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1ª QUESTÃO:
JONAS MARRA praticou ato infracional análogo ao crime de estelionato, aos 17 anos de idade,
sendo-lhe aplicada a medida de semiliberdade. Com o advento da maioridade civil e penal do
adolescente, o Ministério Público requereu a extinção da medida.
Diante do exposto, responda:
RESPOSTA:
a)
Como o ato infracional ocorreu antes da maioridade, de acordo com o art. 104 e parágrafo único, Lei
8.069/90, o adolescente está sujeito às medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. Já
o art. 2º estabelece a possibilidade legal da aplicação do ECA até que se atinja 21 anos. A ultra-
atividade da Lei se dá em benéfico do infrator e da própria sociedade.
Como asseveram inúmeros arestos, a doutrina majoritária vem entendendo que o jovem após os 18
anos, uma vez vinculado antes, permanece sujeito às regras do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Acolhendo-se posição diversa, seria o mesmo que conceder salvo conduto para práticas ilícitas aos
adolescentes prestes a completarem 18 anos, tornando-os impunes, porque não seriam alcançados
pelas medidas penais, nem pelas do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Ademais, não se afigura lógico ou coerente que, de um momento para o outro, interrompa-se
bruscamente um trabalho de ressocialização paulatina do adolescente que vem sendo realizado.
Súmula 605, STJ: "A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato
infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade
assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos."
(Terceira Seção, julgado em 14/03/2018, DJe 19/03/2018).
"97. Liberação aos 21 anos e modificação da lei: esta compulsoriedade quanto ao término da
medida socioeducativa aos 21 anos abrange a internação, mas também toda e qualquer outra medida
aplicada. Afinal, se o mais (internação) cessa, com muito mais razão o menos (semiliberdade,
liberdade assistida etc.) sofre imediata paralisação; o que foi cumprido, permanece; o que ainda falta,
termina"
(NUCCI, Guilherme de Souza. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado: em busca da
Constituição Federal das Crianças e dos Adolescentes. Rio de Janeiro: Forense, 2014, pág. 416).
de risco,exposto aos mesmos fatores que o levaram à prática infracional, mesmo nos casos em que não
tenha sido aplicada medida socioeducativa provisória no curso da instrução, como é o caso dos autos. 2.
Conforme o enunciado da Súmula n. 605 desta Corte ‘A superveniência da maioridade penal não
interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso,
inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.‘ 3. Habeas corpus
denegado."
Consta dos autos que foi imposta ao paciente medida socioeducativa de liberdade assistida em razão da
prática de ato infracional análogo ao crime previsto no artigo 33 da Lei 11.343/06. Em sede de apelação,
o Tribunal de origem negou provimento ao recurso defensivo, determinando o imediato cumprimento da
medida imposta. Em face desse decisum, foi impetrado habeas corpus perante o Superior Tribunal de
Justiça, que denegou a ordem nos termos da ementa supratranscrita. Sobreveio a impetração deste
mandamus, no qual se sustenta a existência de constrangimento ilegal consubstanciado na determinação
de execução da medida socioeducativa antes do trânsito em julgado da decisão judicial. Aduz que foi
determinada "a execução provisória da medida socioeducativa de forma automática, sem nenhuma
justificativa cautelar". Alega que "ao definir a execução imediata da medida socioeducativa antes do
trânsito em julgado dasentença, a autoridade coatora feriu a liberdade de ir e vir do Paciente, previsto no
artigo 5º, caput, da Constituição Federal, assim como também o fez com relação ao devido processo legal,
previsto nos artigos 5º, inciso LIV, da Constituição Federal e 110 do Estatuto da Criança e Adolescente,
tendo em vista que a sentença socioeducativa não é autoexecutável". Argumenta, ainda, ser patente a
ofensa ao princípio da non reformatio in pejus, uma vez que "somente a defesa interpôs apelação e o
acórdão recorrido atendeu o pedido do Ministério público, o qual pleiteou a execução provisória". Ao
final, formula pedido nos seguintes termos: "Ante o exposto, requer o paciente que seja conhecido o
presente remédio constitucional, e no mérito, que seja concedida a ordem, declarando a ilegalidade do
acórdão objurgado e consequente suspensão da execução provisória da medida socioeducativa, até
julgamento final do writ." O Ministério Público Federal opinou pelo não conhecimento do habeas corpus.
