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Vinícius
Silva.
Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com
Correção - Pós-Edital
Autores:
Fernando Bezerra, Ivo Martins,
Vinicius Silva
Aula 05 - Prof. Vinícius Silva.
13 de Maio de 2020
Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva
Aula 05 - Prof. Vinícius Silva.
Sumário
1. Apresentação ................................................................................................................. 2
2. Aspectos teóricos acerca da interceptação telefônica .................................................... 3
2.1 Análise da Lei n° 9.296/96 ............................................................................................ 9
3. Representação por Interceptação das Comunicações Telefônicas ................................ 14
3.1 Legitimação................................................................................................................ 14
3.2 Fundamentos de fato ou Fatos ................................................................................... 15
3.3 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 16
3.4. Pedido ...................................................................................................................... 18
4. Modelo de representação por interceptação das comunicações telefônicas ................ 21
4.1 Endereçamento.......................................................................................................... 21
4.2 Preâmbulo ................................................................................................................. 22
4.3 Fatos .......................................................................................................................... 24
4.4 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 24
4.5 Do Pedido. ................................................................................................................. 25
5. Questões comentadas de prova. .................................................................................. 29
1. APRESENTAÇÃO
Estamos evoluindo nos nossos estudos e chegamos a aula 04, onde vamos estudar uma
medida cautelar probatória muito importante, que já foi objeto de prova no
último concurso da PCPE, prova realizada em junho de 2016, assim como na
prova da PCSC – 2014.
Note que as três primeiras aulas de peças (03, 04, 05 e 06) foram destinadas a
cautelares pessoais, a última aula foi a de busca domiciliar, inaugurando as medidas
cautelares probatórias e na aula de hoje vamos trabalhar com outra medida cautelar
muito comum da atividade policial, que é a interceptação das comunicações telefônicas.
Ela tem crescido em termos de incidência, tendo sido já cobrada pela Banca CESPE,
mas a verdade é que desde 2016 não temos a cobrança desse tipo de cautelar, o que
pode indicar uma probabilidade boa para essa segunda fase do PR.
No dia a dia das delegacias de polícia, quando a investigação muitas vezes não tem
outra forma de prosseguir, é o momento lançar mão de uma interceptação.
Você como delegado de polícia deverá ficar muito atento, pois essa medida pode
aparecer sozinha numa prova, como foi o caso da prova de Delegado de Polícia de
Santa Catarina e Pernambuco, em 2014 e 2016, respectivamente.
Mais uma vez essa medida cautelar está imersa em meio a uma garantia
constitucional, a da inviolabilidade das comunicações, direito à privacidade de
suas comunicações, ou seja, a medida é utilizada para coibir o cometimento de crimes
acobertados pelo manto do direito individual à intimidade.
Esse aspecto deve ser levantado em sua representação, geralmente eu recomendo que
o candidato exponha essa fundamentação no segundo tópico da fundamentação.
A primeira coisa que deve ser esclarecida acerca da interceptação é que ela é regulada
por uma lei específica, diferentemente da busca e apreensão que está regulada no CPP
(art. 240), a interceptação telefônica está regulamentada em uma lei ordinária, trata-
se da Lei n°. 9.296/96. Assim, temos um arcabouço de dispositivos legais
especificamente destinados a essa medida.
Assim, do dispositivo acima, podemos afirmar, ao fazer uma primeira leitura, que o
sigilo de correspondência, das comunicações telegráficas e de dados são absolutamente
invioláveis, sendo relativizada apenas as comunicações telefônicas.
A primeira coisa que deve ficar clara aqui é que você está se preparando para uma
prova discursiva e nesse sentido, deve se pautar por um aprofundamento em alguns
temas e esse é um dos que suscita mais discussão jurisprudencial e doutrinária.
Seguindo uma linha mais voltada para a atividade policial, não apenas as
comunicações telefônicas podem ser violadas, mas todos os tipos de
comunicação, uma vez que nenhum tipo de comunicação pode ser utilizado para
acobertar o cometimento de crimes.
Além do mais, não existe direito fundamental absoluto, portanto seria um absurdo
considerar que o dispositivo acima relativizou apenas as comunicações telefônicas.
Assim, diante de uma prova para delegado de polícia civil, fundamente a sua
resposta, afirmando que não há direito fundamental absoluto, sendo eles, portanto,
relativizados, principalmente quando utilizados no mundo do crime, como forma de se
acobertar a prática delituosa, isso não condiz com o estado democrático, tampouco ele
pode permitir que um direito sucumba perante outro, isso violaria o princípio da
concordância prática ou harmonização.
Assim, a ideia é que não apenas as comunicações telefônicas podem ser interceptadas,
mas também as comunicações de dados, e até as correspondências.
Para isso, basta lembrarmos da lei de execução penal, que prevê a interceptação das
cartas enviadas e recebidas por presos.
(...)
(...)
Ou seja, estamos diante de um direito que pode ser relativizado, diante da suspeita
fundada de cometimento de crimes.
Mas vamos voltar ao nosso assunto que é a interceptação das comunicações telefônicas.
