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Vinícius
Silva.
Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com
Correção - Pós-Edital
Autores:
Fernando Bezerra, Ivo Martins,
Vinicius Silva
Aula 03 - Prof. Vinícius Silva.
30 de Abril de 2020
Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva
Aula 03 - Prof. Vinícius Silva.
Sumário
1. Apresentação ................................................................................................................. 2
2. Aspectos teóricos acerca das medidas cautelares diversas da prisão ............................. 2
3. Representação por medida cautelar diversa da prisão ................................................. 13
3.1 Legitimação................................................................................................................ 13
3.2 Fundamentos de fato ou Fatos ................................................................................... 14
3.3 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 15
3.4. Pedido ...................................................................................................................... 18
4. Modelo de representação por medida cautelar diversa da prisão ................................ 19
4.1 Endereçamento.......................................................................................................... 19
4.2 Preâmbulo ................................................................................................................. 20
4.3 Fatos .......................................................................................................................... 21
4.4 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 22
4.5 Do Pedido. ................................................................................................................. 23
5. Questões comentadas.................................................................................................. 27
1. APRESENTAÇÃO
O nosso curso continua falando nessa aula sobre medidas cautelares de natureza
pessoal. Finalizaremos nela as medidas cautelares pessoais, que são as mais cotadas
para estarem em sua prova (prisões é a minha aposta).
A cautelar de hoje é muito boa e pode ser perfeitamente cobrada em prova, pois se
trata de uma novidade legislativa, prevista na Lei n° 12.403/2011, que trouxe muitas
alterações na sistemática das prisões cautelares e liberdade provisória, como também
um rol de medidas cautelares diversas da prisão.
A lei acima nos remete ao raciocínio de que a prisão passa a ser a ultima ratio,
quando o assunto são medidas cautelares. Ou seja, você, na qualidade de delegado de
polícia, vai pensar na prisão apenas após verificar que as medidas cautelares diversas
dela são insuficientes ou ineficazes.
As medidas são reguladas no próprio código de processo penal, nos arts. 282, 319
e 320. Vamos abordar aspectos teóricos sobre as medidas e trabalhar com as principais
dicas de produção da peça.
Ressalto que não se trata de uma medida cautelar complexa, ela se parece muito com
a representação por prisão preventiva, pois ela vem substituir essa espécie de
prisão. Assim, os requisitos para a medida são muito próximos.
A primeira coisa que deve ser dita a respeito dessas medidas, é que se tratam de
medidas cautelares de natureza pessoal, pois atingem a esfera da pessoa do
investigado/indiciado.
As medidas cautelares diversas da prisão estão previstas nos arts. 319 e 320 e vieram
para o processo penal de modo a garantir que a prisão seja a ultima ratio, no que diz
respeito a cautelares.
A lei 12.403/2011 foi a responsável pela introdução no código de processo penal dessas
medidas e seu regramento acabou com a antiga bipolaridade que havia no processo
penal, quando o assunto eram as cautelares.
Antes da referida lei, havia duas possibilidades, que eram a prisão cautelar e a
liberdade provisória, com ou sem fiança. No entanto, após a edição da referida lei
o juiz poderá decretar a prisão cautelar ou a liberdade provisória com ou sem fiança,
cumulada com outra medida cautelar.
Essa última previsão foi a inovação da lei e acabou com a velha bipolaridade das
cautelares.
Outro ponto relevante é o fato de que as medidas cautelares diversas da prisão podem
servir como instrumento de contracautela ou de cautela, pois podem substituir
uma prisão em flagrante ou preventiva, por exemplo, ocasião em que estarão tendo
natureza de contracautela; ou podem ser decretadas em face de um investigado
solto, momento em que estarão servindo de instrumento de cautela.
O poder geral de cautela é previsto no processo civil e através dele o juiz pode
conceder qualquer medida cautelar inominada que tenha finalidade cautelar, ou seja,
de resguardar um direito.
A doutrina se divide quanto a esse tema, mas podemos garantir que a melhor posição
a ser adotada em concursos policiais é a já pacificada no STF e STJ, de que é possível
que o juiz admita uma cautelar não prevista em lei, desde que essa medida
não seja mais gravosa que a prisão.
O primeiro requisito se dá da mesma forma com que estudamos nas aulas de prisão,
notadamente na aula de prisão preventiva, ou seja, a prova da existência do crime
Veja que em relação à materialidade, devemos ter a certeza de que ele aconteceu.
