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POLÍCIA MILITAR DA BAHIA

ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR


CEL PM ANTÔNIO MEDEIROS DE AZEVEDO

AL OF PM PIMENTA (N° 05, 3° CFOPM”A”)


AL OF PM MATEUS VIEIRA (N° 13, 3°CFOPM “A”)
AL OF PM CHAVES (N° 25, 3°CFOPM “A”)
AL OF PM DOMINGUES (N° 45, 3°CFOPM “A”)

Interceptação das Comunicações e Pacote Anticrime


Direito Penal V

SALVADOR
2020
AL OF PM PIMENTA (N° 05, 3° CFOPM “A”)
AL OF PM MATEUS VIEIRA (N° 13, 3°CFOPM “A”)
AL OF PM CHAVES (N° 25, 3°CFOPM “A”)
AL OF PM DOMINGUES (N° 45, 3°CFOPM “A”)

Interceptação das Comunicações e Pacote Anticrime

Trabalho apresentado à Academia da Policia Militar


da Bahia como requisito para aprovação no
componente curricular: Direito Penal V.

Orientador: Cel PM RR Faustino.

SALVADOR
2020
1-INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem a finalidade de externar as nuances da Lei 9.296/96, a


qual regulamenta a parte final do inciso XII, Artigo 5° da Constituição Federal (CF),
que trata da interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e
telemática, além da captação ambiental, recentemente incluída através da Lei
13.964/19. Desse modo, o aludido labor acadêmico apresenta o conceito, os casos de
admissibilidade e sua regulação no ordenamento jurídico, prazos, sua utilização como
meio de prova no processo penal, além das consequências de atos em desacordo
com a legislação. Ademais, o trabalho também versa sobre o advento do Pacote
Anticrime, o qual trouxe profundas mudanças no arcabouço jurídico, alterando
artigos, sistemáticas, inovando e atualizando diversos ordenamentos legais.
Mudanças que se alastram pelo Código Penal, Código de Processo Penal e
Legislação Penal Extravagante.

2- INTERCEPÇÃO TELEFONICA

2.1-CONCEITO

Segundo Luiz Régis Prado (2007), a interceptação “é o ato de interferir em uma


comunicação de modo a ter acesso ao seu conteúdo”. Diante do exposto, e
observada a legislação atinente, vale dizer que a interceptação das comunicações
consistem em uma medida cautelar, de caráter excepcional, utilizada na
investigação criminal ou na instrução processual penal que busca a obtenção de
provas através da captação de conversas, em fluxo de comunicações em sistemas
de informática e telemática, se dando, conforme a doutrina, da seguinte maneira:
interceptação telefônica; escuta telefônica; gravação telefônica, também chamada
de gravação clandestina; interceptação ambiental; escuta ambiental e gravação
ambiental.
Conforme Fernando Capez (2011) a “Interceptação telefônica provém de
interceptar – intrometer, interromper, interferir, colocar-se entre duas pessoas,
alcançando a conduta de terceiro que, estranho à conversa, se intromete e toma
conhecimento do assunto tratado entre os interlocutores”.
Com clareza solar, Gabriel Habib (2016) afirma que:

Interceptar significa cortar a passagem de algo, interromper o fluxo de algo.


Assim. Por interceptação telefônica entende-se o ato de interromper,
realizar uma interferência no fluxo de comunicação telefônica entre duas
pessoas diferentes do interceptador. O interceptador capta o fluxo da
comunicação entre duas pessoas estranhas a ele.

Interceptação telefônica em sentido estrito é a captação da comunicação


entre dois (ou mais) interlocutores, feita por terceira pessoa, sem o conhecimento de
qualquer deles. Precisa de autorização judicial para ser considerada lícita;
Escuta telefônica é a captação telefônica feita por terceiro da comunicação
entre dois (ou mais) interlocutores, porém com o conhecimento de um deles (ou
alguns deles). Necessita de autorização judicial para ser considerada lícita;
A gravação telefônica ou gravação clandestina é aquela captação de
conversa, via telefone, efetuada por um dos interlocutores, sem a ciência ou
consentimento do outro.
Interceptação ambiental é a captação da comunicação no próprio ambiente,
por terceiro, sem conhecimento dos comunicadores. Necessita de autorização
judicial para ser considerada lícita;
Escuta ambiental é captação da comunicação, no ambiente dela, feita por
terceiro, com o consentimento de um dos comunicadores. Precisa de autorização
judicial para ser considerada lícita.
Gravação ambiental é captação no ambiente da comunicação feita por um
dos comunicadores (com gravador ou câmeras).

2.2 -ADMISSIBILIDADE

O Artigo 5°, inciso XII da CF diz:

É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de


dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal.

Já o Artigos 1° e 8°-A da Lei 9.296/96 respectivamente dizem:


Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza,
para prova em investigação criminal e em instrução processual penal,
observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente
da ação principal, sob segredo de justiça.

[...]

Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada


pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a
captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos,
quando:      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente
eficazes; e      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em
infrações criminais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos
ou em infrações penais conexas.      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Diante do exposto, faz-se necessário consignar que nem todo direito é


absoluto, a Lei 9.296/96, a qual versa sobre a interceptação telefônica e captação
ambiental é prova disso. Todavia, percebendo que apesar de necessária tal medida
afronta a intimidade dos investigados e de terceiros envolvidos na comunicação
telefônica, o legislador adotou mecanismos para limitar o uso deste instrumento,
buscando, sobretudo, proteger garantias individuais. Desse modo, verifica-se que a
interceptação das comunicações é medida de caráter excepcional, sendo utilizada
tão somente em casos específicos e com a devida autorização legal.

2.2.1-REQUISITOS PARA CABIMENTO

Na regulamentação infraconstitucional da interceptação das comunicações


telefônicas, o legislador taxou o rol de inadmissibilidade do aludido dispositivo. Assim,
diz o Artigo 2° e seus incisos, da Lei 9.296/96:

Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando


ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração
penal;
II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III – o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena
de detenção.

Interpretando o acima referido artigo ao contrário, inferem-se os requisitos de


cabimento. Quais sejam: haver indícios razoáveis de autoria ou participação em
infração penal; Indispensabilidade, ou seja, não existir outro meio eficaz de produção
da prova; e para apuração de crime punido com reclusão. Contudo, apesar das
vedações previstas nos incisos acima mencionados, é pacífico na doutrina e nos
tribunais superiores, que a interceptação telefônica poderá ser admitida para a
apuração de crimes punidos com detenção e de contravenções penais, desde que
sejam conexos a crimes punidos com reclusão. Além disso, é importante salientar que
a leitura do inciso II não deve ser entendida de modo que a autorização para
interceptação telefônica só ocorrerá em último caso, ou seja, depois de esgotada
todas as possibilidades de se chegar à prova, pois, também já é pacífico que mesmo
existindo outra alternativa probatória, caso tal alternativa se mostre ineficaz, pode-se
decretar a interceptação. Consoante Masson e Marçal (2018). “o princípio da
subsidiariedade contemplado pelo Artigo 2º, II, da Lei 9.296/1996 não exige sempre a
produção prévia de outros meios de prova como requisito para a decretação da
interceptação telefônica”.
No mesmo sentido arremata a jurisprudência, declarando que “o dispositivo
refere-se à inexistência de outros meios de prova, evidentemente, de outros meios
eficazes de produção de prova sobre os fatos investigados no caso concreto.
(Apelação 2005.51.01.5157140/RJ, 1ª Turma Especializada do TRF da 2ª Região, e-
DJF2R 06.05.2014).
Ademais, para a plena licitude da medida, exige-se também que o objeto da
investigação seja claramente descrito, trazendo, inclusive, a indicação e qualificação
dos investigados, e que a autorização da medida seja dada por um juiz competente.
Prevê o Parágrafo único do Artigo 2°:

Art. 2° [...]
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a
situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação
dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.

Este dispositivo, na verdade versa sobre a tratativa do objeto da


investigação, contudo se durante a interceptação forem descobertos novos crimes ou
então de novos criminosos, não qualificados no pedido de interceptação, haverá o que
se chama de descoberta fortuita. Tal situação será melhor explicada posteriormente.
No que se refere à captação ambiental, os requisitos para o seu provimento se
assemelham aos exigidos para autorizar a interceptação telefônica, contudo trazem
algumas inovações. Diferente do que ocorre na das comunicações telefônicas, não há
exigência de que o crime investigado seja punido com reclusão, basta apenas que as
penas máximas sejam superiores a quatro anos. Traz o Artigo 8º-A:

Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada


pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a
captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos,
quando:      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente
eficazes; e      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em
infrações criminais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos
ou em infrações penais conexas.      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).

Outra inovação refere-se ao fato do próprio artigo em seu inciso II trazer a


possibilidade de captação ambiental a infrações diversas, bastando apenas que sejam
conexos com crimes cujas penas máximas sejam superiores a 4 anos, conforme se
verifica acima. Ademais, verifica-se também, já no texto da lei, mais especificamente
no inciso I do Artigo 8º-A, uma novidade no tocante ao esclarecimento de que tal
procedimento pode ser autorizado mesmo sem o exaurimento dos meios de obtenção
de provas.
No tocante à tratativa do objeto da investigação, o §1º, do artigo 8º-A,
estabelece que o requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público deverá
descrever, circunstanciadamente, o local e a forma de instalação do dispositivo de
captação, bem como informar quais as formas de captação que serão
implementadas, se acústica, ótica ou eletromagnéticas, cumulativas ou não.

2.2.2-A COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI)

As comissões parlamentares de inquérito (CPIs), possuem poderes


investigatórios próprios das autoridades judiciais, tais poderes são outorgados pela
Constituição Federal/1988, mas de maneira restritas, uma vez que no ordenamento
jurídico brasileiro existe a denominada reserva de jurisdição.
A interceptação telefônica, segundo a CF, Art. 5º, inc. XII, somente é
permitida, por ordem judicial, ou seja, a CF/88 não concedeu as Comissões
Parlamentares de Inquéritos o poder para autorizar a interceptação telefônica. Deste
modo, no que se refere a tais Comissões, segue-se as regras estabelecidas na Lei.
2.3-PROVA EMPRESTADA

Sobre a prova emprestada e em relação a interceptação telefônica é importante


dizer que, apesar de ser originada de outro processo ela não tem valor menor ou
maior, mas igual a uma prova originalmente produzida. Além disso, outro aspecto
importante é que a doutrina majoritária entende que para que a prova emprestada
seja válida é necessário que se disponibilize a integralidade dos diálogos
interceptados, sendo esse o posicionamento do STJ.
Ainda vale ressaltar que seleção de trechos sem continuidade, sem
ordenação lógica e com omissão de passagens das gravações é causa de nulidade
da prova. Não obstante, esta é questão já pacificada no STF e STJ e neste sentido
temos que as provas obtidas por meio de interceptação telefônica, seguindo os
ditames da lei, poderá ser emprestada.

