor do salário mínimo
ou índices econômicos. A indenização por dano moral não tem um parâmetro econômico absoluto, uma tabela
ou um baremo, mas representa uma estimativa feita pelo Juiz sobre o que seria razoável, levando-se em conta,
inclusive, a condição econômica das partes, sem enriquecer, ilicitamente, o credor, e sem arruinar o devedor.
15. "É certo que não se pode estabelecer uma equação matemática entre a extensão desse dano [moral] e uma
soma em dinheiro. A fixação de indenização por dano [moral] decorre do prudente critério do Juiz, que, ao
apreciar caso a caso e as circunstâncias de cada um, fixa o dano nesta ou naquela medida." (Maggiorino Capello.
Diffamazione e Ingiuria. Studio Teorico-Pratico di Diritto e Procedura.2 ed., Torino: Fratelli Bocca Editori, 1910, p.
159). 16. A indenização fixada na sentença não é absurda, nem desarrazoada, nem desproporcional. Tampouco é
indevida, ilícita ou injusta. R$ 50.000,00 equivalem, no caso, a R$ 3,23 por dia e a R$ 3,23 por noite. Foram cerca
de 7.749 dias e noites. Sim, quando o abandono é afetivo, a solidão dos dias não compreende a nostalgia das
noites. Mesmo que nelas se possa sonhar, as noites podem ser piores do que os dias. Nelas, também há pesadelos.
17. Recurso conhecido e desprovido.(TJ-DF 20160610153899 DF 0015096-12.2016.8.07.0006, Relator: NÍDIA
CORRÊA LIMA, Data de Julgamento: 28/03/2019, 8ª TURMA CÍVEL, Data de Publicação: Publicado no DJE :
04/04/2019 . Pág.: 404/405)
Desta forma, a responsabilidade civil extracontratual decorrente da prá tica de ato ilícito,
depende da presença de três pressupostos elementares: conduta culposa ou dolosa, dano e
nexo de causalidade.
Ao discorrer sobre o tema, Sérgio Cavalieri Filho assinala que "(...) só deve ser reputado
como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade,
interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições,
angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação
ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral (...)".
Por dano moral entende-se o dano que atinge os atributos da personalidade, como imagem,
bom nome, a qualidade ou condiçã o de ser de uma pessoa, a intimidade e a privacidade.
Tem natureza compensató ria e nã o ressarcitó ria. Para o dano patrimonial há a reparaçã o,
para o dano à personalidade, há o regime de compensaçã o.
Para Stoco (2011), os direitos da personalidade sã o direitos fundamentais com origens e
raízes constitucionais. Sã o, portanto, direitos do homem, competindo ao Estado o dever de
defendê-los. Os direitos da personalidade sã o aqueles sem os quais todos os outros direitos
subjetivos perderiam o interesse. Nesse sentido, também afirmam Arnoldo Wald e Bruno
Pandori Giancoli (2012) que os direitos à honra, ao nome, à intimidade, à privacidade e à
liberdade estã o englobados no direito à dignidade, esta que é a base de todos os valores.
Para Venosa (2012), o direito ao dano moral reside no fato de que ninguém deve prejudicar
o pró ximo (neminem laedere). E, continua o doutrinador sustentando que o conceito de
culpa é alargado, nã o mais se amoldando à trilogia imprudência, negligência e imperícia. O
vasto campo da responsabilidade extranegocial transita na esfera da culpa implícita ou
evidente.
Ainda, consoante a assertiva propalada por José de Aguiar Dias: “O conceito de dano é único,
e corresponde a lesão de um direito” (Da Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense,
1995, p. 737).
Bem como ainda, por Moral, na dicçã o de Luiz Antô nio Rizzatto Nunes, entende-se “(…)
tudo aquilo que está fora da esfera material, patrimonial do indivíduo” (O Dano Moral e sua
interpretaçã o jurisprudencial. Sã o Paulo: Saraiva, 1999, p. 1).
Reputa-se o dano moral como uma dor interior, nã o apreciá vel economicamente, pois se
cinge a um sentimento negativo, que nã o causa modificaçõ es no mundo exterior, mas, tã o-
somente, na esfera íntima do ofendido.
Como restou comprovado, a conduta da requerida causou à requerente sentimentos de
afliçã o espiritual e tristeza, bem como ficou comprovado que a falta de convívio com a mã e
causou profundo e irremediá vel abalo pessoal.
Com efeito, é certo que a comprovaçã o de que o abandono afetivo causou abalo psicoló gico
de grande intensidade na autora.
ASSIM, A CONDUTA OMISSIVA DA MÃE EM RELAÇÃO AO DEVER JURÍDICO DE
CONVIVÊNCIA COM A FILHA (ATO ILÍCITO), CAUSOU O TRAUMA PSICOLÓGICO
SOFRIDO (DANO À PERSONALIDADE), E, SOBRETUDO, A REQUERENTE DESENVOLVEU
TRAUMAS PSICOLÓGICOS E DANOS IRREPARÁVEIS NA SUA FORMAÇÃO PESSOAL
COMO PESSOA E PROFISSIONAL.
SERÁ FACILMENTE DEMONSTRADO PELA REALIZAÇÃO DE UM LAUDO PERICIAL QUE
A REQUERENTE ATESTA A EXISTÊNCIA DE TRAUMA PSICOLÓGICO DECORRENTE DA
CONDUTA DA GENITORA.
