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Aula 03 - Prof.

Vinícius
Silva.
Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com
Correção - Pós-Edital

Autores:
Fernando Bezerra, Ivo Martins,
Vinicius Silva
Aula 03 - Prof. Vinícius Silva.
30 de Abril de 2020
Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva
Aula 03 - Prof. Vinícius Silva.

Sumário
1. Apresentação ................................................................................................................. 2
2. Aspectos teóricos acerca das medidas cautelares diversas da prisão ............................. 2
3. Representação por medida cautelar diversa da prisão ................................................. 13
3.1 Legitimação................................................................................................................ 13
3.2 Fundamentos de fato ou Fatos ................................................................................... 14
3.3 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 15
3.4. Pedido ...................................................................................................................... 18
4. Modelo de representação por medida cautelar diversa da prisão ................................ 19
4.1 Endereçamento.......................................................................................................... 19
4.2 Preâmbulo ................................................................................................................. 20
4.3 Fatos .......................................................................................................................... 21
4.4 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 22
4.5 Do Pedido. ................................................................................................................. 23
5. Questões comentadas.................................................................................................. 27

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1. APRESENTAÇÃO

Olá futuro Delegado de Polícia Civil do Paraná,

O nosso curso continua falando nessa aula sobre medidas cautelares de natureza
pessoal. Finalizaremos nela as medidas cautelares pessoais, que são as mais cotadas
para estarem em sua prova (prisões é a minha aposta).

A cautelar de hoje é muito boa e pode ser perfeitamente cobrada em prova, pois se
trata de uma novidade legislativa, prevista na Lei n° 12.403/2011, que trouxe muitas
alterações na sistemática das prisões cautelares e liberdade provisória, como também
um rol de medidas cautelares diversas da prisão.

A lei acima nos remete ao raciocínio de que a prisão passa a ser a ultima ratio,
quando o assunto são medidas cautelares. Ou seja, você, na qualidade de delegado de
polícia, vai pensar na prisão apenas após verificar que as medidas cautelares diversas
dela são insuficientes ou ineficazes.

As medidas são reguladas no próprio código de processo penal, nos arts. 282, 319
e 320. Vamos abordar aspectos teóricos sobre as medidas e trabalhar com as principais
dicas de produção da peça.

Ressalto que não se trata de uma medida cautelar complexa, ela se parece muito com
a representação por prisão preventiva, pois ela vem substituir essa espécie de
prisão. Assim, os requisitos para a medida são muito próximos.

2. ASPECTOS TEÓRICOS ACERCA DAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA


PRISÃO

A primeira coisa que deve ser dita a respeito dessas medidas, é que se tratam de
medidas cautelares de natureza pessoal, pois atingem a esfera da pessoa do
investigado/indiciado.

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As medidas cautelares diversas da prisão estão previstas nos arts. 319 e 320 e vieram
para o processo penal de modo a garantir que a prisão seja a ultima ratio, no que diz
respeito a cautelares.

Ou seja, o juiz, quando decide, e a autoridade policial, quando representa, devem


pautar o exercício de suas funções pela concessão de uma medida cautelar diversa da
prisão sempre que for suficiente para o caso concreto.

As medidas cautelares diversas da prisão são concedidas de forma incidental, no curso


do processo ou no decorrer das investigações é nessa última fase que estaremos
inseridos, o nosso curso vai tratar das medidas quando no decorrer do inquérito
policial, na maioria das vezes.

A lei 12.403/2011 foi a responsável pela introdução no código de processo penal dessas
medidas e seu regramento acabou com a antiga bipolaridade que havia no processo
penal, quando o assunto eram as cautelares.

Antes da referida lei, havia duas possibilidades, que eram a prisão cautelar e a
liberdade provisória, com ou sem fiança. No entanto, após a edição da referida lei
o juiz poderá decretar a prisão cautelar ou a liberdade provisória com ou sem fiança,
cumulada com outra medida cautelar.
Essa última previsão foi a inovação da lei e acabou com a velha bipolaridade das
cautelares.

Outro ponto relevante é o fato de que as medidas cautelares diversas da prisão podem
servir como instrumento de contracautela ou de cautela, pois podem substituir
uma prisão em flagrante ou preventiva, por exemplo, ocasião em que estarão tendo
natureza de contracautela; ou podem ser decretadas em face de um investigado
solto, momento em que estarão servindo de instrumento de cautela.

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Professor as medidas cautelares que


podem ser decretadas são apenas as
previstas no CPP, com o advento da lei
12.403/2011?

Excelente pergunta, Aderbal, e ela se


responde com o chamado poder geral de
cautela e sua aplicação no processo penal.

O poder geral de cautela é previsto no processo civil e através dele o juiz pode
conceder qualquer medida cautelar inominada que tenha finalidade cautelar, ou seja,
de resguardar um direito.

A doutrina se divide quanto a esse tema, mas podemos garantir que a melhor posição
a ser adotada em concursos policiais é a já pacificada no STF e STJ, de que é possível
que o juiz admita uma cautelar não prevista em lei, desde que essa medida
não seja mais gravosa que a prisão.

Quem defende essa doutrina está vinculado ao princípio da proporcionalidade.

Os requisitos para o deferimento da medida, como qualquer medida cautelar são o


fumus comissi delicti e o periculum libertatis.

O primeiro requisito se dá da mesma forma com que estudamos nas aulas de prisão,
notadamente na aula de prisão preventiva, ou seja, a prova da existência do crime

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e os indícios suficientes de autoria e materialidade. Estamos falando da


plausibilidade do cometimento do delito, ou seja, a probabilidade de que o
investigado/indiciado seja denunciado e condenado pela autoria ou participação em um
crime que se sabe ter ocorrido.

Essa é a previsão do art. 312:

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada


como garantia da ordem pública, da ordem
econômica, por conveniência da instrução criminal
ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando
houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado
de liberdade do imputado. (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019).

Veja que em relação à materialidade, devemos ter a certeza de que ele aconteceu.
Doutra banda, em relação à autoria, precisamos apenas de prova semiplena, indícios
suficientes de autoria. Em relação ao art. 312 trazer o regramento para a prisão
preventiva, não há óbice na sua utilização em casos de medidas cautelares diversas.

Quanto ao requisito do periculum libertatis, estamos falando do perigo que a


liberdade do investigado representa para o decorrer da investigação e do próprio
processo, ou seja, da persecução penal.

Nesse ponto você vai ter que ter “feeling” de delegado de polícia, pois diante do
caso concreto vai verificar que a liberdade do acusado vai gerar problemas, pois ela
pode ocasionar a reiteração criminosa, a inconveniência da instrução criminal
ou vai dificultar a aplicação da lei penal.

Esses requisitos estão previstos tanto para a preventiva quanto para uma cautelar
diversa da prisão.

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título


deverão ser aplicadas observando-se a: (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).

I - necessidade para aplicação da lei penal, para a


investigação ou a instrução criminal e, nos casos

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expressamente previstos, para evitar a prática de


infrações penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).

Quanto ao cabimento, você deve ficar ligado, pois temos uma diferença muito
importante em relação à preventiva. Você deve estar lembrando que na representação
por preventiva, ela é cabível nos casos especificados no art. 313, do CPP, onde o
legislador prevê uma série de situações em que cabe a preventiva.

Não se esqueça de que eu só falo em requisitos de cautelaridade, se a peça for


cabível, ou seja, a sequência correta na peça é primeiro falar do cabimento e
depois dos requisitos de cautelaridade.

Portanto, é fundamental saber quando cabem as medidas cautelares diversas da prisão.

A diferença é substancial, pois enquanto a preventiva tem no CPP, no art. 313 os


casos de cabimento dela, as medidas cautelares diversas da prisão podem ser
decretadas em qualquer crime em que seja prevista pena privativa de
liberdade.