A constituição federal passou a bola para a lei definir em que situações teremos a
possibilidade de interceptação telefônica validada, ou seja, sem que haja violação do
direito à intimidade e vida privada das pessoas.
Então a Lei n°. 9.296/96 veio para definir quais as possibilidades de cabimento e
também os requisitos cautelares para o deferimento da interceptação telefônica.
Professor, e as
interceptações que foram
efetuadas antes da edição
da lei, em 1996?
Antes de adentrar na lei, vamos verificar ainda alguns conceitos importantes, que não
podem se confundir com o de interceptação telefônica.
Essa é a interceptação objeto da nossa aula, ela consiste em uma terceira pessoa
interceptar, ou seja, aparecer no meio do caminho da ligação, sem que os
interlocutores saibam da existência dessa pessoa e tampouco de que essa comunicação
está sendo ouvida e, geralmente, gravada por essa terceira pessoa.
b) sigilo telefônico
A interceptação por si só não é tão contundente e não possui algumas informações que
são específicas da quebra de sigilo de dados.
Vamos ver no modelo da peça como inserir isso dentro da representação, de forma bem
objetiva, no pedido que será feito à autoridade judiciária.
c) escuta telefônica
e) comunicação ambiental
f) interceptação ambiental
g) escuta ambiental
A escuta ambiental ocorre quando um terceiro efetua a captação de uma conversa entre
duas pessoas e uma delas sabe da existência do terceiro e da captação da comunicação.
h) gravação ambiental
Vamos a partir de agora verificar alguns dispositivos interessantes dessa lei que possam
nos ser úteis na produção da peça prática.
Portanto, identificar a peça não será uma matéria das mais difíceis, logo se a
identificação não é difícil, a feitura da peça será muito simples também.
Esse dispositivo é bem autoexplicativo, pois nele pode-se observar que a interceptação
é possível apenas para prova em investigação criminal e em instrução penal.
Fica apenas uma crítica à técnica legislativa, no que diz respeito à palavra “prova”, pois
na fase de inquérito ou investigatória, não se colhem provas, mas elementos de
informação, isso porque prova deve ser aquela que em sua produção é respeitado o
contraditório. No inquérito, em regra, não há essa necessidade, portanto, a melhor
expressão seria elementos de informação.
Além disso, esse artigo nos traz a reserva de jurisdição a que fica sujeita a medida
cautelar probatória em estudo, ou seja, apenas o juiz competente para a ação principal
poderá determinar a interceptação.
Durante muito tempo esse parágrafo foi alvo de ações de inconstitucionalidade, usando
como base o art. 5°, XII, da CF/88, onde se prevê, em uma interpretação mais literal,
que apenas as comunicações telefônicas estão sujeitas à interceptação, no entanto, o
STF já decidiu pela constitucionalidade do referido dispositivo da lei, ampliando o
sentido que o constituinte quis dar ao dispositivo.
Hoje em dia inclusive, em algumas hipóteses, as comunicações escritas são até mais
comuns que as comunicações faladas. Por isso a lei teve de prever essa evolução
tecnológica para se fazer valer a pena.
Excelente dispositivo para a nossa aula, estamos diante das hipóteses de cabimento
e requisitos cautelares da medida, aquilo que você utiliza para a fundamentação
jurídica da sua peça.
Mais uma vez a lei não foi muito feliz na sua redação, pois prevê as hipóteses em que
não é cabível a interceptação, ou seja, vamos ter de fazer o raciocínio a contrario
sensu do dispositivo acima.
Veja que nos casos acima teremos a hipótese de cabimento e os requisitos cautelares
para a concessão, lembrando que os requisitos acima devem ser cumulativos, ou seja,
devemos ter uma infração punível com reclusão, para início de conversa. Caso
não seja uma infração dessa natureza, não poderemos vislumbrar a hipótese de
interceptação.
Os requisitos cautelares são dois elementos, que são o fumus boni iuris e o
periculum in mora. Aqui voltamos às expressões do direito processual civil, uma vez
que se trata de uma cautelar probatória, assim, não faz sentido falar em periculum
libertatis
Quando no art. 2°, II, a lei menciona que a prova não poderá ser realizada por outro
meio, o sentido do dispositivo é dizer que a interceptação é a ultima ratio em se
tratando de meios investigatórios.
Nesse dispositivo estamos diante de um requisito que deve constar na sua peça, ou
seja, descrever com clareza quem está sob investigação, qual o objeto dela, salvo
impossibilidade de fazê-lo. Isso você deve valorizar na narrativa de fatos da sua peça
Aqui estamos diante da legitimação que a lei defere ao delegado de polícia para
representar pela medida.
Mais uma vez uma falha técnica da lei, quando ela menciona que a autoridade policial
poderá requerer ao juiz, quando na verdade a expressão correta é a representação
pela autoridade policial. Lembre-se de que esse ponto é fundamental para o seu
preâmbulo.
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação
telefônica conterá a demonstração de que a sua
realização é necessária à apuração de infração penal,
com indicação dos meios a serem empregados.
O § 1° prevê a possibilidade de pedido verbal. Não é a regra, mas pode ser feito
excepcionalmente.