2.3.1-SERENDIPIDADE

A serendipidade ou “encontro fortuito de provas” refere-se ao acesso a


informações acerca de fatos e pessoas estranhas ao objeto da averiguação,
situações com relevância penal que não eram o foco da diligência, mas que por
força do acaso, vêm à tona no curso da investigação.
No que toca as interceptações telefônicas e captação ambiental, existe
grande divergência doutrinária no que diz respeito a validação e utilização de tal
achado como prova.
Segundo Luiz Flávio Gomes e Raul Cervini (2011), se o fato objeto do
encontro fortuito é conexo ou tem relação de continência com o fato investigado, é
válida a interceptação telefônica como meio probatório inclusive quanto ao fato extra
descoberto, e desde que se trate de infração para a qual se admita a interceptação.
Admite-se apenas a validade da prova se se tratar de conexão ou continência.
Em posição contrária está Damásio de Jesus (1996) ao afirmar que conclui
pela invalidade de quaisquer encontros fortuitos, corrobora com a possibilidade de
aproveitamento destes tão somente como notitia criminis, hábil a propiciar outras
investigações ou mesmo novas interceptações.
Todavia é pacífico no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal
Federal que a interceptação ou captação pode ser utilizada, desde que o novo crime
ou criminoso descoberto fortuitamente tenha relação com o crime objeto do pedido de
interceptação. Caso não tenha essa relação, a interceptação servirá apenas como
notitia criminis para apuração dos fatos novos. Aqui observa-se a necessidade de um
vínculo entre a prova fortuitamente descoberta e o objeto da investigação para que
sejam admitidas como lícitas.

2.4- AUTORIZAÇÃO DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS E CAPTAÇÃO


AMBIENTAL

Prevê o Artigo 3° do diploma legal em estudo:

Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser


determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na
instrução processual penal.

Conforme se verifica, a interceptação das comunicações pode ser requerida


pela autoridade policial, em fase de inquérito, ou por requerimento do Ministério
Público, tanto na fase de investigação ou da ação penal. Tal pedido deve conter
elementos que demonstrem a necessidade de tal procedimento para a apuração da
infração penal. Diz o Artigo 4° da Lei: “O pedido de interceptação de comunicação
telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração
de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados”.
Todavia, somente os juízes podem autorizar a interceptação, seja atendendo
o requerimento das autoridades citadas, seja de ofício, consoante caput do Artigo 3°.
Contudo, o magistrado deve, no prazo máximo de 24h, decidir, de forma
fundamentada, sobre o pedido, sob pena de nulidade, indicando a forma de
execução e o prazo, o qual será melhor explicado abaixo.
Já no que se refere a captação ambiental, há algumas diferenças. Na captação
ambiental, conforme Artigo 8°-A, cabe ao juiz competente autorizar o procedimento,
contudo, na figura em análise, o magistrado não tem a autoridade de decretar a
medida de ofício, pois tal modalidade de interceptação só ocorrerá caso a autoridade
policial ou Ministério Público a solicitem. Os prazos são os mesmos, os quais serão
abaixo explicitados.

2.5 -PRAZOS

As comunicações telefônicas e telemáticas, assim como a captação ambiental,


não poderão exceder o prazo de quinze dias.
GOMES (2009) argumenta sobre o limite temporal estabelecido pela lei,
segundo ele:
O limite temporal que foi estabelecido faz parte da proporcionalidade em
abstrato, da qual se encarregou o legislador. Toda medida restritiva de direito
fundamental deve, efetivamente, ter limite. Seria um absurdo autorizar a
quebra do sigilo das comunicações por tempo indeterminado. Conta-se o
prazo desde o dia em que se iniciou a ingerência. Por se tratar de medida
restritiva de direito constitucional, computa-se o dia do começo.

O Artigo 5° da referida lei acrescenta que a interceptação é renovável por igual


tempo. Assim, quando ocorrer a renovação, o juiz pode fixar no máximo quinze dias. E
exige-se "comprovação da indispensabilidade do meio de prova". O juiz não pode
autorizar nem renovar a interceptação "de ofício" (ver art. 3.º da Lei 9.296/1996).
Quanto ao número de renovações parte da doutrina entende que a renovação só
pode ocorrer uma vez.
Em nenhuma hipótese seria possível a interceptação por mais de trinta dias.
Outra corrente adota posicionamento diferente e afirma que não há limite: quantas
vezes forem necessárias. A jurisprudência do STF e do STJ é no sentido da
indefinição temporal. Já doutrinadores apontam que pela aplicação do princípio da
proporcionalidade, limite máximo seria de 60 dias. Em sentido contrário pode-se dizer
o seguinte: o limite de 60 dias vale para situação excepcional. Durante a normalidade,
tendo em vista o controle judicial da medida, não há que se falar em prazo máximo.
A renovação, pela lei, só pode ocorrer uma vez ou quando houver justificação
exaustiva do excesso e quando a medida for absolutamente indispensável,
demonstrando-se, em cada renovação. Não obstante, vale ressaltar o entendimento
dos tribunais superiores acerca da indefinição temporal, o que significa dizer que as
interceptações telefônicas podem ser prorrogadas, por mais de uma vez, desde que
comprovada a necessidade do prosseguimento das investigações mediante decisão
motivada.
No que se refere à figura da captação ambiental, estabelece artigo 8º-A, §3º
que “ a captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias,
renovável por decisão judicial por iguais períodos, se comprovada a
indispensabilidade do meio de prova e quando presente atividade criminal
permanente, habitual ou continuada.”
Do exposto, percebe-se que o fragmento em análise estabelece duas
condições cumulativas e não alternativas. Ou seja, é preciso que se demonstre a
imprescindibilidade da medida e que se trate de infração penal permanente, habitual
ou continuada. 
Além disso, nota-se aqui uma novidade no tocante à renovação do pedido de
captação ambiental. Vê-se que o legislador sofreu influência da jurisprudência do
Supremo na confecção do aludido Artigo, uma vez que traz em seu corpo a
possibilidade de renovação por mais de um período, em especial quando cita: “por
iguais períodos”, no plural, não dando margem para dúvidas, estabelecendo
expressamente que é lícita a prorrogação do prazo legal de autorização para a
captação ambiental, ainda que sucessivamente deferida, desde que observados os
requisitos legais para tal e que a referida medida seja comprovadamente necessária.

2.6-CRIME PREVISTO NO ARTIGO 10 DA LEI Nº 9.296/96

Diz o Artigo 10º do Dispositivo Legal que “constitui crime realizar


interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, promover
escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com
objetivos não autorizados em lei.”
Como se verifica a Lei é clara e rigorosa no que tange aos objetivos da
interceptação, bem como no que diz respeito a necessidade de autorização judicial
para tal, estabelecendo pena de reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa para
os casos divergentes daquilo que é autorizado em lei. É importante ressaltar que a
referida sanção também se aplica à autoridade judicial que autoriza a execução da
medida em desacordo com a previsão legal. Prevê o parágrafo único da Lei que
“incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de conduta
prevista no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei.”
Já no que toca a captação ambiental, a previsão legal segue a mesma linha,
aplicando a mesma punição para os casos em desconformidade com a legislação
atinente, ou seja, estabelece pena de 2 (dois) a 4 (quatro) anos de reclusão para
aquele que realiza a captação ambiental sem autorização judicial. Diz o Artigo 10-A
que “realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos
para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for
exigida.”
Em suma, ainda no que se refere ao campo das sanções, o parágrafo 2º do
Artigo 10-A estabelece que a pena acima mencionada será aplicada em dobro a
funcionário público cujos atos atentem contra o sigilo das medidas, seja
interceptação telefônica ou captação ambiental. Diz o parágrafo que “a pena será
aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo das
investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das
gravações enquanto mantido o sigilo judicial.”
Por fim, com relação à captação ambiental, verifica-se uma novidade no que
tange a parte final do Artigo 10-A, quando diz, “quando esta for exigida”,
demonstrando, implicitamente, a possibilidade de captação ambiental sem
autorização judicial. Fala-se aqui da gravação ambiental e da gravação telefônica
que, conforme conceituadas no início do trabalho, refere-se à captação realizada por
um dos interlocutores, mesmo sem o conhecimento do outro. Referendando tal
posição, diz o parágrafo 1º do artigo em análise: “§ 1º Não há crime se a captação é
realizada por um dos interlocutores.”

3- PACOTE ANTICRIME

A fim de tornar o estudo do tema mais organizado, será explicitado em tópicos


quais pontos houve mudanças de acordo com cada ambiente jurídico e
posteriormente tratadas com enfoque para uma melhor elucidação das alterações.

Código Penal

I. Da Legitima Defesa
II. Da Conversão da Multa
III. Dos Limites das Penas
IV. Dos Requisitos do Livramento Condicional
V. Dos Efeitos da Condenação
VI. Das Causas Impeditivas da Prescrição 
VII. Do Crime de Roubo
VIII. Do Estelionato
IX. Do Crime de Concussão

Código de Processo Penal

I. Do Juiz ou Juízo de Garantias


II. Do Inquérito Policial
III. Da Ação Penal
IV. Da Cadeia de Custódia
V. Da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liberdade Provisória
VI. Dos Procedimentos Relativos ao Processo da Competência do Tribunal do
Júri
VII. Das Nulidades
VIII. Do Recurso em Sentido Estrito
IX. Do Recurso Extraordinário

Legislação Penal Extravagante

I. Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90)


II. Lei das Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/13)
III. Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03)
IV. Processos de competência originária do STF e do STJ (Lei nº 8.038/90)
V. Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06)
VI. Lei de Lavagem de Capitais (Lei nº 9.613/98)
VII. Lei da Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92)
VIII. Lei de Interceptações Telefônicas (Lei nº 9.296/96)
IX. Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84)
X. Estabelecimentos Penais Federais de Segurança Máxima (Lei nº 11.671/08)
XI. Identificação Criminal (Lei 12.037/09)
XII. Julgamento Colegiado em Primeiro Grau (Lei nº 12.694/12)
XIII. Lei do “Disque-denúncia” (Lei nº 13.608/18)
3.1-CODIGO PENAL E SUAS ALTERAÇÕES

I) Da Legitima Defesa

Legítima defesa é a causa excludente de ilicitude que acoberta a conduta


de repelir, de si mesmo ou de outrem, uma injusta agressão, atual ou iminente.
Neste caso, há uma injusta agressão, a qual torna lícita a conduta que visa a
neutralizar tal agressão.
Segundo Giuseppe Maria Bettiol, político e jurista italiano, é uma exigência
natural a previsão da legítima defesa como excludente de ilicitude. Como o
Estado não pode sempre garantir a segurança dos seus cidadãos, necessita
permitir que se defendam de agressão injusta se não houver outro meio de se
salvar.
O Código Penal trata da legítima defesa no artigo 25:

Código Penal Alteração Lei 13.964/19


Art. 25 – Entende-se em legítima Parágrafo único. Observados os
defesa quem, usando requisitos previstos no caput deste
moderadamente dos meios artigo, considera-se também em
necessários, repele injusta legítima defesa o agente de
agressão, atual ou iminente, a segurança pública que repele
direito seu ou de outrem agressão ou risco de agressão a
vítima mantida refém durante a
prática de crimes.

Nesse aspecto o parágrafo único não difere da legislação anterior somente a


completa, pois quando se há refém o risco a vida de terceiro torna a ação legitima
defesa, no entanto, a subjetividade do animus da ação do sequestrador em face a
vítima era fator de diversas discussões

II) Da conversão da multa

O art. 51, CP versa, sobre a Execução Penal da Pena de Multa imposta em


face do réu condenado ao cumprimento desta sanção penal. Este tratamento legal é
levado a termo neste dispositivo desde a reforma de 1984, passando pela reforma
de 1996. E desde essa modificação, foi retirado do nosso sistema penal a
possibilidade de conversão de pena de multa em pena privativa de liberdade. Nos
últimos 35 anos o art. 51 do Código penal passou por três reformas. A primeira
trazida pela lei 7209/1984, com a grande reforma de 1984, a segunda pela lei
9268/1996 e a terceira, e mais recente, pela lei 13.964/2019, o “Pacote Anticrime”.
A reforma de 1984 trouxe a seguinte redação ao dispositivo sob exame:

Art. 51. A multa converte-se em pena de detenção, quando o condenado


solvente deixa de pagá-la ou frustra a sua execução.

