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Ano Académico 2019/2020

Universidade de Lisboa

A UEM: uma europa a duas


velocidades e suas implicações
Cadeira de União Económica e Monetária
Doutor Paulo Alves Pardal & Doutora Leonor Nunes

Discente

Ana Catarina Simões Tavares da Silva

148937
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................. 3
2. O que significa “Uma Europa com várias velocidades” ou “geometria variável»”? ............. 5
3. Contextualização Histórica da Condição Económica e Monetária da Europa pós-Segunda
Guerra Mundial ............................................................................................................................. 8
4. A UE, um modelo único de integração .................................................................................... 10
4.1 As diferentes etapas da construção europeia: União Económica e Monetária ................ 10
4.2 Integração com geometria variável .................................................................................. 11
4.3 Dificuldades ligadas à heterogeneidade dos países da UE ............................................... 12
4.4 A necessidade de uma moeda única ................................................................................. 13
5. Governação falhada ................................................................................................................ 15
6. Conclusão ................................................................................................................................ 16
7. Anexos ..................................................................................................................................... 17
8. Bibliografia .............................................................................................................................. 18

2
1. Introdução
Este ensaio focar-se-á na União Económica e Monetária e as instituições reguladoras do
mesma. Será abordada a existência de uma europa em duas ou mais velocidades, expressa sob
vários pontos de vista quanto as vantagens e desvantagens na existência de uma geografia
variável1. Esta “Europa à la carte” é resultado de uma heterogeneidade cultural, social, política,
económica e linguística presente na Europa (quer por meio dos estados membros da União
Europeia, quer pelos estados que detêm acordos bilaterais com a EU, como por exemplo a
Suíça). A UEM resulta de um de um processo de integração económica progressiva sendo que
não constituí um objetivo em si mesma. A gestão da União Económica e Monetária está
concebida para apoiar o crescimento económico sustentável 2 , atingir níveis de emprego
elevados através de uma adequação aos modos de governação no âmbito económico e
monetário. As 3 atividades económicas associados são a implementação de políticas monetárias
cujo objetivo é estabilização de preços, a coordenação the políticas económicas dos estados
membros e garantir e manter um bom funcionamento do mercado único. Uma vez que as
políticas económicas no período pós-Segunda Guerra Mundial se referiam predominantemente
à escola keynesiana e, por conseguinte, preferiram utilizar as políticas monetárias e fiscais na
gestão do ciclo empresarial e no ajustamento aos choques. Isto conduziu a uma interpretação
da teoria da OCA ( Optimum currency area) a favor da flexibilidade cambial em vez da unificação
monetária, uma vez estabelecida, uma união monetária pode ajudar na harmonização interna
das políticas económicas e na sincronização dos ciclos empresariais, isto é, conduz à
endogeneização dos critérios da OCA. Em terceiro lugar, para os países que enfrentam legados
históricos de instabilidade monetária e de elevada inflação e, por conseguinte, a confiança
limitada do público nas suas moedas, a adesão a uma União Monetária constitui uma
oportunidade para ultrapassar estes problemas a um custo relativamente baixo, importando
credibilidade do exterior. As primeiras iniciativas para uma moeda única na Comunidade
Económica Europeia (CEE) remontam a 1969, quando a Comissão Europeia (1969) elaborou um
memorando sobre a coordenação das políticas económicas e da cooperação monetária na
Comunidade. Seguiu-se uma decisão na cimeira da CEE em Haia, nesse mesmo ano, de construir
a União Económica e Monetária (UEM). Em resposta ao pedido do Conselho, um grupo de
peritos, liderado pelo Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças do Luxemburgo, Pierre Werner,

1
Anexo 1
2
Este crescimento sustentável é promovido por meio de projetos como o Plano Juncker que se insere em
diversos domínios, sendo um deles a UEM.

3
elaborou o primeiro plano em 1970, segundo o qual a UEM deverá ser construída por etapas até
ao final da década de 1970. No entanto, o colapso do sistema Bretton Woods em 1971, seguido
de uma série de turbulências macroeconómicas e ampliado adicionalmente por dois choques
petrolíferos (em 1973 e 1978) atrasou a implementação do projeto da UEM em quase duas
décadas. Entretanto, os Estados-Membros da CEE tentaram, entretanto, proceder à
coordenação parcial das políticas monetárias. Primeiro, em 1972, estabeleceram a "serpente no
túnel", um mecanismo de flutuação limitada das suas moedas uns contra os outros. Depois, na
cimeira de Bruxelas de 1978, implementaram o Sistema Monetário Europeu (EMS) com base
num mecanismo de taxas de câmbio fixas por ajuste, semelhante ao sistema Bretton Woods. O
primeiro passo da nova ronda foi dado na cimeira da CEE de Hannover, em junho de 1988, que
confirmou o objetivo de construir a UEM e solicitou ao Comité presidido pelo Presidente da
Comissão Europeia, Jacques Delors, que elaborasse um relatório que propusesse medidas
concretas para atingir esse objetivo. O Relatório Delors (Comité, 1989), apresentado em abril de
1989, foi posteriormente aprovado na cimeira da CEE em Madrid, em junho de 1989. Nesta
cimeira, decidiu-se também dar o primeiro passo concreto no sentido da integração monetária
e financeira, ou seja, a abolição das restantes restrições à circulação de capitais até 1 de julho
de 1990. Na próxima cimeira da CEE, em Estrasburgo, em dezembro de 1989, os responsáveis
políticos decidiram convocar a Conferência Intergovernamental para negociar as respetivas
alterações ao Tratado. Isto resultou na elaboração de um novo Tratado sobre a União Europeia,
aceite pela Cimeira CEE em Maastricht em dezembro de 1991 e formalmente assinado em 7 de
fevereiro de 1992.