Ou seja, eis aqui uma grande diferença entre a preventiva e as cautelares diversas da
prisão.

Essa é a previsão do art. 283, § 1°:

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante


delito ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, em decorrência de
prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal
transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019).

§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título não


se aplicam à infração a que não for isolada, cumulativa
ou alternativamente cominada pena privativa de
liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

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Portanto, quanto ao cabimento, cuidado com essa pegadinha, pois aqui estamos diante
de uma distinção relevante. Veja ainda que você vai interpretar o art. 283, §1º a
contrário sensu.

Outra particularidade dessas medidas é o fato de elas serem decretas isolada ou


cumulativamente, ou seja, o juiz pode achar que não é suficiente uma medida cautelar
e pode decretar outra medida em cumulação para atingir a finalidade.

Um exemplo muito comum é o de brigas de torcidas organizadas. O juiz pode muito


bem decretar uma medida cautelar de proibição de frequentar estádios de futebol, no
entanto a fiscalização quanto a essa medida se torna muito difícil por parte do Estado,
caso ela seja decretada isoladamente.

Para suprir essa lacuna, o juiz pode decretar a proibição de frequentar estádios de
futebol, cumulada com a monitoração eletrônica ou o recolhimento a domiciliar
noturno e nos dias de folga, que são geralmente, os dias e horários em que
ocorrem os jogos.

As duas medidas cumuladas surtem muito mais efeito e a fiscalização por parte do
Estado se torna mais eficaz.

Professor, e no caso de
internação provisória do
investigado?

Excelente pergunta caro Aderbal, no caso da


internação provisória, temos duas
observações a serem feitas.

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OBS.1:

A internação provisória é a única medida cautelar que não pode ser decretada em
cumulação com outra medida, uma vez que o investigado/indiciado terá sua liberdade
cerceada, não podendo haver cumulação com outra medida, por razões óbvias.

OBS.2:

Em relação à internação provisória, temos que cumprir um outro requisito de


cabimento, ou seja, só será admitida a internação provisória, quando o crime houver
sido praticado com violência ou grave ameaça.

As observações acima podem ser constatadas mediante a análise do dispositivo abaixo.

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:


(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

(...)

VII - internação provisória do acusado nas hipóteses


de crimes praticados com violência ou grave ameaça,
quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-
imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de
reiteração; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Outro fato importante a ser ressaltado nesse ponto é a reserva de jurisdição a que
estão sujeitas as medidas cautelares diversas da prisão, ou seja, não pode o delegado,
de ofício, determinar qualquer das medidas cautelares do art. 319 e 320, do CPP.

Essa é a dicção doa art. 282, §2°:

§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a


requerimento das partes ou, quando no curso da
investigação criminal, por representação da autoridade
policial ou mediante requerimento do Ministério Público.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

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Cuidado com a fiança, pois essa é uma


exceção, uma vez que você, futuro
delegado de polícia, no exercício de suas
funções, poderá decretar a fiança em
alguns casos em que a lei permite.

Ou seja, em uma prova discursiva, tome muito cuidado com a generalização, pois a
fiança pode ser decretada pelo delegado de polícia nos seguintes casos:

Art. 322. A autoridade policial somente poderá


conceder fiança nos casos de infração cuja pena
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4
(quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011).

Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será


requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito)
horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

OBS.:

O delegado pode conceder fiança, no entanto, pelas próprias circunstâncias do código,


o delegado só pode aplicar a fiança nos casos de prisão em flagrante, ou seja,
quando o delegado impõe a fiança nos casos em que é permitido a ele fazer isso,
estaremos diante de uma medida cautelar de natureza de contracautela.

Assim como na representação por prisão preventiva, deverá haver o chamado


contraditório prévio, em regra, que, na maioria dos casos concretos, pode ser
excepcionado, caso corra risco de ineficácia a medida cautelar representada.

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Vejamos a redação do art. 282, §3°:

§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de


ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de
medida cautelar, determinará a intimação da parte
contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco)
dias, acompanhada de cópia do requerimento e das
peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e
os casos de urgência ou de perigo deverão ser
justificados e fundamentados em decisão que contenha
elementos do caso concreto que justifiquem essa
medida excepcional. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019).

Veja que o contraditório prévio é a regra, mas que admite exceções, que são os casos
urgentes ou em que se corre o risco de ineficácia da medida.

A inobservância dessa regra deve ser devidamente fundamentada pelo delegado de


polícia em sua representação.

Nos casos excepcionais o contraditório será o postergado, ou seja, o delegado vai


requerer ao juiz que o contraditório seja exercido em momento oportuno, por meio de
habeas corpus ou qualquer outra medida cabível, uma vez que se for exercido
anteriormente à concessão da medida, esta pode restar ineficaz.

Por fim, um último aspecto teórico importante acerca das medidas cautelares é que
elas podem ser substituídas por outras, reforçadas ou substituídas por prisão
preventiva.

§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das


obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento
do Ministério Público, de seu assistente ou do
querelante, poderá substituir a medida, impor outra
em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão
preventiva, nos termos do parágrafo único do art.
312 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019).
Veja que o parágrafo acima prevê que o juiz tem três possibilidades de medidas a serem
tomadas em caso de descumprimento das obrigações impostas.

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No entanto, não há muita relevância para nós que estamos estudando para concurso
de delegado de polícia, pois a autoridade policial não está entre os legitimados para
requerer esse reforço ou substituição.
Veja que a lei menciona que apenas o juiz, de ofício, ou mediante requerimento do MP,
poderá tomar as medidas acima.

Para finalizar esse tópico vamos mencionar as medidas cautelares previstas no CPP.
Lembrando-se de que, de acordo com o poder geral de cautela, pode o juiz deferir
medida cautelar não prevista em lei, desde que seja menos gravosa que a prisão.

Eis o rol:

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:


(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas


condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011).

II - proibição de acesso ou frequência a determinados


lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao
fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante
desses locais para evitar o risco de novas infrações;
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

III - proibição de manter contato com pessoa


determinada quando, por circunstâncias relacionadas
ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer
distante; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a


permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução; (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011).

V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos


dias de folga quando o investigado ou acusado tenha

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residência e trabalho fixos; (Incluído pela Lei nº


12.403, de 2011).

VI - suspensão do exercício de função pública ou de


atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de
infrações penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).

VII - internação provisória do acusado nas hipóteses


de crimes praticados com violência ou grave ameaça,
quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-
imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de
reiteração; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para


assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar
a obstrução do seu andamento ou em caso de
resistência injustificada à ordem judicial; (Incluído
pela Lei nº 12.403, de 2011).

IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº


12.403, de 2011).

§ 1o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 3o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as


disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser
cumulada com outras medidas cautelares. (Incluído
pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será


comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de
fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se

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o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no


prazo de 24 (vinte e quatro) horas. (Redação dada pela
Lei nº 12.403, de 2011).

Esse é o rol taxativo, embora não exaustivo das 10(dez) medidas cautelares
diversas da prisão que podem ser adotadas pelo juiz no decorrer da persecução penal,
de modo a assegurar a efetividade do processo e a execução da própria sentença penal
condenatória que vier a ser prolatada em face do acusado.

A dica que eu dou para você aqui nesse ponto


é dar uma lida rápida e tentar visualizar
sempre um exemplo para o qual se adequa
cada uma das medidas listadas no rol do CPP.

3. REPRESENTAÇÃO POR MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA PRISÃO

3.1 LEGITIMAÇÃO

A legitimação para representar por essa medida está consubstanciada no art. 282, §2°,
do CPP. Vejamos:

§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo


juiz a requerimento das partes ou, quando no curso
da investigação criminal, por representação da
autoridade policial ou mediante requerimento do
Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019).
Portanto, a legitimidade ao delegado é dada pelo próprio Código de Processo Penal.

