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Aula 02 - Prof.

Vinícius
Silva
Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com
Correção - Pós-Edital

Autores:
Fernando Bezerra, Ivo Martins,
Vinicius Silva
Aula 02 - Prof. Vinícius Silva
26 de Abril de 2020
Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva
Aula 02 - Prof. Vinícius Silva

Sumário
1. Apresentação ................................................................................................................. 2
2. Representação por Prisão Temporária ........................................................................... 3
2.1 Legitimação.................................................................................................................. 6
2.2 Fundamentos de fato ou Fatos ..................................................................................... 7
2.3 Fundamentos jurídicos ................................................................................................. 8
2.3.1 Cabimento ou admissibilidade .................................................................................. 8
2.4. Pedido ...................................................................................................................... 17
3. Modelo de representação por prisão temporária ......................................................... 21
3.1 Endereçamento.......................................................................................................... 21
3.2 Preâmbulo ................................................................................................................. 22
3.3 Fatos .......................................................................................................................... 23
3.4 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 23
3.5 Do Pedido. ................................................................................................................. 23
4. Questões de prova ....................................................................................................... 27
4.1 Comentário e modelo de peça proposto. ................................................................... 28

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1. APRESENTAÇÃO

Olá futuro Delegado de Polícia,

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a você pela confiança no nosso trabalho. Se


você depositou esse crédito no meu curso de peças práticas e questões discursivas pode
ter certeza de que fez uma ótima escolha e provavelmente, caso siga todas as
instruções do curso, obterá uma excelente nota na sua peça prática.

Na aula de hoje, vamos continuar estudando cautelares pessoais, que são as mais
cotadas para a prova. O tema é a representação por prisão temporária, regulada pela
Lei n°. 7.960/89.

Trata-se de uma lei curta, que busca regular essa cautelar pessoal, mas também vamos
utilizar subsidiariamente as disposições do CPP, da CF/88, do CP e da Lei 8.072/90, que
é a Lei de Crimes Hediondos.

Outra coisa que quero mencionar é que a prisão temporária é uma prisão muito
comum no dia a dia da investigação policial e em virtude disso temos uma grande
probabilidade de estar presente em sua prova.

Professor, quer dizer


que a temporária é
preferível em relação
à preventiva.

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Aderbal, é mais ou menos isso, na verdade a


temporária é a prisão por excelência da
autoridade policial, inclusive pelo fato ser
decretada apenas durante a investigação
policial

2. REPRESENTAÇÃO POR PRISÃO TEMPORÁRIA

Conceitualmente, podemos dizer que a prisão temporária é uma modalidade de


cautelar pessoal, ou seja, é uma prisão cautelar, diferente de prisão pena, é claro,
que visa privar o investigado de sua liberdade ambulatorial, com a finalidade de
possibilitar a continuidade das investigações e eventuais diligências que busquem a
conclusão do inquérito ou do instrumento que estiver sendo levado a efeito com a
finalidade de investigar.

Existe uma controvérsia doutrinária quanto à origem da Lei de prisão temporária


(7.960/89), uma vez que ela é oriunda de uma medida provisória, que, nos termos
da CF/88, art. 62, §1°, b, que veda a edição de medida provisória sobre direito
processual penal. O problema é que a medida provisória é de 1989 (MP111/89) e a
vedação constitucional nasceu (no texto da CF) em 2001, por meio da EC 32/2001.

Sem entrar em discussões que não são salutares para o nosso curso, que visa
primordialmente ensinar você a produzir as peças práticas, vou lhe dizer apenas que o
STF, na ADIN 162, declarou a constitucionalidade da referida lei.

Primeiramente, cumpre ressaltar que a Temporária pode ser decretada no bojo de


qualquer investigação preliminar e não apenas no inquérito policial. No entanto,
acredito que pelo tipo de concurso para o qual você está se preparando, seja mais
comum a representação e sua decretação nos casos de inquérito policial.

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Ou seja, o momento da decretação da temporária é o curso da investigação.

Outro detalhe conceitual acerca dessa medida é que ela tem prazo fixado em lei, nos
termos do art. 2°, da Lei 7.960/89:

Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz,


em face da representação da autoridade policial ou
de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo
de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em
caso de extrema e comprovada necessidade.

Veja que, diferentemente da primeira medida cautelar que vimos, que foi a prisão
preventiva, a prisão temporária possui prazo certo.

Por esse motivo que o Delegado de Polícia geralmente prefere essa modalidade
inicialmente no curso da investigação, pois a temporária só pode ser decretada pelo
juiz no curso do inquérito e a preventiva pode ser decretada até o trânsito em julgado
da ação penal.

Assim, o delegado primeiramente utiliza-se da temporária para daí então, caso seja
cabível e necessária, cumprindo os requisitos de cautelaridade, seja representado pela
decretação da preventiva.

Professor, como a temporária pode


ser melhor que a preventiva se o
prazo dela é só de 5 dias?

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Aderbal, geralmente nas questões de


temporária o crime cometido é hediondo ou
equiparado a hediondo, e nesse caso o prazo
será de 30 dias, prorrogável por mais 30, isso
já é um indício de que é melhor que a
preventiva. Mas não é só isso.

Veja bem, se no caso concreto forem cabíveis as duas, é melhor você pedir temporária
por conta do fato de que depois você poderá pedir a preventiva e esta não possui prazo
certo. Ou seja, enquanto perdurarem os motivos ela será mantida.

Enfim, a título de dica, acredito ser melhor a temporária do que a preventiva e é o que
geralmente acontece no dia a dia da atividade policial. Ademais, o CESPE já
demonstrou ser partidário dessa doutrina, pois na prova da PCBA foi aceita apenas a
prisão temporária como resposta, ainda que coubesse a prisão preventiva do
investigado.

Outro fator importante do conceito é que a temporária é cabível apenas para alguns
crimes, prevalece o entendimento de que o rol é taxativo e está previsto no art. 1°,
III, da lei 7.960/89.

Assim como em toda medida cautelar de natureza pessoal, restringindo a liberdade de


locomoção, só poderá ser determinada pelo juiz competente, não sendo admitida a
prisão temporária decretada pela autoridade policial.

Não poderá o juiz decretar a temporária de ofício, pois ela está adstrita à fase de
investigação. Na preventiva, lembre-se de que o juiz só poderá decretá-la de ofício na
fase processual.

Quando do decurso do prazo concedido pelo juiz em sua decisão deverá o indiciado ser
posto em liberdade, a menos que já tenha sido requerida a sua prisão preventiva e ela
tenha sido deferida pelo juízo competente, que se torna prevento quando da análise da
representação pela temporária.

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Visto esse conceito inicial de prisão temporária vamos iniciar a compor a peça.

2.1 LEGITIMAÇÃO

A legitimação da autoridade policial para representar pela temporária está prevista no


art. 2°, caput, da Lei n° 7.960/89. Você, que será Delegado de Polícia, quando no
desempenho das suas atribuições de polícia judiciária será um dos dois legitimados a
assinar em baixo de uma representação pela decretação da prisão temporária.

Além do delegado, o membro do MP também tem legitimidade para, no caso, requerer


pela decretação da temporária em face do indiciado.

Vejamos o dispositivo legal da Lei que garante a legitimidade do Delegado de Polícia,


lembrando que isso deve ser levado em consideração no dia da prova para compor o
seu preâmbulo, parte inicial da peça.

Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz,


em face da representação da autoridade policial ou
de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo
de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em
caso de extrema e comprovada necessidade.

Lembre-se de que essa legitimação fará parte do seu preâmbulo, que é aquela parte
inicial de sua peça, que vem após o endereçamento e a referência que você fará ao
inquérito policial ou investigação que estiver presidindo, na qualidade de Delegado de
Polícia.

Ademais, vale ressaltar que cabe a você mencionar no seu preâmbulo outros
dispositivos legais que lhe dão atribuições investigativas como, por exemplo, a Lei
12.830/2013, assim como o estatuto da polícia civil do estado para o qual você está
prestando concurso, pois certamente nele constará entre as atribuições do delegado a
de requerer medidas cautelares no decorrer da investigação preliminar.

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2.2 FUNDAMENTOS DE FATO OU FATOS

Aqui é a mesma coisa da aula anterior, ou seja, você vai resumir com suas próprias
palavras os fatos ocorridos, sempre destacando aqueles que vão servir de base para a
sua fundamentação jurídica. Na verdade o ideal é parafrasear o texto do enunciado
buscando mostrar com suas próprias palavras os fatos ocorridos.

Lembre-se de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser repetitivo em
relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena utilizar a regrinha da
resposta às perguntas abaixo:

O que?

Quem?

Quando? ACONTECEU

Onde?

Por que?

Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem objetivo, sua
narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação dessa parte estará
garantida.

Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até quando estiver
contando uma história a algum colega.

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2.3 FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A fundamentação jurídica é realmente a parte que vai lhe dar mais pontos, nela você
vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a medida cautelar.

É bom sempre dar uma olhadinha na lei que regulamenta e nas controvérsias
jurisprudenciais e doutrinárias. Como o objetivo do nosso curso é lhe passar sempre a
posição majoritária e aquela que deve ser colocada na peça, remeto você a um curso
teórico de Processo Penal para que você conheça todas as nuances possíveis, inclusive
a que colocamos na nossa aula.

Antes de adentrar na parte específica da fundamentação da medida, vai uma dica muito
boa que é colocar em jogo sempre a garantia da liberdade como direito
constitucionalmente previsto, ou seja, vale a pena escrever um parágrafo mencionando
que não se pode invocar a liberdade ambulatorial para o cometimento de crimes.

Devemos usar a técnica da ponderação de direitos, e em prol da sociedade livre e


segura pensando sempre na garantia do interesse da coletividade em prejuízo da
liberdade pessoal de um indivíduo.

2.3.1 CABIMENTO OU ADMISSIBILIDADE

Pessoal, assim como na preventiva, devemos inicialmente provar que a medida é


cabível, ou seja, será sempre necessário aquilo que inicialmente é cabível, não
podendo ser necessário aquilo que não se admite no caso concreto.