Doutra banda, em relação à autoria, precisamos apenas de prova semiplena, indícios
suficientes de autoria. Em relação ao art. 312 trazer o regramento para a prisão
preventiva, não há óbice na sua utilização em casos de medidas cautelares diversas.
Nesse ponto você vai ter que ter “feeling” de delegado de polícia, pois diante do
caso concreto vai verificar que a liberdade do acusado vai gerar problemas, pois ela
pode ocasionar a reiteração criminosa, a inconveniência da instrução criminal
ou vai dificultar a aplicação da lei penal.
Esses requisitos estão previstos tanto para a preventiva quanto para uma cautelar
diversa da prisão.
Quanto ao cabimento, você deve ficar ligado, pois temos uma diferença muito
importante em relação à preventiva. Você deve estar lembrando que na representação
por preventiva, ela é cabível nos casos especificados no art. 313, do CPP, onde o
legislador prevê uma série de situações em que cabe a preventiva.
Ou seja, eis aqui uma grande diferença entre a preventiva e as cautelares diversas da
prisão.
Portanto, quanto ao cabimento, cuidado com essa pegadinha, pois aqui estamos diante
de uma distinção relevante. Veja ainda que você vai interpretar o art. 283, §1º a
contrário sensu.
Para suprir essa lacuna, o juiz pode decretar a proibição de frequentar estádios de
futebol, cumulada com a monitoração eletrônica ou o recolhimento a domiciliar
noturno e nos dias de folga, que são geralmente, os dias e horários em que
ocorrem os jogos.
As duas medidas cumuladas surtem muito mais efeito e a fiscalização por parte do
Estado se torna mais eficaz.
Professor, e no caso de
internação provisória do
investigado?
OBS.1:
A internação provisória é a única medida cautelar que não pode ser decretada em
cumulação com outra medida, uma vez que o investigado/indiciado terá sua liberdade
cerceada, não podendo haver cumulação com outra medida, por razões óbvias.
OBS.2:
(...)
Outro fato importante a ser ressaltado nesse ponto é a reserva de jurisdição a que
estão sujeitas as medidas cautelares diversas da prisão, ou seja, não pode o delegado,
de ofício, determinar qualquer das medidas cautelares do art. 319 e 320, do CPP.
Ou seja, em uma prova discursiva, tome muito cuidado com a generalização, pois a
fiança pode ser decretada pelo delegado de polícia nos seguintes casos:
OBS.:
Veja que o contraditório prévio é a regra, mas que admite exceções, que são os casos
urgentes ou em que se corre o risco de ineficácia da medida.
Por fim, um último aspecto teórico importante acerca das medidas cautelares é que
elas podem ser substituídas por outras, reforçadas ou substituídas por prisão
preventiva.
No entanto, não há muita relevância para nós que estamos estudando para concurso
de delegado de polícia, pois a autoridade policial não está entre os legitimados para
requerer esse reforço ou substituição.
Veja que a lei menciona que apenas o juiz, de ofício, ou mediante requerimento do MP,
poderá tomar as medidas acima.
Para finalizar esse tópico vamos mencionar as medidas cautelares previstas no CPP.
Lembrando-se de que, de acordo com o poder geral de cautela, pode o juiz deferir
medida cautelar não prevista em lei, desde que seja menos gravosa que a prisão.
Eis o rol:
Esse é o rol taxativo, embora não exaustivo das 10(dez) medidas cautelares
diversas da prisão que podem ser adotadas pelo juiz no decorrer da persecução penal,
de modo a assegurar a efetividade do processo e a execução da própria sentença penal
condenatória que vier a ser prolatada em face do acusado.
3.1 LEGITIMAÇÃO
A legitimação para representar por essa medida está consubstanciada no art. 282, §2°,
do CPP. Vejamos:
Aqui é a mesma coisa das aulas anteriores e das seguintes aulas também, acostume-
se a resumir ou parafrasear um texto. Sugiro a você algumas técnicas de resumo de
textos, que você encontra em um bom livro de produção textual.
Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre destacando
aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação jurídica.
Lembre-se de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser repetitivo em
relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena utilizar a regrinha da
resposta às perguntas abaixo:
O que?
Quem?
Quando? ACONTECEU
Onde?
Por que?
Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem objetivo, sua
narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação dessa parte estará
garantida.
Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até quando estiver
contando uma história a algum colega.
Vale a pena mencionar os fatos que vão tornar a sua medida cabível, ou seja,
se é um indivíduo que atua em torcidas organizadas e você vai representar
pela proibição de acesso aos estádios, vale a pena mencionar os fatos que o
levarão a representar por essa medida.
Isso é importante ressaltar nos fatos, pois é a partir daí que você vai motivar
a desnecessidade da prisão e a suficiência de uma medida cautelar diversa da
prisão.
A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar mais pontos, nela
você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a medida cautelar pela qual
representa.
A primeira será relativa à prática delituosa, na qual você vai tipificar o crime. Aqui
você mostrará que sabe identificar o crime que ocorreu em meio à historinha que foi
contada no enunciado. Existem provas, como a da PCDF de 2009, DPF – 2013, PCDF
- 2015, em que você deveria tipificar a conduta de cada um dos envolvidos, portanto
é de suma importância saber qual crime ocorreu.
Na prova do Pará, o próprio edital já trouxe de forma expressa que haverá pontuação
para a tipificação da conduta.
Algumas provas já afirmam no enunciado o crime que ocorreu, o que torna a sua tarefa
mais simples nesse ponto.
Lembre-se de que o artigo do código que lhe dá fundamento para tanto é o seguinte:
(art. 283, §1°)
Se você conseguir memorizar o dispositivo acima isso valorizará muito a sua peça.
Devemos mostrar que está presente a justa causa, ou seja, que o crime ocorreu, ou
seja, que está comprovada a materialidade delitiva, bem como há indícios de
autoria que permitem atribui-la ao representando.
Essa é a plausibilidade do bom direito no que diz respeito à persecução penal. Aqui
a ideia é bem parecida com as representações por prisão. Se você aprendeu bem a
parte de requisitos cautelares da prisão, a ideia é a mesma.
Veja que além dos requisitos de cautelaridade previstos na prisão, devemos adequar a
medida à gravidade do crime. Por exemplo, não é plausível decretar a prisão preventiva
de um indivíduo acusado pelo crime de ameaça, em tese, quando ele possua trabalho
e residência fixa, bons antecedentes, etc.
Nesse caso, acredito que uma medida adequada seria a proibição de manter contato
com determinada pessoa, etc.
3.4. PEDIDO
Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua peça, ele possui
uma peculiaridade básica em relação aos demais.
A base é a mesma; você vai representar ao juiz pela decretação da medida cautelar
específica ao caso concreto. Veja que é importante memorizá-las, pois no seu pedido
você terá de especificar a medida pela qual representa, não é interessante mencionar
que representa por medida cautelar diversa da prisão, genericamente.
O correto seria você mencionar por qual medida representa, até porque a sua
fundamentação terá sido toda baseada na medida cautelar pela qual você vai dar o
fecho na peça. Além do que você já vai ter mencionado ela no início da peça.
As medidas cautelares, em tese, não possuem prazo fixado no CPP e devem ser
mantidas até ulterior deliberação do juiz, de ofício, a requerimento do MP ou mediante
representação da autoridade policial.
Fora isso, você vai ter que se ligar na medida pela qual você está representando, pois
pode haver necessidade de oficiar a algum órgão. O exemplo mais comum é a
suspensão de função pública. É claro que nessa hipótese você terá de enviar ofício para
o respectivo órgão comunicando a decisão judicial para que sejam realizados os
expedientes necessários.
Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. É uma
representação simples e a fundamentação está totalmente no CPP, basta fundamentar
com base nesses dispositivos legais, adequando sempre ao que foi dito a respeito dos
aspectos mais importantes.
4.1 ENDEREÇAMENTO
Aqui é aquele básico de competência. Recomendo que se você tiver dúvida, volte para
a parte de processo penal, onde se estuda a competência no CPP, pois lá estarão bem
claras as principais regras para identificar o juízo competente.
Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for mencionado isso no
enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em branco, para não perder pontos e
nem ser prejudicado totalmente com uma possível identificação de prova.
4.2 PREÂMBULO
Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 2, e vai fazer
referência ao inquérito policial no bojo do qual se motiva a representação por essa
medida.