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Essa legitimação deverá constar no seu preâmbulo, de modo a legitimar a sua


representação.

3.2 FUNDAMENTOS DE FATO OU FATOS

Aqui é a mesma coisa das aulas anteriores e das seguintes aulas também, acostume-
se a resumir ou parafrasear um texto. Sugiro a você algumas técnicas de resumo de
textos, que você encontra em um bom livro de produção textual.

Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre destacando
aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação jurídica.

Lembre-se de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser repetitivo em
relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena utilizar a regrinha da
resposta às perguntas abaixo:

O que?

Quem?

Quando? ACONTECEU

Onde?

Por que?

Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem objetivo, sua
narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação dessa parte estará
garantida.

Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até quando estiver
contando uma história a algum colega.

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Vale a pena mencionar os fatos que vão tornar a sua medida cabível, ou seja,
se é um indivíduo que atua em torcidas organizadas e você vai representar
pela proibição de acesso aos estádios, vale a pena mencionar os fatos que o
levarão a representar por essa medida.

No caso das cautelares diversas da prisão, o enunciado vai mencionar,


geralmente, que se trata de uma pessoa que não cumpriu pena por crime
doloso, que não faz parte de organização criminosa, ou seja, que não se trata
de um agente delituoso contumaz.

Isso é importante ressaltar nos fatos, pois é a partir daí que você vai motivar
a desnecessidade da prisão e a suficiência de uma medida cautelar diversa da
prisão.

3.3 FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar mais pontos, nela
você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a medida cautelar pela qual
representa.

Nesse ponto você vai dividir sua fundamentação em 3 partes.

A primeira será relativa à prática delituosa, na qual você vai tipificar o crime. Aqui
você mostrará que sabe identificar o crime que ocorreu em meio à historinha que foi
contada no enunciado. Existem provas, como a da PCDF de 2009, DPF – 2013, PCDF
- 2015, em que você deveria tipificar a conduta de cada um dos envolvidos, portanto
é de suma importância saber qual crime ocorreu.

Na prova do Pará, o próprio edital já trouxe de forma expressa que haverá pontuação
para a tipificação da conduta.

Algumas provas já afirmam no enunciado o crime que ocorreu, o que torna a sua tarefa
mais simples nesse ponto.

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A segunda parte da fundamentação se destina ao cabimento, ou seja, você


deverá mostrar que o crime sob investigação é punido com pena privativa de
liberdade, seja qual for a quantidade de pena.

Lembre-se de que, diferentemente da prisão preventiva, aqui é suficiente que o crime


seja punido com pena privativa de liberdade. Assim, a primeira parte, em que você
tipifica a conduta do representando, pode ser mesclada com o cabimento e você pode
mencionar em um tópico apenas qual o delito cometido e que é cabível a medida
solicitada.

Lembre-se de que o artigo do código que lhe dá fundamento para tanto é o seguinte:
(art. 283, §1°)

§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título não


se aplicam à infração a que não for isolada, cumulativa
ou alternativamente cominada pena privativa de
liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Se você conseguir memorizar o dispositivo acima isso valorizará muito a sua peça.

A terceira parte se refere aos requisitos de cautelaridade, estamos falando do


fumus comissi delicti e do periculum libertatis.

Devemos mostrar que está presente a justa causa, ou seja, que o crime ocorreu, ou
seja, que está comprovada a materialidade delitiva, bem como há indícios de
autoria que permitem atribui-la ao representando.

Essa é a plausibilidade do bom direito no que diz respeito à persecução penal. Aqui
a ideia é bem parecida com as representações por prisão. Se você aprendeu bem a
parte de requisitos cautelares da prisão, a ideia é a mesma.

O fundamento legal dessa parte está no art. 282, do CPP:

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título


deverão ser aplicadas observando-se a: (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).

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I - necessidade para aplicação da lei penal, para a


investigação ou a instrução criminal e, nos casos
expressamente previstos, para evitar a prática de
infrações penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).

II - adequação da medida à gravidade do crime,


circunstâncias do fato e condições pessoais do
indiciado ou acusado. (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).

Veja que além dos requisitos de cautelaridade previstos na prisão, devemos adequar a
medida à gravidade do crime. Por exemplo, não é plausível decretar a prisão preventiva
de um indivíduo acusado pelo crime de ameaça, em tese, quando ele possua trabalho
e residência fixa, bons antecedentes, etc.

Nesse caso, acredito que uma medida adequada seria a proibição de manter contato
com determinada pessoa, etc.

Esse requisito está consubstanciado no inciso II, do art. 282 acima.

Apenas de modo a relembrar, vamos revisar o que seriam os demais requisitos, já


previstos no caso das prisões.

a) necessidade para aplicação da lei penal

Aqui se necessita decretar a medida, pois há uma forte possibilidade de o


investigado/indiciado se furtar à aplicação da lei penal, ou seja, há fortes indícios de
que ele possa fugir, caso seja condenado criminalmente.

b) para a investigação ou a instrução criminal

No caso acima, é necessária a adoção de medida cautelar diversa da prisão quando o


investigado/indiciado perturba a instrução do processo ou o andamento da investigação
policial, seja ameaçando ou corrompendo testemunhas, a própria vítima ou provas
documentais e periciais.

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c) nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais

Nesse caso, temos que verificar a possibilidade de o indiciado/investigado vir a reiterar


a conduta criminosa. Na prisão preventiva, esse requisito chama-se garantia da ordem
pública ou ordem econômica.

Para verificar a possibilidade desse requisito, é fundamental que a questão mencione


os antecedentes e a personalidade do agente para que seja crível a provável
reincidência.

3.4. PEDIDO

Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua peça, ele possui
uma peculiaridade básica em relação aos demais.

A base é a mesma; você vai representar ao juiz pela decretação da medida cautelar
específica ao caso concreto. Veja que é importante memorizá-las, pois no seu pedido
você terá de especificar a medida pela qual representa, não é interessante mencionar
que representa por medida cautelar diversa da prisão, genericamente.

O correto seria você mencionar por qual medida representa, até porque a sua
fundamentação terá sido toda baseada na medida cautelar pela qual você vai dar o
fecho na peça. Além do que você já vai ter mencionado ela no início da peça.

As medidas cautelares, em tese, não possuem prazo fixado no CPP e devem ser
mantidas até ulterior deliberação do juiz, de ofício, a requerimento do MP ou mediante
representação da autoridade policial.

Fora isso, você vai ter que se ligar na medida pela qual você está representando, pois
pode haver necessidade de oficiar a algum órgão. O exemplo mais comum é a
suspensão de função pública. É claro que nessa hipótese você terá de enviar ofício para
o respectivo órgão comunicando a decisão judicial para que sejam realizados os
expedientes necessários.

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Outro exemplo é o de entrega do passaporte. Nessa hipótese você deverá mencionar


na peça que o investigado/indiciado deverá ser intimado para entregar o passaporte no
prazo de 24 (vinte e quatro) horas à autoridade competente.

4. MODELO DE REPRESENTAÇÃO POR MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA


PRISÃO

Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. É uma
representação simples e a fundamentação está totalmente no CPP, basta fundamentar
com base nesses dispositivos legais, adequando sempre ao que foi dito a respeito dos
aspectos mais importantes.

4.1 ENDEREÇAMENTO

O endereçamento continua sendo muito relevante, no caso de representação por


cautelar diversa da prisão podemos ter os mais diversos juízos competentes, mas como
na sua prova não é solicitado o estudo da organização judiciária de PE, os três
endereçamentos possíveis serão o juízo de direito, o tribunal do júri e o juizado
especial criminal, para os crimes de menor potencial ofensivo, que são uma boa
pedida nesse ponto do curso.