O § 2° nos remete à urgência da medida, pois o juiz terá o prazo de apenas 24 horas
para decidir sobre o pedido. Lembrando que se trata de um prazo impróprio, no qual o
juiz poderá extrapolá-lo quando estiver com acumulo de serviço, o que acontece
comumente na prática.
Aqui fica claro que a autoridade policial é a responsável pela realização da medida, ou
seja, quem conduz a operação de interceptação é sempre a autoridade policial.
O Ministério Público, na qualidade de fiscal da lei e titular da ação penal, deverá ser
cientificado da execução da medida.
Veja nesse dispositivo como é importante a presença da autoridade policial, ela é que
vai conduzir a operação, efetuar as escutas e “degravações” e inclusive processos de
identificação de voz quando necessários.
3.1 LEGITIMAÇÃO
A legitimação para representar por essa medida está consubstanciada no art. 3°, I, da
lei 9.296/96. Vejamos:
Aqui é a mesma coisa das aulas anteriores e das seguintes aulas também, acostume-
se a resumir ou parafrasear um texto. Sugiro a você algumas técnicas de resumo de
textos, que você encontra em um bom livro de produção textual.
Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre destacando
aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação jurídica.
Lembre-se de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser repetitivo em
relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena utilizar a regrinha da
resposta às perguntas abaixo:
O que?
Quem?
Quando? ACONTECEU
Onde?
Por que?
Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem objetivo, sua
narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação dessa parte estará
garantida.
Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até quando estiver
contando uma história a algum colega.
A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar mais pontos, nela
você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a medida cautelar pela qual
representa.
Nesse ponto você vai dividir sua fundamentação em 3 partes. A primeira será
relativa à prática delituosa, na qual você vai tipificar o crime e verificar que é punido
com reclusão, para que seja cabível. Como a natureza da pena do crime cometido é de
fundamental importância para o cabimento da medida você pode mesclar esses dois
pontos, mas caso queira fazer uma peça mais redonda, ou seja, sem floreios abra um
tópico para a tipificação e outro para o cabimento.
A medida será cabível quando o crime em questão for punido com reclusão, nos termos
do art. 2°, III:
(...)
Lembrando que deve ser feita uma interpretação a contrário sensu, ou seja, se não
é admissível quando o crime for punido no máximo com detenção, então o crime deve
ser punido no mínimo com reclusão, para que seja cabível a medida cautelar em apreço.
Quanto aos requisitos cautelares vamos ter de demonstrar os dois primeiros incisos do
art. 2° da Lei.
Lembrando que aqui o a ideia é raciocinar a contrario sensu, ou seja, deve haver
indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal cuja pena deve ser a de
reclusão.
Essa informação você vai ter de ter faro de delegado para perceber na questão onde
está sendo mencionado que já foram tentados todos os tipos de diligência, e está
sendo praticamente impossível prosseguir nas investigações caso não seja deferida
a interceptação telefônica.
Mais uma vez aqui a ideia é ter faro de delta, sangue de polícia. Durante o enunciado
você perceberá que as informações do enunciado levarão você a essa conclusão.
Ademais, quando a peça for uma interceptação das comunicações telefônicas, saiba
que você estará diante de um número de telefone ou terminal de acesso a um
equipamento como um computador.
Isso já te dará 90% de certeza de que a peça é uma representação dessa natureza.
Por fim, vale a pena mencionar que a regra é a inviolabilidade das comunicações
telefônicas, no entanto, caso estejamos diante de uma investigação criminal, é previsto
constitucionalmente a violabilidade como exceção. Isso foi pontuado no espelho de
correção do CESPE no último concurso de Delegado de Polícia de Pernambuco.
3.4. PEDIDO
Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua peça, você que já
está chegando ao final da sua representação.
Assim como na representação pela busca domiciliar, aqui temos um detalhe importante,
que é o número do telefone a ser interceptado. Já falamos muito dele na parte de
identificação da peça e nos fundamentos jurídicos dela.
Você deverá dar um desfecho a sua peça mencionando objetivamente que representa
pela interceptação no número XXXX-XXXX, uma vez que a medida não pode ser
deferida para qualquer número ou para os números cadastrados em uma família ou
grupo de amigos, a medida deve ser certeira, portanto, você deve ter bons indícios
de que naquele número teremos conversas sobre o cometimento do delito.
A ideia aqui é parecida com a do endereço na busca domiciliar. Você estará relativizando
um direito fundamental, ou seja, a inviolabilidade das comunicações telefônicas,
portanto, não poderá fazer isso às cegas.
Vale a pena mencionar a urgência da medida tanto no início quanto no final, pois a
própria lei carrega em seu texto que o juiz deverá decidir o pedido em 24 horas. Então
sugiro que você solicite andamento em caráter de urgência, tendo em vista o que a
própria lei prevê.
Assim, você demonstrará que conhece bem todas as particularidades da lei e sabe como
agir amparado por ela.
Por fim, você não pode esquecer que essa medida possui prazo certo para
terminar. Isso ocorre por conta do caráter invasivo da interceptação. A polícia não
pode ficar escutando e degravando as suas comunicações como se não houvesse fim
para tal medida.