Lembrando que você não pode inventar um número de inquérito, mencione número
apenas se for mencionado no enunciado, o que eu acredito que será feito, pois a prova
tende a ser bem especifica quanto aos fatos narrados no enunciado, haverá até
pontuação para a narrativa de fatos. Caso contrário, deixe o bom e velho espaço em
branco.
A ideia de memorizar o rol de medidas do art. 319 é para que o seu preâmbulo fique
caprichado e bem específico, pois isso vai mostrar conhecimento e já lhe dará
credibilidade com o examinador.
Não há muitos detalhes no preâmbulo dessa medida, lembre-se sempre que deve
constar nele o dispositivo legal que lhe dá a legitimidade para representar pela medida.
4.3 FATOS
Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, você vai ser
medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não negligencie esse ponto, pois
o examinador pode já não gostar muito da sua peça, caso os fatos não sejam
corretamente narrados, de forma concisa e escorreita.
Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo. Responder àquelas
perguntas que já mencionei anteriormente pode ser um bom norte a ser seguido.
Na peça de medida cautelar diversa da prisão você vai se deparar com fatos
que fortalecem a tese de que a prisão é algo extremamente gravoso e
desproporcional ao caso concreto, que pode ser resolvido com a decretação de uma
monitoração eletrônica, uma proibição de manter contato com determinada pessoa ou
com outra medida cautelar específica ao caso.
Isso você vai ter que verificar bem nos fatos para entender as dicas do enunciado. Esses
fatos você tem que mencionar na sua narrativa, outros fatos menos relevantes não
precisam ser mencionados, caso contrário a sua peça vai ficar muito “copiada” nesse
ponto e o ideal é mostrar originalidade.
Lembre-se de que você não pode inventar fatos, isso é terminantemente proibido,
sob pena de ter a peça “zerada” pela identificação da prova.
Você deve tipificar o crime sob investigação, mencionando inclusive a conduta de cada
indivíduo, caso se trate de um concurso de agentes. Lembre-se de que algumas provas
mencionam no próprio enunciado a solicitação da correta tipificação dos crimes
cometidos por cada um dos personagens da historinha, mas mesmo que não haja essa
menção, entendo que essa tipificação deve fazer parte da sua fundamentação.
No cabimento você deve mencionar que o crime sob investigação possui pena privativa
de liberdade cominada, o que possibilita a decretação da medida cautelar diversa da
prisão pela qual se representa, nos termos do art. 282, §1°. Mencionar esse dispositivo
legal lhe dará pontos valiosos.
Conforme visto acima você vai demonstrar que a medida é necessária e proporcional,
com base no art. 282, I e II, do CPP.
4.5 DO PEDIDO.
No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida sempre de forma
objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de polícia representa e não requer,
quem requer é o membro do MP.
Lembre-se de que essa é a regra, mas o próprio CPP prevê exceções caso seja inviável
a referida intimação. A prisão é o exemplo mais comum em que a intimação do
investigado/indiciado frustra o sucesso da diligência.
Assim, diante das informações acima, segue um modelo de pedido bem sucinto e direto.
Local, data.
Delegado de Polícia
Matrícula.
A Polícia Civil do estado do ____________, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 282, §2°, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
vem, com o devido respeito e acatamento, à presença de Vossa Excelência, representar
pela decretação da medida cautelar de (especificar a medida cautelar diversa da prisão),
prevista no art. 319, (indicar o inciso do art. 319) ou 320, do CPP, pelos fundamentos de
fato e de direito que a seguir passa a expor:
1. Dos fatos
2.2 Do cabimento
“O crime acima tipificado possui pena privativa de liberdade cominada, motivo pelo qual
é cabível a decretação de qualquer medida cautelar diversa da prisão, nos termos do art.
283, §1°,do CPP.”
Quanto ao primeiro, basta mostrar que o crime existe, ou seja, que a materialidade
delitiva se encontra devidamente comprovada, bem como que possui fortes indícios de
autoria ou participação.
O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. Você deverá demonstrar ao
examinador na sua peça que existe um forte perigo para a investigação ou para a vítima
ou para a prova caso a medida não seja deferida. Veja como ficaria um exemplo de
periculum:
“No que diz respeito ao periculum libertatis, os fatos acima narrados comprovam que a
reiteração criminosa por parte do auditor é algo provável, caso não seja decretada a
medida de afastamento de suas funções, pois já vinha praticando o crime de facilitação
de contrabando ou descaminho há alguns meses”.