Assim, o legislador impôs ao réu condenado a um crime que originalmente não


tinha previsão de encarceramento uma sanção encarceradora. Neste diapasão, a
sanção ao descumprimento da pena era mais severa do que a própria pena em si.
Doze anos depois, veio a lei 9268/1996. O grande mérito desta reforma foi,
portanto, retirar a conversão da pena de multa em pena de privação da liberdade.
Por conseguinte, houve uma retomada do equilíbrio do sistema e da
proporcionalidade em termos de aplicação de sanção penal, legando a imposição da
pena de privação de liberdade não a uma sanção, por assim dizer secundária, mas
vinculada à condenação de um réu em face da prática de um fato típico, ilícito e
culpável.
A redação do art. 51 pela lei 9268/1996 restou estabelecida da seguinte
forma, com a revogação dos parágrafos antes agregados pela reforma de 1984:

Art. 51 – Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será


considerada dívida de valor, aplicando-se lhes as normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

No dia 13 de agosto de 2018, o STF decidiu que a legitimidade para cobrança


da pena de multa é do Ministério Público, sem prejuízo de, subsidiariamente, a
Fazenda Pública promover sua execução:

O Tribunal, por maioria, resolveu a questão de ordem no sentido de


assentar a legitimidade do Ministério Público para propor a cobrança de
multa, com a possibilidade subsidiária de cobrança pela Fazenda Pública,
nos termos do voto do Relator, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Edson
Fachin. Ausentes, justificadamente, os Ministros Celso de Mello e Gilmar
Mendes. Presidência do Ministro Dias Toffoli. Plenário, 13.12.2018.
Entretanto, mesmo após a modificação do entendimento do STF, o
STJ tem decidido de forma oposta:

[…] Conforme o entendimento da Terceira Seção desta Corte, a pena


pecuniária é considerada dívida de valor e, assim, possui caráter extrapenal,
de modo que sua execução é de competência exclusiva da Procuradoria da
Fazenda Pública. […] (STJ, AgRg no HC 441809/SP, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, Quinta Turma, DJe 04/06/2019)

O legislador em 2019 trouxe à baila o Pacote Anticrime que englobou uma


nova redação do art. 51, CP. Essa nova redação aperfeiçoa a forma da Execução da
Pena de Multa. Ela traz para dentro do âmbito do juízo das execuções penais a
competência para levar a termo a satisfação da pretensão executória da pena
pecuniária. Assim, deixou de haver o deslocamento da competência para um juízo
cível para se executar a pena de multa.

Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será


executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de
valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública,
inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição.

É importante observar que o tema passou a determinar o tratamento da pena


de multa, imposta por sentença transitada em julgado, como dívida de valor da
Fazenda Pública.

III) Dos Limites das Penas

O art. 75, CP, versa sobre o tempo de cumprimento de pena privativa de


liberdade e seus consectários lógicos. Notadamente o tempo máximo de
cumprimento de pena encarceradora com teto em 30 anos foi estabelecido levando
em conta a tábua axiológica do século passado e a realidade social desta época.
O limite máximo de tempo de cumprimento de pena privativa de liberdade no
patamar de 30 anos foi estabelecido na modernidade em nosso ordenamento
jurídico pelo Decreto-lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940 que inaugurou o Código
Penal (CP) de 1940. O art. 55 nos termos da redação original trazida pelo decreto-
lei mencionado além de trazer o teto de pena de 30 anos para as penas
encarceradoras também versava sobre o limite máximo do valor da pena pecuniária,
nos seguintes termos:
Art. 55. A duração das penas privativas de liberdade não pode, em caso
algum, ser superior a trinta anos, nem a importância das multas ultrapassar
cem contos de réis.

O art. 75, CP com a redação dada pela reforma de 1984 além da manutenção
do teto de 30 anos, trazido em seu caput, trouxe também parágrafos versando sobre
a unificação de penas aplicadas de forma sucessiva e ascensão de nova
condenação durante a execução de uma pena anterior.

Art. 75 – O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não


pode ser superior a 30 (trinta) anos.
1º – Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja
soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para
atender ao limite máximo deste artigo.
2º – Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da
pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de
pena já cumprido.

Em 2019 o Pacote Anticrime englobou uma nova redação do art. 75, CP.
Essa nova redação elevou o teto de cumprimento de pena privativa de liberdade de
30 anos para 40 anos. Esta elevação de teto se coaduna com o aumento de
expectativa de vida no Brasil. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
divulgou que “a expectativa de vida dos brasileiros aumentou em 3 meses e 4 dias,
de 2017 para 2018, alcançando 76,3 anos. Desde 1940, já são 30,8 anos a mais que
se espera que a população viva. Este aumento de teto reverberou também, por via
de consequência, na unificação de penas, para fins de composição do quantum de
40 anos, quando há condenações sucessivas, bem como em relação à
superveniência de condenação por crime havido após o início da execução penal,
excluindo do cômputo o período de pena já cumprido.

Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não


pode ser superior a 40 (quarenta) anos.
1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja
soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para
atender ao limite máximo deste artigo.
2º Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da
pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de
pena já cumprido.

IV) Dos Requisitos do Livramento Condicional


O art. 83, CP versa, sobre o Livramento Condicional que implica na liberdade
antecipada do condenado a uma pena privativa de liberdade e depende do
cumprimento de exigências legais previamente estabelecidas, notadamente no
âmbito do Codex criminal pátrio. Conforme o Prof. GRECO (2017):

O livramento condicional é a fase mais benéfica da execução da pena,


tendo em vista que, nesse regime, o apenado está de certo modo protegido
dos efeitos nefastos provocados pelo confinamento. Consiste na liberdade
antecipada do apenado e depende do cumprimento de determinadas
exigências previamente estabelecidas.

Trata-se, pois, de um direito subjetivo do condenado que, uma vez satisfeitos


os requisitos legais, deve ser concedido pela autoridade judicial competente. Não é,
portanto, uma prerrogativa da Autoridade Penitenciária Administrativa, vale dizer, do
Diretor do Estabelecimento Penal, e também não constitui uma faculdade do órgão
julgador.
Uma observação importante é que não há de se confundir Liberdade
Provisória com Livramento Condicional. A primeira vem à tona no curso da
persecução criminal, seja em sede do devido Inquérito Policial (IPL), seja em sede
de Ação Penal, e permite que o indiciado ou réu responda a persecutio criminis em
liberdade, considerando a não incidência de requisitos legais autorizadores do
encerramento cautelar (provisório), notadamente a prisão preventiva, ex vi art. 312,
CPP. O segundo é o instituto da Execução Penal que permite que o condenado à
pena de privação de liberdade antecipe a sua liberdade na última porção do
cumprimento de sua pena como forma de lhe proporcionar melhores condições à
sua ressocialização.
Com a reforma da parte geral do CP de 1984 foi engendrada uma nova
redação no art. 83, que trata do Livramento Condicional.

Art. 83 – O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a


pena privativa de condicional liberdade igual ou superior a dois anos, desde
que:
I – cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente
em crime doloso e tiver bons antecedentes;
II – cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime
doloso;
III – comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena,
bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à
própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV – tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-Io, o dano
causado pela infração.
V – cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por
crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente
específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único – Para o condenado por crime doloso, cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará
também subordinada à constatação de condições pessoais que façam
presumir que o liberado não voltará a delinqüir. 

O Pacote Anticrime de 2019 que entrou em vigência no início de 2020


promoveu mudança na redação do art. 83 na porção do inciso II incrementando
assim os requisitos legais em prol do Livramento Condicional de natureza subjetiva.
Neste sentido, em relação ao condenado doravante há de ser devidamente
comprovado para que haja a concessão do Livramento Condicional:
a) comportamento carcerário bom devidamente atestado pela Autoridade
penitenciária administrativa que é o Diretor do estabelecimento penal e que detém o
Poder de Disciplina no curso da execução da pena;
b) o condenado não pode ter incidido na prática de falta grave nos termos da
Lei de Execução Penal (LEP);
c) cumprir as obrigações laborais que lhe são atribuídas pela Administração
Penitenciária no curso da execução penal;
d) capacidade laboral extramuros, vale dizer demonstração que o condenado
é apto ao trabalho honesto fora do cárcere.
O art. 83, CP com a reforma do Pacote Anticrime, passou a ter a seguinte
redação:

Art.83
III – comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;

Cumpre mencionar, ainda, que a Lei 13.964/2019, ao modificar o artigo 112,


inciso VI, alínea a, e inciso VIII, da Lei de Execução Penal, passou a vedar o
livramento condicional para os condenados por crime hediondo ou equiparado, com
resultado morte. O artigo 2º, § 9º, da Lei 12.850/2013, introduzido pela Lei
13.964/2019, passou a vedar o livramento condicional para o condenado
expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime
praticado por meio de organização criminosa, se houver elementos probatórios que
indiquem a manutenção do vínculo associativo.

V) Dos Efeitos da Condenação (perda do produto ou proveito do crime)

Os efeitos genéricos da condenação penal são tratados no Código Penal (CP)


no  art. 91, CP. Tais efeitos, que são imediatos e inerentes à uma condenação
penal, têm como centro de gravidade a obrigação do condenado de promover
indenização que sua conduta criminosa provocou em detrimento do ofendido e a
expropriação (perda) em favor do Estado (União) de instrumentos empregados para
a perpetração do delito, de produtos do crime ou de bens e valores auferidos pelo
condenado em razão da prática criminosa.
GRECO (2017) também pondera o seguinte em relação aos efeitos genéricos
da condenação penal, à luz do que dispõe o art. 91, CP:

Embora tratado como efeito automático da sentença penal condenatória


transitada em julgado, entendemos que o julgador deverá, na sua decisão,
fundamentá-la adequadamente ao fato, apontando, por exemplo, os motivos
que o levaram a presumir que o apartamento adquirido pelo agente fora
fruto da subtração dos valores por ele levada a efeito, que o saldo existente
em sua conta bancária deveu-se à subtração dos valores por ele realizada
etc. O confisco é medida extrema, excepcional, e dessa forma deve ser
cuidada, somente tendo aplicação quando o julgador tiver a convicção de
que os produtos, bens e valores são provenientes da prática de crime.

O art. 91, CP ordena:

 Art. 91 – São efeitos da condenação:


I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II – a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro
de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico,
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. 

O Pacote Anticrime introduziu, portanto, um novo dispositivo na seara dos


Efeitos Genéricos da Condenação Criminal. Assim, a par dos efeitos que já incidem
por força do art. 91, CP, o art. 91-A, CP ascendeu incrementando as consequências
de uma condenação penal.

Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine


pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a
perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à
diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja
compatível com o seu rendimento lícito.
§1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por
patrimônio do condenado todos os bens:
I – de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o
benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos
posteriormente; e
II – transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação
irrisória, a partir do início da atividade criminal.
§2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou
a procedência lícita do patrimônio.
§3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo
Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação
da diferença apurada.
§4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença
apurada e especificar os bens cuja perda for decretada.
§5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações
criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou
do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que
não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem
pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de
novos crimes.