Cuidado com crimes de competência do juizado especial criminal, a ele cabe o


julgamento dos crimes de menor potencial ofensivo, que são as contravenções
penais e os crimes cuja pena máxima não excede a 2 (dois) anos.

Aqui é aquele básico de competência. Recomendo que se você tiver dúvida, volte para
a parte de processo penal, onde se estuda a competência no CPP, pois lá estarão bem
claras as principais regras para identificar o juízo competente.

Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for mencionado isso no
enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em branco, para não perder pontos e
nem ser prejudicado totalmente com uma possível identificação de prova.

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE __________ ou (JUIZ DA VARA DO JÚRI DA COMARCA DE
____________) ou (JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA
COMARCA DE ____________).

4.2 PREÂMBULO

Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 2, e vai fazer
referência ao inquérito policial no bojo do qual se motiva a representação por essa
medida.

Lembrando que você não pode inventar um número de inquérito, mencione número
apenas se for mencionado no enunciado, o que eu acredito que será feito, pois a prova
tende a ser bem especifica quanto aos fatos narrados no enunciado, haverá até
pontuação para a narrativa de fatos. Caso contrário, deixe o bom e velho espaço em
branco.

O preâmbulo, cujo modelo segue abaixo, possui as mesmas características dos


preâmbulos já vistos nas aulas anteriores, com as modificações relativas às legislações
pertinentes.

A Polícia Civil do estado do ____________, por meio do seu Delegado de


Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas,
dentre outros dispositivos, pelo art. 282, §2°, do Código de Processo Penal -
CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem, com o devido respeito e
acatamento, à presença de Vossa Excelência, representar pela decretação da
medida cautelar de (especificar a medida cautelar diversa da prisão), prevista
no art. 319, (indicar o inciso do art. 319) ou 320, do CPP, pelos fundamentos
de fato e de direito que a seguir passa a expor:

Veja como é importante mencionar especificamente a medida cautelar pela qual se


representa. Nos espaços em branco que foram deixados você vai especificar a medida
que é cabível e necessária ao caso concreto.

A ideia de memorizar o rol de medidas do art. 319 é para que o seu preâmbulo fique
caprichado e bem específico, pois isso vai mostrar conhecimento e já lhe dará
credibilidade com o examinador.

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Não há muitos detalhes no preâmbulo dessa medida, lembre-se sempre que deve
constar nele o dispositivo legal que lhe dá a legitimidade para representar pela medida.

Um bom preâmbulo já mostra conhecimento. Citar a lei 12.830/2013 comprova que


você tem sangue de delegado e que vai procurar valorizar as suas atribuições quando
no exercício delas.

Professor, o preâmbulo é sempre igual, mudando


apenas algumas coisas, nas suas aulas essa parte
parece ser até repetitiva, não tem outros modelos
de preâmbulo não?

Prezado Aderbal, sua pergunta é muito boa, e deve


ser a pergunta de muitos dos nossos alunos. A ideia
do nosso curso é condicionar você a memorizar um
modelo cada vez mais enxuto de peça. Aquilo que for
repetitivo é melhor ainda para você memorizar.
Preocupe-se apenas com as diferenças entre as peças.

4.3 FATOS

Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, você vai ser
medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não negligencie esse ponto, pois
o examinador pode já não gostar muito da sua peça, caso os fatos não sejam
corretamente narrados, de forma concisa e escorreita.

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Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo. Responder àquelas
perguntas que já mencionei anteriormente pode ser um bom norte a ser seguido.

Na peça de medida cautelar diversa da prisão você vai se deparar com fatos
que fortalecem a tese de que a prisão é algo extremamente gravoso e
desproporcional ao caso concreto, que pode ser resolvido com a decretação de uma
monitoração eletrônica, uma proibição de manter contato com determinada pessoa ou
com outra medida cautelar específica ao caso.

Isso você vai ter que verificar bem nos fatos para entender as dicas do enunciado. Esses
fatos você tem que mencionar na sua narrativa, outros fatos menos relevantes não
precisam ser mencionados, caso contrário a sua peça vai ficar muito “copiada” nesse
ponto e o ideal é mostrar originalidade.

Lembre-se de que você não pode inventar fatos, isso é terminantemente proibido,
sob pena de ter a peça “zerada” pela identificação da prova.

4.4 FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Na parte dos fundamentos o ideal é você desdobrá-la em 4 pontos, quais sejam, do


crime sob investigação, do cabimento e da necessidade e da
desproporcionalidade da prisão.

Você deve tipificar o crime sob investigação, mencionando inclusive a conduta de cada
indivíduo, caso se trate de um concurso de agentes. Lembre-se de que algumas provas
mencionam no próprio enunciado a solicitação da correta tipificação dos crimes
cometidos por cada um dos personagens da historinha, mas mesmo que não haja essa
menção, entendo que essa tipificação deve fazer parte da sua fundamentação.

No cabimento você deve mencionar que o crime sob investigação possui pena privativa
de liberdade cominada, o que possibilita a decretação da medida cautelar diversa da
prisão pela qual se representa, nos termos do art. 282, §1°. Mencionar esse dispositivo
legal lhe dará pontos valiosos.

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Quanto à necessidade da medida, estamos falando dos requisitos de cautelaridade, que


já foram mencionados anteriormente, ou seja, a prova da existência do crime e
indícios de autoria e também o perigo da demora, pois se tratando de uma medida
cautelar, é necessário que vislumbremos uma possibilidade de dano irreparável caso a
medida não seja deferida de plano, ou seja, cautelarmente.

Outro requisito necessário é o da proporcionalidade entre a medida e a gravidade


do crime e circunstâncias pessoais do investigado/indiciado.

Conforme visto acima você vai demonstrar que a medida é necessária e proporcional,
com base no art. 282, I e II, do CPP.

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título


deverão ser aplicadas observando-se a: (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).

I - necessidade para aplicação da lei penal, para a


investigação ou a instrução criminal e, nos casos
expressamente previstos, para evitar a prática de
infrações penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).

II - adequação da medida à gravidade do crime,


circunstâncias do fato e condições pessoais do
indiciado ou acusado. (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).

4.5 DO PEDIDO.

No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida sempre de forma
objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de polícia representa e não requer,
quem requer é o membro do MP.

Não se esqueça de mencionar especificamente qual a medida cautelar necessária ao


caso concreto, caso contrário a sua objetividade ficará comprometida.

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Outro detalhe de suma importância é o contraditório prévio, que é a regra, em se


tratando de medidas cautelares diversas da prisão. Você vai requerer a oitiva do
investigado/indiciado para que ele se manifeste acerca da sua representação para só
após o juiz decidir acerca dela.

Lembre-se de que essa é a regra, mas o próprio CPP prevê exceções caso seja inviável
a referida intimação. A prisão é o exemplo mais comum em que a intimação do
investigado/indiciado frustra o sucesso da diligência.

No entanto, nas demais medidas cautelares, ou seja, naquelas diversas da prisão a


maioria delas não gera prejuízo caso haja a intimação e manifestação da parte contrária
antes da decisão, a não ser que se trate de um caso urgente, em que o próprio decorrer
do tempo obstará a eficácia da medida.

Assim, diante das informações acima, segue um modelo de pedido bem sucinto e direto.

Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pela decretação da medida cautelar de
(especificar aqui a medida cautelar pela qual representa), por ser a medida de
direito adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta,
após as manifestações da parte contrária e a oitiva do ilustre membro do
Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.

Vamos agora colocar tudo isso em um modelo.

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE


__________ ou (JUIZ DA VARA DO JÚRI DA COMARCA DE ____________) ou (JUIZ DE
DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE ____________).