É o relatório, DECIDO. O writ perdeu o objeto. In casu, em petição nº 19.186/2019, a defesa trouxe a
informação de que a medida socioeducativa aplicada ao paciente fora extinta pelo juízo de origem, em
decisão prolatada nos seguintes termos: "Considerando o ingresso do adolescente no sistema penal, bem
como os termos da manifestação do Ministério Público e do Defensor Público,
julgoextinta a medida socioeducativa que lhe foi aplicada, na forma do art. 46, § 1º, da Lei do Sinase.
Comunique-se ao Programa de Medidas Socioeducativas e o juízo criminal competente. Proceda-se à
baixa da Guia de Execução de Medida Socioeducativa junto ao Conselho Nacional de Justiça." Consta,
ainda, dos autos, que o processo 0000217-47.2017.8.24.0020, no qual se apura a ocorrência do ato
infracional, transitou em julgado em 08/03/2019, encontrando-se, portanto, arquivado. Destarte, a decisão
impugnada perante o Tribunal de origem e o Superior Tribunal de Justiça foi substituída pelo decisum
que extinguiu a medida socioeducativa, de sorte que, nos termos do entendimento perfilhado por este
Supremo Tribunal Federal, há o prejuízo da presente impetração. Nessa linha: "Habeas corpus. 2. Tráfico
e associação para tráfico de entorpecentes. 3. Prisão preventiva. 4. Superveniência de sentença absolutória
em relação a uma das pacientes. Prejuízo. 5. Manutenção da custódia na sentença condenatória em
relação à corré. 6. Necessidade de garantir a ordem pública. 7. Constrangimento ilegal não caracterizado.
8. Ordem denegada." (HC 111.513, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 17/08/2012).
"AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO.
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. TRÁFICO DE DROGAS. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA.FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. EXCESSO DE PRAZO PARA ENCERRAMENTO DA
INSTRUÇÃO CRIMINAL. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA
CONDENATÓRIA. SUBSTITUIÇÃO DO TÍTULO PRISIONAL. PERDA DE OBJETO. 1. Contra a
denegação de habeas corpus por Tribunal Superior prevê a Constituição Federal remédio jurídico
expresso, o recurso ordinário. Diante da dicção do art. 102, II, a, da Constituição da República, a
impetração de novo habeas corpus em caráter substitutivo escamoteia o instituto recursal próprio, em
manifesta burla ao preceito constitucional. 2. Prisão preventiva decretada forte na garantia da ordem
pública, presentes as circunstâncias concretas reveladas nos autos. Precedentes. 3. Inviável o exame da
tese defensiva não analisada pelo Superior Tribunal de Justiça, sob pena de indevida supressão de
instância. 4. A superveniência de sentença condenatória em que o Juízo aprecia e mantém a prisão
cautelar anteriormente decretada implica a mudança do título da prisão e prejudica o habeas corpus
impetrado contra a prisão antes do julgamento. Precedentes. 5. Não mais se cogita de excesso de prazo da
prisão ante o julgamento de mérito da ação penal. Precedentes. 6. Agravo regimental conhecido e não
provido." (HC 143.357-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 27/09/2017). Destarte,
tendo em vista que a matéria debatida no presente habeas corpus não mais subsiste ante a extinção da
medida socioeducativa ora impugnada, fica evidenciada a perda superveniente do objeto do writ. Ex
positis, JULGO PREJUDICADO habeas corpus, com esteio no artigo 21, IX, do RISTF. Dê-se ciência ao
Ministério Público Federal. Publique-se."
grifei
(STF. Segunda Turma. HC 165.784/SC. Relator Ministro Luiz Fux. Julgamento
em10/04/2019).