Cuidado apenas para não mencionar que você já requer prorrogação, caso faça isso,
além de mostrar que a sua investigação não é eficiente, pois antes de se iniciar você já
estará pedindo prorrogação de prazo, você ainda estará agindo sem embasamento legal
nesse primeiro pedido.
Outro ponto a ser relembrado acerca do seu pedido, são alguns aspectos técnicos
acerca da execução da medida. Devem ser ressaltados alguns detalhes que darão a sua
peça um teor mais específico e mostrarão que você sabe direcionar bem o seu pedido
de acordo com o dia a dia policial.
denominada ERB (Estação Rádio Base), que nos permite restringir a localização do
investigado a partir da triangularização das coordenadas geográficas, denominada
azimute; dados cadastrais das linhas telefônicas que mantiveram contato com o
investigado; identificação do IMEI (International Mobile Equipament Identity)
identificação internacional de equipamento móvel.
A banca CESPE, por exemplo, pontuou essas menções na prova de Delta PE, ou seja,
valia a pena mencionar esses detalhes técnicos que a representação pela interceptação
possui.
Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. Poucas coisas vão
mudar em relação à representação pela busca. O modelo será até mais simples
4.1 ENDEREÇAMENTO
Aqui é aquele básico de competência. Recomendo que se você tiver dúvida, volte para
a parte de processo penal, onde se estuda a competência no CPP, pois lá estarão bem
claras as principais regras para identificar o juízo competente.
Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for mencionado isso no
enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em branco, para não perder pontos e
nem ser prejudicado totalmente com uma possível identificação de prova.
ou
Ou
4.2 PREÂMBULO
Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 2, e vai mencionar
que a medida é urgente, vale a pena mencionar esse detalhe na sua peça, uma vez que
mostra que conhece as previsões legais e ainda valoriza seu pedido, salientando ao juiz
que, nos termos da lei ele possui um prazo específico para decidir sobre a
representação.
Veja como é importante mencionar o número do terminal que você quer interceptar,
isso é na verdade um requisito para que você possa interceptar as comunicações.
Lembre-se de que esse tipo de pedido não pode ser genérico, deve ser certeiro, por
entrar na seara particular de um indivíduo.
4.3 FATOS
Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, você vai ser
medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não negligencie esse ponto, pois
o examinador pode já não gostar muito da sua peça, caso os fatos não sejam
corretamente narrados.
Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo. Responder àquelas
perguntas que já mencionei anteriormente pode ser um bom norte a ser seguido.
No entanto, você não pode inventar fatos, isso é terminantemente proibido, sob
pena de ter a peça “zerada” pela identificação da prova.
No caso da peça que estamos estudando, vale a pena você mencionar, assim como na
busca domiciliar, que a inviolabilidade das comunicações telefônicas não pode servir de
salvaguarda para acobertar o cometimento de delitos e que em prol do princípio do “in
dubio, pro societate”, a medida se faz necessária à elucidação do crime e à cessação
da atividade delituosa.
No cabimento você deve mencionar que o crime sob investigação possui pena
de reclusão, veja que não importa a quantidade de pena, mas a sua natureza.
Veja ainda que isso está intrinsecamente ligado à tipificação do crime, que você já vai
ter mencionado.
4.5 DO PEDIDO.
No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida sempre de forma
objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de polícia representa e não requer,
quem requer é o membro do MP.
Outro ponto importantíssimo é o prazo. Toda medida cautelar que tiver prazo definido
em lei deve ter ele em seu pedido, pois é relevante para o decorrer das investigações,
saber que o prazo se esvai em 15 (quinze) dias, no que concerne à interceptação
das comunicações telefônicas.
Local, data.
Delegado de Polícia
Matrícula.
ou
ou
DISTRIBUIÇÃO SIGILOSA
“A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 144, §4º, da CF-88, art. 3°, I (Lei 9.296/96); art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem,
mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, REPRESENTAR PELA
INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES E MONITORAMENTO TELEFÔNICO DAS LIGAÇÕES
ORIGINADAS E RECEBIDAS DA LINHA MÓVEL (XXXX-XXXXX – número do telefone), pelos
fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”.
1. Dos fatos
2.3 Do cabimento
Mencione que a medida é cabível, pois o crime sob investigação sujeita-se a pena de
reclusão, nos termos do art. 2°, III, da Lei n° 9.296/96.
Nesse ponto você vai demonstrar os outros dois incisos do art. 2° da referida lei.
• Inciso II: Necessidade da medida. Ultima ratio. Provar que essa é a única medida capaz
de prosseguir a investigação.
3. Do pedido
Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela interceptação das comunicações telefônicas e quebra de
sigilo telefônico, que deverá ser conduzida da seguinte forma:
Requer, por fim, a manifestação do órgão do Ministério Público, bem como o deferimento
sem a oitiva da parte contrária, com a urgência que a lei (art. 4º, §2º.) determina (prazo
de 24 – vinte e quatro - horas).
Local, data.
Delegado de Polícia
Matrícula.