Em 25 de março de 2017, os líderes europeus planejavam adotar uma declaração sobre


o futuro da União Europeia em uma cúpula dedicada aos 60 anos do Tratado de Roma. Vários
chefes de estado e de governo, em particular François Hollande e Angela Merkel, desejam incluir
nele o projeto de uma "Europa em várias velocidades", uma opção à qual o presidente da
Comissão Europeia Jean-Claude Juncker também parece favorável, distinguindo-se cinco
cenários possíveis para a “Europa 2025”3. Se para alguns seria o sinal do fim da União, outros a
vêm como a única maneira de continuar a construção europeia. No entanto, o novo de bate está
de volta, a questão da Geografia europeia. A Europa está com problemas, enfrenta crise atrás
de crise em vários domínios da sociedade (questão migratória, mais recentemente dos
refugiados) e economia. Era importante uma gerência por parte das instituições europeias de
uma União Monetária Divergente. Rivalidades domésticas minam o sucesso na cooperação e
solidariedade e obtenção de unanimidade em aceitar políticas comuns. Considerando a

3
Ver anexo 1_ União Económica e Monetária, cinco cenários para a EU-27 de 2025

4
problemática de uma Europa federal, seria impossível exigir mudanças de tal forma profundas
que nunca seriam aprovadas por todos, visto que cada Estado valoriza primeiro os seus
interesses domésticos acima dos interesses da comunidade. Wolgang Münchau afirma que “Os
dilemas da Europa são solucionáveis se se abrir o tecido institucional.” o que implicaria “sair da
armadilha ao aceitar um processo de desintegração seguido de reintegração (…) um sucessor
[da UE] com uma organização mais flexível, e com uma base jurídica diferente”.

É feita uma distinção entre a ideia de uma União Europeia a duas velocidades, em
oposição a uma União Europeia a várias velocidades. Jean-Claude Piris afirma inequivocamente
que "o princípio primordial de um grupo de vanguarda seria que todos os Estados participantes
se comprometessem plenamente a participar em todas as áreas de cooperação, não sendo
facultativas quaisquer áreas".4 Piris alega que existe um vasto leque de domínios em que essa
cooperação poderia ser levada a cabo pelo grupo vanguardista nos termos do tratado adicional,
5
desde que este respeitasse o Acquis Communautaire e não comprometesse o bom
funcionamento do mercado interno6.

2. O que significa “Uma Europa com várias velocidades” ou


“geometria variável»”?
A expressão é geralmente usada para designar uma construção europeia da qual todos os
estados membros não participam em todas as políticas comuns. Ao compartilhar certos valores
e regras fundamentais os estados que não desejam participar nas políticas podem optar por se
excluir das mesmas. Isto poderá implicar que certos estados que desejam participar numa
política comum não tenham, no entanto, a possibilidade de o fazer por que ainda não atendem
aos critérios exigidos. Como se verifica em determinados países que não pertencem à zona euro
ou ao espaço Schengen. Uma Europa a várias velocidades pode igualmente ser designada como
“Europa a duas velocidades”, “Europa com geometria variável” ou, mais pejorativamente, para
os que suportam uma união integrada, “Europa à la carte”. A Europa várias velocidades já é uma
realidade7. Fatores que evidenciam esta realidade são a existência da zona euro8, como também
o espaço Schengen, na qual dois países da união europeia optaram por não participar (outros 4

4
Jean- Claude Piris “The Future of Europe”
5
Acervo Comunitário, constitui uma base comum de direitos e obrigações a qual todos os Estados
Membros se encontram vinculados a título da União Europeia. Antes de países candidatos aderirem à
UE têm de aceitar o Acquis Communautaire e transpor o mesmo na legislação nacional.
6
Informação retirada de Craig, P. (January de 2013). Two Speed, Multi-speed and Europe's Future: A
Review of JeanClaude Piris on The Future of Europe. (E. L. Review, Ed.) London, 100 Avenue Road
7
Anexo 2
8
Anexo 2 e 3

5
com vocação de entrar). Existe a possibilidade de abstenção construtiva, isto é, a possibilidade
dos estados membros que não desejam associar-se a uma decisão que existe unanimidade
(geralmente derivado a serem assuntos sensíveis como o da política externa ou cidadania),
abster-se durante a votação no conselho europeu, e impedir a adoção da medida. Se uma
declaração formal é acompanhada de abstenção, o estado membro não precisa de a aplicar, no
entanto, todos aqueles que votaram nela são obrigadas a aplicá-la. Por exemplo, o Chipre
decidiu abster de participar na missão EULEX Kosovo ligada a política comum de segurança e
defesa (PCSD), implementado no final de 2008.