b)
Só há disposição legal expressa para medidas de internação e semiliberdade, medidas essencialmente
caracterizadas pela restrição de liberdade. Mas, dizer que não haveria possibilidade de extensão do
permissivo legal (art. 2º do ECA) a outras medidas seria ofensa à lógica e ao bom senso. Em uma Lei
caracterizada pela tônica ressocializadora, não poderia apenas haver a aplicação de medidas de maior
cunho punitivo deixando o infrator carente de todas as possibilidades de recuperação. Nesse caso, cabe
analogia em bonam partem.
restando observadas todas as garantias processuais. Este órgão julgador, em consonância com a
jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça no enunciado nº 605, tem se
posicionado no sentido de que "a superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de
ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive naliberdade
assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos". REJEITO AS PRELIMINARES. Conquanto o
perito tenha asseverado que a análise da constatação do dano estivesse prejudicada em razão da não
preservação de vestígios de interesse criminalístico relacionados ao fato, consignou a existência de uma
janela na dispensa da cozinha do local com fraturas, porém sem esquirolas vítreas no piso ou no entorno.
Não obstante, constata-se pelas fotografias colacionadas aos autos e pela confissão judicial dos
adolescentes a ocorrência do ato infracional, restando demonstrada sua materialidade e autoria. A
dinâmica apresentada, tanto pelos adolescentes infratores como pelas testemunhas inquiridas, demonstra
que aqueles atuaram com o dolo exigido do tipo. A medida socioeducativa mais recrudescida não deve
ser vista como um fim em si mesma, mas como um meio de proteger e possibilitar ao adolescente em
conflito com a lei atividades educacionais que lhe forneçam novos parâmetros de convívio social,
retirando-lhe do contato pernicioso com o meio criminoso em que está inserido. Desta forma, deve-se
levar em consideração as condições particulares do adolescente e a natureza do ato infracional perpetrado
para fixação da medida socioeducativa, sendo princípio basilar desta a proporcionalidade entre o bem
jurídico atingido e a medida imposta. No caso em exame, conquanto o ato infracional imputado não tenha
sido cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, observa-se do relato da testemunha Maria
Helena, coordenadora do abrigo à época, que os representados eram contumazes em desrespeitar as regras
do abrigo, estando sempre em embate com os funcionários, bem como colocavam-se em risco frequente
ao fugir da instituição de acolhimento para consumir drogas. Pontue-se, como delineado na sentença, a
existência de episódio em que homens armados foram até o abrigo em busca de Natasha. À luz de tais
sustentáculos, considerando, ainda, possuir o representado Vitor outras ações socioeducativas em seu
desfavor, conforme se observa da FAI acostada ao indexador 00189, se mostra premente a retirada dos
representados do meio social em que vivem, deve ser a mantida a MSE aplicada. RECURSOS
CONHECIDOS E DESPROVIDOS."
grifei
(TJRJ. Oitava Câmara Criminal. Apelação n.0003585-90.2019.8.19.0066. Relatora
2ª QUESTÃO:
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro representou o adolescente ARI pela suposta prática
de ato infracional análogo ao crime do art. 33, caput, da Lei 11.343/2006.
Ao receber a representação, o magistrado determinou a citação do adolescente para que apresentasse
resposta à representação, em 3 (três) dias, seguindo-se os atos de saneamento, audiência de instrução
com apresentação do adolescente, alegações finais e sentença.
Contra essa decisão, o Ministério Público interpôs recurso de agravo de instrumento, no qual requereu
que a audiência de apresentação e oitiva do adolescente ARI fosse o primeiro ato processual
instrutório, de acordo com o previsto nos arts. 184 e 186 da Lei 8.069/90.
A partir da situação hipotética acima descrita, esclareça, fundamentadamente, se o recurso ministerial
deve ser provido. Aborde, para tanto, a evolução jurisprudencial acerca do tema em debate, bem
como o(s) dispositivo(s) legal(is) aplicável(eis) ao caso.
