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RELAÇÕES ECONÓMICAS COM O RESTO DO MUNDO + Pág 112

A Necessidade e Diversidade das Relações Económicas com o Resto do Mundo

Comércio – Atividade de compra e venda que permite pôr à disposição do consumidor os bens
e os serviços que ele deseja consumir

Comércio Interno – Verifica-se, quando os agentes económicos intervenientes (num bem ou


serviço), pertencem ao mesmo país.

Comércio Externo – Verifica-se, quando os agentes económicos intervenientes (num bem ou


serviço) pertencem a países diferentes.

Resto do Mundo – Agente económico constituído pelo conjunto das economias com as quais
um país tem relações de troca de mercadorias, serviços e capitais.

Nem sempre é possível encontrar no mercado o bem que procuramos Made In Portugal,
porque:

- A produção nacional é insuficiente para assegurar o comercio interno

- O bem não é produzido internamente

- Compra do bem ao estrangeiro, ser mais económico e de melhor qualidade

Os recursos naturais, humanos e tecnológicos encontram-se desigualmente distribuídos pelo


globo, pelo que cada país apresenta um conjunto de potencialidades próprias que aconselha a
sua especialização em determinadas atividades produtivas.

As trocas comerciais são resultado dessa especialização

Globalização – consequência da internacionalização da economia mundial.

DIT – Divisão Internacional do Trabalho - Divisão da produção mundial de acordo com as


capacidades de cada país. Os países especializam-se na produção dos bens para quais têm
mais vantagens, em troca de outros em que não apresentam essas vantagens.

As trocas resultam desta complementaridade na produção. Uma das desvantagens é que os


países mais desenvolvidos são mais favorecidos porque exportam bens mais caros por serem
tecnologicamente mais exigentes que os dos países subdesenvolvidos que apresentam bens
produzidos à base de recursos naturais e de trabalho. A DIT origina desigualdades nas trocas,
beneficiando os países mais industrializados.

Conclui-se então que:

- O comercio entre os povos tem por base a necessidade de consumir outros bens que não são
produzidos internamente.
- As trocas entre os países são de natureza diversa, abrangendo mercadorias, serviços e
capitais.

- São varias as razoes justificativas para o comercio entre os povos e hoje, em plena era da
globalização, não é imaginável um país sobreviver ou desenvolver-se em isolamento
(economia fechada)

10.1) O registo das Relações Económicas com o Resto do Mundo – A balança de pagamentos

A necessidade de troca de bens serviços e capitais com o Resto do Mundo obriga ao registo
oficial dessas operações como formas de as controlar e avaliar. Surge assim, um documento
estatístico e contabilístico anual, elaborado pelo Banco Central de cada país, onde se registam
todos os fluxos monetários e financeiros decorrentes das relações económicas entre um país e
o Resto do Mundo.

- Balança de Pagamentos – Os valores dos fluxos são representados num quadro onde se
registam, de um lado, todos os pagamentos (débitos), do outro, todos os recebimentos
(créditos), e por fim o saldo final que resulta da subtração dos débitos aos créditos.

Página 112 Balança de Pagamentos Balança Corrente

Balança de Capital

Balança Financeira

Erros e Omissões

Balança Corrente – Inclui os fluxos monetários relativos às trocas de mercadorias (máquinas) /


serviços (turismo) / rendimentos de trabalho (salários pagos a um residente português no
estrangeiro) e de investimento (lucros reinvestidos e dividendos) / e transferências correntes
(remessas dos emigrantes e imigrantes).

Balança de Capital – Inclui os fluxos não correntes de capitais entre um país e o resto do
Mundo (recebimentos de capital da UE ou fluxos associados à cooperação entre os estados)

Balança Financeira – Inclui os fluxos financeiros relativos a operações de investimento (como o


investimento direto ou outros fluxos financeiros) Saldo da Balança Corrente – Inclui os saldos
das suas balanças componentes.

Saldo da Balança Corrente e de Capital – Representa a capacidade ou necessidade de


financiamento de um país; ou seja, se um país é, respetivamente credor ou devedor em
relação ao resto do mundo.

A Balança Corrente

É uma das mais importantes rubricas da Balança de Pagamentos, onde se registam todos os
fluxos monetários correspondentes à balança de mercadorias, à de serviços, à de rendimentos
e à de transferências correntes. Todos estes fluxos correspondem às trocas efetuadas entre o
País e o Resto do Mundo. O seu saldo resulta da soma dos saldos das balanças que a
compõem.