Escolhi para a nossa aula uma questão recente, da prova de delegado de polícia de
Pernambuco, prova realizada em 2016, o concurso está em andamento, ainda.
Essa foi a questão de peça prática do concurso de Delta PE, o último concurso de
delegado de polícia realizado no Brasil no qual eu tive a oportunidade de ter vários
candidatos que lograram êxito na prova.
A questão trazia um crime de homicídio qualificado, por motivo torpe, qual seja, dívidas
de drogas.
Assim como:
“A genitora da vítima, Sr. ª Maria das Dores Serafim, entrevistada pela equipe
de investigação, afirmou que João Félix da Silva estava sendo ameaçado de
morte em razão de dívidas de drogas e, nos dias anteriores ao crime, teria
recebido inúmeras ligações telefônicas em seu telefone celular”
Em relação à peça prática, temos que é cabível aqui a interceptação das comunicações
telefônicas cumulada com a quebra de sigilo telefônico, uma vez que o número do
telefone foi fornecido e há uma grande possibilidade de sabermos algumas informações
relativas ao crime, pois a vítima e a mãe dela recebeu reiteradas ligações com ameaças
oriundas desse número.
Em relação à ultima ratio, é possível perceber pelos seguintes elementos:
E ainda:
O crime é punido com pena privativa de liberdade do tipo reclusão, ou seja, o requisito
de cabimento também está presente.
O endereçamento será feito ao juiz do tribunal do júri da comarca de Recife – PE, pois
foi o local em que o crime ocorreu.
Assim, decidida a peça que vamos representar, basta adaptar o caso ao nosso modelo
de peça.
Modelo de resposta:
DISTRIBUIÇÃO SIGILOSA
“A Polícia Civil do estado de Pernambuco, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 144, §4º, da CF-88, art. 3°, I (Lei 9.296/96); art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, REPRESENTAR PELA
INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES E MONITORAMENTO TELEFÔNICO DAS
1. Dos fatos
Na ocasião, João Félix da Silva, 17 anos, foi atingido por vários disparos de arma de
fogo, que teriam sido fruto da ação de dois indivíduos, que empreenderam fuga em um
veículo já periciado, porém sem êxito no que diz respeito à busca de elementos que
levassem à identificação dos autores.
As ligações também foram recebidas por sua mãe, oportunidade em que foram feitas
muitas ameaças em caso de colaboração com a investigação.
Trata-se de crime de homicídio qualificado, nos termos do art. 121, §2º, I, do Código
Penal, uma vez que o motivo real da morte da vítima tratar-se de dívidas contraídas
junto à traficantes de drogas.
2.3 Do cabimento
Quanto ao fumus commissi delicti, resta comprovado, tendo em vista os laudos periciais
e de local de crime, que demonstram ter ocorrido crime de homicídio, uma vez que os
disparos foram efetuados com o claro intuito de ceifar a vida da vítima.
Por outro lado, há indícios suficientes que os indivíduos que efetuaram as ligações
possuem um forte indício de que sejam os autores do delito de morte, haja vista que
ameaças foram feitas em face da mãe da vítima oriundas também do número alvo.
3. Do pedido
Delegado de Polícia
Matrícula.
Agora, antes de propor a você quatro exercícios de peças para você treinar, vou colar
o modelo de resposta esperada que o CESPE disponibilizou para esse certame:
A genitora da vítima, Sra. MARIA DAS DORES SERAFIM, entrevistada pela equipe de
investigação, afirmou que JOÃO FÉLIX DA SILVA estava sendo ameaçado de morte em
razão de dívidas de drogas e, nos dias anteriores ao crime, teria recebido inúmeras
ligações telefônicas em seu telefone celular. Disse ainda a referida senhora que, dias
após o homicídio, passou a receber ligações telefônicas do número 081-6999.8888,
ameaçando de morte a ela e a seus familiares caso eles colaborassem com a
investigação policial.
Considerando, assim, que o art. 1.º da Lei nº. 9.296/1996 autoriza a interceptação de
comunicações telefônicas de qualquer natureza para prova em investigação criminal e
em instrução processual penal, e que, nos moldes do que preceitua o art. 2.º, incisos
I, II e III, da referida legislação, o fato ora investigado constitui crime de natureza
grave punido com reclusão, não havendo outros meios de prova disponíveis no sentido
de demonstrar a autoria dos delitos sob investigação, REPRESENTA-SE a Vossa
Excelência pela expedição de ofício único, com força de Mandado Judicial, direcionado
às prestadoras de serviços de telefonia, determinando:
Delegado de Polícia
Levada ao IML para exame de corpo de delito, a vítima não apresentou nenhuma lesão.
Ademais, a casa foi totalmente periciada pela equipe da perícia forense, não tendo esta
encontrado nenhum fragmento de digitais no local.
A descoberta do local do cativeiro foi feita após uma testemunha ter feito denúncia
anônima de que havia sequestradores mantendo pessoa sob sua custódia. A
testemunha morava vizinho ao local e observou várias vezes pessoas entrando e saindo
do local, inclusive no dia do crime a referida testemunha viu o carro de placas XYZ-
1234 entrando na garagem da casa em alta velocidade e conseguiu vislumbrar 2
elementos saindo do carro com uma pessoa encapazuda e com as mãos amarradas.