Por outro lado, a decretação da prisão é algo por demais gravoso e desproporcional ao
caso concreto em tela, tendo em vista os antecedentes e a vida pregressa do investigado.
A prisão é algo que descabido em relação à gravidade concreta do crime e as
consequências do cárcere, sob a nova égide da lei 12.403/11.
3. Do pedido
Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela decretação da medida cautelar de (especificar aqui a
medida cautelar pela qual representa), por ser a medida de direito adequada ao caso
conforme se demonstra na fundamentação exposta, após as manifestações da parte
contrária e a oitiva do ilustre membro do Ministério Público.
Local, data.
Delegado de Polícia
Matrícula.
Essa aula não possui questões de provas anteriores, nem adaptadas, portanto,
as questões apresentadas são originalmente produzidas e criadas pelo Prof.
Vinícius Silva, o que eleva o nosso curso a uma condição de mais originalidade
ainda.
5. QUESTÕES COMENTADAS
João Valentão está sendo investigado pelo 5° Distrito Policial através do TCO
de n° 735/2015, que foi instaurado mediante portaria do delegado titular,
após diversas denúncias anônimas dando conta de que o investigado
constantemente envolve-se em brigas de torcidas organizadas.
Foi apurado até então que João Valentão é membro da torcida organizada
Terror Tricolor e em dias de jogos do Tricolor Futebol Clube vai aos estádios
com a intenção de procurar desavenças, principalmente com torcedores da
torcida Amor Alvinegro.
Considerando que João Valentão foi indiciado pelos crimes acima citados, na
qualidade de delegado de polícia que conduz as investigações, represente ao
juiz competente pela medida cautelar cabível ao caso acima.
Bom, a questão acima foi criada com base em uma prática muito comum no dia a dia
das grandes metrópoles que são as brigas entre torcidas organizadas.
Veja que a prisão preventiva de João é uma medida muito severa, uma vez que o que
se visa com a medida cautelar apenas que o investigado não volte a delinquir
em estádios de futebol, até por que diante de seus antecedentes, não se trata de um
criminoso contumaz, que costuma cometer crimes violentos no seu dia a dia.
O que consta em face dele são apenas vários boletins de ocorrência dando conta dos
crimes praticados em dias de jogos de futebol.
No entanto, apenas a proibição pode não ser suficiente para a eficácia da medida. Então
o ideal seria além da proibição de acesso aos estádios, cumular com o recolhimento
domiciliar em dias de jogos, pois ele pode delinquir nos locais de concentração de
torcedores, como bares e churrascarias. Essas duas medidas devem ser monitoradas
eletronicamente, sob pena de não surtirem o efeito desejado. Quanto à cumulação, não
há vedação legal, muito pelo contrário, o que existe é uma previsão de cumulatividade,
sempre que necessário, tudo isso nos termos do art. 282, §1°.
Quanto à competência não há dificuldades, mas tenha muito cuidado com a pegadinha,
pois a questão menciona que os crimes cometidos são todos oriundos de ocasiões
ligadas à realização de jogos de futebol em estádios, a tipificação correta seria então
a do crime previsto no art. 41-B, do Estatuto do Torcedor, com pena máxima de
2 (dois) anos, o que nos levaria a representar perante o juiz do juizado especial
criminal da comarca.
No pedido não se esqueça de que você vai pedir pelas três medidas, ou seja, terá de
mencionar todas, tanto no preâmbulo quanto no pedido, para demonstrar
conhecimento.
Você terá ainda que ouvir o indiciado e o ministério público antes da decisão do juiz,
fato esse que deverá ser mencionado também no pedido da sua peça.
Fora essa particularidade a peça segue o padrão explicitado na parte teórica da aula.
Vamos à peça.
A Polícia Civil do estado do Pará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado,
no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art.
282, §2°, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem
assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o
qual está prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento, à presença
de Vossa Excelência, representar pela decretação das seguintes medidas cautelares:
previstas no art. 319, do CPP, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa
a expor.
1. Dos fatos
Foi constatado que João é membro de torcida organizada, a Terror Tricolor e que,
segundo relato do presidente, o referido membro foi desligado da torcida após verificar
que seu comportamento não estava de acordo com os padrões estatutários.