Você deve sempre lembrar-se dessa sequência, que deve ser a mesma da sua peça, ou
seja, primeiramente você vai provar que a medida é cabível para depois mostrar a sua
necessidade.

Nesse ponto você examinará se é cabível a temporária. Você encontra essas


possiblidades no art. 1°, III, da Lei 7.960/89, ou seja, será cabível a temporária se
o crime em questão estiver presente no rol taxativo da lei.

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Vejamos o rol em questão:

Art. 1° Caberá prisão temporária:

(...)

III - quando houver fundadas razões, de acordo com


qualquer prova admitida na legislação penal, de
autoria ou participação do indiciado nos seguintes
crimes:

a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);

b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e


seus §§ 1° e 2°);

c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);

e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e


seus §§ 1°, 2° e 3°);

f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o


art. 223, caput, e parágrafo único);

g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua


combinação com o art. 223, caput, e parágrafo
único);

h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o


art. 223 caput, e parágrafo único);

i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);

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j) envenenamento de água potável ou substância


alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art.
270, caput, combinado com art. 285);

l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código


Penal;

m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1°


de outubro de 1956), em qualquer de sua formas
típicas;

n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21


de outubro de 1976);

o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492,


de 16 de junho de 1986).

p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Incluído


pela Lei nº 13.260, de 2016)

O rol acima é taxativo, mas não é exaustivo.

Professor, não entendi essa


história de rol taxativo, mas
não exaustivo. Me ajude!

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Calma Aderbal, aqui a ideia é simples, é que


tem outras hipóteses em que é cabível a
temporária, ou seja, outros crimes que não
estão no rol do art. 1°, III, da Lei n°. 7.690/89,
em que cabe a temporária.

Antes de adentrar, nesse mérito, vou mencionar alguns crimes muito comuns em que
não cabe a temporária. Ou seja, nunca admitem a temporária os crimes de furto,
apropriação indébita, estelionato, são crimes muito comuns da atividade de polícia
judiciária em que não cabe a medida em apreço.

Detalhe importante deve ser ressaltado, acerca do art. 1°, III, l:

(...)

l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código


Penal;

Primeiramente esse crime foi modificado em 2013, pela Lei n° 12.850:

Associação Criminosa

Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas,


para o fim específico de cometer crimes: (Redação
dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.


(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013)

Logo, o tipo penal teve sua redação alterada e o crime agora se chama associação
criminosa, ou seja, 3 ou mais pessoas devem associar-se para o fim específico de

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cometer crimes, logo, caso algum daqueles crimes que não foram previstos no rol
taxativo da lei de prisão temporária for cometido em típica situação de associação
criminosa, caberá a temporária.

Professor, então
cabe temporária
em caso de furto?

Qualquer crime que for


cometido em situação de
associação criminosa
caberá nele a decretação
de temporária.

Outro crime que permeia a mente dos concurseiros é o de Extorsão do art. 158, §3°, o
chamado sequestro relâmpago.

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da


liberdade da vítima, e essa condição é necessária
para a obtenção da vantagem econômica, a pena é
de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da
multa; se resulta lesão corporal grave ou morte,
aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e
3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de
2009)

Veja que tanto a lei de hediondos, quanto a lei de temporária não foram modificadas
para trazer essa nova figura como uma das hipóteses em que caiba a Prisão Temporária.
Essa tarefa é do legislador, que “dormiu no ponto”.

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Assim, não podendo haver analogia in malam partem, não cabe prisão temporária em
casos de extorsão mediante sequestro, na qual a restrição da liberdade da vítima é
condição necessária para a obtenção da vantagem econômica.

Voltando à questão da não exaustividade do rol da Lei 7.960/89, veja que na Lei
8.072/90 nos traz um dispositivo por meio do qual podemos concluir que é cabível a
temporária em qualquer crime hediondo ou equiparado a hediondo.

§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no


7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes
previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta)
dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade. (Incluído
pela Lei nº 11.464, de 2007)

Assim, podemos concluir que se foi prevista na lei um prazo específico para a
temporária em casos de cometimento de crimes hediondos, não teria sentido nenhum
o tal dispositivo se não fosse possível a referida prisão para esses crimes.

Sem medo de estar fazendo uma interpretação extensiva em prejuízo do direito


fundamental de liberdade de locomoção, pode ter certeza que além dos crimes do rol
da ei 7.960/89, também é cabível a prisão temporária para qualquer crime previsto na
Lei n° 8.072/90.

Resumindo:

art.1, III , Lei n 7.960 / 89


art.1, Lei 8.072 / 90 cabetemporária
TTT (tortura, tráfico, terrorismo).

Entendido o cabimento, vamos passar à segunda parte da fundamentação jurídica da


sua peça, que é o preenchimento dos requisitos cautelares.

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2.3.2 Requisitos Cautelares (fumus commissi delicti e periculum libertatis)

Lembrem-se de que o preenchimento dos requisitos cautelares devem ser


demonstrados após o cabimento.

a) o fumus comissi delicti

É simples e basta que haja a presença de indícios de autoria em crime em que se admite
a temporária. É o que chamamos do binômio prova da existência do crime +
indícios de autoria.

Essa é a previsão normativa contida na própria lei (art. 1°, I):

III - quando houver fundadas razões, de acordo com


qualquer prova admitida na legislação penal, de
autoria ou participação do indiciado nos seguintes
crimes(...)

Esse requisito você vai verificar no enunciado. Lembre-se de que eu já afirmei que a
leitura do problema e a exposição escorreita dos fatos são de extrema relevância para
a fundamentação.

Geralmente a questão apresenta alguma dica de que há uma aparência do cometimento


do delito, quando não afirma que o crime realmente ocorreu e indica inclusive uma
prova de que ele foi consumado ou tentado.

Por exemplo, em uma questão que envolva o crime de homicídio, o laudo de exame
cadavérico assinado pelo legista ou apenas a presença do corpo e um depoimento de
uma testemunha ocular afirmando que viu o autor do crime e pode reconhecê-lo.

A existência do laudo e do depoimento da testemunha preenchem esse requisito e assim


podemos passar para o segundo requisito que é o periculum libertatis.

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b) periculum libertatis

A presença desse requisito está prevista no art. 1°, I:

(...)
I - quando imprescindível para as investigações do
inquérito policial;(...)

Veja no mesmo caso explicitado acima que a testemunha foi apenas ouvida pelo
delegado, mas é necessário ainda que esteja comprovado cabalmente que o indiciado
foi o autor do crime, para que os indícios de autoria se fortaleçam e possam subsidiar
o oferecimento da denúncia.

Lembre-se, o seu inquérito sendo bem feito e bem conduzido leva à facilitação do
trabalho do MP e possivelmente à condenação do autor do delito.

Assim, é necessário o reconhecimento do autor através do procedimento chamado de


reconhecimento de pessoas, que só poderá ser efetivado caso o indiciado seja preso.

Assim, nesse caso resta comprovada a imprescindibilidade para o decorrer das


investigações da privação da liberdade do indiciado.

Por outro lado, quando o indiciado não possui residência fixa ou então quando houver
dúvida quanto a sua identidade e ele não fornece elementos para que ela seja feita.

II - quando o indicado não tiver residência fixa ou


não fornecer elementos necessários ao
esclarecimento de sua identidade;

Cuidado que o STF, 2ª Turma, HC 97.177, da relatoria do Min. Cezar Peluzo, já firmou
entendimento de que apenas a decretação da prisão cautelar pelo simples fato de o
agente não possuir residência fixa é ilegal, ou seja, esse elemento tem de ser verificado
com os demais requisitos para a prisão.

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No entanto, esse requisito continua caindo em provas de Delta, um bom exemplo foi a
minha prova de Delta – CE, em que um dos fundamentos era justamente a ausência
de residência fixa, associada a uma série de outros fatores que corroboravam a
necessidade de se decretar a temporária do indiciado.

Os casos de periculum mencionados acima são alternativos, ou seja, basta a presença


de um deles para que o requisito de cautelaridade seja preenchido.

Não esqueça de que na sua peça essa parte tem a finalidade de mostrar ao juiz que o
seu pedido é necessário. O tema aqui é a necessidade da prisão para resguardar algum
perecimento, que seria o perecimento da própria investigação.

Nesse ponto, para chegarmos ao fim da fundamentação jurídica, menciono a você que
há uma eterna controvérsia doutrinária em que os autores divergem acerca dos
requisitos da temporária, mas aqui a minha função é mostrar-lhe a posição majoritária
e que deve ser adotada em uma prova discursiva de peça prática. A ideia aqui é utilizar
a posição mais aceita dentre os tribunais e majoritária na doutrina.

O preenchimento dos requisitos aqui é o seguinte:

Cometimento de crime previsto no


inciso III do art. 1°, da Lei 7.960/89
(requisito de cabimento).

Inciso I, do art. 1°, da Lei n° Inciso II, do art. 1°, da Lei n°


7.690/89 (requisito de 7.960/89 (requisito de
necessidade). OU necessidade).

PRISÃO TEMPORÁRIA

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Há muitas posições doutrinárias diversas, mais prevalece a que foi esquematizada


acima por meio do esquema matemático de preenchimento dos requisitos cautelares.

Há muitas posições doutrinárias diversas, mais prevalece a que foi esquematizada


acima por meio do esquema matemático de preenchimento dos requisitos cautelares.
Essa é a posição de Antônio Scarance Fernandes.

2.4. PEDIDO

Vamos agora falar um pouco mais sobre o pedido que deverá estar na sua peça, você
já está chegando ao final da sua representação.

Aqui temos um detalhe importante, que é referente ao prazo da prisão, ou seja,


dependendo do crime teremos dois prazos diferentes, a depender do crime cometido.

Se o crime for qualquer um dos previstos no inciso III, do art. 1°, da Lei n° 7.960/89,
o prazo será aquele previsto na mesma lei, no seu art. 2°:

Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz,


em face da representação da autoridade policial ou
de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo
de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em
caso de extrema e comprovada necessidade.