Uma outra característica de uma Europa a várias velocidades, é a existência de uma


cooperação reforçada. Desde o tratado de Amsterdão, em 1997, os estados membros
conseguiram avançar ainda mais na integração diferenciada, por meio de uma cooperação
aprimorada. Esse procedimento permitiu que pelo menos 9 estados adotassem uma política
comum sem se associarem a outros membros da EU. O conselho deve autorizar a cooperação
reforçada, sob proposta da comissão europeia, na qual será aplicada após a aprovação dada
pelo parlamento europeu. Um exemplo de cooperação aprimorada implementada em
dezembro de 2010 inscreve-se na área da lei relativa ao divórcio, aceite por 14 estados
membros. E para concluir, uma prova da existência de uma geografia variável é a possibilidade
de “opt-out”, também denominada de "direitos de “opt-out”", podem ser negociadas pelos
Estados-Membros quando forem decididas novas políticas comuns, de modo a não participar e,
assim, evitar um impasse político. Foram concedidas diferentes opções de retirada a vários
Estados-Membros durante a construção da Europa. Quatro Estados-Membros negociaram:
Reino Unido, Dinamarca, Irlanda e Polónia. Por exemplo, quando o espaço Schengen foi
integrado nos tratados europeus em Amesterdão, em 1997, os britânicos e os irlandeses
obtiveram um “opt-out” que lhes permitiu não fazer parte deste domínio, ao contrário de todos
os outros Estados-Membros da época.

A Dinamarca, por seu lado, beneficiou de quatro opções de retirada após a rejeição, em
1992, do referendo do Tratado de Maastricht, relativo ao espaço Schengen, à União Económica
e Monetária, à política comum de segurança e defesa, bem como à cidadania europeia (que
caducou com a adoção do Tratado de Amesterdão em 1997). Os dinamarqueses aprovaram
então a versão alterada do tratado, com as quatro opções de retirada, num segundo referendo
em 1993. O Reino Unido também negociou uma opção de saída para a União Económica e
Monetária, estabelecida pelo Tratado de Maastricht que estabelece a zona euro, à qual todos
os Estados-Membros são obrigados a aderir quando as suas economias forem consideradas
suficientemente robustas. Se o Reino Unido e a Dinamarca negociaram a sua não participação

6
na zona euro, a Suécia obteve-a de facto ao não integrar o segundo Mecanismo Europeu de
Taxas de Câmbio, uma das cinco condições necessárias para fazer parte da zona euro, embora a
sua economia o permitisse. Note-se que os Estados terceiros participam em algumas das suas
políticas, o que pode, por conseguinte, ser visto como mais uma ilustração de uma "Europa a
várias velocidades". Por exemplo, o espaço Schengen tem 4 Estados que não são membros da
UE: Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça.

Se os Estados-Membros decidirem avançar mais nesta via, a arquitetura institucional da


UE poderá, no futuro, ser modificada mais ou menos aprofundadamente, dependendo da
definição escolhida para a Europa a várias velocidades. O problema é que, em determinadas
políticas comuns que são decisivas para o futuro da UE, as decisões devem ser tomadas por
unanimidade. É o caso, em particular, da política externa e de segurança comum, que durante
várias décadas bloqueou o nascimento de uma verdadeira Europa de defesa.

A criação de uma "Europa a várias velocidades" eficiente poderia igualmente implicar uma
alteração do tratado, reajustando o processo de decisão a nível europeu. A ideia seria deixar
mais espaço para os Estados-Membros que desejem prosseguir objetivos comuns com os outros,
sem comprometer a UE no seu conjunto. Para que este sistema funcione, muitos salientam a
necessidade de melhorar a governação dos subconjuntos existentes já na União. Um governo
da zona euro, afastado das prerrogativas nacionais, poderia, assim, talvez permitir que a zona
euro não fosse despedaçada entre os Estados-Membros com interesses divergentes. As
vantagens desta arquitetura europeia, perante a perspetiva dos que defendem uma Europa a
várias velocidades bem-sucedida, é a de que ultrapassaria os estrangulamentos institucionais,
tornando o processo de decisão comunitário mais flexível. Segundo os mesmos, o atual
funcionamento da UE permite apenas chegar a um "consenso suave", nomeadamente decisões
com efeitos limitados, que não permitem que a Europa avance verdadeiramente. Isto aceleraria
a construção europeia e, por conseguinte, a integração dos Estados-Membros que participam
nestas políticas comuns e atingir a quinta fase definida por Béla Balassa. Os principais países da
UE poderiam, através do êxito das suas políticas comuns, incentivar os Estados recalcitrantes a
aplicá-las. Outro argumento é o de que um sistema deste tipo garantiria um melhor respeito
pelo princípio da subsidiariedade, que distingue as políticas que devem ser executadas a nível
nacional das que devem ser executadas a nível comunitário. Todavia, esta geometria implica
igualmente desvantagens tais como o alargamento do fosso entre os Estados-Membros, quer
sejam económicas (nomeadamente em termos de desenvolvimento) quer políticos (nível de
integração). Poderia até ser discriminatório e conduzir à exclusão de alguns países. Este medo
está particularmente presente no Leste. Os opositores à integração europeia diferenciada vêem-