O objeto do novo dispositivo legal foi a condenação devido à prática de delitos


que tenham pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão. Portanto, não cabe a
decretação da perda de bens, com base no artigo 91-A do CP, em todos os delitos.
A perda é decretada com fundamento na existência de produto ou proveito do
crime. A ideia é alcançar bens do condenado sem exigência de comprovação de que
ele decorre diretamente da atividade criminosa (produto) ou deriva dela, por
conversão dos bens (proveito).
Nesta hipótese, o legislador exige apenas a demonstração de que o
condenado possui patrimônio incompatível com aquele que poderia ter sido
amealhado com seu rendimento lícito. Para tal comparação, o Código determina a
consideração dos bens de titularidade do agente e daqueles sobre os quais ele
tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, tanto na data da infração quanto
após o seu cometimento, ou seja, os bens recebidos após a data do delito.
Considerando os ditames do devido processo legal, notadamente o
contraditório e a ampla defesa, o condenado há de ter a oportunidade processual de
demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio
objeto dos efeitos da condenação. Ainda há de se considerar que o efeito da perda
de bens trazido à lume pelo art. 91-A, CP, não é levado a efeito ex officio pelo Juiz
por ocasião da prolação da sentença condenatória. Tais efeitos devem ser objeto de
requerimento expresso do Ministério Público (MP), com indicação da diferença
patrimonial observada. Assim, a Autoridade Judicial competente, em sede de
sentença condenatória, há de declarar fundamentadamente o valor da diferença
apurada e individualização dos bens do condenado a serem objeto de perda judicial.
Por fim, o novo dispositivo penal versa sobre os instrumentos empregados
para a prática de crimes por Organizações Criminosas (ORCRIM), nos termos do
art. 1º, § 1º da Lei 12850/2013 e milícias, nos termos do art. 288-A, CP. Neste caso,
estes bens (instrumentos do crime) hão de ser declarados perdidos em favor da
União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que
não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou à ordem pública, nem
ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes. Dessa
forma, a lei proporciona o desmantelamento logístico das ORCRIM e das milícias,
não permitindo assim que eventuais membros destas societas sceleris, que não
tenham sido alcançados pela persecução criminal, não lancem mão de bens
instrumentalizados em prol da prática de crimes.

VI) Das Causas Impeditivas da Prescrição 

Prevista no artigo 107, inciso IV do Código Penal, a prescrição é modalidade


de extinção de punibilidade do agente pela perda da pretensão de punir o sujeito
ativo do delito ou de executar essa punição, ante o decurso do prazo legal, por
inércia do Estado. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final
regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime. Embora o
tempo máximo de cumprimento de pena, no Brasil, tenha sido aumentado para 40
anos, nada foi alterado quanto aos prazos para prescrição, permanecendo a regra
prevista no artigo 109 do CP.
Como se sabe, a prescrição possui causas suspensivas. A suspensão
determina que o prazo deixe de fruir, ficando paralisado. Com o fim da suspensão, a
prescrição volta a correr de onde parou.
As causas suspensivas da prescrição estão previstas no artigo 116 do Código
Penal. Eram apenas duas hipóteses:

Art. 116 – Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não


corre:
I – enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o
reconhecimento da existência do crime;
II – enquanto o agente cumpre pena no exterior;
Parágrafo único – Depois de passada em julgado a sentença condenatória,
a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por
outro motivo

Contudo, este rol foi ampliado com o advento da Lei 13.964, de 24 de


dezembro de 2019:

III – na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais


Superiores, quando inadmissíveis; e
IV – enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução
penal.

No caso do inciso III, se o acusado interpor recursos especial e extraordinário, a


prescrição somente irá correr se estes, no mínimo, superarem o juízo de admissibilidade
recursal, caso contrário não haverá qualquer interferência no cálculo da prescrição
penal. Antes da publicação da Lei nº 13.964/19, os Tribunais Superiores já tinham o
entendimento de que, nos casos de inadmissibilidade dos recursos excepcionais, a
formação da coisa julgada retroagiria à data do término do prazo para interposição do
último recurso cabível, interferindo diretamente na prescrição da pretensão punitiva
intercorrente. Contudo, não se tratava de hipótese suspensiva da prescrição, sendo que
esse lapso temporal poderia ser computado para fins de cálculo da prescrição executória.
Com a alteração legislativa, criou-se uma nova causa impeditiva da prescrição
(tanto punitiva, como executória), que decorre da inadmissibilidade dos recursos especial
e extraordinário. Por óbvio, somente pode ser aplicado aos fatos delituosos praticados
após a entrada em vigor da Lei 13.964/19.
Por fim, o inciso IV do artigo 116 do Código Penal traz uma inovação que procura
se adequar ao novo cenário do processo penal brasileiro, que cada vez mais incorpora
institutos negociais com a relativização do princípio da obrigatoriedade da ação penal.
Trata-se da suspensão da prescrição enquanto não for cumprido ou rescindido o acordo
de não persecução penal, instituto que também foi trazido pela reforma prevista na Lei
13.964/19 ao incluir o artigo 28-A no Código de Processo Penal. 
Com isso, cria-se o poder-dever ao Ministério Público de, nos crimes praticados
sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 04 (quatro) anos, propor
acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para a reprovação e
prevenção do crime, mediante condições previamente ajustadas. Portanto, durante o
período de prova deste acordo a prescrição ficará suspensa, voltando a correr no
momento em que houver a sua rescisão em razão do descumprimento.
VII) Do Crime de Roubo

Historicamente, desde a elaboração do nosso Código Penal, o legislador não


fazia qualquer distinção entre os roubos praticados com arma de fogo ou com arma
branca. Isso porque o art. 157, § 2º, I, do CP, previa a causa de aumento de pena de
um terço até metade, quando a violência ou a grave ameaça – indispensáveis à
caracterização do roubo – era exercida com emprego de arma. Ao utilizar o
vocábulo arma sem maior explicação, o legislador abarcava a arma de fogo e a
arma branca. Não havia qualquer dúvida nesse sentido.
Antes do advento da Lei nº 13.654, de 23 de abril de 2018, o Código Penal
previa que o crime de roubo era majorado, na qual se aumentava a pena de 1/3 até
metade, se houvesse emprego de arma. Ocorre que a Lei 13654/18, que entrou em
vigor no dia 24 de abril de 2018, foi elaborada com o propósito de conferir uma
resposta penal mais acentuada àqueles que praticam o roubo. Para tanto, a
mencionada lei revogou o art. 157, § 2º, I, do CP, e criou o art. 157, § 2º-A, I, do CP,
passando a prever a causa de aumento de pena de dois terços quando a violência
ou a grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo.

§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):


I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo.

Isso significa que foi excluída a causa de aumento de pena no caso de


emprego de arma branca, embora tenha sido agravada a causa de aumento de pena
no caso de emprego de arma de fogo, que era de um terço até metade e passou a
ser de dois terços. Assim, o STJ através do REsp 1.519.860-RJ, Rel. Min. Jorge
Mussi, julgado em 17/05/2018 (informativo 626), entendeu pelo abolitio criminis em
relação ao crime de roubo com emprego de arma branca, deixando de ser roubo
majorado passando apenas para o roubo simples, caput do art. 157.
Na prática, alguém que praticasse o roubo com faca até 23 de abril de 2018
tinha uma resposta penal mais gravosa do que a pessoa que praticasse o roubo com
faca a partir de 24 de abril de 2018. Além disso, em se tratando de norma penal
mais benéfica, a nova redação retroagiria para favorecer aqueles que praticaram o
roubo com faca antes da vigência da Lei 13654/18.
Diante dessa solução inusitada, o legislador promoveu nova alteração no
roubo através da Lei 13964/19 – Pacote Anticrime criando o art. 157, § 2º, VII, do
CP, voltando a prever a causa de aumento de pena de um terço até metade, quando
a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca.
Desta forma, a redação traz no § 2:

VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma


branca;

A mencionada lei efetivou outras mudanças no crime de roubo, inclusive


aplicando a pena prevista no art. 157, caput, do CP, em dobro, quando o roubo é
praticado com arma de fogo de uso restrito ou proibido.

§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma


de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no
caput deste artigo

Portanto, a partir da vigência do Pacote Anticrime, ou seja, a partir de 23 de


janeiro de 2020, o agente que praticou o roubo com arma de fogo de uso restrito ou
proibido recebe um tratamento ainda mais grave, sendo evidente que a mencionada
norma penal mais grave não pode retroagir.
A fim de facilitar o estudo do tema, segue abaixo os tipos de respostas penais
que incidem no crime de roubo com arma:
(I) se o roubo for praticado sem emprego de arma: art. 157, caput, do CP,
com pena de quatro a dez anos de reclusão e multa.
(II) se o roubo for praticado com arma branca: art. 157, § 2º, VII, do CP, com
pena de quatro a dez anos de reclusão e multa, incidindo a causa de aumento de
pena de um terço até metade.
(III) se o roubo for praticado com arma de fogo de uso permitido – ainda que
com a sua numeração raspada: art. 157, § 2º-A, I, do CP, com pena de quatro a dez
anos de reclusão e multa, incidindo a causa de aumento de pena de dois terços.
(IV) se o roubo for praticado com arma de fogo de uso restrito ou proibido: art.
157, § 2º-B, do CP, com pena de quatro a dez anos de reclusão, incidindo a causa
de aumento de pena equivalente ao dobro.

VIII) Do Estelionato
O estelionato sempre teve ação de natureza pública incondicionada. Isto é, a
autoridade policial deveria instaurar o inquérito policial de ofício, e o membro do
Ministério Público independia da vontade da vítima para oferecer a denúncia contra
o autor. Para melhor entendimento segue uma breve descrição acerca da temática
“incondicionada e condicionada”.
As ações penais são classificadas como condicionadas ou incondicionadas à
representação da vítima. Essa representação significa que a vítima tem que querer
que o processo ocorra, ou seja, é necessário o consentimento e requerimento da
vítima para que o processo penal inicie.
A exemplo disso têm-se os crimes de menor potencial ofensivo, tais como a
injúria, calúnia e difamação, onde a vítima ter que representar contra o ofensor para
que ele seja processado. Essa é uma ação de natureza condicionada à
representação da vítima, não basta a autoridade ter o conhecimento do fato, requer
a representação.
Já as ações de natureza incondicionada à representação, são aquelas que o
Ministério Público tem a titularidade da representação, uma vez que se tem a autoria
e a materialidade do crime, independe da representação da vítima, a ação irá
prosseguir, como exemplos temos furto, roubo, sequestro, basta que a autoridade
policial tenha conhecimento do fato.
O crime de estelionato, em regra, é de difícil elucidação. O rastreamento da
coisa subtraída geralmente é dificultado por sucessivas simulações e pelo
desconhecimento da própria vítima sobre o autor. Assim, a investigação por vezes
não era realizada a contento, geralmente pelo próprio excesso de serviço diante das
condições humanas e materiais ofertadas às polícias judiciárias estaduais.
Ciente desta situação, o legislador acrescentou o parágrafo 5º ao artigo 171
do Código Penal, tornando a ação do crime de estelionato pública condicionada à
representação (com exceções). Assim, não basta que a vítima comunique o fato
criminoso à autoridade policial, sendo agora necessário, em regra, formalizar sua
vontade de que o Estado persiga o autor de referido delito.
Diante da nova redação da Lei, houve a inclusão do parágrafo 5º:

Art. 171 – Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo


alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou
qualquer outro meio fraudulento:
5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:

I – a Administração Pública, direta ou indireta;


II – criança ou adolescente;
III – pessoa com deficiência mental; ou
IV – maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.