O prazo então é fixo, conforme já mostramos no início da nossa aula. A questão da


prorrogação você não deve colocar na peça, eu não recomendo, pois só haverá
prorrogação em casos de extrema e comprovada necessidade, ou seja, isso só vai ser
perceptível com o decorrer das diligências, não dá para prever que será preciso
prorrogar o prazo da temporária.

Então recomendo que você não peça a prorrogação na peça, pois isso será requerido
em outra peça que seria o caso de uma representação pela prorrogação de prisão
temporária.

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Por outro lado, na mesma toada, caso tenhamos um crime hediondo ou equiparado a
hediondo, então teremos um prazo diferenciado, ou seja, aquele previsto no art. 2°,
§4°, da Lei 8.072/90:

§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no


7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes
previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta)
dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade. (Incluído
pela Lei nº 11.464, de 2007)

Vejam que o prazo aqui é de 30 dias, então muita atenção na prova no momento de
fazer o seu pedido, pois a banca geralmente vai pontuar o prazo de 30 dias diferenciado
no caso de cometimento de crimes hediondos.

Professor, se o crime for hediondo e


eu pedir pelo prazo de 5 dias a
temporária, eu zero a peça?

Calma Aderbal, você vai apenas perder


alguns pontinhos valiosos. No concurso
da PCCE havia pontuação acerca desse
detalhe do prazo, portanto, cuidado.

Esse prazo, inclusive, é importante para a escolha da peça. Por exemplo, digamos que
você esteja no meio do inquérito que apura um crime de latrocínio, e o com o réu solto,
você sabe que deve concluir o inquérito no prazo de 30 (trinta) dias. Se você tiver no
26° dia da investigação, você tem apenas 4 dias para concluir, se você tiver uma série
de diligências ainda por concluir, vale a pena pedir uma temporária, para ganhar o
prazo fixo de prisão de 30(trinta) dias.

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Inclusive, o prazo máximo de duração do inquérito policial, em casos de crimes


hediondos e de prisão temporária e preventiva deferidas pode ser calculado da seguinte
forma:

Prisão Prazo do inquérito

1ª temporária 30 dias (hediondo)

2ª temporária 30 dias

Preventiva 10 dias

Total 70 dias

Portanto, vale mais a pena pedir a temporária se estiverem presentes os requisitos de


cabimento e necessidade, pois o prazo será de 30 (trinta) dias, o que dará ao delegado
de polícia mais prazo para realizar diligências no intuito de elucidar o crime.

Essa foi a ideia do último concurso da Polícia Civil da Bahia, lá cabiam tanto a
preventiva, quanto a temporária, mas foi aceita apenas esta última, justamente em
razão do prazo maior de segregação da liberdade do indiciado, bem como pelo fato de
poder ser representada posteriormente pela preventiva, o que daria mais prazo para o
delegado concluir sua investigação.

Professor, eu posso pedir a


temporária por prazo menor
que o máximo?

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Aderbal, o ideal é sempre


pelo prazo máximo, uma vez
que você deve utilizar-se de
uma medida sempre mais
favorável à polícia judiciária.

Na doutrina não há problemas de ser solicitada a temporária por tempo inferior, mas
isso na prática é quase impossível, o delegado vai se valer do maior tempo possível
para concluir suas diligências.

Outro detalhe acerca do prazo é o fato de que a liberdade do preso dar-se-á ao final do
prazo, automaticamente, o juiz geralmente coloca no bojo do mandado de prisão que
decorrido o prazo concedido, se, por outro motivo, não tiver de ser mantido preso, ao
indiciado deve ser garantida a liberdade.

Superada essa parte do prazo, vamos a outro detalhe deve ser mencionado no seu
pedido.

Trata-se do deferimento da medida sem a oitiva ou manifestação do indiciado,


justamente por conta da natureza da medida.

Professor, se o juiz for


ouvir o indiciado antes de
decretar sua prisão ele vai
é fugir para não ser preso!

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Com certeza Aderbal, por


isso vale a pena mencionar
aquela expressão: inaudita
altera parte.

Um último detalhe acerca dessa peça é a oitiva do MP, que é obrigatória, nos termos
do art. 2°, §1°, da Lei n° 7.690/89:
(...)

§ 1° Na hipótese de representação da autoridade


policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério
Público.

A hipótese que estamos trabalhando, que é a decretação por representação do


Delegado de Polícia, é necessária a manifestação do membro do MP, antes de decidir.
No mais, a ideia do pedido é mesma da preventiva, portanto, vamos apenas adaptar
essas questões pontuais que mencionei, pois são particulares da temporária.

3. MODELO DE REPRESENTAÇÃO POR PRISÃO TEMPORÁRIA


Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. Poucas coisas vão
mudar em relação ao pedido de preventiva, pois a estrutura não muda muita coisa.

3.1 ENDEREÇAMENTO

O endereçamento continua sendo muito importante, no caso de temporária, geralmente


ela é endereçada ao juízo de direito da comarca onde ocorreu o delito. Lembrando mais
uma vez que você só deve colocar a cidade se for mencionado isso no enunciado, no
concurso da PCCE era possível saber, quem conhecia a cidade de Fortaleza, que o crime

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havia sido cometido na cidade de Fortaleza, mas a melhor ideia seria endereçar
genericamente.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE __________.

Não se esqueça de que o endereçamento deve ser feito ao juiz da Vara do Júri,
caso estejamos tratando de um crime doloso contra a vida.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JÚRI DA COMARCA


DE __________.

Como os crimes em que cabe a temporária não são crimes de menor potencial ofensivo,
não há possibilidade de endereçar ao juizado especial criminal.

3.2 PREÂMBULO

Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 3, e colocar o


preâmbulo cujo modelo segue abaixo, no entanto, acho interessante você mencionar
antes a referência do inquérito policial no bojo do qual se representa pela temporária:

A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de Polícia,


ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre
outros dispositivos, pelo art. 2°, ‘caput’, da Lei 7.960/89, bem como no art.
2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa
Excelência, representar pela decretação da prisão temporária de (citar o nome
do investigado/indiciado), pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir
passa a expor.

Se estiver diante de um crime hediondo, vale a pena ainda mencionar o art. 2°, §4°,
da Lei 8.072/90.

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Um bom preâmbulo já mostra conhecimento. Citar a lei 12.830/2013, comprova que


você tem sangue de delegado e que vai procurar valorizar as suas atribuições quando
no exercício delas.

3.3 FATOS

Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, você vai ser
medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não negligencie esse ponto, pois
o examinador pode já não gostar muito da sua peça, caso os fatos não sejam
corretamente narrados.

Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo. Responder àquelas
perguntas que já mencionei anteriormente pode ser um bom norte a ser seguido.

3.4 FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Na parte dos fundamentos o ideal é você desdobrá-la em 2 pontos, quais sejam, do


cabimento, dos requisitos cautelares. Você pode, caso haja espaço, mencionar que
a medida é a última cabível (ultima ratio), dentre as outras cautelares, a temporária
possui fundamento distinto das medidas cautelares previstas no CPP, ela é cabível para
continuidade das investigações policiais.

Vale a pena ainda, para dar aquele capricho na peça, mencionar a tipificação do crime,
pois isso vai fundamentar até o prazo que você vai mencionar no pedido, caso esteja
diante de um crime hediondo ou equiparado.

Faça a tipificação no primeiro tópico da fundamentação, pois as provas costumam


pontuar bem quem identifica o crime de forma precisa e dá destaque a isso na sua
peça.

3.5 DO PEDIDO.

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No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida sempre de forma
objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de polícia representa e não requer,
quem requer é o membro do MP.

Lembre-se de pedir a oitiva do MP e de pedir o deferimento sem a oitiva da parte


contrária.

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pela decretação da prisão temporária de
(fulano de tal) sem a oitiva da parte contrária, pela própria natureza da medida
e urgência características, pelo prazo de (5 ou 30 dias) após a competente
manifestação do membro do Ministério Público.
Solicita ainda a expedição do competente mandado de prisão e cadastramento
no Banco Nacional de Mandados de Prisão – BNMP.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

Vamos agora colocar tudo isso em um modelo:

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO da _____ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE


__________.

Ou

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO TRIBUNAL DO JURI DA COMARCA


DE __________.

Ref. Inquérito policial n°___

A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 2°, ‘caput’, da Lei 7.960/89, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem,
mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela decretação da
prisão temporária de (citar o nome do investigado/indiciado), pelos fundamentos de fato
e de direito que a seguir passa a expor.

Dos fatos

Narrativa dos fatos, conforme instruções já mencionadas

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

Vale a pena demonstrar a tipificação do crime cometido.

2.2 Do cabimento

Retome o crime já mencionado no item 2.1 e sua previsão no rol taxativo da Lei n°
7.960/89 ou da Lei n° 8.072/90.

2.3 Dos requisitos cautelares

Demonstrar que estão presentes as possíveis combinações normativas no caso concreto:

Incisos I e III, do art. 1° da Lei n° 7.960/89


Incisos II e III, do art. 1°, da Lei n° 7.960/89

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Essas combinações são suficientes, essa é a posição majoritária na doutrina, tendo


Antônio Scarance Fernandes como seu defensor e também é a posição predominante nos
tribunais superiores (STF e STJ).

3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela decretação da prisão temporária de (fulano de tal) sem a
oitiva da parte contrária, pela própria natureza da medida e urgência características, pelo
prazo de (5 ou 30 dias) após a competente manifestação do membro do Ministério
Público.
Solicita ainda a expedição do competente mandado de prisão e cadastramento no Banco
Nacional de Mandados de Prisão – BNMP.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

Vejam que não é muito longa e não requer muitos detalhes a produção da
representação por prisão temporária.

Vamos agora ao exercício de prova, que para mim é especial, uma vez que é a prova
que fiz e consegui aprovação para o cargo de Delegado de Polícia, trata-se da prova
discursiva para Delegado de Polícia do Ceará.