Ref. Inquérito policial n°___

A Polícia Civil do estado do ____________, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 282, §2°, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
vem, com o devido respeito e acatamento, à presença de Vossa Excelência, representar
pela decretação da medida cautelar de (especificar a medida cautelar diversa da prisão),
prevista no art. 319, (indicar o inciso do art. 319) ou 320, do CPP, pelos fundamentos de
fato e de direito que a seguir passa a expor:

1. Dos fatos

Narrativa dos fatos, conforme instruções já mencionadas.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa


Tipificar a prática delituosa com todos os seus detalhes, inclusive eventual concurso de
crimes, seja ele formal ou material.

2.2 Do cabimento

“O crime acima tipificado possui pena privativa de liberdade cominada, motivo pelo qual
é cabível a decretação de qualquer medida cautelar diversa da prisão, nos termos do art.
283, §1°,do CPP.”

2.3 Dos requisitos cautelares

Os requisitos cautelares são o fumus comissi delicti e o periculum in mora. Demonstrar


que estão presentes os dois requisitos.

Quanto ao primeiro, basta mostrar que o crime existe, ou seja, que a materialidade
delitiva se encontra devidamente comprovada, bem como que possui fortes indícios de
autoria ou participação.

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O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. Você deverá demonstrar ao
examinador na sua peça que existe um forte perigo para a investigação ou para a vítima
ou para a prova caso a medida não seja deferida. Veja como ficaria um exemplo de
periculum:

“No que diz respeito ao periculum libertatis, os fatos acima narrados comprovam que a
reiteração criminosa por parte do auditor é algo provável, caso não seja decretada a
medida de afastamento de suas funções, pois já vinha praticando o crime de facilitação
de contrabando ou descaminho há alguns meses”.

Por outro lado, a decretação da prisão é algo por demais gravoso e desproporcional ao
caso concreto em tela, tendo em vista os antecedentes e a vida pregressa do investigado.
A prisão é algo que descabido em relação à gravidade concreta do crime e as
consequências do cárcere, sob a nova égide da lei 12.403/11.

3. Do pedido

Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela decretação da medida cautelar de (especificar aqui a
medida cautelar pela qual representa), por ser a medida de direito adequada ao caso
conforme se demonstra na fundamentação exposta, após as manifestações da parte
contrária e a oitiva do ilustre membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.

Veja que as medidas cautelares diversas da prisão possuem a mesma base de


fundamentação da prisão preventiva, pois estão reguladas praticamente no mesmo
dispositivo legal.

Vamos agora aos exercícios da aula de hoje.

Essa aula não possui questões de provas anteriores, nem adaptadas, portanto,
as questões apresentadas são originalmente produzidas e criadas pelo Prof.
Vinícius Silva, o que eleva o nosso curso a uma condição de mais originalidade
ainda.

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5. QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1. (Prof. Vinícius Silva)

João Valentão está sendo investigado pelo 5° Distrito Policial através do TCO
de n° 735/2015, que foi instaurado mediante portaria do delegado titular,
após diversas denúncias anônimas dando conta de que o investigado
constantemente envolve-se em brigas de torcidas organizadas.

Foi apurado até então que João Valentão é membro da torcida organizada
Terror Tricolor e em dias de jogos do Tricolor Futebol Clube vai aos estádios
com a intenção de procurar desavenças, principalmente com torcedores da
torcida Amor Alvinegro.

Algumas testemunhas foram ouvidas como, por exemplo, o presidente da


torcida Terror Tricolor que, inclusive, mencionou que João havia sido banido
da torcida há 2 meses após um incidente envolvendo os próprios torcedores
do Tricolor Futebol Clube.

Foi checada a folha de antecedentes criminais de João e ele não possui


antecedentes criminais, porém muitos boletins de ocorrência figuram em face
dele por crimes ligados aos jogos de futebol em estádios, todos oriundos das
denúncias que motivaram a instauração de procedimento próprio para
apuração das condutas.

O campeonato brasileiro de futebol está prestes a se iniciar e tanto o Tricolor


Futebol Clube, quanto o Alvinegro Sporting Club estão classificados para a
primeira divisão do torneio futebolístico.

Considerando que João Valentão foi indiciado pelos crimes acima citados, na
qualidade de delegado de polícia que conduz as investigações, represente ao
juiz competente pela medida cautelar cabível ao caso acima.

Comentário e modelo de peça proposto.

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Bom, a questão acima foi criada com base em uma prática muito comum no dia a dia
das grandes metrópoles que são as brigas entre torcidas organizadas.

No caso da questão acima, resumidamente o representando costuma se envolver em


brigas de torcidas organizadas o que acaba culminando em crimes como o de dano,
lesões corporais e rixa, conforme o próprio enunciado deixa claro.

Veja que a prisão preventiva de João é uma medida muito severa, uma vez que o que
se visa com a medida cautelar apenas que o investigado não volte a delinquir
em estádios de futebol, até por que diante de seus antecedentes, não se trata de um
criminoso contumaz, que costuma cometer crimes violentos no seu dia a dia.

O que consta em face dele são apenas vários boletins de ocorrência dando conta dos
crimes praticados em dias de jogos de futebol.

Portanto, a prisão de João é algo extremante gravoso para o investigado e diante da


nova sistemática das medidas cautelares podemos fazer uso de medidas cautelares
diversas da prisão de modo a coibir a reiteração criminosa.

O ideal aqui é representar pela proibição de acesso a determinados lugares (estádios


de futebol), pois as circunstâncias relacionadas ao fato nos levam a crer que seu
afastamento dos estádios é suficiente para afastar a reiteração criminosa.

No entanto, apenas a proibição pode não ser suficiente para a eficácia da medida. Então
o ideal seria além da proibição de acesso aos estádios, cumular com o recolhimento
domiciliar em dias de jogos, pois ele pode delinquir nos locais de concentração de
torcedores, como bares e churrascarias. Essas duas medidas devem ser monitoradas
eletronicamente, sob pena de não surtirem o efeito desejado. Quanto à cumulação, não
há vedação legal, muito pelo contrário, o que existe é uma previsão de cumulatividade,
sempre que necessário, tudo isso nos termos do art. 282, §1°.

§ 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas


isolada ou cumulativamente. (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).

Quanto à competência não há dificuldades, mas tenha muito cuidado com a pegadinha,
pois a questão menciona que os crimes cometidos são todos oriundos de ocasiões
ligadas à realização de jogos de futebol em estádios, a tipificação correta seria então
a do crime previsto no art. 41-B, do Estatuto do Torcedor, com pena máxima de

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2 (dois) anos, o que nos levaria a representar perante o juiz do juizado especial
criminal da comarca.

No pedido não se esqueça de que você vai pedir pelas três medidas, ou seja, terá de
mencionar todas, tanto no preâmbulo quanto no pedido, para demonstrar
conhecimento.

Você terá ainda que ouvir o indiciado e o ministério público antes da decisão do juiz,
fato esse que deverá ser mencionado também no pedido da sua peça.

Fora essa particularidade a peça segue o padrão explicitado na parte teórica da aula.

Vamos à peça.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DA ___ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL


CRIMINAL DA COMARCA DE _______________.

Ref. TCO n°. 735/2015

A Polícia Civil do estado do Pará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado,
no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art.
282, §2°, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem
assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o
qual está prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento, à presença
de Vossa Excelência, representar pela decretação das seguintes medidas cautelares:

a) proibição de acesso a estádios de futebol;


b) recolhimento domiciliar em dias de jogos do Tricolor
Futebol Clube;
c) monitoração eletrônica;

previstas no art. 319, do CPP, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa
a expor.