7
no como uma ameaça ao projeto europeu. Para eles, essa direção levaria os Estados-Membros
a preocuparem-se exclusivamente com os seus interesses nacionais, numa Europa "à la carte"
ou "self-service", onde a unidade da UE seria severamente comprometida. Consideram também
que a "Europa a várias velocidades" retira a perspetiva de uma Europa mais integrada,
semelhante à desejada pelos Pais Fundadores. Isto incluiria uma definição menos restritiva de
maioria, na qual os Estados concordariam em ser colocados em minoria nas votações. Todavia
deverá ser relembrado que o projeto europeu não é fixo e imutável, este têm sofrido diversas
alterações aquando aos novos objetivos e membros. A Europa desejada pelos pais fundadores
era, na constituição do Mercado Comum, limitada a 6 Estados então 9 e não 28; os seis e nove
estados fundadores da UE eram mais homogêneos, associados a projetos essencialmente
industriais, projetos de cooperação mais do que o desenvolvimento e aplicação de normas e
legislação comuns.

3. Contextualização Histórica da Condição Económica e Monetária


da Europa pós-Segunda Guerra Mundial
A Europa perante um contexto de pós-guerra, decide pelo interesse comum, entre os
diversos estados afetados, que a união e a cooperação seriam fundamentais para o sucesso e
recuperação, em todas as esferas da sociedade. Em novembro de 1954, Jean Monnet (1888 -
1979), alto funcionário francês, escreveu: "Os nossos países são demasiado pequenos para o
mundo de atual, na escala dos meios técnicos modernos, comparativamente à América e Rússia
de hoje, e à China e Índia amanhã. A unidade dos povos europeus, reunidos na forma de Estados
Unidos da Europa, é o meio para aumentar o nível de vida e manter a paz”. O plano Schuman9
é representativo dos objetivos que seriam partilhados por diversos estados europeus.
Instituições Europeias foram fundadas com o objetivo de criar entidades reguladoradoras que
normatizam o funcionamento das diversas instituições criadas ao longo do funcionamento da
presente União Europeia. Durante os anos que se seguiram à criação da Comunidade do Carvão
e do Aço mais conhecida como CECA, os países integrantes da mesma e da Euratom,

9
Os governos europeus chegam à conclusão de que uma união da produção de carvão e de aço iria tornar
uma guerra entre a França e Alemanha, países historicamente rivais, «não só impensável, mas
materialmente impossível» (Schuman).

8
demonstraram uma recuperação incrível. Os seis 10 receberam apoio financeiro americano
fulcral para apoiar a recuperação, a este apoio chama-se Plano Marshall11.

Havia então o objetivo de construir uma Europa unida favorável e atingir prosperidade.
Após o fracasso da Comunidade Europeia de Defesa (1954), é a solidariedade económica que é
privilegiada. É por isso que, desde o início, não se trata apenas de promover a livre circulação de
mercadorias, mas sobretudo de intensificar os laços comerciais e culturais, promover a
cooperação entre empresas, universidades, laboratórios de investigação, estimular e facilitar o
intercâmbio entre europeus (programas Erasmus, por exemplo), criar políticas comuns
(agrícolas, políticas regionais, energia, etc.). A perspetiva é claramente a de alguma forma de
integração da política democrática (eleição do Parlamento Europeu por sufrágio universal direto
desde 1979). É neste sentido que a integração europeia é original, não só visa construir um
espaço económico integrado, mas também fazer da Europa um ator completo na vida
internacional (é a União Europeia, como tal, que está na OMC). Este progresso na construção
permitiu que a Europa subisse ao topo das zonas económicas mundiais e respondesse aos
problemas de dimensão internacional que os países isolados não conseguiriam enfrentar
sozinhos. Outras experiências de integração (NAFTA, por exemplo) são apenas do ponto de vista
do comércio livre. A União Europeia quer se afirmar como uma potência em si mesma, capaz de
competir com China, EUA, mas também para defender uma certa ideia de paz mundial e
responsabilidade perante as gerações futuras em relação ao aquecimento global e outros
assuntos.

O Plano Juncker reflete o ideal europeu este firma como uma das prioridades a
continuação da reformulação da união monetária tendo em mente a dimensão social da Europa
na qual a zona euro deveria ser presidida pela Comissão e pelo Eurogrupo12 e não pelo Banco
Central Europeu (BCE)13. Fortalecer a projeção da UEM na qual se propõem dar continuidade à
proposta realizada em 1998 de representar a Zona Euro no FMI. Em maio de 2019 o Plano de
Investimento para a Europa visa atingir parte dos objetivos já expostos para a EU. O elemento-

10
Os seis são referentes à Europa dos Seis fundada em 23 de julho de 1952, Paris, na sequência fim da
segunda guerra mundial, e os integrantes são os três grandes Alemanha, França e Itália, e os três
pequenos, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Foi a primeira organização supranacional no âmbito europeu
que se concretizou.
11
O Plano Marshall aparece após o fim da guerra e é igualmente conhecido como Programa de
Recuperação Europeia, financiado pelo EUA, esta era um aprofundamento da Doutrina Truman, que
visionava uma intervenção norte americana. Este plano contempla a ideia de adoção de mercados mais
abertos como pré-requisito para receber ajuda. Com isto a Organização para Cooperação Económica
Europeia foi fundada em 1948 para ajudar a coordenar o Plano Marshall.
12
Instituição da UEM.
13
Instituição da UEM.

