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PÓS-GRADUAÇÃO DESCOMPLICA
RIBEIRÃO PRETO
2022
RIBEIRÃO PRETO
2022
DESENVOLVIMENTO
1. A PRISÃO PREVENTIVA
A prisão preventiva está prevista no nosso Código de Processo Penal, no artigo 312,
e vem como excepcionalidade por ser uma privação da liberdade que ocorre antes
do trânsito em julgado da ação, ou seja, momento em que o acusado ainda deve ser
considerado inocente.
Nas palavras de MIRABETE (2005, p.415),
E continua:
Já o periculum libertatis consiste no risco que a demora do provimento
jurisdicional possa prejudicar tanto na instrução criminal e na decisão final,
quanto ao risco que a liberdade do indivíduo possa causar na sociedade
O próprio Código em seu artigo 319 (BRASIL, 1941) amplamente modificado pela
Lei 12.403 de 2011, traz as medidas cautelares diversas da prisão, vejamos:
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela
Lei nº 12.403, de 2011).
Em que pese seu caráter extremamente excepcional, o que vemos nos tribunais na
atualidade é a aplicação da prisão preventiva por motivos genéricos e dispensando
assim a excepcionalidade de sua aplicação, o que causa grandes prejuízos ao
nosso poder judiciário, além de, sobrecarregar o sistema prisionais com acusados
presos que poderiam aguardar o julgamento com medidas diversas da privativa de
liberdade.
Se usa na atualidade como fundamentação da prisão preventiva a manutenção da
ordem pública, porém sem especificar a necessidade dessa manutenção, fazendo
com que o argumento se torne algo genérico e não admitido pelo artigo 312 do CPP
que trata da prisão preventiva, vamos ver alguns julgados nesse sentido, dos
tribunais pátrios:
EMENTA: HABEAS CORPUS - FURTO QUALIFICADO - ATIPICIDADE DA
CONDUTA - PRINCÍPIO DA INSIGNIFICANCIA - INOCORRÊNCIA -
CONDENAÇÕES ANTERIORES POR DELITOS CONTRA O PATRIMÔNIO
- PRISÃO PREVENTIVA - REVOGAÇÃO - INVIABILIDADE - PRESENÇA
DOS REQUISITOS DO ARTIGO 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
- PRISÃO FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA -
DESPROPORCIONALIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA -
IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE NESTA VIA - PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA - COMPATIBILIDADE COM A PRISÃO PREVENTIVA -
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. EMENTA:
HABEAS CORPUS - FURTO QUALIFICADO - ATIPICIDADE DA
CONDUTA - PRINCÍPIO DA INSIGNIFICANCIA - INOCORRÊNCIA -
CONDENAÇÕES ANTERIORES POR DELITOS CONTRA O PATRIMÔNIO
- PRISÃO PREVENTIVA - REVOGAÇÃO - INVIABILIDADE - PRESENÇA
DOS REQUISITOS DO ARTIGO 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
- PRISÃO FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA -
DESPROPORCIONALIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA -
IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE NESTA VIA - PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA - COMPATIBILIDADE COM A PRISÃO PREVENTIVA -
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. EMENTA:
HABEAS CORPUS - FURTO QUALIFICADO - ATIPICIDADE DA
CONDUTA - PRINCÍPIO DA INSIGNIFICANCIA - INOCORRÊNCIA -
CONDENAÇÕES ANTERIORES POR DELITOS CONTRA O PATRIMÔNIO
- PRISÃO PREVENTIVA - REVOGAÇÃO - INVIABILIDADE - PRESENÇA
DOS REQUISITOS DO ARTIGO 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
- PRISÃO FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA -
DESPROPORCIONALIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA -
IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE NESTA VIA - PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA - COMPATIBILIDADE COM A PRISÃO PREVENTIVA -
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. EMENTA:
HABEAS CORPUS - FURTO QUALIFICADO - ATIPICIDADE DA
CONDUTA - PRINCÍPIO DA INSIGNIFICANCIA - INOCORRÊNCIA -
CONDENAÇÕES ANTERIORES POR DELITOS CONTRA O PATRIMÔNIO
-- PRISÃO PREVENTIVA - REVOGAÇÃO - INVIABILIDADE - PRESENÇA
DOS REQUISITOS DO ARTIGO 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
- PRISÃO FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA -
DESPROPORCIONALIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA -
IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE NESTA VIA - PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA - COMPATIBILIDADE COM A PRISÃO PREVENTIVA -
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. Não há que se há
falar em aplicação do princípio da insignificância quando o agente tem
outras condenações definitivas por delitos contra o patrimônio. Não há
ilegalidade na decretação da prisão preventiva quando demonstrado, com
base em fatos concretos, que a segregação é necessária para acautelar a
ordem pública, principalmente diante do risco de reiteração delitiva. É
incabível a alegação de que a prisão provisória afronta o princípio da
proporcionalidade, pois caberá ao juiz, no momento oportuno, depois da
análise de todas as provas, julgar a causa e, em caso de condenação, dosar
a pena e avaliar o regime prisional adequado, o que demanda valoração
probatória e exame completo das circunstâncias judiciais previstas no artigo
59 do Código Penal. O princípio da presunção de inocência, por si só, não
obsta a manutenção da prisão preventiva.
III. CONCLUSÃO
Dessa forma se conclui-se que em que pese legalmente a prisão preventiva dever
ser tratada como, ultima razão para que se prive alguém de sua liberdade, nos
tribunais atualmente há uma banalização desse conceito, decretando-se prisões
fundamentadas em motivos genéricos e muitas vezes aplicada da mesma forma a
todos, sem levar em conta que no caso concreto a pena aplicada ao réu pode
inclusive ser uma diferente da privação de liberdade, ou um regime menos gravoso
do que o regime prisional fechado, o que acaba por deixar pessoas
desnecessariamente presas em penitenciárias lotadas de presos que sequer ainda
tem uma pena à cumprir.
A excepcionalidade da prisão preventiva deve ser uma luta adotada pelos
operadores do direito, buscando sempre a prevalência do princípio da inocência, que
é de suma importância e consta da nossa Constituição.
REFERÊNCIAS
BARROSO, Darlan. JUNIOR, Marco Antônio Araújo. Mini Vade Mecum Penal.12ª
edição.2022. Editora Saraiva. São Paulo
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal, 21ª edição. 2014. Editora Saraiva.
São Paulo.
ROSA, Alexandre Morais. Guia do Processo Penal conforme a teoria dos Jogos,
6ª edição. 2018.Editora Emais. São Paulo.
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo Penal. 17ª edição.2004. Editora Atlas. São
Paulo.