João Valentão foi indiciado pelos crimes de dano, rixa e lesão corporal leve no bojo do
inquérito em epígrafe, não contando em face dele qualquer condenação anterior a título
de antecedentes criminais.
O campeonato brasileiro de futebol está em vias de ser iniciado e o time de João está
classificado para jogar a primeira divisão.
2.2 Do cabimento
Os crimes acima tipificados possuem pena privativa de liberdade cominada, motivo pelo
qual é cabível a decretação de qualquer medida cautelar diversa da prisão, nos termos
do art. 283, §1°, do CPP.
2.3 Dos requisitos cautelares
O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. No que diz respeito a ele, os
fatos acima narrados comprovam que a reiteração criminosa por parte do torcedor é
algo provável, caso não seja decretada a medida de proibição de acesso aos estádios
de futebol, bem como o recolhimento domiciliar em dias de jogos do seu time, cumulado
com a monitoração eletrônica.
Caso não seja deferida a referida medida, o risco de ocorrência de delitos da mesma
natureza é premente, dada a personalidade e número de ocorrências envolvendo o
investigado.
Assim, nos termos do art. 282, II, do CPP, não se faz necessária a medida de
segregação da liberdade.
3. Do pedido
Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela decretação das seguintes medidas cautelares:
c) monitoração eletrônica;
previstas no art. 319, do CPP, por serem as medidas de direito adequadas ao caso
conforme se demonstra na fundamentação exposta, após as manifestações da parte
contrária e do ilustre membro do Ministério Público.
Local, data.
Delegado de Polícia
Matrícula.
Veja que foi uma peça parecida com a representação por prisão preventiva. Na vida
prática em casos de crimes de menor potencial ofensivo será muito comum esse tipo
de representação.
O inquérito foi instaurado por meio de portaria após denúncia de sua companheira, a
Sra. Maria das Dores da Silva, a qual foi até o distrito policial especializado e narrou
que vem sofrendo ameaças e lesões sucessivas de seu companheiro, uma vez que ele
é viciado em álcool e todos os sábados quando chega a casa profere palavras de baixo
calão em sua direção com a finalidade de ofender a moral e dignidade da Sra. Maria.
Por vezes a Sra. Maria das Dores sofre lesões de natureza leve e tem de se refugiar na
casa de sua mãe que mora na mesma rua. Ela confirmou que essa situação já vem se
arrastando há 8(oito) meses e disse não aguentar mais tantas agressões e não
abandona o lar por conta dos dois filhos que tem.
Alguns vizinhos foram ouvidos, assim como a mãe da vítima, e todos confirmaram a
versão dos fatos narrada por Maria das Dores.
O autor das agressões foi ouvido nesse distrito e negou a versão de sua companheira,
afirmando que nunca levantou a mão para ela e a trata bem. Porém confirmou que é
alcoólatra e muito ciumento.
Sua folha de antecedentes foi juntada aos autos do apuratório e nada foi constatado
em face de Marcos José. Cópia da carteira de trabalho dele também foi juntada aos
autos e pode-se comprovar que ele possui trabalho fixo em uma fábrica de calçados na
região metropolitana da cidade em que vive.
A questão versa sobre a violência doméstica que a companheira de Marcos José da Silva
sofre em razão de ações violentas perpetradas por este.
Veja que a prisão do investigado é medida por demais gravosa ao caso concreto e não
seria saudável para uma pessoa trabalhadora, que não possui antecedentes criminais,
adentrar ao cárcere.
Assim, o ideal seria decidir por uma medida cautelar diversa da prisão, que viesse a
coibir a reiteração criminosa da mesma natureza e em face da mesma pessoa.
Portanto, poder-se-ia representar pela medida prevista no inciso III, do art. 319, do
CPP:
Quanto aos requisitos, a materialidade do delito está comprovada, uma vez que o crime
ocorreu e quanto a isso não há dúvidas. O autor do delito, apesar de ter negado em
sede policial, provavelmente é o marido da vítima. As provas testemunhais e o
depoimento da vítima corroboram a tese.
Apenas um detalhe acerca do juízo competente para processar a demanda. O juízo seria
o especializado, isso foi mencionado na questão e deve ser levado em conta no
endereçamento da peça.
A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 282, §2°, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
vem, com o devido respeito e acatamento, à presença de Vossa Excelência, representar
pela decretação da medida cautelar de proibição de Marcos José da Silva manter contato
com Maria das Dores da Silva, prevista no art. 319, III, do CPP, pelos fundamentos de
fato e de direito que a seguir passa a expor.