A testemunha disse não conhecer nenhum dos dois supostos sequestradores, tampouco
revelou ser sabedora de suas identidades. No entanto, conseguiu escutar diversas vezes
o telefone celular com toque sonoro característico soar e os sequestradores atenderem
o aparelho e conversarem sobre o crime.
A vítima do sequestro informou ainda que escutou diversas vezes as conversas entre
os sequestradores e entre eles e sua família, negociando o resgate.
Tudo que foi apurado consta nos autos do inquérito, como os depoimentos da vítima e
da testemunha.
A polícia judiciária ainda não conseguiu identificar os autores do crime, embora tenha
empreendido todas as diligências acima citadas.
A vítima já foi resgatada, motivo pelo qual não cabe a representação pela busca
domiciliar, pelo menos para o fim de resgatá-la.
A testemunha ouvida prestou informações valiosas, que nos levam a crer que houve
muitas ligações relativas ao crime perpetrado oriundas do número 99-9999-9999, ou
seja, a questão mencionou o número de telefone em que provavelmente os criminosos
efetuam ligações.
Pode-se verificar também que muitas diligências foram realizadas, mas nenhuma delas
foi capaz de identificar os criminosos, inclusive foi ouvida uma testemunha que
informou vários detalhes sobre a conduta delituosa, no entanto, a identificação dos
criminosos não foi possível, ainda.
Assim, podemos afirmar que estamos diante do clássico caso de interceptação das
comunicações telefônicas, que visa a identificar os agentes delituosos do crime de
extorsão mediante sequestro na sua forma qualificada, uma vez que a vítima
permaneceu com sua liberdade restrita durante mais de 24 horas, portanto, nos termos
do art. 159, §1°, houve extorsão mediante sequestro na sua modalidade qualificada.
(...)
A necessidade da medida se faz por conta de ser a última diligência a ser adotada a
interceptação para a tentativa de identificação dos criminosos.
Vamos à peça:
DISTRIBUIÇÃO SIGILOSA
1. Dos fatos
Em meio a investigação uma testemunha foi ouvida e ela afirmou que não conhece os
autores do sequestro, no entanto, afirmou que ouvia as conversas, pois sua casa era
vizinha ao cativeiro.
De acordo com os fatos narrados acima, pode-se afirmar que houve a consumação do
crime de extorsão mediante sequestro, pois foi cerceada a liberdade de locomoção da
vítima, com a finalidade de exigir o preço pelo resgate.
Nessa toada, podemos afirmar ainda que a vítima, ao ser resgatada já passava por
mais de 24 (vinte e quatro) horas de cerceamento de liberdade, o que configura a
modalidade qualificada do crime em apreço, nos termos do art. 159, §1°, do CP.
O juiz deve atuar na proteção da coletividade, não podendo admitir que uma conduta
delituosa seja levada a efeito e acobertada pelo manto da inviolabilidade de
comunicação telefônica, pois isso causaria um desequilíbrio institucional. O juiz deve
usar da ponderação para o deferimento da medida, mesmo que cause um prejuízo à
intimidade do investigado, prejuízo maior foi causado à vítima e à sociedade por conta
da prática delituosa.
2.3 Do cabimento
Conforme visto no item 2.1, o crime em apreço é punido com pena de reclusão de 12
a 20 anos, o que, por conta da natureza da pena privativa de liberdade autoriza a
decretação da medida, nos termos do inciso III, do art. 2°, da Lei n° 9.296/96.
Constam ainda informações acerca do número de telefone por meio do qual eles
entravam em contato com a vítima, informação corroborada pelas alegações da
testemunha que contribuiu com o resgate da vítima em seu cativeiro.
3. Do pedido
Local,data.
Delegado de Polícia
Matrícula.
A pessoa que vendia esses “consórcios” era Rubem Braga da Costa, o qual foi
qualificado posteriormente, por meio indireto, constando no inquérito policial a sua
qualificação completa e endereço fixo.
Ouvido, Rubem Braga, destacou em seu depoimento que não conhecia a prática
delituosa da empresa em que trabalhava, no entanto disse que havia um chefe imediato
de nome Raimundo Nonato da Silva, até então desaparecido, mas qualificado nos autos
do inquérito, por meio de informações de Rubem Braga.
Foi possível ainda verificar que há uma empresa do ramo de comércio de roupas e
serviços intitulada Trevo da Sorte, em que Rubem é registrado como empregado. O
CNPJ da empresa é 01234.5678/0001-99, e o respectivo endereço na rua Alto da
Balança, 44, Granja Lisboa, Fortaleza – CE.
Foram cumpridas algumas poucas diligências, e enviados ofícios aos órgãos reguladores
da atividade consórcio. Em resposta à autoridade policial os referidos órgãos afirmaram
que não consta nenhum registro da empresa acima como regularizada para exercer a
atividade de venda de consórcios. Cumprida diligência de busca domiciliar no endereço
acima, foram encontrados alguns aparelhos celulares, que, após periciados com
autorização judicial, revelaram que constam ligações reiteradas para o número 9999-
9999, todos os dias, originadas de diversos aparelhos celulares encontrados no local,
assim como ligações recebidas nos aparelhos, originadas do referido número.