Veja precedentes sobre o tema do Superior Tribunal de Justiça em revisã o à ementa
anterior, ou seja, admitindo a reparaçã o civil pelo abandono afetivo. A ementa foi assim
publicada por esse Tribunal Superior:
"Civil e Processual Civil. Família. Abandono afetivo. Compensação por dano moral. Possibilidade. 1. Inexistem
restrições legais à aplicação das regras concernentes à responsabilidade civil e o consequente dever de
indenizar/compensar no Direito de Família. 2. O cuidado como valor jurídico objetivo está incorporado no
ordenamento jurídico brasileiro não com essa expressão, mas com locuções e termos que manifestam suas
diversas desinências, como se observa do art. 227 da CF/1988. 3. Comprovar que a imposição legal de cuidar da
prole foi descumprida implica em se reconhecer a ocorrência de ilicitude civil, sob a forma de omissão. Isso porque
o non facere, que atinge um bem juridicamente tutelado, leia-se, o necessário dever de criação, educação e
companhia – de cuidado –, importa em vulneração da imposição legal, exsurgindo, daí, a possibilidade de se
pleitear compensação por danos morais por abandono psicológico. 4. Apesar das inúmeras hipóteses que
minimizam a possibilidade de pleno cuidado de um dos genitores em relação à sua prole, existe um núcleo mínimo
de cuidados parentais que, para além do mero cumprimento da lei, garantam aos filhos, ao menos quanto à
afetividade, condições para uma adequada formação psicológica e inserção social. 5. A caracterização do
abandono afetivo, a existência de excludentes ou, ainda, fatores atenuantes – por demandarem revolvimento de
matéria fática – não podem ser objeto de reavaliação na estreita via do recurso especial. 6. A alteração do valor
fixado a título de compensação por danos morais é possível, em recurso especial, nas hipóteses em que a quantia
estipulada pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada. 7. Recurso especial parcialmente provido"(STJ,
REsp 1.159.242/SP, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 24/04/2012, DJe 10/05/2012).
Por tais razõ es, com fulcro no artigo 5º, inc. LXXIV, da Constituiçã o Federal, e no artigo 98
do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça à requerente.
4. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (CPC, art. 319, inc. VII)
Manifesta-se a requerente sobre seu interesse na realizaçã o de audiência de conciliaçã o ou
mediaçã o, nos termos do art. 319, inc. VII, do CPC.
5. DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer a Vossa Excelência:
a) Seja o requerido citado para que, querendo, conteste a presente açã o no momento
processual oportuno, sob pena de revelia e confissã o;
b) A determinaçã o da realização do exame de DNA entre a requerente e o requerido;
c) Que o exame de DNA seja custeado pelo convênio da justiça com laboratórios, pois
a requerente nã o possui condiçõ es financeiras para arcar com o valor;
d) A produçã o de todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente a prova
documental, testemunhal, depoimento pessoal do requerido, sob pena de confissã o ficta, e
pericial, com a realização do exame de DNA e de atendimento na área da
psicologia/psiquiatria com a requerente;
e) Ao final, julgar procedente a ação (em caso de verificado positivo o exame
laboratorial), para:
i. reconhecer a maternidade do requerido em relaçã o à requerente, autorizando a
expediçã o de mandado ao cartó rio de registro civil competente para assentamento do
registro paterno, inclusive dos avó s paternos, passando a requerente a se chamar [NOME
DA REQUERENTE COM O SOBRENOME PATERNO];
ii. condenar o requerido ao pagamento de uma indenizaçã o por abandono afetivo, pelos
prejuízos causados à requerente, no valor de, no mínimo, R$ 150.000,00 (cento e cinquenta
mil reais), ou em valor justo e condizente com o caso concreto a ser arbitrado por Vossa
Excelência, corrigidos monetariamente e acrescidos de juros legais;
f) A condenaçã o do requerido ao pagamento das custas e demais despesas processuais,
inclusive em honorá rios advocatícios sucumbenciais, que deverã o ser arbitrados por este
Juízo, conforme norma do artigo 85 do CPC;
g) A concessã o do benefício da justiça gratuita, por ser a requerente pessoa sem condiçõ es
de arcar com as custas, honorá rios advocatícios e demais despesas processuais, sem
prejuízo ao sustento pró prio e de sua família, consoante declaraçã o anexa;
h) Manifesta-se a requerente sobre seu interesse na realizaçã o de audiência de conciliaçã o
ou mediaçã o, nos termos do art. 319, inc. VII, do CPC;
Dá -se à causa o valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais).
Nesses termos, pede e espera deferimento.
Cidade, 27 de junho de 2022.
ADVOGADO
OAB
*Essa peça foi elaborada pela Iuris Petiçõ es, serviço de petiçõ es sob medida para
advogados modernos.
Instagram: https://www.instagram.com/iuris_peticoes/
Telegram: https://t.me/iurispeticoes
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCblWrEfIM4_-ZwQ6MuFi4jQ
[1] Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorá rios advocatícios tem
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
[2] Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petiçã o inicial, na
contestaçã o, na petiçã o para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§ 1º Se superveniente à primeira manifestaçã o da parte na instâ ncia, o pedido poderá ser
formulado por petiçã o simples, nos autos do pró prio processo, e nã o suspenderá seu curso.