1. Dos fatos
Foi checado junto aos registros dos órgãos competentes que Marcos José da Silva possui
emprego fixo, com carteira assinada, e não registra outros antecedentes criminais.
O crime ocorrido foi o de violência doméstica tipificado no §9°, do art. 129, do Código
Penal. Veja que o autor da violência prevaleceu-se da situação de coabitação para
cometer as lesões.
Assim, tipificado está o crime de lesão corporal do código penal conhecido como
violência doméstica.
2.2 Do cabimento
O crime acima tipificado possui pena privativa de liberdade cominada, motivo pelo qual
é cabível a decretação de qualquer medida cautelar diversa da prisão, nos termos do
art. 283, §1°, do CPP.
O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. No que diz respeito a ele, os
fatos acima narrados comprovam que a reiteração criminosa por parte do agressor é
algo provável, caso não seja decretada a medida de proibição de contato com Maria
das Dores da Silva.
Caso não seja deferida a referida medida, o risco de ocorrência de delitos da mesma
natureza é premente, dada a personalidade do agente e a reiterada prática que já vinha
ocorrendo.
Assim, nos termos do art. 282, II, do CPP, não se faz necessária a medida de
segregação da liberdade.
3. Do pedido
Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela decretação da medida cautelar de proibição de manter
contato com determinada pessoa, prevista no art. 319, III, do CPP, por ser a medida
de direito adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, após
as manifestações da parte contrária e do ilustre membro do Ministério Público.
Local, data.
Delegado de Polícia
Delegacia Especializada em Proteção da Mulher
Matrícula.
O secretário em seu ofício relata que houve uma investigação administrativa e por meio
dela pode-se comprovar que o policial Antônio Brasil, do batalhão da Polícia Rodoviária
Estadual estava exigindo dos motoristas que passavam pelo posto de fiscalização
quantias que variavam de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 1.000,00 (um mil reais)
para liberar a passagem deles pelo referido posto, o que lhe rendia cerca de R$
20.000,00 (vinte mil reais) de renda extra mensalmente.
O policial conta com 5 anos de serviço na Polícia Militar do estado do Ceará e nunca
havia cometido nenhum outro ilícito penal ou administrativo.
A questão retrata uma prática corriqueira no dia a dia da atividade policial, que,
infelizmente, macula a imagem da instituição perante a sociedade.
O fato de o policial ter cometido pela primeira vez ilícitos penais e ou administrativos
também reforçam a tese de que seria suficiente o afastamento cautelar de suas funções
públicas.
Quanto ao juízo competente, caso a prova mencionasse que há uma vara competente
para o processamento de crimes contra a fazenda pública, seria a este endereçada a
nossa peça, no entanto, a questão não menciona nada a respeito, tampouco foi exigido
o conhecimento da organização judiciária do DF, portanto, vamos representar ao juízo
comum criminal.
Definida a peça pela qual vamos representar, vamos produzir, de acordo com o modelo
já mencionado na aula anterior e já utilizado nas questões anteriores.
A Polícia Civil do estado do Ceará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 282, §2°, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
vem, com o devido respeito e acatamento, à presença de Vossa Excelência, representar
pela decretação da medida cautelar de suspensão da função pública de Antônio Brasil,
1. Dos fatos
2.2 Do cabimento
O crime acima tipificado possui pena privativa de liberdade cominada de dois a oito
anos de reclusão, motivo pelo qual é cabível a decretação de qualquer medida cautelar
diversa da prisão, nos termos do art. 283, §1°, do CPP.
O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. No que diz respeito a ele, os
fatos acima narrados comprovam que a reiteração criminosa por parte do agente
público é algo provável, caso não seja decretada a medida de suspensão da função
pública desempenhada.
Caso não seja deferida a referida medida, o risco de ocorrência de delitos da mesma
natureza é premente, dada a personalidade e número de ocorrências envolvendo o
investigado.
Assim, nos termos do art. 282, II, do CPP, não se faz necessária a medida de
segregação da liberdade.
3. Do pedido
Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela decretação da medida cautelar de suspensão da função
pública de policial militar de Antônio Brasil, integrante do batalhão de policiamento
rodoviário na cidade de Iguatu-CE, prevista no art. 319, VI, do CPP, por ser a medida
de direito adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, após
as manifestações da parte contrária e do ilustre membro do Ministério Público.