Vou colocar depois da minha sugestão de peça, o que foi a resposta da banca,
o espelho que a banca apresentou, mencionando os pontos que atribuiu para
cada requisito da peça.

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4. QUESTÕES DE PROVA

Delegado de Polícia - Concurso: PCCE - Ano: 2015 - Banca: VUNESP

No dia 10 de outubro de 2014, às 21 horas, a viatura de patrimônio 22356, da Polícia


Militar, foi acionada para atender um início de tumulto na Avenida Beira-Mar, altura do
no 3800. Os soldados, Francis e Deodato, ao chegarem ao local encontraram alguns
populares, que imediatamente se dispersaram, restando Anita Medeiros e Renato de
Oliveira, contido pelo policial Francis, ao tentar se evadir, em razão dos gritos de “foi
ele, foi ele que matou meu pai”, pronunciados por Anita.

As partes foram conduzidas ao plantão do 8o Distrito Policial, ocasião em que Anita


relatou que no dia 5 de setembro de 2014 estava com seu pai, Alfredo Medeiros, no
carro da família dirigido por ele e, por volta das 22 horas, ao pararem no sinal vermelho,
na Avenida Bernardo Manuel, esquina com a Rua Cristo Redentor, foram abordados por
Renato, que anunciou o assalto e mandou que ambos saíssem do carro. Assustado,
Alfredo fez um movimento imediato para tirar o cinto de segurança, quando Renato
disparou a arma de fogo que apontava todo o tempo para Alfredo. O tiro acertou a
cabeça do pai de Anita, que morreu na hora. Renato, antes de fugir, ainda pegou o
celular que estava no bolso da camisa de Alfredo.

Nesta data, ao sair de uma feirinha de artesanato, Anita avistou Renato em meio a um
grupo de pessoas que parecia usar drogas, reconheceu-o e começou a gritar para que
alguém o detivesse, quando então algumas pessoas o seguraram até a polícia chegar.

O boletim de ocorrência havia sido registrado nessa unidade policial, mas o apuratório
penal não havia sido deflagrado ainda.

Renato de Oliveira, ao ser interrogado, negou ter cometido qualquer crime, bem como
qualquer envolvimento com drogas. Não soube ou não quis informar seu endereço
residencial, afirmando que dorme nos locais onde faz “bicos” como pintor, pois não tem
emprego fixo.

Maria de Oliveira, ao ser avisada sobre a detenção de seu filho, Renato, compareceu à
Delegacia de Polícia e garantiu a inocência dele, complementou que ele não mora mais
com ela, é viciado em drogas, porém não é ladrão.

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A pesquisa relativa aos antecedentes criminais apontou que Renato já cumpriu pena
pelo crime de tráfico de entorpecentes e foi posto em liberdade em dezembro de 2013.

Formalizadas a portaria inaugural, as declarações da filha da vítima, de Maria de


Oliveira, o auto de reconhecimento, o interrogatório e o indiciamento de Renato, no
inquérito policial, como Delegado de Polícia responsável pelas atividades de Polícia
Judiciária, redija a peça processual adequada à continuidade das investigações do crime
que vitimou Alfredo Medeiros, fundamente e motive.

4.1 COMENTÁRIO E MODELO DE PEÇA PROPOSTO.

A questão apresentada como já mencionado foi retirada do último concurso de


delegado de polícia do estado do Ceará. Uma prova boa, que ao meu ver, foi muito
tranquila para o candidato. A prova do Pará tende a ser desse mesmo nível. Na verdade,
essa prova pode ser considerada modelo para outras provas de Delegado de Polícia
Civil.

O que foi muito interessante nesse problema é que houve uma celeuma na internet,
nas redes sociais, em relação a qual seria a peça cabível e se a banca iria atribuir nota
zero às provas que contivessem representação por prisão preventiva.

Ao final a banca considerou apenas a temporária e zerou as provas que


continham a preventiva.

Vou apresentar a vocês o espelho de correção da banca e um dos pontos abordados no


documento foi a justificativa pela atribuição de nota zero às provas que representaram
pela preventiva.

Vamos aos comentários.

Alguns pontos foram cruciais para verificar que se tratava de uma representação por
prisão temporária e não uma preventiva.

Primeiramente vamos verificar qual a peça cabível.

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Alguns pontos ressaltam o cabimento da temporária.

O crime cometido foi o de latrocínio, previsto no art. 157, §3°, do CP:

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para


outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a


pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da
multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta
anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei
nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Isso é comprovado pelos trechos

(...) Anita relatou que no dia 5 de setembro de 2014 estava com seu pai, Alfredo
Medeiros, no carro da família dirigido por ele e, por volta das 22 horas, ao pararem no
sinal vermelho, na Avenida Bernardo Manuel, esquina com a Rua Cristo Redentor, foram
abordados por Renato, que anunciou o assalto e mandou que ambos saíssem do
carro. Assustado, Alfredo fez um movimento imediato para tirar o cinto de segurança,
quando Renato disparou a arma de fogo que apontava todo o tempo para
Alfredo. O tiro acertou a cabeça do pai de Anita, que morreu na hora. Renato, antes
de fugir, ainda pegou o celular que estava no bolso da camisa de Alfredo.(...)

Ou seja, podemos afirmar que Renato tinha a intenção de roubar e depois, por conta
da ação da vítima, acabou ceifando a vida da vítima do roubo, portanto, estamos diante
de um crime em que cabe a temporária, nos termos do art. 1°, III:

Art. 1° Caberá prisão temporária:

III - quando houver fundadas razões, de acordo com


qualquer prova admitida na legislação penal, de
autoria ou participação do indiciado nos seguintes
crimes:

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(...)
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

Ou seja, a temporária é cabível, mas a preventiva até aqui também era cabível, por
conta da pena máxima em abstrato para o crime em questão, que é nitidamente
superior a 4 anos.

Como ambas eram cabíveis, vamos agora verificar os requisitos de cautelaridade, se


presentes em ambas as medidas.

Na questão não consigo vislumbrar nenhum requisito previsto no art. 312, do CPP,
uma vez que não é latente a possibilidade de ele voltar a cometer crimes, pelo menos
pelo enunciado não ficou claro a intenção de Renato voltar a cometer crimes. Não
podemos afirmar isso apenas por conta dos seus antecedentes, uma vez que a
presunção de inocência é a regra em nosso direito constitucional.

Não foi dito ainda que o indiciado estava ameaçando testemunhas, tampouco há risco
de se furtar a aplicação da lei penal, uma vez que não possui recursos para fuga, pelo
menos em tese.

Noutro giro, podemos perceber claramente que a questão quis mostrar o requisito
cautelar do art. 1°, II, da Lei n° 7.960/89.

Perceba os trechos:

(...)Renato de Oliveira, ao ser interrogado, negou ter cometido qualquer crime, bem
como qualquer envolvimento com drogas. Não soube ou não quis informar seu
endereço residencial, afirmando que dorme nos locais onde faz “bicos” como
pintor, pois não tem emprego fixo. (...)

Ou seja, fica claro que o indiciado não possui residência fixa.

Poderíamos ainda, ao meu ver, vislumbrar a presença do requisito cautelar do art.


1°, I, da Lei n° 7.960/89, pois ainda restam algumas diligências a serem cumpridas
e a restrição da liberdade do indiciado é fundamental para o sucesso delas.

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A arma utilizada no crime ainda não foi encontrada e a liberdade do indiciado pode
prejudicar as diligências, uma vez que o indiciado pode escondê-la, destruí-la,
desmontá-la, etc.

Portanto, consigo vislumbrar tanto o cabimento, quanto o preenchimento de todos os


requisitos cautelares. Lembre-se de que bastaria dois requisitos cautelares: incisos I +
III, II + III. No entanto, na questão consigo enxergar elementos que garantem a
presença dos três requisitos, tano o do inciso I, como o do II. Lembrando que o inciso
III é requisito de cabimento.

Outro detalhe que mencionei na parte teórica que está presente nessa questão é o fato
de o crime ser hediondo, nos termos do art. 1°, II, da Lei n° 8.072/90:

Art. 1o São considerados hediondos os seguintes


crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de
7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados
ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de
1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984)

II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine);

Assim, o prazo para a temporária nesse caso é de 30 dias, o que nos mostra mais ainda
ser a medida cautelar mais adequada. Veja que em questões de prova quando você vir
um crime hediondo, é sinal forte de que a peça pode ser uma temporária.

Outro detalhe ainda salutar é o fato de que no final do enunciado o examinador requer
a peça mais cabível para o prosseguimento das diligências, ou seja, podemos perceber
claramente que o examinador solicita a feitura da peça mais adequada à atividade de
polícia investigativa. Já mencionamos que essa peça é a Temporária, por excelência,
a medida cautelar investigativa mais adequada.

Por fim, para colocarmos a cereja no bolo, cumpre relembrar que o inquérito ainda está
em curso, não tendo sido finalizada a fase investigativa, ou seja, a temporária não foi
aniquilada pela conclusão da investigação preliminar, muito pelo contrário, ela é
relevante para o seu prosseguimento.

Definida a peça que vamos produzir, mãos à obra.

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Quanto à competência para julgar esse tipo de delito, não confunda, pois o latrocínio
é um crime contra o patrimônio, e cabe ao juízo de direito e não ao tribunal do
júri o julgamento de tais crimes.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª vara CRIMINAL DA


COMARCA DE __________.

Ref. Inquérito policial n°___

A Polícia Civil do Estado do Ceará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros
dispositivos, pelo art. 2°, caput, da Lei 7.960/89, bem como no art. 2°, §1°, da
Lei 12.830/2013, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência,
representar pela decretação da prisão temporária de Renato de Oliveira, pelos
fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor

1. Dos fatos

Tratam os autos do inquérito em epígrafe de peça investigativa no bojo da qual busca-


se elementos de informação acerca do cometimento de crime de latrocínio, ocorrido na
cidade de Fortaleza-CE, no dia 5 de setembro de 2014, por volta das 22 horas, no qual
foi ceifada a vida de Alfredo, após ter sido abordado pelo representando, que exigiu a
entrega do veículo que ele conduzia.