Oficiada à RFB, não foi possível encontrar nenhuma informação que levasse à pessoa
diferente de Rubem Braga e Raimundo Nonato da Silva.
Além disso, não foram recuperados quaisquer valores relativos às operações financeiras
que lesaram os consumidores.
Diante do exposto, com base no que foi narrado, e atendo-se fielmente a eles,
represente pela(s) medida(s) cautelar(es) cabível(eis). Não crie fatos novos.
Essa questão leva-nos a muitas reflexões e a pensar com calma nas medidas que podem
ser representadas ao juiz pelo delegado de Polícia.
O crime de estelionato não permite a prisão temporária, logo essa medida cautelar está
descartada de cara, por ausência de requisito de cabimento.
Por outro lado, em relação à possibilidade de prisão preventiva, não antevejo qualquer
requisito de cautelaridade presente ao caso, motivo pelo qual não se pode representar
por tal medida.
A ideia aqui é representar por uma medida cautelar probatória, que venha a trazer
elementos de informação para o inquérito, ou seja, medidas cautelares que possam
levar à autoria ou à participação de pessoas que estejam envolvidas no esquema
criminoso narrado.
Caberia ainda aqui a quebra de sigilo fiscal do CNPJ obtido durante a investigação, no
entanto, como essa medida ainda não foi estudada, vamos, nesse exercício, representar
apenas pela interceptação das comunicações telefônicas.
Vamos agora à peça, na qual vou repetir a maioria dos argumentos até aqui
mencionados.
DISTRIBUIÇÃO SIGILOSA
dispositivos, pelo art. 144, §4º, da CF-88, art. 3°, I (Lei 9.296/96); art. 2°, §1°, da Lei
12.830/2013, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência,
REPRESENTAR PELA INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES E MONITORAMENTO
TELEFÔNICO DAS LIGAÇÕES ORIGINADAS E RECEBIDAS DA SEGUINTE LINHA MÓVEL:
9999 – 9999, todas as operadoras, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir
passa a expor”.
1. Dos fatos
Foram efetuadas várias diligências e elas mostraram que o grupo atua com pessoas
que efetuam o trabalho de execução das atividades que consubstanciam o esquema
criminoso.
No entanto, de acordo com o que foi até então apurado ainda não foi possível conseguir
identificar os demais componentes do grupo nem a dinâmica de atuação deles.
De acordo com os fatos narrados acima, pode-se afirmar que houve a consumação do
crime de estelionato na forma do caput do art. 171, do Código Penal - CP, pois,
mediante um falso, que foi a criação de uma empresa fantasma, várias pessoas foram
lesadas e prejudicadas financeiramente, em benefício econômico do grupo criminoso.
O juiz deve atuar na proteção da coletividade, não podendo admitir que uma conduta
delituosa seja levada a efeito e acobertada pelo manto da inviolabilidade de
comunicação telefônica, pois isso causaria um desequilíbrio institucional. O juiz deve
usar da ponderação para o deferimento da medida, mesmo que cause um prejuízo à
intimidade do investigado, prejuízo maior foi causado às vítimas e à sociedade por conta
da prática delituosa.
2.3 Do cabimento
Conforme visto no item 2.1, o crime em apreço é punido com pena de reclusão de 1 a
5 anos, o que, por conta da natureza da pena privativa de liberdade autoriza a
decretação da medida, nos termos do inciso III, do art. 2°, da Lei n° 9.296/96.
3. Do pedido
Delegado de Polícia
Matrícula.
Denúncia anônima que chegou à Delegacia de Polícia dá conta de que Mario Mendes e
Ciro Fontes estariam inserindo elementos inexatos em operações de natureza fiscal
relativas ao ICMS, visando fraudar a fiscalização tributária, das empresas de laticínios
Indústria de Laticínios Companhia do Leite e Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda.