Delegado de Polícia
Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública
Matrícula.
João, ao ser ouvido afirmou que se trata de uma questão pessoal, que é apaixonado
por Maria Clara e não admite que ela tenha outro homem em sua vida além que não
seja ele.
Maria Clara afirmou que seu relacionamento com João já vinha se desgastando há anos
e resolveu dar um rumo para sua vida, separando-se de João, e procurando um novo
amor, o que encontrou na pessoa de Alberto.
No entanto, chegou ao conhecimento do delegado que João não resolveu obedecer aos
seus conselhos e agrediu Alberto no último dia 12/06/2015, chegando a lhe causar
lesões corporais, ocasião em que em luta corporal João quebrou o braço direito de
Alberto.
Alberto foi conduzido ao hospital e o médico atestou que ele teria de submeter-se a
uma pequena cirurgia e seu braço deveria ficar imobilizado durante 45 dias.
Após isso, Alberto foi até a mesma delegacia em que havia prestado depoimento e
resolveu registrar um boletim de ocorrência, ocasião em que levou ao delegado todos
os exames médicos e atestados que lhe foram entregues por ocasião do atendimento
de urgência.
Foram juntadas aos autos as folhas de antecedentes criminais de João onde não
constam registros anteriores, tampouco qualquer condenação por crime praticado com
violência ou não.
Essa questão retrata uma realidade comum no dia a dia das delegacias de polícia, que
são os crimes passionais, ocasião em que o delegado de polícia deve agir com muita
paciência e inteligência para não acabar mandando uma pessoa que não merece o
cárcere antecipadamente como forma de coibir a reiteração delituosa.
Nesse caso, como o autor das agressões não possui o crime como meio de vida,
tampouco antecedentes criminais, é possível concluir que uma medida cautelar diversa
da prisão é suficiente para fazer cessar a reiteração delituosa.
Vamos redigir uma peça endereçada ao juiz de direito da vara criminal, uma vez que
se trata de um crime de lesão corporal grave, pois a vítima está obrigada a passar mais
de 30 dias como braço imobilizado, o que a leva a incapacidade para suas funções
habituais por mais de 30 dias, o que configura o crime de lesões corporais de natureza
grave, de competência do juízo comum.
A adoção dessa medida deve estar contida tanto no preâmbulo, quanto no seu pedido.
Lembre-se deque a especificação da medida é de fundamental importância.
Vamos à peça:
A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 282, §2°, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
vem, com o devido respeito e acatamento, à presença de Vossa Excelência, representar
pela decretação da medida cautelar de proibição de manter contato com determinada
pessoa, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.
1. Dos fatos
Constam nos autos do inquérito em epígrafe, que o representando João Lucas cometeu
crime de lesões corporais de natureza grave em face de Alberto Monteiro, por motivos
passionais, ocasião em que a vítima foi levada ao atendimento de urgência no hospital
da cidade e foi submetido à pequena cirurgia, que lhe rendeu 45 dias de imobilização
do braço quebrado por ação de João Lucas, que é músico e seu braço é imprescindível
para o seu labor.
O autor do crime já havia sido advertido por essa autoridade policial de suas possíveis
sanções caso insistisse em perturbar o relacionamento de sua ex-mulher com a vítima
das agressões.
João Lucas não possui antecedentes criminais e sua conduta social era digna de louvor,
até a ocasião aqui narrada.
2.2 Do cabimento
O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. No que diz respeito a ele, os
fatos acima narrados comprovam que a reiteração criminosa por parte do agente
delituoso é algo provável, caso não seja decretada a medida de proibição de contato
com determinada pessoa.
Caso não seja deferida a referida medida, o risco de ocorrência de delitos da mesma
natureza é premente, dada a personalidade e as circunstâncias fáticas em meio às quais
se realizou o crime.
Assim, nos termos do art. 282, II, do CPP, não se faz necessária a medida de
segregação da liberdade.
3. Do pedido
Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela decretação da medida cautelar de proibição do Sr. João
Lucas manter contato com Alberto Rodrigues, prevista no art. 319, III, do CPP, por ser
a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação
Local, data.
Delegado de Polícia da 15ª Delegacia
Matrícula.
Abraços.
Bons Estudos.