Em meio a ação delituosa a vítima efetuou movimento que assustou o executor do


crime, razão pela qual ele teria modificado seu animus e matado Alfredo. Por fim,
Renato ainda levou o aparelho celular da vítima e após empreendeu fuga.

Toda a ação foi presenciada pela filha da vítima, Anita Medeiros, tendo saído esta ilesa
da ação criminosa.

Dias depois, mais precisamente no dia 10 de outubro do mesmo ano, Anita identificou
o autor do crime na Avenida Beira-Mar, altura do no 3800, ocasião em que a polícia foi
acionada e todos foram conduzidos até esta autoridade policial que subscreve.

Ouvido, Renato de Oliveira, afirmou que não possuía envolvimento com drogas e negou
a autoria do crime que vitimara Alfredo; não informou seu endereço, afirmando ainda
que dorme em locais onde consegue empregos informais como pintor.

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A mãe do representando também foi ouvida e confirmou que Renato não mora mais
com ela, tendo dito que seu filho é usuário de drogas, contudo não é ladrão.

Juntada aos autos foi a folha de antecedentes criminais de Renato, por maio da qual se
pode afirmar que ele já cumpriu pena por tráfico de drogas, tendo sido colocado em
liberdade em dezembro de 2013.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

Da narrativa dos fatos acima, podemos confirmar que houve crime de latrocínio
consumado, uma vez que a vítima teve sua vida ceifada por ocasião da conduta
delituosa do agente.

Portanto, no caso em tela, podemos afirmar que o agente cometeu o crime previsto no
art. 157, §3°, do CP (parte final).

Cumpre salientar ainda que esse crime está previsto no rol de crimes hediondos, do
art. 1°, II, da Lei n° 8.072/90.

Tratando-se de delito onde cabe a prisão temporária pelo prazo de 30(trinta) dias,
conforme combinação das leis acima citadas.

2.2 Do cabimento

O cabimento da prisão temporária encontra guarida no art. 1°, III, da Lei n°


7.960/89. Portanto, para que seja cabível a medida cautelar pessoal em baila, basta
que o crime esteja previsto no rol de crimes em que cabe a prisão temporária.

Conforme item 2.1, a conduta delituosa cometida foi o crime de latrocínio, previsto na
alínea “c”, do referido inciso do art. 1°.

Assim, cabível é a prisão temporária para o caso concreto sob luzes.

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2.3 Dos requisitos cautelares

Uma vez que é cabível, devemos demonstrar os requisitos de cautelaridade para que
seja deferida a medida.

Não restam dúvidas quanto à presença do fumus commissi delicti e do perículum


libertatis. Vejamos.

A fumaça do cometimento do delito deve ser dividida em prova da existência do crime


e indícios de autoria que permitam atribuir ao representando a responsabilidade pelo
delito cometido. Esse requisito encontra-se provado pela morte da vítima que está
comprovada notoriamente, ou seja, ocorreu o crime de latrocínio, uma vez que há um
cadáver que prova a ocorrência da morte.

Quanto aos indícios de autoria, podemos afirmar que eles também estão satisfeitos no
caso concreto, pois o depoimento da testemunha ocular do crime fortalece a autoria
atribuída a Renato.

Por outro lado, a investigação pela polícia judiciária ainda requer a realização de
algumas diligências, como, por exemplo, encontrar a arma utilizada no crime, o objeto
roubado (aparelho celular), entre outras diligências que possam auxiliar o Ministério
Público a se convencer da autoria e materialidade do delito.

Assim, comprova-se que a prisão de Renato é imprescindível para as investigações do


inquérito policial, bem como há fortes indícios que o ele cometeu crime previsto no rol
de crimes onde cabe a prisão temporária.

Na mesma toada, está presente o requisito cautelar do art. 1°, II, da Lei n°. 7.960/89,
pois em seu depoimento Renato afirmou não ter residência fixa, morando em lugares
onde encontra trabalho. Assim, vislumbra-se claramente que o requisito está presente.

O periculum libertatis assim está demonstrado, pois a liberdade do indiciado pode vir a
atrapalhar a colheita de elementos de informação, uma vez que não possui residência
fixa, nem trabalho formal.

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3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pela decretação da prisão temporária de Renato
de Oliveira, sem a oitiva da parte contrária, pela própria natureza da medida, após a
competente manifestação do membro do Ministério Público, pelo prazo de 30(trinta)
dias, nos termos do art. 2°, § 4°, da Lei n° 8.072/90.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

Antes vamos dar uma olhadinha no espelho apresentado pela banca examinadora para
a questão que acabamos de comentar e produzir a peça. A banca organizadora era a
Fundação para o Vestibular da Universidade de São Paulo, ou seja, a conhecida
VUNESP-SP, que tem costume de realizar provas para a polícia civil de São Paulo.

PCCE1401 – POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ PROVA 04 – Peça


Processual

CRITÉRIOS E GRADE DE CORREÇÃO

A peça processual solicitou que o Delegado de Polícia (candidato) responsável


pelas atividades de Polícia Judiciária redigisse a peça processual adequada à
continuidade das investigações do crime que vitimou Alfredo Medeiros, com
fundamentos e motivação. A resposta correta é a representação pela Prisão
Temporária, pelo período de 30 dias, por se tratar de crime hediondo (o
latrocínio), para a continuidade das investigações, coleta de provas e
comprovação de autoria.

Essa modalidade de prisão, que tem prazo determinado, só pode ser decretada
durante o desenvolvimento do inquérito policial, é utilizada durante a
investigação e para assegurar o sucesso de determinada (s) diligência (s). A

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situação apresentada na peça processual preenche os requisitos da Lei


7.960/1989 (Prisão Temporária), combinada com a Lei 8.072/1990 (Crimes
Hediondos).

Em razão disso, não foram consideradas corretas as respostas que


apresentaram representação pela prisão preventiva, uma vez que, nesse caso,
a cautelar se mostrava inadequada.

Dessa forma, os critérios utilizados para correção e atribuição de pontos


foram:

1) Lei 7.960/1989, artigo 1º, incisos I, II, III e alínea “c” (2 pontos)

2) Lei 8.072/1990, artigo 1º, inciso II, e artigo 2º parágrafo 4º (2 pontos)

3) Período da prisão - 30 dias – crime hediondo (1 ponto)

4) A prisão temporária é imprescindível para a continuidade das investigações


e para a conclusão do Inquérito Policial (1 ponto)

5) O indiciado não tem emprego, tampouco residência fixa, podendo furtar-se


a ação da Justiça (1 ponto)
6) Fundadas razões sobre a autoria do crime, consistente no reconhecimento
da filha da vítima (1 ponto)

7) Raciocínio jurídico, objetividade e clareza na redação da peça (1 ponto)

8) Ortografia e gramática utilizadas na redação da peça (1 ponto)

Agora você volta na peça que foi produzida e confira cada ponto desse e verifique que
abordamos todos eles. A forma com que se faz isso é peculiar de cada um e numa prova
discursiva o critério de correção deve ser o mais objetivo possível, por isso não se
prenda ao meu modelo, produza a sua peça e verifique a presença de cada ponto
requerido pela banca, se você mencioná-los com o mínimo de clareza e raciocínio
jurídico, e sem cometer grandes erros de português, sua peça terá nota máxima.

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Lembrando que eu consegui nota 8 na minha peça, que produzi no dia da prova. É
lógico que ela tem algumas diferenças em relação a essa que produzi na aula de hoje.

02. (CESPE - PCBA – Delegado de Polícia Civil – 2013)


Em 17/9/2012 (segunda-feira), por volta de 0 h 50 min, Douglas Aparecido da Silva foi
alvejado por três disparos de arma de fogo quando se encontrava em frente à casa de
sua namorada, Fernanda Maria Souza, na rua Serafim, casa 12, no bairro Boa
Prudência, em Salvador – BA. A ação teria sido intentada por quatro indivíduos que,
em um veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, abordaram o casal e cobraram,
mediante a ameaça de armas de fogo portadas por dois deles, determinada dívida de
Douglas, proveniente de certa quantidade de crack que este teria adquirido dias antes,
sem efetuar o devido pagamento. Foi instaurado o competente inquérito policial,
tombado, no 21.º Distrito Policial, sob o n.º 0021/2012, para apurar a autoria e as
circunstâncias da morte de Douglas, constando no expediente que, na noite de
16/9/2012, por volta das 21 h, a vítima se encontrou com a namorada, Fernanda, e,
após passarem em determinada festa de amigos, seguiram para a casa de Fernanda,
no bairro Boa Prudência, onde Douglas a deixaria; o casal estava em um veículo
utilitário de cor branca, placa JEL 9601/BA, de propriedade da vítima; na madrugada
do dia seguinte, por volta de 0 h 40 min, quando já estavam parados em frente à casa
de Fernanda, apareceu na rua um veículo sedã de cor prata, em que se encontravam
quatro rapazes, que cobraram Douglas pelo "bagulho" e ameaçaram o casal com armas
nas mãos, quando um dos rapazes deu dois tiros para o alto, momento em que Douglas
e Fernanda se deitaram no chão. Em ato contínuo, um dos rapazes desceu do carro,
chutou a cabeça de Douglas e, em seguida, desferiu três disparos em sua direção,
atingindo-lhe fatalmente a cabeça e o tórax. Douglas faleceu ainda no local e os autores
se evadiram logo após a conduta, lá deixando Fernanda a gritar por socorro. Nos autos
do inquérito, consta que foram ouvidos dois vizinhos de Fernanda que se encontravam,
na ocasião dos fatos, na janela do prédio vizinho e narraram, em auto próprio, a
conduta do grupo, indicando a placa do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA) e a
descrição física dos quatro indivíduos. Na ocasião, foram apresentadas fotografias de
possíveis suspeitos às duas testemunhas, que reconheceram formalmente, conforme
auto de reconhecimento fotográfico, dois dos rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo
Madeira e Cristiano Madeira. Fernanda foi ouvida em termo de declarações e alegou
conhecer dois dos autores, em específico os que empunhavam armas: Cristiano
Madeira, vulgo Pinga, que portava um revólver e teria desferido dois tiros para o alto;
e o irmão de Cristiano, Ricardo Madeira, vulgo Caveira, que, portando uma pistola
niquelada, desferira os três tiros que atingiram a vítima. Fernanda afirmou desconhecer
os outros dois elementos e esclareceu que poderia reconhecê-los formalmente, se fosse
necessário. Ao final, noticiou que se sentia ameaçada, relatando que, logo após o crime,
em frente à sua residência, um rapaz descera de uma moto e, com o rosto coberto pelo
capacete, fizera menção que a machucaria caso relatasse à polícia o que sabia. Em
complementação à apuração da autoria, buscou-se identificar, embora sem êxito, os
outros dois indivíduos que acompanhavam Ricardo e Cristiano na ocasião dos fatos.
Juntaram-se aos autos o laudo de exame de local de morte violenta, que evidencia