9
chave é o Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE), que permite o investimento
em projetos infraestruturais e em pequenas e médias empresas (PME). O plano transcende-se
aos mais diversos setores e é suscetível a empresas de todas as dimensões, serviços públicos,
entidades no sector privado, bancos nacionais, bancos credores e plataformas de investimento
personalizadas. Este plano que engloba todos os países da União Europeia visa mitigar
diferenças e promover setores chave em cada Estado Membro, o que se insere na ideia de que
existem diferenças (a reconhecida europa com geometria variável) a qual a Comissão Europeia
procura minimizar ao incentivar e mobilizar recursos que sejam transversais a todos aquando às
necessidades e procura individuais.

A UE é primeiro, uma parceria política e económica com o objetivo de criar um grande


mercado interno. O objetivo é estimular o crescimento económico, a balança comercial com os
países do resto do mundo, diminuindo os custos de transação, melhorando a competitividade
dos negócios, graças às economias de escala alcançadas pelo aumento nos volumes de
produção, permitindo baixar preços, estimular a demanda produção, reduzir o desemprego,
sendo todas uma fonte de crescimento económico. Esse círculo virtuoso não é, no entanto,
mecânico.

4. A UE, um modelo único de integração


4.1 As diferentes etapas da construção europeia: União Económica e Monetária
Criada em 1957 pelo Tratado de Roma, a UE é o exemplo mais bem-sucedido de união
regional. A história de seu desenvolvimento progressivo pode ser descrita pelo esquema de
integração regional pelo economista húngaro Béla Balassa 14 . Este descreveu 5 etapas, livre
comércio, união aduaneira, mercado único, UEM e união política.

Há uma primeira etapa denominada de zona de livre comércio na qual se procedeu à eliminação
dos direitos aduaneiros entre os países da zona, mas cada país mantém a sua política de
comércio exterior em relação ao resto do mundo, como por exemplo a NAFTA. A segunda etapa
é a da união aduaneira, 1968, que adiciona uma tarifa externa comum à área de livre comércio.
Por conseguinte, existe uma ausência de direitos aduaneiros dentro da zona e os mesmos
direitos aduaneiros para todos os países da zona em relação ao resto do mundo = uma política
externa comum (em termos de direitos aduaneiros). (Ex: Mercosul). A terceira etapa é a do
Mercado Único ou Comum, de 1993, a área torna-se num mercado comum, não apenas para

14
Economista húngaro, propôs em 1961 e esquema de integração regional. A integração regional
consistiria num movimento de aproximação económica, política e social entre os diversos países
integrantes.

10
mercadorias que circulam livremente, como nas etapas anteriores, mas também para pessoas,
capital e serviços (por exemplo: CEE, UE a 17 UE, moeda única, espaço Schengen). A quarta etapa
corresponde à União Económica e Monetária, de 1999, na qual são adotadas políticas
económicas comuns e / ou coordenadas e uma moeda única com uma política monetária única
(zona euro), corresponde então à livre circulação de mercadorias, serviços, capital e pessoas,
além da harmonização das políticas económicas, financeiras e sociais comuns ou coordenadas,
tarifas externas comuns, e corresponde igualmente à zona do euro de uma moeda única. A etapa
final seria a da união política que, em suma, representaria a fase final do processo de
federalização expectado para o projeto europeu.

4.2 Integração com geometria variável


O espaço Schengen é um espaço para a livre circulação de pessoas entre estados. Nem
todos os países da UE participam na zona do euro, que hoje conta com 19 membros sendo que
a UE tem 27 membros. A Suíça, a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega, que formam a Associação
Europeia Acordo de Comércio Livre (EFTA), também são signatários dos Acordos de Schengen,
enquanto a Suíça não faz parte do espaço Económico europeu (EEE). A zona de comércio livre
europeu (Espaço Económico Europeu) não pode ser reduzida à União Europeu15, já que este
último está vinculado por um acordo de livre comércio com os países da EFTA. EC1: A integração
europeia é uma integração com geometria variável, pois nem todos os países não participe de
todos os projetos de integração. Apenas 17 estados são membros do EEE por vez (Espaço
Económico Europeu), a Zona Euro e o Espaço Schengen

Nascida em 1957, a UE é o exemplo de maior sucesso no mundo da integração regional,


considerada uma entidade única; é a primeira eco economia16 no mundo dos países ricos. A UE
é uma UEM, uma vez que existe o Intercâmbio Livre com uma política externa comum em
matéria de desenvolvimento sustentável, uma livre circulação de fatores de produção, uma
política monetária comum e uma moeda comum, o euro. Mas esta integração é variável em
geometria, uma vez que nem todos os países participam da mesma forma em todos os projetos
de integração 17 (zona do euro, espaço Schengen, etc.). Várias instituições participam no
funcionamento político e económico da UE, como a Comissão Europeia, que propõe as leis, o
Parlamento Europeu e o Conselho de Ministros que aprovam leis e as alteram, o Conselho

15
Anexo 4
16
A economia de mercado eco social ou eco economia visa equilibrar a economia de mercado livre, a luta
pela equidade social e a utilização sustentável e a proteção dos recursos naturais. Foi desenvolvido pelo
político austríaco Josef Riegler durante a década de 1980, expandindo-se no conceito original da economia
social de mercado, um modelo económico defendido pela primeira vez por Konrad Adenauer, e é
considerado o formato económico que a maioria das nações da Europa segue.
17
Anexo 4