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1. Dos fatos

A partir de denúncias anônimas que chegaram ao conhecimento dessa autoridade


policial, foram realizadas diligências que culminaram na instauração do TCO em
epígrafe, com a finalidade de apurar supostos crimes de rixa, dano e lesão corporal
cometidos por João Valentão em estádios de futebol, antes, durante e após jogos de
futebol do seu time de coração, o Tricolor Futebol Clube.

Foi constatado que João é membro de torcida organizada, a Terror Tricolor e que,
segundo relato do presidente, o referido membro foi desligado da torcida após verificar
que seu comportamento não estava de acordo com os padrões estatutários.

João Valentão foi indiciado pelos crimes de dano, rixa e lesão corporal leve no bojo do
inquérito em epígrafe, não contando em face dele qualquer condenação anterior a título
de antecedentes criminais.

O campeonato brasileiro de futebol está em vias de ser iniciado e o time de João está
classificado para jogar a primeira divisão.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

De acordo com os fatos narrados na investigação, pode-se concluir que o investigado


cometeu o crime do art. 41-B, do Estatuto do Torcedor, tendo em vista o princípio da
especialidade aplicado ao caso, tendo em vista a ocorrência de tumulto e incitação à
violência cometidos em situações ligadas à realização de jogos de futebol.

O crime tipificado acima é considerado, pela legislação em vigor, como de menor


potencial ofensivo, pois possui pena máxima privativa de liberdade de dois anos, o que
leva a caracterização da infração de menor potencial ofensivo, nos termos da Lei n°.
9.099/95.

2.2 Do cabimento

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Os crimes acima tipificados possuem pena privativa de liberdade cominada, motivo pelo
qual é cabível a decretação de qualquer medida cautelar diversa da prisão, nos termos
do art. 283, §1°, do CPP.
2.3 Dos requisitos cautelares

Os requisitos cautelares para o deferimento das medidas representadas são o fumus


comissi delicti e o periculum in mora.

Quanto ao primeiro, cumpre ressaltar que os elementos colhidos até então na


investigação demonstram que se trata de crime consumado, previsto no Estatuto do
Torcedor, conforme já demonstrado acima. A autoria em relação a João Valentão
também está clara, uma vez que as provas documentais, imagens e depoimentos de
testemunhas comprovam ser ele o autor do crime.

O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. No que diz respeito a ele, os
fatos acima narrados comprovam que a reiteração criminosa por parte do torcedor é
algo provável, caso não seja decretada a medida de proibição de acesso aos estádios
de futebol, bem como o recolhimento domiciliar em dias de jogos do seu time, cumulado
com a monitoração eletrônica.

Caso não seja deferida a referida medida, o risco de ocorrência de delitos da mesma
natureza é premente, dada a personalidade e número de ocorrências envolvendo o
investigado.

Quanto à necessidade de prisão preventiva, a medida revela-se por demais gravosa ao


caso concreto, não sendo proporcional à finalidade que se pretende, ou seja, evitar a
reiteração criminosa.

Assim, nos termos do art. 282, II, do CPP, não se faz necessária a medida de
segregação da liberdade.
3. Do pedido

Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela decretação das seguintes medidas cautelares:

a) proibição de acesso a estádios de futebol;

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Aula 03 - Prof. Vinícius Silva.

b) recolhimento domiciliar em dias de jogos do Tricolor


Futebol Clube;

c) monitoração eletrônica;

previstas no art. 319, do CPP, por serem as medidas de direito adequadas ao caso
conforme se demonstra na fundamentação exposta, após as manifestações da parte
contrária e do ilustre membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.

Veja que foi uma peça parecida com a representação por prisão preventiva. Na vida
prática em casos de crimes de menor potencial ofensivo será muito comum esse tipo
de representação.

Questão 2 (Vinícius Silva):

Tramita na delegacia de Proteção à Mulher o inquérito policial de n° 412/2015, por meio


do qual a polícia judiciária investiga crimes supostamente cometidos por Marcos José
da Silva.

O inquérito foi instaurado por meio de portaria após denúncia de sua companheira, a
Sra. Maria das Dores da Silva, a qual foi até o distrito policial especializado e narrou
que vem sofrendo ameaças e lesões sucessivas de seu companheiro, uma vez que ele
é viciado em álcool e todos os sábados quando chega a casa profere palavras de baixo
calão em sua direção com a finalidade de ofender a moral e dignidade da Sra. Maria.

Por vezes a Sra. Maria das Dores sofre lesões de natureza leve e tem de se refugiar na
casa de sua mãe que mora na mesma rua. Ela confirmou que essa situação já vem se
arrastando há 8(oito) meses e disse não aguentar mais tantas agressões e não
abandona o lar por conta dos dois filhos que tem.

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Alguns vizinhos foram ouvidos, assim como a mãe da vítima, e todos confirmaram a
versão dos fatos narrada por Maria das Dores.

O autor das agressões foi ouvido nesse distrito e negou a versão de sua companheira,
afirmando que nunca levantou a mão para ela e a trata bem. Porém confirmou que é
alcoólatra e muito ciumento.

Sua folha de antecedentes foi juntada aos autos do apuratório e nada foi constatado
em face de Marcos José. Cópia da carteira de trabalho dele também foi juntada aos
autos e pode-se comprovar que ele possui trabalho fixo em uma fábrica de calçados na
região metropolitana da cidade em que vive.

Sabendo-se que na comarca em que ocorreram os fatos existe um juizado especializado


em crimes de violência doméstica contra a mulher, na qualidade de delegado que
preside a investigação, represente pela medida cautelar cabível ao caso narrado.

Comentário da questão e sugestão de peça:

A questão versa sobre a violência doméstica que a companheira de Marcos José da Silva
sofre em razão de ações violentas perpetradas por este.

Veja que a prisão do investigado é medida por demais gravosa ao caso concreto e não
seria saudável para uma pessoa trabalhadora, que não possui antecedentes criminais,
adentrar ao cárcere.

Assim, o ideal seria decidir por uma medida cautelar diversa da prisão, que viesse a
coibir a reiteração criminosa da mesma natureza e em face da mesma pessoa.

Portanto, poder-se-ia representar pela medida prevista no inciso III, do art. 319, do
CPP:

III - proibição de manter contato com pessoa


determinada quando, por circunstâncias relacionadas
ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer
distante; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

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Essa medida cautelar respeita a proporcionalidade e atinge a finalidade de não


reiteração da atividade criminosa.

Quanto aos requisitos, a materialidade do delito está comprovada, uma vez que o crime
ocorreu e quanto a isso não há dúvidas. O autor do delito, apesar de ter negado em
sede policial, provavelmente é o marido da vítima. As provas testemunhais e o
depoimento da vítima corroboram a tese.

O requisito de cautelaridade presente nesse caso concreto seria o da garantia da ordem


pública. Ou seja, para garantir que não haja a reiteração criminosa por parte de Marcos
José em face de sua esposa, que após 8 (oito) meses de sofrimento denunciou o
agressor.

Definida a peça, vamos produzir.

Apenas um detalhe acerca do juízo competente para processar a demanda. O juízo seria
o especializado, isso foi mencionado na questão e deve ser levado em conta no
endereçamento da peça.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DO JUIZADO ESPECIALIZADO EM CRIMES DE


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA DA COMARCA DE _____________.

Ref. Inquérito policial n°. 412/2015

A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 282, §2°, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
vem, com o devido respeito e acatamento, à presença de Vossa Excelência, representar
pela decretação da medida cautelar de proibição de Marcos José da Silva manter contato
com Maria das Dores da Silva, prevista no art. 319, III, do CPP, pelos fundamentos de
fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

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Narram os autos do inquérito em epígrafe que o representando reiteradamente vem


cometendo crimes de violência doméstica em face de sua esposa, a qual relatou em
sede policial que há mais de 8 (oito) meses vem sofrendo agressões físicas e verbais,
fatos esses que foram confirmados por sua mãe e demais testemunhas que presenciam
os atos de violência.