Dessa forma, resta considerar aspectos importantes no que tange ao crime de


Estelionato:
- A Lei reservou alguns casos em que ainda será ação penal incondicionada
mesmo sendo o estelionato. É o caso de quando o estelionato for praticado contra
maior de 70 anos, contra crianças e adolescentes ou deficientes mentais, ou ainda
quando for vítima a administração pública direta ou indireta.
- Os inquéritos, procedimentos investigativos a cargo do delegado de polícia
civil ou federal, que investigue fatos que correspondam ao estelionato, ressalvadas
as exceções já expostas acima, serão alterados. Isso porque a vítima, terá que ser
convocada para dar sua autorização, ou fazer sua representação para que aquele
fato continue a ser investigado. Caso isso não ocorra, esse inquérito será arquivado.
O mesmo é válido para os processos penais em andamento. A vítima terá que ser
ouvida e manifestada sua vontade em matéria de representação e assim haver a
continuidade do processo. Se a vítima não comparecer para representar, o processo
será arquivado, por falta de requisito imprescindível, nesse caso, a representação da
vítima, já que essa é a condição de procedibilidade da ação penal condicionada.
- Quem estiver sendo investigado por estelionato, não estando presentes
nenhum dos casos, em que a ação deva ser incondicionada, deverá procurar o
advogado para que atue no sentido de requerer o arquivamento do inquérito por falta
de representação. Da mesma forma, se já estiver ocorrendo o processo penal,
deverá manifestar nesses autos, requerendo o arquivamento, caso não haja
representação ou mesmo, não seja o caso das exceções já apontadas.

IX) Do Crime de Concussão

Os crimes cometidos por funcionários públicos contra a Administração Pública


em geral está previsto nos artigos 312 a 326 do Código penal, sendo os mais
conhecidos, o peculato, a corrupção passiva, corrupção ativa e concussão.
O crime de concussão é previsto no artigo 316 do CP, cuja conduta típica
consiste em exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função, ou antes, de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. A pena
prevista é de reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Como se percebe, trata-se de crime próprio, sendo o sujeito ativo, via de
regra, o funcionário público, não se excluindo da autoria por parte daquele que,
embora não tenha ainda assumido a função, atue em razão dela.
Sujeito passivo é o Estado, como titular da regularidade dos atos, e,
concomitantemente, aquele que vem a ser lesado.
De acordo com Rogerio Greco (2019, p.774) há quem afirme ser a concussão
(art. 316, do CPB) um “delito irmão” da corrupção passiva, prevista no art. 317, do
CPB.
O art. 317 possui a seguinte definição:

Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Interessante notar que a pena conferida à concussão era de reclusão, de 02 a


08 anos, e multa. Por outro lado, o art. 317, que trata da corrupção passiva, prevê
pena de reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. Assim, tratava-se de evidente
desproporcionalidade, pois aquele que exigia (ordenava, impunha), para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem indevida, teria uma pena máxima menor do que o
agente que apenas solicitasse (pedisse). Nessa perspectiva, a Lei 13.964/19
promoveu significativa mudança em relação à pena máxima aplicável ao crime do
art. 316 do CPB, passando a ser de reclusão, de 02 a 12 anos, e multa.
O pacote anticrime vem no sentido de corrigir uma distorção que afronta o
princípio da proporcionalidade. Até 2003, os crimes de corrupção ativa, corrupção
passiva e concussão possuíam a mesma pena. Ocorre que no dia 12 de novembro
de 2003 é publicada a lei 10.763 a qual aumentava as penas da corrupção ativa e
passiva para 2 a 12 anos, e a concussão permaneceu com pena de 2 a 8 anos.
Ora, exigir é uma conduta visivelmente mais grave do que solicitar, não havendo
nada que justificasse um apenamento menor. Dessa forma, a nova lei veio para
igualar a pena de concussão à de corrupção ativa e corrupção passiva.

CODIGO DE PROCESSO PENAL E SUAS ALTERAÇÕES


I) Do Juiz ou Juízo de Garantias

O juiz de garantias é descrito pelo texto da lei como aquele que será responsável
pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos
individuais.

Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da


investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja
franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário,
competindo-lhe especialmente:

Na prática, é o elemento que supervisionará uma investigação, não se


envolvendo no julgamento do caso. O juiz de garantias foi adotado há décadas em
vários países europeus. É usado, na instrução, para garantir o distanciamento na
hora de julgar. A iniciativa é separar o magistrado que se envolve na investigação do
que vai, efetivamente, aferir a existência ou qualidade da prova e da acusação.
Trata-se de uma nova divisão de trabalhos em um processo. Um juiz toma as
medidas necessárias para a investigação criminal. Depois, outro magistrado recebe
a denúncia e, se for o caso, dá sentença. O juiz de garantias será o responsável pela
condução das diligências. Ele terá a incumbência de determinar o trancamento ou a
prorrogação do inquérito criminal e de decidir sobre os pedidos de interceptação
telefônica, quebra de sigilo e arquivamento. Também terá a prerrogativa de autorizar
buscas e apreensões e de estabelecer medidas cautelares restritivas ao ir e vir do
acusado. Já o segundo juiz entrará em cena somente após a conclusão dos
trabalhos do juiz de garantias e da aceitação da denúncia criminal do Ministério
Público. Responsável pelo julgamento de mérito, o juiz terá ampla liberdade em
relação ao material colhido na fase de investigação.
A verdade é que esse Juiz responsável por supervisionar a investigação
sempre existiu. A diferença é que ele, posteriormente, julgaria a causa. Hoje,
com a figura do Juiz das garantias, aquele Juiz que acompanhou a investigação
fica impedido de julgar a causa posteriormente, que deverá ser remetida a outro
Juiz.
Devido à ação direta de inconstitucionalidade (ADI 6298/DF) perante o STF,
em 15 de janeiro de 2020, o Ministro Dias Toffoli, entendeu por bem suspender a
eficácia de alguns dispositivos da Lei, notadamente no que tange ao Juiz das
Garantias.
Na decisão liminar o Ministro decidiu por:
- Suspender a eficácia do art. 3º-D, parágrafo único, do CPP;
- Suspender a eficácia dos arts. 3º-B, 3º-C, 3º-D, caput, 3º-E e 3º-F do CPP,
até a efetiva implementação do juiz das garantias pelos tribunais, o que deverá
ocorrer no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contados a partir da
publicação da decisão.
O STF entendeu liminarmente pela suspensão da implantação do instituto
pelo prazo de 180 dias, ao final do qual os Tribunais do país já deverão ter se
organizado para dar efetividade à decisão.

II) Do Inquérito Policial

Antes da Lei 13.964/2019 (Lei Anticrime), o arquivamento de um inquérito


policial era um ato complexo, acusatório/inquisitivo, pois tinha início com a promoção
de arquivamento pelo Ministério Público. Os autos eram encaminhados à autoridade
judicial para decisão sobre o requerimento apresentado pelo promotor natural. O juiz
podia aceitar a proposta do Ministério Público, chancelando o encerramento da
apuração, ou recusá-la. Neste caso, cabia-lhe enviar os autos à chefia do Ministério
Público para que o Procurador-Geral, na condição de representante maior,
determinasse o arquivamento. Dessa forma, o juiz não era obrigado a enviar os
autos ao Procurador-Geral, como chefe do Ministério Público. Só o fazia apenas se
discordasse das “razões invocadas” pelo promotor natural, independente de quem
seja.
Com a Lei 13.964/2019, o juiz, que é agora o juiz de garantias, não estará
alheio à etapa investigativa. Porém, só intervém no inquérito nas situações previstas
no novo art. 3º-B do CPP, e nunca como substituto do órgão de acusação.
Após o pacote anticrime, o arquivamento de inquéritos policiais e
procedimentos investigatórios criminais deve acontecer dentro do Ministério Público,
sem interferência judicial. Se o órgão do Ministério Público, após apreciação dos
elementos informativos constantes dos autos do inquérito policial e a realização de
todas as diligências cabíveis, convencer-se da inexistência de base razoável para o
oferecimento de denúncia, deve decidir, fundamentadamente, pelo arquivamento
dos autos da investigação ou das peças de informação. A nova redação do artigo
28 traz alterações em conformidade com o princípio acusatório, pois agora não se
tem mais um pedido, uma promoção ou um requerimento de arquivamento, mas
uma verdadeira decisão de não acusar, ou seja, o promotor natural opta por nao não
proceder à ação penal pública, de acordo com critérios de legalidade e
oportunidade, tendo em mira o interesse público.
A fim de proteger as novas alterações da intervenção judicial, a lei trouxe
duas proteções:
- O promotor natural, membro do MPE, do MPF ou do MPM ou ainda
exercendo funções do MP Eleitoral deve submeter sua decisão a controle
hierárquico, para fins de homologação do arquivamento ou revisão dessa decisão.
- A vítima, ou seu representante legal, deve ter a reparação pelo crime que
sofreu e ver o responsável processado e punido. Em caso de arquivamento do caso,
o promotor ou procurador deve intimar o ofendido ou seu representante legal, por
escrito ou por comunicação digital, para que exerça seu direito de recorrer em 30
dias, apresentando suas razões ao órgão do Ministério Público.
Assim, observa-se que há um reforço dos mecanismos de controle da decisão
de arquivamento, com submissão obrigatória à instância superior do Ministério
Público, e com a possibilidade de a vítima oferecer razões contrárias ao
arquivamento, e ao investigado de apresentar argumentos favoráveis à decisão de
não denunciar. O juiz é mantido em sua condição de imparcialidade objetiva, sem
ser obrigado a fornecer argumentos contrários ao arquivamento.

III) Da Ação Penal

O artigo 28-A do Código de Processo Penal estabelece que:

Art. 28-A. não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado


confessado forma e circunstancialmente a prática de infração penal sem
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a quatro anos, o
Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal.

Inserido no art. 28-A do CPP pelo Pacote anticrime, o Acordo de Não


Persecução Penal vem na perspectiva de ampliação do chamado espaço de
consenso ou justiça negociada no processo penal, ao lado da transação penal e da
suspensão condicional do processo. Em linhas gerais, trata-se de um instrumento
concebido no âmbito inquisitorial, a ser oferecido de acordo com a discricionariedade
regrada do órgão ministerial e como mecanismo de evitar a propositura da ação
penal.
Rogério Sanches e Renee do Ó Souza enfatizam que:

O Acordo de Não Persecução Penal não implica qualquer desvantagem ao


ofendido, notadamente nos crimes em que ele é bem definido, visto que o
primeiro requisito para a celebração do Acordo de Não Persecução Penal é
a necessidade imperiosa de reparação de danos sofridos o que atende seus
interesses imediatos e à moderna tendência criminológica de revalorização
da vítima no processo penal.

Sendo assim, uma das finalidades do acordo de não persecução penal, além
de garantir uma maior celeridade, eficiência e economia processual, tem o objetivo
de reparação do dano à vítima, ao passo que uma das condições para a propositura
do acordo é a de reparação à vítima.
Alguns requisitos precisam ser cumpridos para a propositura do acordo de
não persecução penal, tais como:
I) reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de
fazê-lo;
II) renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério
Público como instrumentos, produto ou proveito do crime;
III) prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços,
em local a ser indicado pelo juízo da execução;
IV) pagar prestação pecuniária, a entidade pública ou de interesse social, a
ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função
proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo
delito;
V) cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério
Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Dessa forma, o modelo de justiça negocial é fortalecido no atual momento,
onde a justiça criminal não objetiva tão somente a punição do agente infrator, mas,
sobretudo, a reparação dos danos causados, bem como, onde os defensores
ganham espaço para se tornaram negociadores, sempre em prol dos interesses de
seus constituintes.