RESPOSTA:
art. 152, Lei 8.069/90: "Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as
normas gerais previstas na legislação processual pertinente."
art. 400, CPP: "Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60
(sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas
arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código ,
bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas,
interrogando-se, em seguida, o acusado."
art. 184, Lei 8.069/90: "Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de
apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da
internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo."
art. 186, Lei 8.069/90: "Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, a autoridade
judiciária procederá à oitiva dos mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado."
O Superior Tribunal de Justiça, recentemente, reviu o seu antigo posicionamento, para aplicar
o entendimento do Supremo Tribunal Federal, no sentido da aplicabilidade do art. 400 do
Código de Processo Penal também ao procedimento especial previsto no Estatuto da Criança e
do Adolescente, como se infere do julgado abaixo transcrito:
"Habeas corpus. Penal e processual penal militar. Posse de substância entorpecente em local sujeito à
administração militar (CPM, art. 290). Crime praticado por militares em situação de atividade em lugar
sujeito à administração militar. Competência da Justiça Castrense configurada (CF, art. 124 c/c CPM, art.
9º, I, b). Pacientes que não integram mais as fileiras das Forças Armadas. Irrelevância para fins de fixação
da competência. Interrogatório. Realização ao final da instrução (art. 400, CPP). Obrigatoriedade.
Aplicação às ações penais em trâmite na Justiça Militar dessa alteração introduzida pela Lei nº
11.719/08, em detrimento do art. 302 do Decreto-Lei nº 1.002/69. Precedentes. Adequação do
sistema acusatório democrático aos preceitos constitucionais da Carta de República de 1988.
Máxima efetividade dos princípios do contraditórioe da ampla defesa (art.
5º, inciso LV). Incidência da norma inscrita no art. 400 do Código de Processo Penal comum aos
processos penais militares cuja instrução não se tenha encerrado, o que não é o caso. Ordem
denegada. Fixada orientação quanto a incidência da norma inscrita no art. 400 do Código de
Processo Penal comum a partir da publicação da ata do presente julgamento, aos processos penais
militares, aos processos penais eleitorais e a todos os procedimentos penais regidos por legislação
especial, incidindo somente naquelas ações penais cuja instrução não se tenha encerrado.
1. Os pacientes, quando soldados da ativa, foram surpreendidos na posse de substância entorpecente
(CPM, art. 290) no interior do 1º Batalhão de Infantaria da Selva em Manaus/AM. Cuida-se, portanto, de
crime praticado por militares em situação de atividade em lugar sujeito à administração militar, o que
atrai a competência da Justiça Castrense para processá-los e julgá-los (CF, art. 124 c/c CPM, art. 9º, I, b).
2. O fato de os pacientes não mais integrarem as fileiras das Forças Armadas em nada repercute na esfera
de competência da Justiça especializada, já que, no tempo do crime, eles eram soldados da ativa.
3. Nulidade do interrogatório dos pacientes como primeiro ato da instrução processual (CPPM, art.
302).
4. A Lei nº 11.719/08 adequou o sistema acusatório democrático, integrando-o de forma mais
harmoniosa aos preceitos constitucionais da Carta de República de 1988, assegurando-se maior
efetividade a seus princípios, notadamente, os do contraditório e da ampla defesa (art. 5º,inciso
LV).
5. Por ser
1ª QUESTÃO:
JOÃO, de 15 anos, a quem já haviam sido impostas anteriormente 4 (quatro) medidas de liberdade
assistida por atos infracionais análogos a crimes de furto qualificado, comete novo furto e é
apreendido em flagrante. Nesse processo, é imposta a JOÃO medida socioeducativa de
semiliberdade. JOÃO é encaminhado para cumprimento da medida e, 5 (cinco) dias depois de iniciar
o cumprimento da semiliberdade, é mandado para casa, uma vez que a execução das medidas de
semiliberdade foi suspensa em razão da pandemia.
O processo de execução da medida socioeducativa imposta a JOÃO ficou, então, sem andamento.