Foi checado junto aos registros dos órgãos competentes que Marcos José da Silva possui
emprego fixo, com carteira assinada, e não registra outros antecedentes criminais.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

O crime ocorrido foi o de violência doméstica tipificado no §9°, do art. 129, do Código
Penal. Veja que o autor da violência prevaleceu-se da situação de coabitação para
cometer as lesões.

Assim, tipificado está o crime de lesão corporal do código penal conhecido como
violência doméstica.

2.2 Do cabimento

O crime acima tipificado possui pena privativa de liberdade cominada, motivo pelo qual
é cabível a decretação de qualquer medida cautelar diversa da prisão, nos termos do
art. 283, §1°, do CPP.

2.3 Dos requisitos cautelares

Os requisitos cautelares para o deferimento das medidas representadas são o fumus


comissi delicti e o periculum in mora.

Quanto ao primeiro, os fatos narrados comprovam que ocorreu violência doméstica em


face da vítima Maria das Dores da Silva e que esse fato foi cometido pelo seu
companheiro, o Sr. Marcos José da Silva, fatos esses comprovados por testemunhas
que convivem nas vizinhanças da residência da vítima.

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O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. No que diz respeito a ele, os
fatos acima narrados comprovam que a reiteração criminosa por parte do agressor é
algo provável, caso não seja decretada a medida de proibição de contato com Maria
das Dores da Silva.

Caso não seja deferida a referida medida, o risco de ocorrência de delitos da mesma
natureza é premente, dada a personalidade do agente e a reiterada prática que já vinha
ocorrendo.

Quanto à necessidade de prisão preventiva, a medida revela-se por demais gravosa ao


caso concreto, não sendo proporcional à finalidade que se pretende, ou seja, evitar a
reiteração criminosa.

Assim, nos termos do art. 282, II, do CPP, não se faz necessária a medida de
segregação da liberdade.

3. Do pedido

Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela decretação da medida cautelar de proibição de manter
contato com determinada pessoa, prevista no art. 319, III, do CPP, por ser a medida
de direito adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, após
as manifestações da parte contrária e do ilustre membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Delegacia Especializada em Proteção da Mulher
Matrícula.

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Questão 3: (Vinícius Silva)

Na delegacia de repressão a crimes contra a administração pública tramita o inquérito


de n° 980/2015, instaurado após ofício do Secretário Estadual de Segurança Pública,
em que este denuncia a ocorrência do crime de corrupção passiva no posto de
fiscalização da Polícia Rodoviária Estadual em Iguatu-CE.

O secretário em seu ofício relata que houve uma investigação administrativa e por meio
dela pode-se comprovar que o policial Antônio Brasil, do batalhão da Polícia Rodoviária
Estadual estava exigindo dos motoristas que passavam pelo posto de fiscalização
quantias que variavam de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 1.000,00 (um mil reais)
para liberar a passagem deles pelo referido posto, o que lhe rendia cerca de R$
20.000,00 (vinte mil reais) de renda extra mensalmente.

Algumas diligências foram efetuadas e pode-se comprovar que o referido policial


ostenta um patrimônio incompatível com seu salário.

O policial conta com 5 anos de serviço na Polícia Militar do estado do Ceará e nunca
havia cometido nenhum outro ilícito penal ou administrativo.

Na qualidade de delegado de polícia responsável pelo caso acima, represente ao juiz


pela medida cautelar cabível ao caso concreto narrado.

Comentário da questão e sugestão de peça:

A questão retrata uma prática corriqueira no dia a dia da atividade policial, que,
infelizmente, macula a imagem da instituição perante a sociedade.

O crime ocorrido é o de concussão, embora o Secretário tenha noticiado o crime de


corrupção passiva, o delegado de Polícia tem livre convencimento para entender qual a
conduta típica ocorrida.

A notitia criminis chegou ao conhecimento do delegado de polícia por meio de ofício


enviado pelo Secretário de Segurança Pública, após ter sido realizada investigação
administrativa. Ou seja, resta clara a materialidade e a autoria do delito, haja vista a
robusta prova trazida por meio do ofício do Secretário.

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Ademais, a prática delituosa tem de ser coibida e o afastamento do agente público é


suficiente para fazer cessar essa ação. A prisão seria por demais gravosa para o caso
concreto apresentado. Logo a maneira correta de proceder nesse caso seria representar
por uma medida cautelar diversa da prisão.

A medida de suspensão do exercício de função pública é uma medida salutar nesse


caso, pois ela acaba atingindo o problema que está sendo causado com a prática, que
é a exigência de valores indevidos, pois com o policial afastado de suas funções a
prática, em tese, não poderia ser reiterada, bem como você resguarda o agente público
do cárcere, uma vez que é altamente prejudicial ao caso concreto.

O fato de o policial ter cometido pela primeira vez ilícitos penais e ou administrativos
também reforçam a tese de que seria suficiente o afastamento cautelar de suas funções
públicas.

Quanto ao juízo competente, caso a prova mencionasse que há uma vara competente
para o processamento de crimes contra a fazenda pública, seria a este endereçada a
nossa peça, no entanto, a questão não menciona nada a respeito, tampouco foi exigido
o conhecimento da organização judiciária do DF, portanto, vamos representar ao juízo
comum criminal.

Definida a peça pela qual vamos representar, vamos produzir, de acordo com o modelo
já mencionado na aula anterior e já utilizado nas questões anteriores.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE IGUATU - CE.

Ref. Inquérito policial n°. 980/2015

A Polícia Civil do estado do Ceará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 282, §2°, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
vem, com o devido respeito e acatamento, à presença de Vossa Excelência, representar
pela decretação da medida cautelar de suspensão da função pública de Antônio Brasil,

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Policial Militar integrante do batalhão de policiamento rodoviário, pelos fundamentos de


fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Constam nos autos do inquérito em epígrafe, instaurado por meio de portaria de


instauração, após o recebimento de ofício da lavra do Secretário de Segurança Pública,
que o Policial Militar Antônio Brasil estava praticando, de acordo com os fatos, o crime
de concussão, ao exigir quantia em dinheiro de condutores de veículos que passavam
pelo posto de fiscalização sob sua responsabilidade.

Ficou apurado na investigação administrativa que o policial investigado não carrega


outros antecedentes e nunca havia sido processado administrativamente, tampouco
cometido irregularidades de qualquer natureza.

Ademais, ficou comprovado que o patrimônio de Antônio Brasil cresceu


demasiadamente nos últimos anos, sem a devida justificativa.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

De acordo com os fatos narrados na investigação administrativa da Polícia Militar, ficou


comprovado que o Policial Antônio Brasil exigia quantias em dinheiro dos motoristas
que trafegavam pelo trecho sob sua fiscalização, o que amolda-se ao tipo penal previsto
no art. 316, do CP, pois a exigência da quantia ocorria em razão da função pública
desempenhada pelo militar.

2.2 Do cabimento

O crime acima tipificado possui pena privativa de liberdade cominada de dois a oito
anos de reclusão, motivo pelo qual é cabível a decretação de qualquer medida cautelar
diversa da prisão, nos termos do art. 283, §1°, do CPP.

2.3 Dos requisitos cautelares

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Os requisitos cautelares para o deferimento das medidas representadas são o fumus


comissi delicti e o periculum in mora.

Quanto ao primeiro, a investigação administrativa, cujas principais peças seguem


anexas, mostram que a prática delituosa ocorreu, de fato e que a autoria delitiva
atribui-se ao policial militar Antônio Brasil.

O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. No que diz respeito a ele, os
fatos acima narrados comprovam que a reiteração criminosa por parte do agente
público é algo provável, caso não seja decretada a medida de suspensão da função
pública desempenhada.