IV) Da Cadeia de Custódia

A cadeia de custódia foi definida no citado projeto de lei como “o conjunto de


todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica
do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e
manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte” (art. 158-A, caput, do
CPP).
Segundo Geraldo Prado, a cadeia de custódia representa o importante
“dispositivo que pretende assegurar a integridade dos elementos probatórios”. Trata-
se de mecanismo fundamental à regular utilização de uma evidência em juízo,
garantindo-se a respectiva história cronológica e, por consequência, a sua
autenticidade e confiabilidade. Revela, no fundo, uma preocupação com o controle
da decisão judicial em um Estado democrático de direito por meio de sistemas de
controles epistêmicos.
Conforme Badaró, embora normalmente relacionada à prova científica e, mais
especificamente, à perícia de laboratório, sua aplicação deve ser entendida de forma
mais ampla, abarcando qualquer fonte de prova de natureza real. Não se limita,
portanto, às coisas “materiais” (ex.: uma faca ou um fragmento de munição).
Também necessária a observância da cadeia de custódia em face de “elementos
‘imateriais’ registrados eletronicamente, como o conteúdo de conversas telefônicas,
ou de transmissão de e-mail, mensagens de voz, fotografias digitais, filmes
armazenados na internet etc”.
A cadeia de custódia de acordo com o art. 158-B abrange as seguintes fases:
- Reconhecimento, isolamento, fixação, coleta, acondicionamento, transporte,
recebimento, processamento, armazenamento e descarte.
Nesse sentido, o respeito à cadeia de custódia não é atividade exclusiva da
perícia, pelo contrário, incumbe a todas as agências do sistema de justiça criminal.
“Abrange todos os atores responsáveis pela sua preservação, integridade,
idoneidade e valoração”, o que se inicia na fase de investigação preliminar, porém
se estende até o processo criminal, na medida em que alcança “todo o caminho
percorrido pela prova. Assim, “qualquer policial, civil ou militar, que for receptor de
algum objeto material que possa estar relacionado a alguma ocorrência, deve
também proceder com os cuidados da aplicação da cadeia de custódia. E essas
preocupações vão além da polícia e da perícia, estendendo-se aos momentos de
trâmites desses objetos da fase do processo criminal, tanto no ministério público
quanto na própria justiça.
Portanto, a preservação das fontes de prova é fundamental, principalmente
quando se trata de provas cuja produção ocorre fora do processo. Trata-se de
verdadeira condição de validade da prova. O cuidado é necessário e justificado: não
se limita a perquirir a boa ou má-fé dos agentes policiais que manusearam a prova.
Não se trata nem de presumir a boa-fé, nem a má-fé, mas sim de objetivamente
definir um procedimento que garanta e acredite a prova independente da
problemática em torno do elemento subjetivo do agente. A subjetividade deve dar
lugar a critérios objetivos, empiricamente comprováveis, que independam da prova
de má-fé ou bondade e lisura do agente estatal.

V) Da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liberdade Provisória

As medidas cautelares são aquelas que podem ser impostas ao suspeito para
evitar que ele interfira na investigação, prejudique testemunhas ou vítimas ou
mesmo fuja.
Tais medidas possuem três principais finalidades: a aplicação da lei penal;
assegurar a investigação ou a instrução criminal, pois visa proteger a investigação
ou o processo contra a atuação do acusado. E a terceira finalidade é neutralizar o
risco de prática de infrações penais. Este requisito é chamado de garantia da ordem
pública, sendo que o que se busca é evitar a reiteração criminosa. A provável
continuação da prática delitiva justifica a decretação da medida cautelar em face do
acusado, quando demonstrada concretamente.
De acordo com o pacote anticrime, o juiz não poderá mais decretar uma
medida cautelar por conta própria (de ofício), sem pedido das partes, do delegado
ou do Ministério Público. No entanto, embora o juiz não possa mais decretar a
medida cautelar de ofício, poderá substituir por outra ou revogá-la se não houver
mais motivo. Da mesma forma, poderá voltar a decretá-la se outras razões surgirem.

Art 282. § 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a


requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por
representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério
Público
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida
cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista,
bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

Os casos de urgência e de perigo deverão ser justificados e fundamentados


na decisão. Nos demais casos, o juiz deverá dar prazo de cinco dias para aquele
que pode ser atingido pela medida se manifestar.

Art 282. § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia


da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a
intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias,
acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias,
permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo
deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha
elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.

As novas mudanças trazidas pelo pacote anticrime nas medidas cautelares


tiveram grande impacto, sobretudo na prisão preventiva. Sendo assim, a lei lista
situações nas quais ela não será considerada com fundamento, sendo:
- Apenas indicação ou reprodução de trecho de lei ou outro ato normativo sem
explicação da relação com a causa;
- Emprego de conceito jurídicos indeterminados sem explicação do motivo
concreto para pedir a prisão;
- Argumentar com motivos que poderiam justificar qualquer outra decisão em
vez da prisão;
- Deixar de contestar argumentos contrários à prisão preventiva;
- Citar precedente ou súmula sem identificar os pontos do caso em questão
que se encaixam nesses parâmetros;
O pacote também traz em seu bojo a proibição para que o juiz conceda
liberdade provisória a quem for preso em flagrante se a pessoa for reincidente, se
fizer parte de organização criminosa ou milícia ou se portar arma de fogo de uso
restrito. A negação de liberdade provisória poderá ser com ou sem outras medidas
cautelares.

Art 310. § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra


organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso
restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas
cautelares.
Com relação a audiência de custódia o juiz deverá, após saber da prisão em
flagrante, realizar uma audiência com o acusado e o Ministério Público em 24 horas.
Com base nessa audiência é que o juiz deverá decidir se soltará o suspeito ou não.
Caso a audiência não se realize nesse prazo, a prisão será considerada ilegal, mas
o juiz poderá decretar a prisão preventiva imediatamente.

Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de


até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá
promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado
constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério
Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente

VI)   Dos Procedimentos Relativos ao Processo da Competência do Tribunal do


Júri

No tocante às mudanças ocasionadas no Tribunal do Júri, o principal


objetivo deste tópico é analisar a execução provisória da pena no procedimento do
julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Trata-se, na verdade, da única
modificação expressa do capítulo relacionado ao tribunal do júri. Institui-se a letra
“e”, no inciso “I”, do art. 492.

Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que:


e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se
encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de
condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão,
determinará a execução provisória das penas, com expedição do
mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de
recursos que vierem a ser interpostos;

Um ponto que levanta diversos problemas é a parte final, a qual determina


execução antecipada da pena, quando for igual ou superior a 15 anos. Segundo
Paulo Queiroz, além de incoerente e ilógica, é claramente inconstitucional, visto que:
-  Ofende o princípio da presunção de inocência, segundo o qual ninguém
será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
 - O fato de o réu sofrer uma condenação mais ou menos grave não o faz
mais ou menos culpado, já que a culpabilidade tem a ver com a prova produzida nos
autos e com os critérios de valoração da prova, não com o quanto de pena aplicado
- Se o STF já reconheceu ser inconstitucional a execução antecipada após a
decisão de segundo grau, com muito mais razão é inconstitucional a execução
antecipada após uma decisão de primeiro grau 
- Da decisão do júri, cabe apelação em que podem ser amplamente discutidas
questões formais e de mérito;
- É incompatível com o disposto no art. 313, § 2º, que expressamente prevê
que "não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de
antecipação de cumprimento de pena"
De acordo com Rodrigo Faucz, o art. 283 do CPP também foi alterado pela
mesma lei, até mesmo como forma de esclarecer a matéria de prisões
processuais. A nova redação dispõe que “ninguém poderá ser preso senão em
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação
criminal transitada em julgado”. Assim, apenas por intermédio da prisão em
flagrante ou da prisão cautelar é que alguém poderá ser preso antes do trânsito
em julgado de sentença condenatória. Considerando que a sentença condenatória
de primeira instância não se trata de modalidade de prisão cautelar, o art. 492, “e”,
está em conflito direto com a normativa específica da matéria
Há também uma gama de estudiosos do direito que acatam a nova regra
como constitucional, baseando-se na própria constituição a qual assegura a
soberania dos vereditos, ou seja, a decisão popular é tida como válida, somente em
casos excepcionais o tribunal poderá invalidar essa decisão.

VII)   Das Nulidades

O “Art. 564. V - em decorrência de decisão carente de fundamentação.” Essa


mudança trouxe maior responsabilidade na apreciação dos documentos e nas
decisões oriundas dos mesmos, assim pode-se responsabilizar os agentes que não
fundamentarem suas decisões trazendo assim mais clareza ao processo.
.
VIII)    Do Recurso em Sentido Estrito

Uma nova hipótese de cabimento de Recurso em Sentido Estrito:

Art. 581. XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não


persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei.”
Antes, com a previsão somente conforme o respectivo regimento interno, o
art. 638 agora prevê a observância da forma estabelecida também em leis especiais
e lei processual civil.

X) Do Recurso Extraordinário

Art. 638. O recurso extraordinário e o recurso especial serão processados e


julgados no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça na
forma estabelecida por leis especiais, pela lei processual civil e pelos
respectivos regimentos internos.

Legislação Extravagante

I) Crimes Hediondos

Modificações na Lei dos Crimes Hediondos A Lei nº 8.072, de 25 de julho de


1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, também foi alterada.

O art. 1º homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo


de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio
qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); roubo quando
circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso
V); roubo quando circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157,
§ 2ºA, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito
(art. 157, § 2º-B); roubo quando qualificado pelo resultado lesão corporal
grave ou morte (art. 157, § 3º); extorsão qualificada pela restrição da
liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º);
furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que
cause perigo comum (art. 155, § 4º-A).

A alteração do inciso I consiste em erro material e deve ser corrigida. Com


efeito, o legislador pretendeu incluir como também hediondo o vetado inciso VIII do §
2º do art. 121 do CP. Como a inserção da qualificadora foi vetada, a alteração do
inciso I do art. 1º da Lei dos Crimes hediondos fica prejudicada, tendo em vista que
esta é a única alteração feita pela nova lei. Veja-se da redação anterior: I –
homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio,
ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos
I, II, III, IV, V, VI e VII). Por sua vez, o inciso II previa apenas o latrocínio como crime
hediondo. A partir de agora, é considerado hediondo o roubo circunstanciado pela
restrição de liberdade da vítima, circunstanciado pelo emprego de arma de fogo ou
pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito ou qualificado pelo
resultado lesão corporal grave ou morte. Por outro lado, o inciso III previa apenas a
extorsão qualificada pela morte como crime hediondo. A partir de agora, é
considerado hedionda a extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima,
pela ocorrência de lesão corporal ou morte. Ainda, foi acrescentado o inciso IX, que
considera crime hediondo o furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.
O parágrafo único teve sua redação alterada. Eis a nova redação:

Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou


consumados: o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº
2.889, de 1º de outubro de 1956; o crime de posse ou porte ilegal de arma
de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003; o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no
art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; o crime de tráfico
internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da
Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; o crime de organização
criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado.

