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AO JUÍZO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE MARINGÁ, ESTADO

DO PARANÁ.

João Vitor Pereira Reis e Bianca Larissa de Barros Tavares

RELACIONADO AOS AUTOS DE AÇÃO PENAL Nº XXX

MATHEUS DOS SANTOS, brasileiro, casado, contador, inscrito


no RG sob o n° XXX, e inscrito no CPF sob o n° XXX, residente e domiciliado à Rua XXX, n°
XXX, bairro XXX, na cidade de Maringá/PR - CEP: XX, vêm, por intermédio de seus advogados
que abaixo subscrevem, requerer a

REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA

Nos termos do artigo 5º, inciso LXVI, da Constituição Federal,


artigo 282 e 316 do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a expostas seguir:

1. FATOS:

No dia 07 de março de 2022, o requerente estava almoçando em


sua casa, quando se deparou com a presença de autoridades que o prenderam em flagrante.

Ocorre que, o Ministério Público havia oferecido denúncia em seu


desfavor no dia 28 de fevereiro de 2022, pelo suposto envolvimento do requerente na prática dos
crimes de peculato, organização criminosa e corrupção passiva, na época em que era Secretário de
Obras da Prefeitura de Maringá/PR.

A justificativa da prisão foi com base na risco à ordem pública que


Matheus apresentava, por conta da pressuposta gravidade concreta dos delitos praticados contra a
administração pública.

Por fim, o requerente se encontra detido na Penitenciária Estadual


de Maringá – PEM.

2. DIREITO.
2.1. DA PRISÃO PREVENTIVA. DO FUNDAMENTO “ORDEM
PÚBLICA”. FATOS CONTEMPORÂNEOS. INTELIGÊNCIA DOS
ARTS. 311, 312 E 313, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.

A denúncia em desfavor do requerente foi oferecida em março de


2022, sendo o suposto crime, praticado em 2017, fundamentado com base na “ordem pública”, sem
maiores explicações, extensão sobre este assunto no ordenamento jurídico e qual a relação com o
presente caso.

Aliás, o art. 312 do CPP reitera o fator de fundamento na decisão


que decretar a prisão, que seja por “receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
contemporâneos" e ainda que “justifiquem a aplicação da medida adotada”.

“(...) § 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e


fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.”

Ou seja, além de não estarmos tratando de fatos novos, eis que,


segundo a denúncia e a ordem de prisão, o suposto envolvimento do requerente nos crimes
ocorreram em 2017, e se passaram 5 (cinco) anos sem que as autoridades competentes nada tenham
feito.

Agora, em pleno 2022, o Ministério Público simplesmente resolve


tomar frente e denunciar a pressuposta prático do delito? Utilizam, ainda, o argumento “ordem
pública”, como se no decorrer destes cinco anos a ordem pública fosse ignorada.

Por outro lado, o requerente não apresenta ações que justifiquem o


perigo ou a aplicação da medida mais gravosa, pelo fato do requerente não estar mais prestar mais
serviços para a Administração Pública, pois atua como contador no presente momento.

Uma vez levadas em consideração os fatos alhures, temos a


ausência dos requisitos para a prisão do requerente, devendo então ser observado o que diz nosso
ordenamento jurídico quanto ao assunto em comento, especificamente em seu artigo 312 do CPP.

2.2. DAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO.


REFERÊNCIA AO ART. 316, 319 E 321, DO CPP. INDICAÇÃO
À LEI Nº 12.403/2011.

Pleiteia-se, portanto, a liberdade do requerente para que dessa


forma possa responder ao processo de forma adequada e contribuir com o sistema judiciário.
In casu, os requisitos para a concessão das medidas cautelares
diversas da prisão estariam presentes, conforme prevê o art. 282 da Lei nº 12.403/2011.

Senão vejamos:

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
observando-se a:

I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução


criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de
infrações penais;

II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e


condições pessoais do indiciado ou acusado.

§ 1º As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente.

§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a


requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por
representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério
Público.

Ora, Excelência, o requerente reside a mais de 50 (cinquenta) anos


com endereço fixo na cidade de Maringá/PR, é casado, possui 3 (três) filhos, exerce atividade lícita
e nunca se envolveu em nenhuma prática criminosa, consubstanciando sua primariedade, fatores
esses que devem ser levados em consideração antes de imputar a penalidade mais grave.

Algumas das medidas cautelares diversas da prisão poderiam ser


tranquilamente aplicadas em favor do requerente, visto que esta prisão além de não colaborar com
o bojo da ação penal (pois o requerente estaria disposto a colaborar no que for preciso), lhe
atrapalha nas atividades diárias com sua família e atividades profissionais.

A fim de elucidar o caso, observa-se a presente decisão da nossa


Suprema Corte:

Processual penal. Agravo regimental em habeas corpus. Tráfico de drogas.


Prisão preventiva. Réu primário. Parecer do MPE pela revogação da prisão.
Ausência de fundamentação idônea para a custódia. Ordem concedida. 1. A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não valida decreto de prisão
preventiva fundado na gravidade abstrata do delito, mediante
fundamentação genérica. O decreto prisional, portanto, “há de se apoiar nas
circunstâncias fáticas do caso concreto, evidenciando que a soltura ou a
manutenção em liberdade do agente implicará risco à ordem pública, à
ordem econômica, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal (CPP, art.
312)” ( HC 136.296, Rel. Min. Rosa Weber). 2. A prisão preventiva de jovem,
primário e de bons antecedentes, preso preventivamente pelo tráfico
exclusivo de maconha é contraproducente do ponto de vista da política
criminal. Notadamente por se tratar de droga que não é dotada da mesma
potencialidade lesiva de outras substâncias entorpecentes, na medida em que,
a despeito de razoável grau de controvérsia sobre o tipo de dano que ela
causa ao usuário, não torna o indivíduo que a consome socialmente perigoso.
3. Situação concreta em que o próprio Ministério Público em segundo grau
opinou pela desnecessidade da prisão preventiva, ressaltando a fragilidade da
prova da autoria, a ausência de violência ou grave ameaça à pessoa e o fato
de que se trata de “réu primário e sem notícia de contumácia em práticas
delitivas”. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF - HC:
200078 PE 0051275-64.2021.1.00.0000, Relator: ROBERTO BARROSO,
Data de Julgamento: 28/06/2021, Primeira Turma, Data de Publicação:
09/08/2021).

A CRFB/88 admite a liberdade provisória, pois ninguém será


levado à prisão quando a lei admitir a liberdade provisória, conforme se vê abaixo:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: LXVI - ninguém será levado à prisão ou
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança.

E como já destacado acima a prisão seria em última instância, neste


caso ainda não foram esgotadas as medidas cautelares cabíveis e, diante de todo o exposto, temos
que poderá ser concedida ao requerente, medida diversa da prisão, conforme artigos 319 e 320 do
CPP, pois as circunstâncias pessoais, dão ensejo a tais medidas

3. PEDIDOS:

Portanto, requer-se, encarecidamente, à Vossa Excelência, nos


termos do artigo 316 do CPP, a revogação da prisão de MATHEUS DOS SANTOS, com a
competente expedição de alvará de soltura, com ou sem fiança, ou ainda a aplicação de
medidas cautelares previstas no artigo 319 do CPP, das quais sejam entendidas por Vossa
Excelência como adequadas.

Por fim, e se necessário, proceda a intimação do MPPR, para


ciência deste pedido.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Curitiba, 06 de abril de 2022.

João Vitor Pereira Reis


OAB/PR n.º XXX

Bianca Larissa de Barros Tavares


OAB/PR n.º XXX

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