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terem sido recolhidos do asfalto dois projéteis de calibre 38, e o laudo de perícia
papiloscópica, realizada em lata de cerveja encontrada nas proximidades do local, na
qual foram constatados fragmentos digitais de uma palmar. Lançadas as digitais em
banco de dados, confirmou-se pertencerem a Ricardo Madeira. Também juntou-se ao
feito o laudo cadavérico da vítima, no qual se constata a retirada de três projéteis de
calibre 380 do cadáver: um alojado no tórax e dois, no crânio. Durante as diligências,
apurou-se que o veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, estava registrado em
nome da genitora dos irmãos Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, Maria Aparecida
Madeira, residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador –
BA, onde morava na companhia dos filhos. Nos registros criminais de Cristiano, constam
várias passagens por roubo e tráfico de drogas. No formulário de antecedentes criminais
de Ricardo Madeira, também anexado aos autos, consta a prática de inúmeros delitos,
entre os quais dois homicídios. Procurados pela polícia para esclarecerem os fatos,
Cristiano e Ricardo não foram localizados, tampouco seus familiares forneceram
quaisquer notícias de seus paradeiros, embora houvesse informações de que eles
estariam na residência de seu tio, Roberval Madeira, situada na rua Bom Tempero, s/n,
no bairro Nova Esperança, em Salvador – A. Ambos foram indiciados nos autos como
incursos nas sanções previstas no art. 121, § 2.º, II e IV, do CP. O inquérito policial
tramitou pela delegacia, em diligências, durante vinte e cinco dias, encontrando se
conclusos para a autoridade policial que preside o feito, restando a complementação de
inúmeras diligências visando identificar os outros dois autores e evidenciar, através de
novas provas, a conduta dos indiciados. Em face do relato acima apresentado, proceda,
na condição de delegado de polícia que preside o feito, à remessa dos autos ao Poder
Judiciário, representando pela(s) medida(s) pertinente(s) ao caso. Fundamente suas
explanações e não crie fatos novos.

Comentário e sugestão de peça:

Essa é a famosa questão do concurso de Delegado de Polícia da Bahia, polêmica porque,


aparentemente, cabia representação por preventiva e por temporária, no entanto, a
banca só pontuou quem representou pela temporária.

Vamos verificar então os pontos onde pode-se observar por que a peça adequada era
a temporária.

Primeiramente, aviso a você que uma das frases mais comuns em questões em que se
deve representar pela temporária é a seguinte: continuidade de diligências
investigativas.

As questões em que são possíveis as duas prisões provisórias são muito comuns, e a
dica é quase sempre representar pela temporária, eu inclusive dou essa dica a todos os

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meus alunos e amigos, pois a prisão temporária é a prisão do Delegado de Polícia por
excelência.

A dica aqui é verificar se na questão o crime cometido, se ele estiver previsto na lei de
prisão temporária (7.960/89) ou na lei de crimes hediondos (8.072/90), então opte
pela prisão temporária, pois ela vai te dar tempo para concluir suas investigações.

Na questão da PCCE/2015 e nessa da PCBA/2013 foi bem nítido que o examinador


queria que você representasse por uma medida que lhe desse tempo para concluir as
investigações.

Lembre-se ainda que se você representar pela temporária após o seu decurso de prazo
(5 ou 30 dias), o juiz poderá convertê-la em preventiva.

Então, com o intuito de ganhar mais tempo para a conclusão da sua investigação,
represente pela temporária no lugar da preventiva, apesar de caber as duas medidas.

A temporária é cabível, pois existem fortes indícios de autoria de Cristiano Madeira e


Ricardo Madeira, haja vista os exames periciais que já foram realizados e confirmam a
presença deles na cena do crime.

As testemunhas também comprovam essa tese.

Assim, basta verificar o cabimento, que também está satisfeito, pois o crime cometido,
que é o de homicídio doloso, qualificado, pois poderíamos encaixar a conduta no
homicídio cometido sem a possibilidade de defesa da vítima.

Veja, portanto, que temos um crime hediondo, ou seja, cabe temporária e pelo prazo
de 30 (trinta) dias, ou seja, será uma luva nas suas mãos para a continuidade das
diligências.

Em relação à possibilidade de preventiva, podemos vislumbrá-la, uma vez que os


autores passaram a ameaçar a testemunha ocular, namorada da vítima, o que estaria
adequado ao requisito cautelar de garantia da instrução processual penal.

No entanto, como cabe a temporária, vamos preferi-la.

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Em relação à busca pela arma do crime, podemos vislumbrar a possibilidade de


representar em cumulação à prisão, pela busca domiciliar na residência da mãe e do
tio, onde há fortes indícios de que possa estar escondida a arma do crime.

Para fundamentar essa medida, basta que na fundamentação da peça abramos um


tópico exclusivo para fundamentar a necessidade de que a arma do crime ainda não foi
encontrada e que há fortes indícios de que possa estar escondida em um desses locais,
portanto, é necessária e cabível a medida de busca domiciliar.

Decidida a peça, vamos produzir, lembrando que como o enunciado é muito longo, você
será realmente medido pelo poder de síntese, durante a narrativa dos fatos. O ideal é
procurar ressaltar apenas aquilo que foi importante da narrativa. Aquilo que será
relevante para a sua fundamentação, fatos que comprovam algo.

Vamos elencar alguns pontos importantes na sua peça. Eu inclusive recomendo que
você faça desse jeito no dia da prova, antes de começar a produzir, principalmente em
questões com longos enunciados, faça um aparato dos pontos abaixo:

1. Crime: homicídio qualificado pela impossibilidade de defesa da vítima e pelo motivo


fútil.
2. Medida: Representação por medida cautelar de prisão temporária c/c busca
domiciliar.
3. Prazo: 30 dias.
4. Fumus comissi delicti:

4.1. prova da existência do crime: ...desferiu três disparos em sua direção,


atingindo-lhe fatalmente a cabeça e o tórax. Douglas faleceu ainda no local e
os autores se evadiram logo após a conduta, lá deixando Fernanda a gritar por
socorro...; Também juntou-se ao feito o laudo cadavérico da vítima, no qual
se constata a retirada de três projéteis de calibre 380 do cadáver: um alojado
no tórax e dois, no crânio...

4.2. Indícios suficientes de autoria: ...Fernanda foi ouvida em termo de


declarações e alegou conhecer dois dos autores, em específico os que
empunhavam armas: Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que portava um revólver
e teria desferido dois tiros para o alto; e o irmão de Cristiano, Ricardo Madeira,
vulgo Caveira, que, portando uma pistola niquelada, desferira os três tiros que
atingiram a vítima....; foram ouvidos dois vizinhos de Fernanda que se
encontravam, na ocasião dos fatos, na janela do prédio vizinho e narraram,

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em auto próprio, a conduta do grupo, indicando a placa do veículo sedã de cor


prata (ABS 2222/BA) e a descrição física dos quatro indivíduos. Na ocasião,
foram apresentadas fotografias de possíveis suspeitos às duas testemunhas,
que reconheceram formalmente, conforme auto de reconhecimento
fotográfico, dois dos rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo Madeira e Cristiano
Madeira....;...o laudo de perícia papiloscópica, realizada em lata de cerveja
encontrada nas proximidades do local, na qual foram constatados fragmentos
digitais de uma palmar. Lançadas as digitais em banco de dados, confirmou-
se pertencerem a Ricardo Madeira...; ...Durante as diligências, apurou-se que
o veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, estava registrado em nome
da genitora dos irmãos Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, Maria Aparecida
Madeira, residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em
Salvador – BA...

5. periculum libertatis: O inquérito policial tramitou pela delegacia, em


diligências, durante vinte e cinco dias, encontrando se conclusos para a
autoridade policial que preside o feito, restando a complementação de
inúmeras diligências visando identificar os outros dois autores e evidenciar,
através de novas provas, a conduta dos indiciados

Ou seja, temos todos os elementos que possibilitam a representação pela temporária.

No entanto, na qualidade de autoridade policial, visto que você também pode


representar pela busca domiciliar, eu entendo que caberia ainda uma busca domiciliar
na casa da genitora dos prováveis autores do crime de homicídio.

Essa diligência visa a possível prisão deles, uma vez que há possibilidade de eles
estarem escondidos na casa da mãe, bem como a apreensão da arma do crime, o
revólver calibre 38.

Assim, verifico ser cabível a busca domiciliar, até como diligência complementar. No
entanto, pela reserva jurisdicional, devemos representar pela medida, não podemos
fazê-la à revelia do juiz.

Vamos à peça:

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JÚRI DA COMARCA


DE SALVADOR - BA.