A antiga redação era a seguinte: Parágrafo único. Consideram-se também


hediondos o crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º
de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito,
previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou
consumados. Constata-se que a nova lei passa a considerar hediondos também os
crimes de comércio ilegal de armas de fogo, tráfico internacional de arma de fogo,
acessório ou munição e organização criminosa, quando direcionado à prática de
crime hediondo ou equiparado.

II) Modificações na Lei de Organizações Criminosas.

A Lei de Organizações Criminosas (Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013) foi


alvo de algumas mudanças em decorrência do denominado “Pacote Anticrime”. De
início, destacam-se dois novos parágrafos inseridos na sequência do tipo penal de
organização criminosa.

Art. 2º § 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que


tenham armas à disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em
estabelecimentos penais de segurança máxima. § 9º O condenado
expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por
crime praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de
regime de cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros
benefícios prisionais se houver elementos probatórios que indiquem a
manutenção do vínculo associativo.

Sendo assim percebe-se um maior rigor em relação a esses artigos a fim de


desarticular os grupos do crime organizado, apesar que elementos subjetivos sobre
a manutenção do vínculo associativo não foi citado como seria de maneira objetiva
essa comprovação.

III) Modificações no Estatuto do Desarmamento

A Lei nº 13.964/2019 implementou modificações no Estatuto do


Desarmamento (Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003). De início, veja-se da
nova redação do delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
manter sob sua guarda ou ocultar 55 arma de fogo, acessório ou munição
de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo
envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4
(quatro) a 12 (doze) anos.

Veja a antiga redação: Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer,
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar,
remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar. Vê-se que a nova redação retira a hipótese de
a arma ser proibida, inserindo-a na qualificadora recém-criada do § 2º. As condutas
equiparadas que residiam no parágrafo único passam a residir no § 1º, tendo em
vista que agora há mais de um parágrafo.

Art. 17. Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. § 2º Incorre


na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.

As balizas do preceito secundário do crime de comércio ilegal de arma de


fogo são aumentadas. Anteriormente a pena era de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa. Agora, passa a ser de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
Por outro lado, a interpretação autêntica que residia no parágrafo único passa a
residir no § 1º, tendo em vista que agora há mais de um parágrafo. Há a
implementação de conduta equiparada no § 2º, para quem vende ou entrega arma
de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a
determinação legal ou regulamentar, o agente policial disfarçado, quando presentes
elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.

Art. 18. [...]

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de


fogo, acessório ou munição, em operação de importação, sem autorização
da autoridade competente, a agente policial disfarçado, quando presentes
elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.

As balizas do preceito secundário do delito de tráfico internacional de arma de


fogo são aumentadas. Anteriormente a pena era de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa. Agora, passa a ser de reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e
multa. Ademais, houve a inserção do parágrafo único, que consiste em conduta
equiparada para quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em
operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente
policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
criminal preexistente. Houve também o acréscimo de causa de aumento de pena.

Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é
aumentada da metade se: I - forem praticados por integrante dos órgãos e
empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou 57 II - o agente for
reincidente específico em crimes dessa natureza.

Constata-se que o inciso II consiste em nova causa de aumento de pena.


Relevante inovação trazida pela lei nº 13.964/2019 é a criação do Banco Nacional de
Perfis Balísticos. Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros balísticos
serão armazenados no Banco Nacional de Perfis Balísticos. § 1º O Banco Nacional
de Perfis Balísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar
características de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição
deflagrados por arma de fogo. § 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será
constituído pelos registros de elementos de munição deflagrados por armas de fogo
relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apurações criminais
federais, estaduais e distritais. § 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será
gerido pela unidade oficial de perícia criminal. § 4º Os dados constantes do Banco
Nacional de Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que permitir ou
promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão
judicial responderá civil, penal e administrativamente. § 5º É vedada a
comercialização, total ou parcial, da base de dados do Banco Nacional de Perfis
Balísticos. § 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional de Perfis
Balísticos serão regulamentados em ato do Poder Executivo federal.

IV) Modificação na Lei nº 8.038/1990 (Processo nos Tribunais Superiores).

A Lei 13.964/2019 alterou pontualmente o processo penal nos Tribunais


Superiores ao inserir o § 3º ao artigo 1º da Lei nº 8.038, de 28 de maio de 1990.

Art. 1º § 3º Não sendo o caso de arquivamento e tendo o investigado


confessado formal e circunstanciadamente a prática de infração penal sem
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o
Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde
que necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime, nos
termos do art. 28-A do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941
(Código de Processo Penal).

Trata-se da possibilidade de haver acordo de não persecução penal em


processo de competência originária de Tribunal Superior, a refletir, a mudança no
Código de Processo Penal estampada no art. 28-A deste diploma legal. O Ministério
Público poderá propor o acordo se verificadas as seguintes circunstâncias: não for o
caso de arquivamento do inquérito; o investigado tenha confessado formal e
circunstanciadamente a conduta praticada; ausência de violência ou grave ameaça
na conduta praticada; pena mínima inferior a 4 (quatro) anos; seja a medida
necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do crime.

V) Modificação na Lei de Drogas.

O denominado “Pacote Anticrime” altera a Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006)


ao acrescentar mais uma hipótese de conduta equiparada ao tráfico de drogas. O §
1º do art. 33 passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:
Art. 33. § 1º IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou
produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
criminal preexistente.

Trata-se de tipo misto ou alternativo, tendo em vista que o sujeito ativo pode
praticá-lo por mais de um núcleo do tipo: vender ou entregar. O objeto das condutas
pode ser a própria droga ou a matéria-prima, o insumo ou o produto químico
destinado à preparação de drogas. Ademais, o tipo é de conduta duplamente
vinculada, dado que a venda ou a entrega deve ser feita sem autorização ou em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar e o destinatário deve ser
agente policial disfarçado. A nota distintiva da nova figura criminal parece ser a
passagem quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente.

VI) Modificação na Lei de Lavagem de Capitais.

A Lei 13.964/2019 alterou a Lei de Lavagem de Capitais (Lei nº 9.613/1998)


ao inserir o § 6º no artigo 1º (tipo penal da lavagem de dinheiro).

Art. 1º(...) § 6º Para a apuração do crime de que trata este artigo, admite-se
a utilização da ação controlada e da infiltração de agentes.

Portanto, passa a ser admitida a utilização das técnicas investigativas da ação


controlada e da infiltração de agentes para apurar eventuais cometimentos de
lavagem de dinheiro. Contudo que já havia previsão da ação controlada e da
infiltração de agentes no ordenamento jurídico brasileiro (art. 3º, III e VII, da Lei nº
12.850/2013). De todo modo, o legislador optou por inserir o § 6º na lei de lavagem
de capitais.

VII) Modificações na Lei de Improbidade Administrativa.

A partir de agora será possível acordos de não persecução civil em


improbidade administrativa. A Lei de Improbidade Administrativa (nº 8.429, de 2 de
junho de 1992), passa a vigorar com as seguintes alterações:
Art. 17. § 1º As ações de que trata este artigo admitem a celebração de
acordo de não persecução cível, nos termos desta Lei.(...) § 10-A. Havendo
a possibilidade de solução consensual, poderão as partes requerer ao juiz a
interrupção do prazo para a contestação, por prazo não superior a 90
(noventa) dias.

A redação anterior vedava expressamente a transação, o acordo ou a


conciliação nessas hipóteses: § 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas
ações de que trata o caput. 17 Anote-se que o Presidente da República vetou o
artigo 17-A e demais parágrafos, que implementavam o rito para a realização do
acordo.

VIII) Modificações na Lei nº 9.296/1996 (Interceptações Telefônicas).

A Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, também foi alterada pelo denominado


“Pacote Anticrime”, tendo sido acrescentada a ela dois novos dispositivos, quais
sejam, os arts. 8º-A e 10-A.

Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada


pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a
captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos,
quando: I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e
igualmente eficazes; e II - houver elementos probatórios razoáveis de
autoria e participação em infrações criminais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas. § 1º O
requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de
instalação do dispositivo de captação ambiental. § 3º A captação ambiental
não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão
judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de
prova e quando presente atividade criminal permanente, habitual ou
continuada. § 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as
regras previstas na legislação específica para a interceptação telefônica e
telemática.

O dispositivo supracitado foi inserido para fins de regulamentação da


captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos. Para tanto,
deve o Ministério Público ou a autoridade policial requerer previamente ao juiz
competente, e somente poderá fazê-lo quando a prova não puder ser feita por outros
meios disponíveis e igualmente eficazes e quando houver elementos probatórios
razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas. Nota-se que os
requisitos são cumulativos.
Por outro lado, o art. 10-A constitui novo tipo penal.

Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos


ou acústicos para investigação ou instrução criminal sem autorização
judicial, quando esta for exigida: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro)
anos, e multa. § 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos
interlocutores. § 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público
que descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a
captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido
o sigilo judicial.

Trata-se de tipo penal simples, diante do único núcleo do tipo: realizar


captação. Esta, por sua vez, pode ter como objeto sinais eletromagnéticos, ópticos
ou acústicos. Há dolo específico, elemento subjetivo especial do tipo ou especial fim
de agir na passagem “para investigação ou instrução criminal”. Isto é, se a captação
não é destinada a subsidiar investigação ou instrução criminal, não será configurado
o presente tipo penal – sem prejuízo de subsunção a tipo penal diverso. Ademais,
para que seja crime, deve a captação ser realizada sem autorização judicial, quando
esta for exigida.
Logo, conclui-se que o delito em tela é vinculado. Por seu turno, o § 1º prevê
ser atípica a conduta de captação se esta for realizada por um dos interlocutores.
Além disso, o § 2º comporta causa de aumento de pena ao funcionário público que
descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a captação
ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o sigilo judicial.

IX) Modificações na Lei de Execução Penal.

O denominado “Pacote Anticrime” altera alguns pontos da Lei de Execução


Penal (Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984).

Art. 9º-A. 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garantias mínimas


de proteção de dados genéticos, observando as melhores práticas da
genética forense. § 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o
acesso aos seus dados constantes nos bancos de perfis genéticos, bem
como a todos os documentos da cadeia de custódia que gerou esse dado,
de maneira que possa ser contraditado pela defesa. § 4º O condenado
pelos crimes previstos no caput deste artigo que não tiver sido submetido à
identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no estabelecimento
prisional deverá ser submetido ao procedimento durante o cumprimento da
pena. 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter-se ao
procedimento de identificação do perfil genético.
Acima se percebe que houve a inserção de alguns dispositivos relacionados
à coleta de material genético. A regulamentação visa garantir a mínima proteção de
dados genéticos, “observando as melhores práticas da genética forense”. Importante
previsão é a do § 3º, pois materializa o exercício da defesa ao viabilizar ao titular de
dados genéticos o acesso aos seus dados constantes nos bancos de perfis
genéticos, bem como a todos os documentos da cadeia de custódia que gerou esse
dado:

Art. 50. VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil


genético.

O artigo 50 da Lei de Execução Penal foi alterado, tendo sido incluída mais
uma hipótese de falta grave, consistente na insubmissão a procedimento de
identificação do perfil genético.

Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e,
quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o
preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da
sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
características: I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de
repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie; II -
recolhimento em cela individual; III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas
por vez, a serem realizadas em instalações equipadas para impedir o
contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso
de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; IV -
direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de
sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde que não haja contato com
presos do mesmo grupo criminoso; V - entrevistas sempre monitoradas,
exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para impedir o
contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial
em contrário; VI - fiscalização do conteúdo da correspondência; VII -
participação em audiências judiciais preferencialmente por
videoconferência, garantindo-se a participação do defensor no mesmo
ambiente do preso. § 1º O regime disciplinar diferenciado também será
aplicado aos presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros: I
- que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento
penal ou da sociedade; II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de
envolvimento ou participação, a qualquer título, em organização criminosa,
associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de
falta grave. § 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em
organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou que
tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o
regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente cumprido em
estabelecimento prisional federal. § 4º Na hipótese dos parágrafos
anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o
preso: I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do
estabelecimento penal de origem ou da sociedade; II - mantém os vínculos
com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada,
considerados também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no
grupo criminoso, a operação duradoura do grupo, a superveniência de
novos processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário. § 5º
Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar diferenciado
deverá contar com alta segurança interna e externa, principalmente no que
diz respeito à necessidade de se evitar contato do preso com membros de
sua organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou de
grupos rivais. § 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será
gravada em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com autorização
judicial, fiscalizada por agente penitenciário. § 7º Após os primeiros 6 (seis)
meses de regime disciplinar diferenciado, o preso que não receber a visita
de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio
agendamento ter contato telefônico, que será gravado, com uma pessoa da
família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.

As medidas tomadas pelo “Pacote Anticrime” fomentaram uma maior rigidez


na aplicação das penas e no controle dos regimes de progressão.

X) Modificações na Lei do Sistema Penitenciário Federal.

A Lei do Sistema Penitenciário Federal (nº 11.671/2008) foi alterada. De


início, houve a inserção do parágrafo único ao artigo 2º. Veja-se:

Art. 2º Parágrafo único. O juízo federal de execução penal será competente


para as ações de natureza penal que tenham por objeto fatos ou incidentes
relacionados à execução da pena ou infrações penais ocorridas no
estabelecimento penal federal.

Tem-se, portanto, fixada a competência do juízo federal de execução penal


para as ações de natureza penal que versem sobre fatos ou incidentes relacionados
à execução da pena ou infrações penais ocorridas no estabelecimento penal federal.
Ademais, a nova lei altera a redação do artigo 3º e acrescenta novas regras de
inclusão de presos e especificação de medidas de rigor carcerário. Além disso,
prevê, no § 2º, a possibilidade de monitoramento de áudio e vídeo no parlatório e
nas áreas comuns para preservação da ordem interna e da segurança pública.

Art. 3º Serão incluídos em estabelecimentos penais federais de segurança


máxima aqueles para quem a medida se justifique no interesse da
segurança pública ou do próprio preso, condenado ou provisório. § 1º A
inclusão em estabelecimento penal federal de segurança máxima, no
atendimento do interesse da segurança pública, será em regime fechado de
segurança máxima, com as seguintes características: I - recolhimento em
cela individual; II - visita do cônjuge, do companheiro, de parentes e de
amigos somente em dias determinados, por meio virtual ou no parlatório,
com o máximo de 2 (duas) pessoas por vez, além de eventuais crianças,
separados por vidro e comunicação por meio de interfone, com filmagem e
gravações; III - banho de sol de até 2 (duas) horas diárias; e IV -
monitoramento de todos os meios de comunicação, inclusive de
correspondência escrita. § 2º Os estabelecimentos penais federais de
segurança máxima deverão dispor de monitoramento de áudio e vídeo no
parlatório e nas áreas comuns, para fins de preservação da ordem interna e
da segurança pública, vedado seu uso nas celas e no atendimento
advocatício, salvo expressa autorização judicial em contrário. § 3º As
gravações das visitas não poderão ser utilizadas como meio de prova de
infrações penais pretéritas ao ingresso do preso no estabelecimento. § 4º
Os diretores dos estabelecimentos penais federais de segurança máxima ou
o Diretor do Sistema Penitenciário Federal poderão suspender e restringir o
direito de visitas previsto no inciso II do § 1º deste artigo por meio de ato
fundamentado. § 5º Configura o crime do art. 325 do Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a violação ao disposto no § 2º
deste artigo.

O § 2º veda o monitoramento em celas e áreas de atendimento advocatício,


sendo possível somente mediante expressa autorização judicial. Se o conteúdo da
filmagens do 61 § 2º for revelado, tratar-se-á de crime de violação de sigilo funcional,
conforme narra o § 5º. Ainda, a lei nº 13.964/2019 alarga o período máximo de
permanência de preso em estabelecimento penal federal de segurança máxima, de
360 (trezentos e sessenta) dias para 3 (três) anos, renovável por igual período.

Art. 10. § 1º O período de permanência será de até 3 (três) anos, renovável


por iguais períodos, quando solicitado motivadamente pelo juízo de origem,
observados os requisitos da transferência, e se persistirem os motivos que a
determinaram.
Art. 11-A. As decisões relativas à transferência ou à prorrogação da
permanência do preso em estabelecimento penal federal de segurança
máxima, à concessão ou à denegação de benefícios prisionais ou à
imposição de sanções ao preso federal poderão ser tomadas por órgão
colegiado de juízes, na forma das normas de organização interna dos
tribunais. Art. 11-B. Os Estados e o Distrito Federal poderão construir
estabelecimentos penais de segurança máxima, ou adaptar os já existentes,
aos quais será aplicável, no que couber, o disposto nesta Lei. Há, portanto,
nova previsão, consistente na possibilidade de as decisões sobre
transferência de presos para unidades federais de segurança máxima seja
feita por órgão colegiado de juízes.

XI) Modificações na Lei nº 12.037/2009 (Identificação Criminal).

A Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009, que dispõe sobre a identificação


criminal do civilmente identificado, também foi alterada.
Art. 7º-A. A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá: I -
no caso de absolvição do acusado; ou II - no caso de condenação do
acusado, mediante requerimento, após decorridos 20 (vinte) anos do
cumprimento da pena.

A redação anterior do art. 7º-A era a seguinte: A exclusão dos perfis


genéticos dos bancos de dados ocorrerá no término do prazo estabelecido em lei
para a prescrição do delito. Constata-se, portanto, que o legislador alterou o
momento de exclusão dos perfis genéticos, sendo agora devida a exclusão no caso
de absolvição do acusado ou, no caso de condenação, mediante requerimento, após
decorridos 20 (vinte) anos do cumprimento da pena.

Art. 7º-C. Fica autorizada a criação, no Ministério da Justiça e Segurança


Pública, do Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais. § 1º A
formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional Multibiométrico e de
Impressões Digitais serão regulamentados em ato do Poder Executivo
federal. § 2º O Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais tem
como objetivo armazenar dados de registros biométricos, de impressões
digitais e, quando possível, de íris, face e voz, para subsidiar investigações
criminais federais, estaduais ou distritais. § 3º O Banco Nacional
Multibiométrico e de Impressões Digitais será integrado pelos registros
biométricos, de impressões 63 digitais, de íris, face e voz colhidos em
investigações criminais ou por ocasião da identificação criminal. § 4º
Poderão ser colhidos os registros biométricos, de impressões digitais, de
íris, face e voz dos presos provisórios ou definitivos quando não tiverem
sido extraídos por ocasião da identificação criminal. § 5º Poderão integrar o
Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais, ou com ele
interoperar, os dados de registros constantes em quaisquer bancos de
dados geridos por órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
das esferas federal, estadual e distrital, inclusive pelo Tribunal Superior
Eleitoral e pelos Institutos de Identificação Civil. § 6º No caso de bancos de
dados de identificação de natureza civil, administrativa ou eleitoral, a
integração ou o compartilhamento dos registros do Banco Nacional
Multibiométrico e de Impressões Digitais será limitado às impressões digitais
e às informações necessárias para identificação do seu titular. § 7º A
integração ou a interoperação dos dados de registros multibiométricos
constantes de outros bancos de dados com o Banco Nacional
Multibiométrico e de Impressões Digitais ocorrerá por meio de acordo ou
convênio com a unidade gestora. § 8º Os dados constantes do Banco
Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais terão caráter sigiloso, e
aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos
previstos nesta Lei ou em decisão judicial responderá civil, penal e
administrativamente. § 9º As informações obtidas a partir da coincidência de
registros biométricos relacionados a crimes deverão ser consignadas em
laudo pericial firmado por perito oficial habilitado. § 10. É vedada a
comercialização, total ou parcial, da base de dados do Banco Nacional
Multibiométrico e de Impressões Digitais. § 11. A autoridade policial e o
Ministério Público poderão requerer ao juiz competente, no caso de
inquérito ou ação penal instaurados, o acesso ao Banco Nacional
Multibiométrico e de Impressões Digitais.
Foi criado o Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais
(BNMID), cujo objetivo é armazenar dados de registros biométricos, de impressões
digitais e, quando possível, de íris, face e voz, para subsidiar investigações criminais
federais, estaduais ou distritais. Como não poderia ser diferente, consta do § 8º que
os dados constantes do BNMID terão caráter sigiloso, e aquele que permitir ou
promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão
judicial responderá civil, penal e administrativamente. O § 10 traz vedação expressa
da comercialização, total ou parcial, da base de dados do Banco. Por fim, de acordo
com o § 11, o acesso da autoridade policial e do Ministério Público ao BNMID para
subsidiar inquérito ou ação penal instaurados deve ser previamente requerido ao juiz
competente.

XII) Julgamento Colegiado em Primeiro Grau (Lei nº 12.694/12)

Regulamentou a instalação das Varas Criminais Colegiadas (órgão judicial de


primeiro grau) para julgar crimes cometidos por organizações criminosas armadas,
crime de constituição de milícia privada e infrações penais conexas aos crimes
citados.

XIII) Lei do “Disque-denúncia” (Lei nº 13.608/18)

Conferiu direitos e garantias ao informante de crimes contra a administração


pública, ilícitos administrativos ou quaisquer ações ou omissões lesivas ao interesse
público, protegendo-o, por exemplo, de ações ou omissões praticadas em retaliação
ao exercício do direito de relatar, tais como demissão arbitrária, alteração
injustificada de funções ou atribuições, imposição de sanções etc.

CONCLUSÂO

Diante abordagem realizada, percebe-se que a Lei de Interceptação


Telefônica é muito importante para resolução de crimes. Mecanismo que
proporcionada acesso a conversas de suspeitos, que, muitas vezes, é único meio
para conseguir provas da pratica de algum delito. Vale destacar que a Lei de
Interceptação Telefônica sofreu alterações da “Pacote Anticrime”
O “Pacote Anticrime” é uma lei de extrema importância, salienta-se que a
disciplina penal ainda carece de muitas mudanças para se adequar a novas
realidades e demandas sociais, percebe-se que parte do ordenamento jurídico da lei
foi trazer parâmetro legal para normatizar questões pacificadas, como no caso de
legitima defesa de refém que se enquadraria no texto legal em defesa de outrem, já
outras mudanças foram discutíveis em sua aplicação e fiscalização como a questão
na modificação voltada aos regimes e unidades prisionais.
Como a lei perpassa por vários âmbitos e tem vasta aplicação sua adequação
pelos órgãos será ainda lenta, mas claramente a lei é mais rigorosa e busca
atualizar a lei as demandas sociais já existentes, no entanto se as instituições
governamentais tornaram esse mudança normativa cabível será o novo desafio.

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