Caso não seja deferida a referida medida, o risco de ocorrência de delitos da mesma
natureza é premente, dada a personalidade e número de ocorrências envolvendo o
investigado.

Quanto à necessidade de prisão preventiva, a medida revela-se por demais gravosa ao


caso concreto, não sendo proporcional à finalidade que se pretende, ou seja, evitar a
reiteração criminosa.

Assim, nos termos do art. 282, II, do CPP, não se faz necessária a medida de
segregação da liberdade.

3. Do pedido

Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela decretação da medida cautelar de suspensão da função
pública de policial militar de Antônio Brasil, integrante do batalhão de policiamento
rodoviário na cidade de Iguatu-CE, prevista no art. 319, VI, do CPP, por ser a medida
de direito adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, após
as manifestações da parte contrária e do ilustre membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.


Local, data.

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Delegado de Polícia
Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública
Matrícula.

Questão 4 (Vinícius Silva)

No dia 22 de abril de 2015 foi noticiado ao Delegado Plantonista da 15ª Delegacia de


Polícia na cidade de São Mateus, que João Lucas Monteiro, ex-marido de Maria Clara
Ferreira, por diversas vezes ameaçou o Alberto Rodrigues, que é artista autônomo e
ganha a vida tocando MPB nos barzinhos da cidade, atual namorado de Maria Clara,
afirmando que iria dar cabo de sua vida caso este último não ficasse longe de sua ex-
mulher.

Diante disse, o delegado de polícia decidiu ouvir os envolvidos e Alberto Rodrigues


afirmou que além das ameaças, também profere palavras de baixo calão que ofendem
a reputação de Alberto Rodrigues.

João, ao ser ouvido afirmou que se trata de uma questão pessoal, que é apaixonado
por Maria Clara e não admite que ela tenha outro homem em sua vida além que não
seja ele.

Maria Clara afirmou que seu relacionamento com João já vinha se desgastando há anos
e resolveu dar um rumo para sua vida, separando-se de João, e procurando um novo
amor, o que encontrou na pessoa de Alberto.

O delegado recomendou que Alberto afastasse-se de sua ex-mulher e procurasse


também dar um rumo para a sua vida.

No entanto, chegou ao conhecimento do delegado que João não resolveu obedecer aos
seus conselhos e agrediu Alberto no último dia 12/06/2015, chegando a lhe causar
lesões corporais, ocasião em que em luta corporal João quebrou o braço direito de
Alberto.

Alberto foi conduzido ao hospital e o médico atestou que ele teria de submeter-se a
uma pequena cirurgia e seu braço deveria ficar imobilizado durante 45 dias.

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Após isso, Alberto foi até a mesma delegacia em que havia prestado depoimento e
resolveu registrar um boletim de ocorrência, ocasião em que levou ao delegado todos
os exames médicos e atestados que lhe foram entregues por ocasião do atendimento
de urgência.

O delegado então por meio de portaria instaurou o inquérito policial de n° 503/2015.

Foram juntadas aos autos as folhas de antecedentes criminais de João onde não
constam registros anteriores, tampouco qualquer condenação por crime praticado com
violência ou não.

Assim, diante do exposto, na qualidade de Delegado de Polícia, represente ao juiz


competente pela medida cautelar cabível e necessária ao caso concreto em questão.
Não crie fatos novos.

Comentário e modelo de peça:

Essa questão retrata uma realidade comum no dia a dia das delegacias de polícia, que
são os crimes passionais, ocasião em que o delegado de polícia deve agir com muita
paciência e inteligência para não acabar mandando uma pessoa que não merece o
cárcere antecipadamente como forma de coibir a reiteração delituosa.

Nesse caso, como o autor das agressões não possui o crime como meio de vida,
tampouco antecedentes criminais, é possível concluir que uma medida cautelar diversa
da prisão é suficiente para fazer cessar a reiteração delituosa.

Vamos redigir uma peça endereçada ao juiz de direito da vara criminal, uma vez que
se trata de um crime de lesão corporal grave, pois a vítima está obrigada a passar mais
de 30 dias como braço imobilizado, o que a leva a incapacidade para suas funções
habituais por mais de 30 dias, o que configura o crime de lesões corporais de natureza
grave, de competência do juízo comum.

A medida em espécie que vamos representar será a medida cautelar de proibição de


manter contato com determinada pessoa, qual seja a própria vítima das agressões,
Alberto Rodrigues.

A adoção dessa medida deve estar contida tanto no preâmbulo, quanto no seu pedido.
Lembre-se deque a especificação da medida é de fundamental importância.

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Vamos à peça:

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE SÃO MATEUS.

Ref. Inquérito policial n°. 503/2015

A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 282, §2°, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
vem, com o devido respeito e acatamento, à presença de Vossa Excelência, representar
pela decretação da medida cautelar de proibição de manter contato com determinada
pessoa, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Constam nos autos do inquérito em epígrafe, que o representando João Lucas cometeu
crime de lesões corporais de natureza grave em face de Alberto Monteiro, por motivos
passionais, ocasião em que a vítima foi levada ao atendimento de urgência no hospital
da cidade e foi submetido à pequena cirurgia, que lhe rendeu 45 dias de imobilização
do braço quebrado por ação de João Lucas, que é músico e seu braço é imprescindível
para o seu labor.

O autor do crime já havia sido advertido por essa autoridade policial de suas possíveis
sanções caso insistisse em perturbar o relacionamento de sua ex-mulher com a vítima
das agressões.

João Lucas não possui antecedentes criminais e sua conduta social era digna de louvor,
até a ocasião aqui narrada.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa


De acordo com os fatos narrados na investigação, ficou comprovado que o João Lucas
praticou crime de lesão corporal de natureza grave, uma vez que por conta de sua ação
a vítima ficou impossibilitada de exercer seu labor por mais de 30(trinta) dias.

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2.2 Do cabimento

O crime acima tipificado possui pena privativa de liberdade cominada de um a cinco


anos de reclusão, motivo pelo qual é cabível a decretação de qualquer medida cautelar
diversa da prisão, nos termos do art. 283, §1°, do CPP.

2.3 Dos requisitos cautelares

Os requisitos cautelares para o deferimento das medidas representadas são o fumus


comissi delicti e o periculum in mora.

Quanto ao primeiro, os laudos médicos e exames realizados no hospital em que a vítima


foi atendida, cujas principais peças seguem anexas, mostram que a prática delituosa
ocorreu, de fato e que a autoria delitiva atribui-se a João Lucas.

O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. No que diz respeito a ele, os
fatos acima narrados comprovam que a reiteração criminosa por parte do agente
delituoso é algo provável, caso não seja decretada a medida de proibição de contato
com determinada pessoa.

Caso não seja deferida a referida medida, o risco de ocorrência de delitos da mesma
natureza é premente, dada a personalidade e as circunstâncias fáticas em meio às quais
se realizou o crime.

Quanto à necessidade de prisão preventiva, a medida revela-se por demais gravosa ao


caso concreto, não sendo proporcional à finalidade que se pretende, ou seja, evitar a
reiteração criminosa.

Assim, nos termos do art. 282, II, do CPP, não se faz necessária a medida de
segregação da liberdade.

3. Do pedido

Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela decretação da medida cautelar de proibição do Sr. João
Lucas manter contato com Alberto Rodrigues, prevista no art. 319, III, do CPP, por ser
a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação

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exposta, após as manifestações da parte contrária e do ilustre membro do Ministério


Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.
Delegado de Polícia da 15ª Delegacia
Matrícula.

Espero que esteja satisfazendo as suas expectativas. Mantenha-se firma na luta e na


perseguição do seu objetivo.

Abraços.

Bons Estudos.

Prof. Vinícius Silva.

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