11
Europeu que representa os interesses das nações, o BCE que decide e implementa a política
monetária. A UE é o maior mercado dos países ricos e os efeitos positivos são numerosos, como
o aumento da concorrência que impulsiona os preços comunitários e o off-price, a eliminação
das flutuações cambiais que estimulam o comércio, a realização do EE permitindo a redução dos
preços (competitividade dos preços), o crescimento da produção, da indústria, da N, a melhoria
do poder de compra , o crescimento do consumo, a diversificação dos produtos, uma melhor
divulgação do conhecimento,... Tudo isto é um fator de crescimento económico. No entanto, a
UE tem limitações como a existência de barreiras culturais à mobilidade laboral, ainda legislação
nacional heterogénea, diferenças no nível de vida, proteção social e fiscalidade, para que
possamos falar de dumping social e fiscal na UE.

Os defensores de uma Europa a várias velocidades bem-sucedida acreditam que


ultrapassaria os impasses institucionais, tornando o processo de decisão comunitário mais
flexível. Segundo eles, o atual funcionamento da UE só permite um "consenso suave", ou seja,
decisões com efeitos limitados, que não permitem que a Europa progrida verdadeiramente. Isto
aceleraria a construção da Europa e, por conseguinte, a integração dos Estados-Membros que
participam nestas políticas comuns. Os países impulsionadores da UE poderiam, através do êxito
das suas políticas comuns, incentivar os Estados recalcitrantes a implementá-las.

Outro argumento é o de que um sistema deste tipo garantiria um melhor respeito pelo
princípio da subsidiariedade, que distingue as políticas que devem ser levadas a cabo a nível
nacional das que devem ser executadas a nível comunitário. Os Estados-Membros poderiam,
assim, escolher livremente políticas que não podem ter êxito por si próprias e abster-se de
participar nas que podem assumir plenamente por si próprias.

4.3 Dificuldades ligadas à heterogeneidade dos países da UE


É a UE que representa os 27 Estados-Membros nas negociações comerciais, pessoa do
Comissário Europeu do Comércio Externo (Presidente da Comissão Europeu: Ursula von der
Leyen desde junho de 2019 e sucede a Jean-Claude Juncker). A representação única permite
que os 27 Estados-Membros tenham mais peso no negociações. A UE representa o primeiro
mercado do mundo para os países ricos e o primeiro poder do mercado mundial.
Simetricamente, isso tem a desvantagem de não poder representam a diversidade de interesses
dos 27 Estados-Membros. O livre comércio sujeitaria as atividades culturais à lei do mercado.
As seleções de as produções culturais seriam então feitas unicamente de acordo com sua
rentabilidade. Defesa do diversidade cultural justifica o estabelecimento de um sistema de
subsídios que pode constituir violações da livre concorrência. A defesa da exceção cultural
francesa que nos foi concedido não é unânime na Europa.

12
Se os Estados-Membros decidirem ir mais longe nesse sentido, a arquitetura
institucional da UE poderá, no futuro, ser mudada mais ou menos aprofundadamente,
dependendo da definição escolhida para uma Europa a várias velocidades. O problema é que,
em algumas políticas comuns que são cruciais para o futuro da UE, as decisões devem ser
tomadas por unanimidade. É o caso, em particular, da política externa e de segurança comum,
que há várias décadas bloqueia o nascimento de uma verdadeira Europa de defesa. A criação de
uma "Europa a várias velocidades" eficaz poderia igualmente implicar uma alteração do Tratado,
reabilitando o processo de decisão a nível europeu. A ideia seria dar mais oportunidade aos
Estados-Membros que desejem prosseguir objetivos comuns com os outros, sem envolver a UE
no seu conjunto. Para que este sistema funcione, muitos salientam a necessidade de melhorar
a governação dos subconjuntos existentes já na União. Um governo da zona euro, afastado das
prerrogativas nacionais, poderia talvez permitir que a zona euro não fosse dividida entre
estados-membros com interesses divergentes.

Alguns acreditam que a "Europa a várias velocidades" alargaria o fosso entre os Estados-
Membros, quer económicos (nomeadamente em termos de desenvolvimento) quer políticos
(nível de integração). Poderia até ser discriminatório e conduzir à exclusão de alguns países,
apesar deles, de políticas comuns. Os opositores à integração europeia diferenciada vêem-no
como uma ameaça ao projeto europeu. ‘Para eles, essa direção levaria os Estados-Membros a
pagar em exclusivo aos seus interesses nacionais, numa Europa "à la carte" ou "self-service",
onde a unidade da UE seria severamente comprometida’ (Comprendre l'Europe, 2017).
Consideram também que a "Europa a várias velocidades" retira a perspetiva de uma Europa
mais integrada, semelhante à desejada pelos Pais Fundadores. Isto incluiria uma definição
menos restritiva de maioria, na qual os Estados concordariam em ser colocados em minoria nas
votações.