Ref. Inquérito policial n°0021/2012

A Polícia Civil do estado da Bahia, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 2°, ‘caput’, da Lei 7.960/89, pelo art. 240, §1°, d, do CPP, bem como no art.
2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa
Excelência, representar pela decretação da prisão temporária de Ricardo Madeira e
Cristiano Madeira, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Narram os autos, que na madrugada do dia 17 de setembro de 2012, por volta de


00:40, ocorreu um crime de morte, ocasião em que a vítima Douglas Aparecido da Silva
foi atingida por dois disparos de arma de fogo, que lhe atingiram o tórax e a cabeça. O
crime teria sido motivado por uma dívida de drogas que a vítima mantinha com os
agentes criminosos.

A ação delituosa foi presenciada por sua namorada Fernanda Maria de Souza, a qual
prestou depoimento nesta delegacia, afirmando que conhece os prováveis autores,
tendo os reconhecido.

A ação criminosa ainda teve como testemunhas dois vizinhos que assistiram tudo de
suas janelas e também reconheceram formalmente os indiciados, ora representandos,
por meio de reconhecimento fotográfico, cujo auto se encontra juntado aos autos.

Foi ainda feito o laudo de local de crime, oportunidade em que foi realizada perícia
papiloscópica em uma lata de cerveja encontrada no local, resultando positivo para
Ricardo Madeira.

Os quatro agentes criminosos deslocavam-se em um carro sedan de cor prata, placa


ABS 2222/BA, que está registrado em nome da genitora dos irmãos Madeira, Maria
Aparecida Madeira.

O inquérito tramita nesta unidade de polícia judiciária e ainda estão pendentes várias
diligências para a elucidação do crime, notadamente a identificação de dois dos quatro

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indivíduos e ainda resta empreender diligências com o intuito de encontrar a arma de


fogo utilizada e demais elementos de informação que possam ajudar na convicção do
MP e do Juiz no processo judicial.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

De acordo com os fatos narrados acima, os indiciados foram incursos no crime de


homicídio qualificado, pelo motivo torpe, bem como pela impossibilidade de defesa por
parte da vítima.

2.2 Do cabimento

Nos termos da lei de prisão temporária, bem como na lei de crimes hediondos, é cabível
o recolhimento cautelar dos indiciados, pois o crime cometido está previsto no rol de
crimes onde cabe essa hipótese de segregação.

Ademais, como se trata de crime hediondo, vale ressaltar que o prazo da prisão será o
de 30(trinta) dias, conforme previsto na própria lei de crimes hediondos.

Noutro giro, com a mesma finalidade de colheita de elementos de informação que


consubstanciem a investigação preliminar, é cabível a busca domiciliar no endereço da
mãe dos autores e do tio, com o fito de encontrar a arma utilizada no crime de morte,
bem como outros elementos que possam interessar à investigação, tudo nos termos
das alíneas do §1°, do art. 240, do CPP.

2.3 Dos requisitos cautelares

No caso em tela, podemos afirmar que há uma combinação perfeita entre os incisos I
e III, do art. 1° da Lei 7.960/89. Vejamos.

Quanto à prova da existência do crime. Nada mais claro que isso está nos autos, uma
vez que foram juntados tanto os depoimentos de três testemunhas, afirmando que
presenciaram a morte da vítima, bem como pela juntada do laudo de exame cadavérico,
onde se afirma a vítima ter sido alvejada por dois disparos de arma de fogo, um no
tórax e outro na cabeça.

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Portanto, o crime existe e há elementos que nos conduzem a essa conclusão.

Quanto aos indícios de autoria, também estão comprovados pelo auto de


reconhecimento fotográfico dos irmãos Madeira, no qual as testemunhas afirmam ter
sido eles os autores do homicídio.

De modo a reforçar a autoria temos o laudo de exame papiloscópico, no qual se


confirma as digitais de um dos irmãos madeira em uma lata de cerveja deixada no local
do crime, o que nos conduz ao reforço da autoria atribuída a Ricardo e Cristiano.

Portanto, o requisito do inciso III, da Lei 7.960/89 encontra-se plenamente satisfeito


no caso concreto.

O requisito do inciso I, do referido artigo, também se satisfaz, pois a investigação ainda


se encontra em seu decorrer e várias diligências são necessárias para a elucidação do
crime. Ainda é necessária a identificação dos outros dois indivíduos que participaram
da ação criminosa, além do que é necessário encontrar a arma utilizada no crime. O
inquérito está com seu prazo se esvaindo, o que comprova mais ainda ser
imprescindível a prisão dos indiciados para o sucesso das diligências.

Além de tudo isso, os indiciados possuem extensa folha de antecedentes criminais, onde
se pode perceber uma série de crimes cometidos pelos representandos, notadamente
ligados ao tráfico de drogas, roubos e homicídios.

Assim, podemos afirmar que estão presentes os requisitos dos incisos I e III, do art. 1°
da Lei n° 7.960/89.

Por outro lado, é necessária ainda a expedição de mandado de busca domiciliar.


Vejamos.

No crime em comento, foi utilizada arma de fogo para a execução, objeto esse que
ainda não foi encontrado, mesmo após várias diligências da seção operacional desse
distrito policial, o que nos leva a pensar que a arma do crime pode estar escondida na
casa da genitora dos indiciados ou na residência do tio deles, pois até o veículo utilizado
no dia do crime está registrado no nome da mãe deles, o que nos leva a crer que pode
ser possível encontrar o revolver calibre 38 na casa localizada na rua Querubim, casa

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32, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA, ou então na rua Bom Tempero, s/n, no
bairro Nova Esperança, em Salvador

Nos termos do art. 240, §1°, do CPP, será deferida a busca domiciliar quando for
necessário encontrar armas e outros objetos ligados à prática delituosa. O que se
encaixa perfeitamente no caso em tela, necessitando apenas de mandado judicial para
a efetivação da diligência, uma vez que se trata de um tema que requer a intervenção
do juiz para seu deferimento.

3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pela decretação da prisão temporária de Ricardo
Madeira e Cristiano Madeira, sem a oitiva da parte contrária, pela própria natureza da
medida e urgência características, pelo prazo de 30 (trinta) dias, após a competente
manifestação do membro do Ministério Público.

Requer ainda a expedição de mandado de busca domiciliar, diligência a ser cumprida


na Rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA, com a finalidade
de encontrar o revólver calibre 38 utilizado no crime cometido.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

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03. (VINÍCIUS SILVA) No dia 23 de julho de 2014, na cidade litorânea de Praia Verde
– SP, a polícia encontrou um corpo de uma pessoa do sexo feminino, sem vida, que
aparentemente havia sofrido várias agressões físicas antes de ter sua vida ceifada.

O laudo de exame cadavérico concluiu que houve um homicídio e que este se deu
mediante asfixia, tudo conforme a análise técnica do corpo de peritos da Polícia Civil de
São Paulo.

Alguns documentos foram encontrados junto à vítima e comprovaram que se tratava


de uma turista francesa, que estava passando o final de semana no litoral paulista,
conhecendo as belezas das praias.

Posteriormente, mediante o depoimento de moradores que residem próximos ao local


do crime, chegou ao conhecimento da autoridade policial titular da delegacia de
proteção ao turista a informação de que a vítima estava acompanhada de um suposto
guia turístico, que lhe mostrara algumas das belezas da região, essa pessoa seria o Sr.
Antônio da Silva.

No decorrer das investigações ficou demonstrado pela perícia que no corpo da vítima,
na região do pescoço havia diversas marcas digitais, que foram juntadas ao laudo
pericial.

Posteriormente, foi feito um batimento entre as impressões digitais encontradas na


vítima e o banco de dados da Secretaria de Segurança Pública, no entanto, não foi
possível nenhuma coincidência entre as informações.

Após empreender diligências, Antônio dos santos foi intimado a comparecer a delegacia
para ser ouvido e ele negou a autoria do crime.

No entanto ficou comprovado que ele não era guia turístico e sim um morador da cidade
que já havia sido acusado de vários delitos de estupro, conforme registros de ocorrência
do próprio banco de dados da Polícia Civil.

Ouvido ele informou que não possuía residência fixa e que durante o dia, a fim de
recolher dinheiro fazia “bicos” como guia. Dormindo em locais incertos. Não apresentou
qualquer documento de identidade e negou a autoria do crime.

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Na qualidade de titular da delegacia de proteção ao turista, represente pela medida


cautelar cabível, visando à conclusão das investigações.

Comentário e sugestão de peça:

Essa questão foi elaborada inteiramente por min, e se baseia em casos práticos que
vivenciamos todos os dias e que e própria mídia nos traz. Modifiquei alguns dados e a
questão ficou muito boa.

Nesse problema ocorreu um crime clássico que é o de homicídio qualificado pelo meio
de execução, qual seja a asfixia.

O laudo cadavérico comprova que o crime aconteceu, portanto, a prova da existência


do crime se faz pela própria existência do cadáver e do laudo que comprova o que
ocorrera e como se deu a ação delituosa.

Na mesma toada, temos vários indícios de que o autor do crime seria o Sr. Antônio da
Silva, o qual já foi acusado por vários crimes de estupro na região, tendo sido
reconhecido por testemunhas como a pessoa que acompanhava a turista. Portanto há
fortes indícios de que ele seria o suposto autor do crime.

Além disso, temos o fato de que o investigado não possui residência fixa, nem trabalho
fixo, o que vai ao encontro do que está previsto como requisito cautelar da prisão
temporária.

Visto isso, como o crime é hediondo, podemos confirmar que o prazo da temporária é
de 30 (trinta) dias.

O fato de as impressões digitais encontradas no corpo da vítima não terem sido


coincidentes com as do investigado, não macula a representação por prisão temporária,
pois não há como afirmar que o Sr. Antônio da Silva não foi o autor do crime apenas
com essa excludente. O que se pode afirmar é que as digitais não estavam presentes,
o crime pode ainda ter sido cometido por duas pessoas, ou seja, precisamos na
qualidade de autoridade policial, prosseguir nas diligências e a prisão do investigado é
necessária para tanto.

Como temos um crime de homicídio, vamos representar ao juiz presidente do tribunal


do júri.

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Vamos à peça.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JÚRI DA COMARCA


DE PRAIA VERDE - SP.