Dezoito meses depois, antes mesmo da finalização do Plano Individual de Atendimento, o magistrado
determina ao cartório que abra conclusão do processo e, exclusivamente com base no princípio da
atualidade, extingue a medida socioeducativa e o processo de execução, intimando o Ministério
Público para ciência da decisão. Pergunta-se:
RESPOSTA:
XXXVI CONCURSO PARA INGRESSO NA CARREIRA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
a) O candidato deve discorrer sobre os requisitos previstos no artigo 120 do ECA para aplicação da
medida socioeducativa de semiliberdade, abordando a insuficiência das medidas anteriormente
aplicadas para socioeducação do adolescente e prevenção de sua reiteração infracional. Espera-se que
o candidato demonstre conhecimento sobre a controvérsia acerca da incidência do rol taxativo
previsto no artigo 122 do ECA à hipótese; bem como aborde a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça que versa sobre a reiteração de infrações graves.
b) O candidato deve discorrer sobre as hipóteses de extinção de medida socioeducativa, nos termos do
artigo 46 da Lei 12.594/2012, em especial o inciso II, segundo o qual a medida será extinta pela
realização de sua finalidade. Sobre a finalidade da medida socioeducativa, prevista no artigo 1º, §2º,
da Lei do Sinase, espera-se especial ênfase na responsabilização do adolescente quanto às
consequências lesivas do ato praticado e a desaprovação da conduta infracional, o que perpassa pelo
princípio da proporcionalidade previsto artigo 35, IV, da Lei 12.594/2012.
Nesse sentido, observa-se que princípio da atualidade informa que a intervenção estatal deve ocorrer
no momento em que a decisão de extinção da medida foi proferida. Para tanto, a decisão deve ser
precedida da reavaliação, conforme disposto no artigo 42 da Lei do Sinase, que tem por objetivo
verificar a ressocialização do adolescente e a consecução dos objetivos traçados no plano individual
de atendimento.
d) Deve o candidato discorrer acerca da interposição de recurso de apelação, com fulcro no artigo 198
da Lei 8.069/90; sobre a nulidade da decisão por ausência de prévia manifestação
doMinistério Público, nos termos dos artigos 204 do ECA e 37 da Lei do Sinase; sobre o error in
judicando, resultante da equivocada apreciação pelo Juízo das questões de direito acima indicadas,
pleiteando-se, em consequência, a reforma da decisão.
2ª QUESTÃO:
O Ministério Público ofereceu representação pela prática de ato infracional equiparado ao crime
previsto no artigo 157, § 2º, II, do Código Penal em face de CHAVES, tendo o magistrado julgado
procedente a representação e aplicado medida de internação ao adolescente.
Posteriormente, CHAVES, já com 20 (vinte) anos, passou a responder a processo por crime de roubo
triplamente majorado, praticado quando já atingida a maioridade penal, tendo sido decretada a prisão
preventiva nesse processo.
Diante da notícia do envolvimento do jovem adulto em nova prática delitiva, o juízo de 1º grau
determinou a extinção da medida socioeducativa de internação, já que os esforços da socioeducação
não lograriam êxito na reeducação de CHAVES, não restando presentes os objetivos pedagógicos da
execução da medida socioeducativa.
O Ministério Público estadual interpôs recurso de apelação perante o Tribunal de Justiça, que foi
provido para desconstituir a sentença e determinar o retorno dos autos à origem, estabelecendo a
suspensão da execução da medida de internação enquanto CHAVES estiver preso preventivamente
pela prática do crime.
Com base na situação hipotética acima descrita, esclareça, fundamentadamente, se o tribunal de
origem decidiu corretamente, apontando, ainda, o(s) dispositivo(s) legal(is) aplicável(eis) ao caso em
comento.
RESPOSTA:
art. 46, §1º, Lei 12.594/2012: "A medida socioeducativa será declarada extinta:
...
§1º - No caso de o maior de 18 (dezoito) anos, em cumprimento de medida socioeducativa, responder
a processo-crime, caberá à autoridade judiciária decidir sobre eventual extinção da execução,
cientificando da decisão o juízo criminal competente."