4.4 A necessidade de uma moeda única


Para desenvolver o comércio intracomunitário, as várias taxas de câmbio devem ser
estabilizadas e, portanto, criar um sistema de paridade cambial fixa, como no Sistema Monetário
Europeu. Mas mantenha paridade fixa de moedas é muito difícil, o que justifica a implementação
de uma política moeda comum e, portanto, a adoção de uma moeda comum, o euro. O euro é
a moeda comum e única, criada em 1999 e adotada até hoje por 19 estados europeus. A
realização do grande mercado não pode se limitar a uma simples remoção de obstáculos à
liberdade circulação de bens, pessoas e capitais entre estados. Você também precisa de um
harmonização da legislação; caso contrário, haveria barreiras regulatórias, concorrência
distorções injustas ou prejudiciais da concorrência entre países, empresas, indivíduos ...

13
diferenças de regulamentação, tributação e custos salariais constituiriam obstáculos e pode ser
fonte de distorções, deslocamentos dos fatores de produção de uma maneira inadequado,
chegando ao ponto de colocar os Estados em concorrência para melhor atrair capital. A partir
disso fato poderia ser implementada uma harmonização de regras pelo mercado no sentido de
uma isenção tributária competitiva que poderia ser prejudicial aos Estados, privando-os de
todos os recursos capazes de garantir o progresso Económico e social procurado pela
Construção europeia. O grau de integração que está sendo refinado, o estabelecimento de uma
moeda única impôs-se aos estados europeus que tivessem uma política monetária única. Juros
e limites de euro. O triângulo de incompatibilidade de Mundell18 mostra que é impossível para
um estado manter tudo de uma vez; uma taxa de câmbio fixa (SME); Livre circulação de capitais;
E Uma política monetária nacional autônoma (fixando taxas de curto prazo dependendo
objetivos políticos internos). Segundo Mundell, o abandono de uma das três condições permite
a continuação das outras duas. A escolha de uma zona euro com uma moeda única remove as
taxas de câmbio entre os países e elimina essa incompatibilidade. O sistema de câmbio fixo de
moedas múltiplas que existia antes do euro era difícil de gerenciar. De facto, cada país conduziu
sua própria política monetária com consequências para outros países. A criação de uma moeda
única permite remover moedas não cooperativas como as que consistem em exportar o
desemprego desvalorizando sua moeda para tornar seus produtos mais competitivos (fim da
guerra cambial. Um choque assimétrico é uma mudança repentina e inesperada na oferta ou
demanda que afeta os países em uma determinada área de maneira diferente. Por exemplo, a
crise do subprime afetou mais um país como a Espanha (alto nível de dívida das famílias, bolha
imobiliária, alta exposição do sistema bancário) do que um país como a Alemanha. A perda de
autonomia monetária priva o país de uma ferramenta para responder a um choque assimétrico.
Por exemplo, diante da crise do subprime19, a Espanha precisaria de um estímulo monetário,
mesmo que isso significasse desvalorizar sua moeda quando a Alemanha não precisava. Como
existe apenas uma moeda e apenas política monetária, essas soluções não são mais possíveis.

18
“Capital Mobility and Stabilization Policy under fixed and flexible exchange rates", Canadian Journal of
Economic - 1963 R. Mundell Robert Mundell, Economista canadiano nascido em 1932, abordou a questão
da escolha das taxas de câmbio. Em 1963, desenvolveu uma teoria sobre a escolha dos regimes cambiais,
que foi resumida sob a forma de um esquema: o "triângulo da incompatibilidade". Destaca um dilema
que os países enfrentam na escolha de um regime cambial. Os países não podem, ao mesmo tempo:
permitir que o capital de entrada e para o exterior flua livremente; Ter uma taxa de câmbio fixa em relação
a outras moedas; Conduzir políticas monetárias independentes. Entre estas três possibilidades, os países
só podem realizar duas de cada vez. Se os países querem poder conduzir políticas monetárias
independentes e permitir o fluxo de capitais, são, por conseguinte, obrigados a abandonar um regime de
taxas de câmbio flexíveis.
19

14
As principais economias da área do euro (Alemanha, Holanda, França, Itália no gráfico)
compartilham um ciclo Económico comum. Suas flutuações são síncronas e de magnitude
bastante próxima. Isso é menos óbvio para alguns países periféricos como Espanha ou Grécia.
Assim, se as flutuações são aproximadamente síncronas, sua amplitude é muito diferente. O
crescimento foi muito forte nestes países no início dos anos 2000, cerca de 4% em comparação
com 2% para o coração da zona euro, antes de colapsar com a crise, tendo a recessão sido muito
mais acentuada do que no coração da zona.

Robert Mundell (1961) destaca que a impossibilidade de atuar sobre a taxa de câmbio
(devido à moeda única) em caso de choque assimétrico em um país deve poder ser compensada
pela mobilidade dos fatores de produção (capital, trabalho), sem a necessidade absoluta de
desvalorizar. É necessário adotar uma moeda única ou concluir um acordo monetário se o fator
trabalhista for móvel. No entanto, se compararmos essa teoria com a atual situação europeia,
podemos notar que o fator trabalho não é tão móvel quanto esse, devido à diversidade cultural
presente nos diferentes países da União. A UE está no centro da globalização e dos fluxos de IDE
(Investimento Direto Estrangeiro), embora permaneça fracamente aberta e a sua quota de
comércio Intra área permaneça muito forte. Oferece muitas vantagens, como infraestruturas de
qualidade, mão de obra qualificada, população com elevado poder de compra, mas continua a
ser muito heterogénea (ao nível da competitividade, nível de vida, fiscalidade). A criação do euro
contribuiu para o crescimento do comércio Intra zona através da eliminação dos custos de
transação relacionados com as flutuações cambiais, o que estimula a concorrência, o IDE, o
comércio, mas exige coordenação da Política Económica. No entanto, a moeda única conduz a
uma perda de autonomia da política monetária, que deve ser a mesma para todos os países, o
que coloca novos problemas no que diz respeito à heterogeneidade das situações económicas
nacionais. É o BCE que está encarregue da implementação da política monetária, a prioridade
que é a estabilidade dos preços, que muitas vezes contraria o crescimento económico.