Ref. Inquérito policial n°_____

A Polícia Civil do estado de São Paulo, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 2°, ‘caput’, da Lei 7.960/89, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela
decretação da prisão temporária de Antônio da Silva, pelos fundamentos de fato e de
direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Narram os autos que no dia 23/07/2014, na cidade de Praia Verde - SP, ocorreu um
crime de homicídio, ocasião em que a vida de uma turista francesa foi ceifada por uma
ação criminosa que utilizou do meio da asfixia para execução da morte, tudo isso
comprovado por maio do laudo de exame cadavérico.

O inquérito em epígrafe tramita nessa delegacia e encontra-se em meio a diligências


investigativas, no intuito de comprovar os indícios de autoria.

Foram ouvidas testemunhas que residem nas proximidades do local do crime e


afirmaram que viram a turista sozinha com um suposto guia turístico, o Sr. Antônio da
Silva, o qual se passava por guia para angariar dinheiro.

O Sr. Antônio da Silva foi ouvido nesta delegacia e afirmou não ter cometido o crime,
no entanto, disse que não possui residência fixa, tampouco trabalho fixo, e que dorme
em locais onde encontra guarida. Juntada a folha de antecedentes criminais, ficou
constatado que o investigado já foi acusado por diversos crimes de estupro na mesma
região.

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2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

No caso em tela, podemos afirmar, de acordo com os laudos periciais que houve morte
violenta e que essa morte teria ocorrido por meio de asfixia do tipo esganadura, tudo
conforme o laudo pericial.

Portanto, fica caracterizada a ocorrência de crime de homicídio doloso qualificado pelo


meio de execução (asfixia).

2.2 Do cabimento

A medida cautelar representada é a de prisão cautelar temporária, a qual possui sua


regulamentação na Lei n° 7.960/89 e na Lei n° 8.072/90.

A medida é cabível quando o crime ocorrido está previsto no rol do inciso III, do art.
1°, da Lei n° 7.960/89.

O caso encaixa-se perfeitamente na conduta prevista na alínea “a” do referido inciso.


Portanto, é cabível a prisão temporária do investigado.

2.3 Dos requisitos cautelares

A prova da existência do crime está mais do que comprovada, uma vez que existe o
cadáver e o laudo de exame cadavérico, por meio do qual se comprova que o crime foi
o de homicídio qualificado pela asfixia como meio de execução.

Quanto aos indícios suficientes de autoria, os depoimentos das testemunhas


comprovam que o representando esteve com a vítima no dia do crime.

Portanto, o fumus commissi delicti está satisfeito e devemos apenas comprovar o perigo
que a liberdade do investigado representa para a própria persecução penal.

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O periculum libertatis está previsto no art. 1°, II, da Lei n° 7.960/89, oportunidade em
que a lei prevê que a prisão será necessária sempre que o investigado não possua
residência fixa, como é o caso dos autos.

O investigado não possui residência fixa, tendo afirmado em seu depoimento que dorme
em locais onde consegue guarida.

Assim, presentes estão os requisitos de cautelaridade para o deferimento da medida,


uma vez que comprovada a combinação dos incisos III e II, do art. 1°, da Lei n°
7.960/89.

Cumpre ressaltar ainda que se trata de crime hediondo, onde a prisão representada
possui um prazo de 30(trinta) dias, prorrogável por igual período, tudo isso previsto na
Lei n°. 8.072/90.

3. Do pedido

Diante do exposto, com base nos fundamentos fáticos e jurídicos elencados, representa
essa autoridade policial pela decretação da prisão temporária de Antônio da Silva,
pugnando pela expedição do competente mandado judicial, decisão a ser dada sem a
oitiva da parte contrária, pela própria natureza e urgência características da cautelar,
pelo prazo de 30(trinta) dias.

Requer ainda a competente manifestação do membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

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04. (VINÍCIUS SILVA) No último mês de janeiro, na pacata cidade de Milagrinho,


vários casos de estupro foram relatados à autoridade policial local, que decidiu instaurar
inquérito policial, tombado na delegacia municipal de Milagrinho sob o n° 166/2016.

Durante as investigações várias vítimas foram ouvidas e relataram o modus operadi do


criminoso, que sempre abordava as vítimas que estavam paradas em pontos de ônibus
aguardando o transporte coletivo, oferecendo carona em uma motocicleta de placa ABC
– 1234.

Após a aceitação das vítimas o agente as levava para um local ermo, sob a ameaça
com arma de fogo, onde praticava com elas atos libidinosos, batia fotos dos atos e
depois armazenava em seus dispositivos eletrônicos.

Além disso, o agente criminoso roubava as vítimas e as deixava despidas no local em


que os atos eram praticados.

Após investigações e diligências realizadas pela equipe operacional da Delegacia a


autoridade policial conseguiu encontrar um suspeito, de nome Roberto Júnior, o qual
foi encontrado próximo ao local do crime na mesma motocicleta em atitude suspeita.

Levado espontaneamente à Delegacia, durante o seu interrogatório o suspeito


encontrava-se visivelmente nervoso e não declinou o seu endereço, e disse que não
possui trabalho fixo.

Além disso, foi reconhecido por duas vítimas.

No entanto, não foi possível ainda recuperar os bens roubados das vítimas, tampouco
os dispositivos eletrônicos onde as fotos ficam armazenadas foram apreendidos. A arma
de fogo também não foi encontrada.

Na qualidade de delegado de polícia que conduz o inquérito policial 166/2016,


represente pela medida cabível ao caso concreto para o prosseguimento das
investigações.

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Comentário e modelo de resposta:

Nessa questão está cristalino que a peça cabível é a representação pela prisão
temporária do investigado, uma vez que é necessária a continuidade das diligências,
ou seja, o delegado necessita prosseguir sua investigação para relatar o inquérito e isso
com o investigado preso se faz com muito mais eficiência.

Assim, vamos representar pela prisão temporária. Quanto aos requisitos, verificamos
que estão presentes tano o de cabimento quanto o de cautelaridade.

Quanto ao cabimento, o crime é de estupro, portanto, dentro do rol da Lei 8.072/90,


bem como da Lei n° 7.960/89. Assim, está demonstrado o requisito de cabimento da
medida.

Por outro lado, na mesma toada, temos o requisito cautelar devidamente presente, pois
quando o enunciado menciona que o investigado não possui residência e trabalho fixos,
isso dá margem para a necessidade de uma prisão temporária.

Ademais, o fumus comissi delicti está plenamente presente, pois o crime possui prova
de que ocorreu (vítimas prestaram depoimento), bem como a há fortes indícios de
autoria delitiva em relação ao representado.

Vamos à peça

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO da ____ª VARA CRIMNAL DA


COMARCA DE MILAGRINHO.

Ref. Inquérito policial n°. 166/2016.

A Polícia Civil do estado de ____, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado,
no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art.
2°, ‘caput’, da Lei 7.960/89, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem, mui
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela decretação da
prisão temporária de Antônio da Silva, pelos fundamentos de fato e de direito que a
seguir passa a expor.

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1. Dos fatos
Resumo das informações do enunciado.
2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

No caso em tela, podemos afirmar, de acordo com os elementos de informação


carreados nos autos que houve crime de estupro, uma vez que foram praticados atos
libidinosos comas vítimas mediante ameaça, inclusive com arma de fogo.

Portanto, fica caracterizada a ocorrência de crime de estupro.

2.2 Do cabimento

A medida cautelar representada é a de prisão cautelar temporária, a qual possui sua


regulamentação na Lei n° 7.960/89 e na Lei n° 8.072/90.

A medida é cabível quando o crime ocorrido está previsto no rol do inciso V, do art. 1°,
da Lei n° 8.072/90, assim como no art. 1°, III, “f”, da Lei n° 7.960/89.

Portanto, é cabível a prisão temporária do investigado.

2.3 Dos requisitos cautelares

A prova da existência do crime está mais do que comprovada, uma vez que as vítimas
mencionaram em seu depoimento que foram violentadas, assim como os demais
elementos de informação dos autos podem comprovar que os atos libidinosos
ocorreram. Ademais, as vítimas mencionam sempre o mesmo modus operandi do autor
dos delitos, o que corrobora a tese de que os crimes realmente ocorreram, na mesma
forma de execução.

Quanto aos indícios suficientes de autoria, os depoimentos das testemunhas


comprovam que o representando é o provável autor dos delitos, inclusive por conta de
seu interrogatório colhido junto a essa autoridade.

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Portanto, o fumus commissi delicti está satisfeito e devemos apenas comprovar o perigo
que a liberdade do investigado representa para a própria persecução penal.

O periculum libertatis está previsto no art. 1°, II, da Lei n° 7.960/89, oportunidade em
que a lei prevê que a prisão será necessária sempre que o investigado não possua
residência e trabalho fixos, como é o caso dos autos, que é o caso que se encaixa
perfeitamente aos fatos até aqui narrados.

Além disso, a prisão do investigado é de suma importância para o andamento das


diligências do inquérito policial.

Assim, presentes estão os requisitos de cautelaridade para o deferimento da medida,


uma vez que comprovada a combinação dos incisos III e II, do art. 1°, da Lei n°
7.960/89, bem como dos incisos I e III, da mesma lei.

Cumpre ressaltar ainda que se trata de crime hediondo, onde a prisão representada
possui um prazo de 30(trinta) dias, prorrogável por igual período, tudo isso previsto na
Lei n°. 8.072/90.
3. Do pedido
Diante do exposto, com base nos fundamentos fáticos e jurídicos elencados, representa
essa autoridade policial pela decretação da prisão temporária de Roberto Júnior,
pugnando pela expedição do competente mandado judicial, decisão a ser dada sem a
oitiva da parte contrária, pela própria natureza e urgência características da cautelar,
pelo prazo de 30(trinta) dias.

Requer ainda a competente manifestação do membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.


Local, data.
Delegado de Polícia
Matrícula
Por hoje é só, nos vemos na próxima aula.

Abraços.
Prof. Vinícius Silva

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