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→ PRINCÍPIO DA CONTEMPORANEIDADE:
Conforme art. 312, § 2°, CPP: “A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser
motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei 13.964/2019)”
“No caso, não se evidencia a existência de situação absolutamente teratológica que autorize
a mitigação do mencionado óbice processual, tendo em vista que a prisão preventiva do Agravante
encontra-se, a princípio, suficientemente fundamentada, tendo sido amparada na especial gravidade
da conduta, o que justifica a segregação cautelar para garantia da ordem pública.
Não se constata, ainda, a ausência de contemporaneidade do decreto prisional, pois a
conduta ilícita teria sido realizada até o mês de julho de 2021, além disso, os fatos são, por natureza,
de difícil elucidação, e são apurados há pouco tempo, sendo a denúncia ofertada em data recente.”
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“[…] Acrescente-se que a contemporaneidade da cautelar deve ser aferida não tomando por
base apenas a data dos fatos investigados, mas, igualmente, levando em conta a permanência de
elementos que indicam que os riscos, aos bens que se buscam resguardar com sua aplicação, ainda
existem. Nesse sentido, a gravidade da conduta aliada à periculosidade dos pacientes, bem como a
contínua atividade da associação criminosa evidenciam a contemporaneidade da prisão […].”
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O Poder Geral de Cautela do magistrado está previsto no art. 319, para o qual, na doutrina e
na jurisprudência dominante, se fixou que as medidas estabelecidas nas normas são meramente
exemplificativas, havendo a possibilidade de aplicação de cautelares diversas sempre que elas se
revelarem mais favoráveis ao réu do que a prisão processual.
“[…] embora exista um rol expresso de medidas cautelares, nada impede que
o juiz estabeleça outras tantas que sejam adequadas ao caso concreto, desde
que não exceda os limites autorizados pela legislação. Daí pode o magistrado
valer-se do rol do art. 319 do CPP, bem como de outras medidas menos
restritivas, mas não pode aplicar medida cautelar mais gravosa se que haja
autorizativo legal expresso. Natural que seja assim, pois ninguém pode ser
privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal, pelo
que transbordaria essa limitação constitucional a adoção de medidas
cautelares ou assecuratórias mais ásperas que as acolhidas legislativamente”
(Nestor Távora).
Assim, embora previsto rol de medidas cautelares, não há vedação para que o juiz, valendo-
se de seu poder geral de cautela, estabeleça outras necessárias à consecução dos fins estatais
legítimos de processar e finalizar as ações devidas, desde que proporcionais e menos gravosas que a
prisão processual, observada, em todos os casos, a devida fundamentação da decisão.
O poder geral de cautela do juiz no processo penal é extraído da conjugação do art. 3º do
Código de Processo Penal, que permite a interpretação analógica, com o art. 297 do novo Código de
Processo Civil, no qual se estabelece a possibilidade de concessão de medidas adequadas à
efetividade do processo: “Art. 3º. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito” (Código de Processo Penal) .
“Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela
provisória” (Código de Processo Civil).
Feitas essas ponderações sobre o Poder Geral de Cautela, dois pontos relacionados e
decididos pelo STF devem ser expostos: ADPF 444.
Em seu voto, Gilmar F. Mendes passou a dizer: “Não desconheço que a Primeira Turma
deste Tribunal registra precedente reconhecendo a viabilidade jurídica da condução coercitiva de
suspeito, o qual não se encontrava em situação de flagrante delito, para prestar esclarecimentos na
delegacia – HC 107.644. Algumas hipóteses citadas:
Sem querer aprofundar todas as hipóteses mencionadas, pode-se afirmar que elas têm algo
em comum: que a retenção ocorre para avaliação se está presente uma hipótese de prisão. Não se
assemelham a uma condução coercitiva para interrogatório, na qual a retenção será sucedida
necessariamente da liberdade.
Também tratado como princípio da paridade de armas, consagra o tratamento isonômico das
partes no transcorrer processual, em decorrência do próprio art. 5º, caput, da Constituição Federal.
O que deve prevalecer é a chamada igualdade material, leia-se, os desiguais devem ser tratados
desigualmente, na medida de suas desigualdades.
Porém, a menção ao princípio da paridade de armas feita pelo STF não discerne claramente
seu conteúdo relativamente ao princípio da isonomia. Tal se verifica em ementa de acórdão no qual
se assentou que “a isonomia é um elemento ínsito ao princípio constitucional do contraditório
(art. 5º, LV, da CRFB), do qual se extrai a necessidade de assegurar que as partes gozem das
mesmas oportunidades e faculdades processuais, atuando sempre com paridade de armas, a fim de
garantir que o resultado final jurisdicional espelhe a justiça do processo em que prolatado”.
→ PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO:
Traduzido no binômio ciência e participação, e com previsão constitucional (art. 5º, inc. LV,
da CF/88), impõe que às partes deve ser dada a possibilidade de influir no convencimento do
magistrado, oportunizando-se a participação e manifestação sobre os atos que constituem a
evolução processual.
Difere do processo CIVIL, pois “estando em discussão a liberdade de locomoção, ainda que
o acusado não tenha interesse em oferecer reação à pretensão acusatória, o próprio ordenamento
jurídico impõe a obrigatoriedade de assistência técnica de um defensor”.
Na S. 523, ao tratar da defesa técnica, é dito que no “processo penal, a falta de defesa
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de
prejuízo para o réu”.
Fixa a S. 708 ser “ nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos
da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir
outro”.
Tem-se da súmula 704 do STF: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla
defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo
do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados”.
Por fim, assinale-se que a ampla defesa não se confunde com a “plenitude de defesa”,
estabelecida como garantia própria do Tribunal do Júri no art. 5º, XXXVIII, “a”, CF. É que o
exercício da ampla defesa está adstrito aos argumentos jurídicos (normativos) a serem invocados
pela parte no intuito de rebater as imputações formuladas, enquanto que plenitude de defesa
autoriza a utilização não só de argumentos técnicos, mas também de natureza sentimental, social e
até mesmo de política criminal, no intuito de convencer o corpo de jurados.
→ PRINCÍPIO DA INÉRCIA:
Também conhecido como ne procedat judex ex officio, estabelece que a jurisdição é inerte,
cabendo às partes a provocação do Poder Judiciário, exercendo o direito de ação, no intuito da
obtenção do provimento jurisdicional.
Logo, o art. 26 do CPP não foi recepcionado pela CF/88, não se admitindo mais que nas
contravenções a ação penal tenha início por portaria baixada pelo delegado ou pelo magistrado (que
se chamava de processo judicialiforme). De fato, a partir da nova ordem constitucional, a
titularidade da ação penal foi, a partir de então, conferida privativamente ao Ministério Público (art.
129, I), admitindo-se, nos casos previstos, a iniciativa privada (ação penal privada exclusiva,
personalíssima e subsidiária da pública).