Apesar dos indícios apontarem o envolvimento dos investigados em crime de sonegação
fiscal, a investigação chegou a um impasse, pois não foi possível elucidar, com os
levantamentos de campo e de informações, qual a participação de cada um dos
investigados, acrescido do fato de que o investigado Ciro Fontes faz constantes viagens
internacionais. Dados do Inquérito: N. 0124/2014; Primeira Delegacia de Polícia da
Comarca de Lages, Rua das Palmeiras, 357, Lages. Do que foi até agora apurado tem-
se: a) - Indústria de Laticínios Companhia do Leite, com sede na rua das Acácias, 123,
Lages - Sócios Mario Mendes e Ciro Fontes; b) - Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda.,
com sede na rua das Laranjeiras, 456, Lages - Sócios Ciro Fontes e Mario Mendes; c) -
Mario Mendes – brasileiro, caso, empresário, residente à rua Pessegueiro, 687, Lages -
celular (Claro S/A) (49) – 9112 – 7070, CPF 400 401 402 – 88; d) – Ciro Fontes –
brasileiro, casado, empresário, residente à rua das Videiras, 581, Lages – celular (Claro
S/A) (49) – 9112 – 8080, CPF 500 501 502 – 99; e) - registro da caminhonete Mitsubishi
L200, placas XXX - 0123, utilizada por Ciro Fontes, em nome da Samira Mendes Lima,
CPF 800 801 802 -83; f) - registro, em nome da Samira Mendes Lima, do veículo Honda
Civic, ano 2013/2014, placas XXX - 0456, que até 21/1/2014 estava registrado em
nome da empresa Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda; g) – registro de veículos
particulares, utilizados por Mario Mendes e seus familiares, em nome de terceiros: -
Citroen C4 Palas, placas XXX- 1111- registrado em nome de Murilo Garcia – CPF 100
101 102 – 76; - BMW, placas XXX – 2222, registrado em nomes de Cássio Meira, CPF
200 201 202 – 67; - Mitsubishi Pajero Full, placas XXX - 3333, registrado em nome de
Felipe Lima, CPF 300 301 302-57; h) - inexistência de patrimônio nas empresas
Indústria de Laticínios Companhia do Leite e Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda. i) -
incompatibilidade entre volume de produção, o constante nos registros de estoque da
empresa e o constante nos registros fiscais de saída de produtos, decorrente das
vendas. Analise o anteriormente relatado e, como Delegado de Polícia, sem criar novos
dados, elabore pedido de interceptação telefônica.
O crime a ser investigado trata-se de sonegação fiscal, uma vez que o enunciado nos
mostra que há uma série de indícios que demonstram essa prática delituosa por parte
dos sócios das empresas em questão.
Esse crime possui pena privativa de liberdade de reclusão de 2 a 5 anos sendo assim
cumprido o requisito de cabimento da medida a ser representada.
Por outro lado, a investigação encontra-se com um impasse, no qual a autoridade está
a definir a conduta de cada um dos investigados, para assim concluir o inquérito policial.
Ou seja, a questão deixa claro que a ideia é representar pela interceptação, uma vez
que é a única medida de que pode levar a autoridade policial à individualização das
condutas.
Modelo de peça:
DISTRIBUIÇÃO SIGILOSA
A Polícia Civil do estado de Santa Catarina, por meio do seu Delegado de Polícia, ao
final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros
dispositivos, pelo art. 144, §4º, da CF88, art. 3°, I, da lei 9.296/96; art. 2°, §1°, da
Lei 12.830/2013, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência,
representar REPRESENTAR PELA INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES E
MONITORAMENTO TELEFÔNICO DAS LIGAÇÕES ORIGINADAS E RECEBIDAS DAS
SEGUINTES LINHAS MÓVEIS: (49) – 9112 – 7070 e (49) – 9112 – 8080, pelos
fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor:
1. Dos fatos
As diligências até agora perpetradas pela equipe operacional dessa delegacia dão conta
de que os investigados Mario Mendes – brasileiro, casado, empresário, residente à Rua
Pessegueiro, 687, Lages e Ciro Fontes – brasileiro, casado, empresário, residente à rua
das Videiras, 581, Lages, na qualidade de sócios das empresas Indústria de Laticínios
Companhia do Leite e Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda, estariam inserindo dados
falsos nas operações comerciais das empresas, com o fito de fraudar a fiscalização
tributária e por conseguinte o recolhimento de ICMS.
No caso acima narrado, pode-se perceber que há fortes indícios de que os investigados
estão incursos nos crimes do art. 1°, I e II, da Lei n° 8.137/90.
O juiz deve atuar na proteção da coletividade, não podendo admitir que uma conduta
delituosa seja levada a efeito e acobertada pelo manto da inviolabilidade de
comunicação telefônica, pois isso causaria um desequilíbrio institucional. O juiz deve
usar da ponderação para o deferimento da medida, mesmo que cause um prejuízo à
intimidade do investigado, prejuízo maior está sendo causado à coletividade por conta
da prática delituosa que frauda o recolhimento de tributos.
2.3 Do cabimento
Ou seja, isso demonstra mais ainda a ocorrência do delito, bem como a participação
dos investigados.
Constam ainda informações acerca dos números de telefone de cada um deles, ou seja,
a interceptação das comunicações telefônicas ajudará a elucidar a participação dos
investigados, pois de acordo com as conversas telefônicas poderemos definir qual o real
papel deles na conduta criminosa.
Em relação à aplicação da Súmula Vinculante n° 24, não se pode cogitar a sua aplicação
nesse caso concreto, pois, caso contrário, a investigação policial em crimes dessa
natureza estaria totalmente vinculada à ação da administração fazendária. Não se pode
admitir no estado de direito que uma Súmula, ainda que vinculante, torne ineficaz ou
condicionada a atividade policial.
A atividade policial não pode ser engessada pelo próprio sistema constitucional
brasileiro. Não existe nenhum direito absoluto, nem aqueles previstos na Constituição
Federal de 1988, quanto mais uma súmula pode restringir a investigação policial.
3. Do pedido
Abraços.
Bons Estudos.