5. Governação falhada
A coordenação da política orçamental é necessária numa Zona Monetária porque a
política de cada Estado tem consequências para toda a área. Por um lado, os défices excessivos
criam pressões inflacionistas e pressionam os valores mobiliários na região, afetando todos os
outros países. Por outro lado, políticas fiscais excessivamente rigorosas estão a pesar sobre a
procura interna e a travar o crescimento noutros países da região. O Pacto de Estabilidade e
Crescimento evita uma oferta excessiva de políticas fiscais laxistas. Com a criação do euro,
desaparece a restrição externa existente no Sistema Monetário Europeu (os europeus já não

15
têm de defender o valor da sua moeda). Se a sua política fiscal pressiona os títulos, é em toda
a área. Trata-se, portanto, de capacitar todos os europeus. A política orçamental é então
enquadrada pelo Pacto de Crescimento da Estabilidade, porque um europeu que abusa deste
instrumento de estímulo aumentaria o seu défice público e, por conseguinte, a sua dívida
pública, o que aumentará a sua procura de dinheiro e, assim, aumentará os títulos de todos os
países da UE e colocaria a expansiva política orçamental do país a pesar em toda a área, que não
beneficiou dos efeitos positivos da expansiva política orçamental. Quase podemos falar de um
efeito predatório a nível europeu. 3. A política monetária excessivamente laxista (rentabilização
da dívida dos bares) arrisca-se a criar pressões inflacionistas. Por esta razão, o BCE é
independente e prossegue um objetivo prioritário de estabilidade dos preços. O risco simétrico
é, então, pesar sobre o dinamismo da área com títulos demasiado elevados. Do mesmo modo,
as políticas orçamentais excessivamente expansivas criam riscos inflacionistas ou mesmo um
risco de incumprimento soberano. Para reduzir este risco, as políticas nacionais são
enquadradas pelo Pacto de Crescimento da Estabilidade. O risco resultante é ainda um
crescimento demasiado baixo, uma vez que os Estados cujas finanças públicas já estariam
degradadas antes da crise não teriam espaço suficiente para reanimar a economia

6. Conclusão
A presente realidade da União Europeia e da União Económica e Monetária é a de uma
Europa fragmentada e diversa, na qual cada estado membro, ou não membro, integra diferentes
grupos20, exemplo Espaço Schengen e EFTA, o que resulta em diferenças cruciais Intra europeias,
quer a nível do PIB per capita21, onde se verificam diferenças entre a zona euro e a EU, quer no
crescimento do PIB, ou diferenças na captação de IDE e captação de fundos necessários ao
investimento (plano Juncker). O facto de cada estado membro se diferenciar quanto aos grupos
em que se inscreve, exemplificando, o facto de um estado membro não estar dentro da zona
euro dificulta a possibilidade de crescimento e desenvolvimento com vista a homogeneização e
potencialização do euro e finalização e concretização com o projeto europeu. De facto, a
presente geografia é promotora de interesses económicos distintos e divididos em grupos com
caminho à contínua fragmentação e reforço da heterogeneidade monetária, política,
económica, linguística, social, entre outros. É necessário um plano de reformas com vista a
alcançar uma verdadeira união económica, financeira, orçamental e política em três fases.

20
Anexo 4
21
Anexo 2

16
Union Économique et Monétaire (UEM) Scénarios pour l'EU-27 à 2025
Scénario nº1 Scénario nº 2 Scénario nº 3 Scénario nº 4 Scénario nº 5
Idem que dans le
Plusieurs mesures sont
snénario «s'incrire dnas L'Union économique,
prises pour consolider
la continuité», sauf financière et budgétaire

17
Avancées prgressives la zone euro et garantir
pour un groupe de pays est réalisée
dans l'amélioration du Coopération limitée au sa stabilité; l'EU-27
qui approfondissent conformément au
fonctionnement de la sein de la zone euro. limite son action dans
leur coopération dans rapport des cinq
zone euro. certains pans de
des domaines tels que présidents de juin
politique de l'emploi et
la fiscalité et les normes 2015.
de la politique sociale.
sociales.
Anexo nº1: União Económica e Monetária, retirado do "Livre Blanc sur L'Avenir de l'Europe. Réflexions et scénarios pour l'EU-27 à l'horizon 2025" da Comissão
Europeia, realizado a 1 de Março de 2017
7. Anexos
8. Bibliografia
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Juncker Ponto de Situação. Plano de Investimento para a Europa. Comissão Europeia, Banco
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https://ec.europa.eu/commission/sites/beta-political/files/brochure-investment-plan-
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