Balança de mercadorias

Balança em que se registam os fluxos monetários correspondentes às vendas (exportações /


créditos) e compras (importações / débitos) com o exterior. O seu saldo calcula-se através da
diferença entre o valor inscrito na coluna dos créditos e na dos débitos.

Taxa de cobertura

É necessário que o país tenha conhecimento da capacidade que tem de pagar as importações a
partir das receitas provenientes das exportações.

A taxa de cobertura representa então em percentagem, o valor das importações que podemos
considerar pago com o valor das exportações efetuadas para o exterior.

Tx de cobertura = Valor das exportações / Valor das importações x 100

A situação é aquela em que o valor ultrapassa os 100% e assim cobre as importações e ainda
sobram divisas.

Operações de câmbio

Quando os países trocam entre si bens e serviços, necessitam de faturar os pagamentos


respetivos em moeda que seja aceite pelos intervenientes.

- Divisas – Moedas nacionais usadas, no âmbito das trocas internacionais, como moeda
internacional devido a uma elevada aceitação.

Todo este comércio entre os diversos países exige o respetivo pagamento, e se a unidade
monetária varia de país para país, nem sempre podemos pagar em euros os bens que
compramos ao exterior. É necessário trocarmos a nossa moeda pela moeda aceite num
determinado país.

Câmbio / Taxa de Cambio – Relação de troca entre uma moeda e todas as outras, permitindo o
estabelecimento e desenvolvimento do comércio entre os países. (Quantidade de moeda que
é necessário entregar para comprar uma unidade de outra moeda.)

Oscilações da moeda dependem de:

Processo inflacionista: A inflação contribui para a depreciação do valor da moeda, o que


significa que, precisamos de entregar mais euros para comprar o mesmo numero de outras
moedas.

Politica de desvalorização da moeda: Consiste em desvalorizar a moeda do país exportador


para tornar as suas exportações mais baratas e mais competitivas no mercado internacional.
Por outro lado torna as suas importações mais caras. Esta politica encoraja as exp e
desencoraja as impor.
Balança de serviços

Balança onde se registam os valores dos fluxos monetários correspondentes à compra e venda
de serviços com o exterior. Nesta balança, o valor do turismo, assume uma grande importância
para Portugal.

Balança de Rendimentos

Balança que regista as entradas e saídas de fluxos relativos aos rendimentos do trabalho e
investimento (empresa portuguesa situada no estrangeiro, envia o seu rendimento para a
empresa mãe).

Balança de Transferências Correntes

Balança que regista os fluxos monetários que não resultam de qualquer pagamento ou
recebimento.

- Transferências Publicas – Registam-se apenas as transferências em que um dos


intervenientes é o estado português (recebimentos provenientes da UE)

- Transferências privadas – Registam-se as transferências entre particulares (remessas


enviadas pelos nossos emigrantes) e as enviadas pelos imigrantes que trabalham no nosso
país, ou as transferências entre um estado estrangeiro e um residente nacional

A Balança de Capital

Balança que regista os valores dos fluxos correspondentes a transferências de capitais que não
sejam correntes, como o caso dos fundos estruturais europeus.

Registam-se na balança de capital:

- As transferências de capital – que correspondem a mudanças de propriedade sem


contrapartida, as quais se traduzem no aumento dos ativos do país recetor ou na diminuição
dos seus passivos (fundos da UE para infraestruturas - TGV)

- Aquisições ou cedências de ativos não produzidos não financeiros – Abrange transações


sobre ativos intangíveis, como patentes, licenças, marcas, franchises, copyrights ou a aquisição
de ativos tangíveis (compra de terrenos por embaixadas)

A capacidade ou necessidade de financiamento de uma economia pode ser avaliada,


respectivamente, através do sinal positivo ou negativo do saldo do conjunto das Balanças
Corrente e de Capital.

A Balança Financeira
Na balança Financeira inscrevem-se os movimentos de fluxos financeiros entre um país e o
resto do Mundo, entre os quais se incluem os fluxos relacionados com o investimento,
nomeadamente o Investimento directo Estrangeiro (IDE).

O Investimento Directo Estrangeiro – Tem grande importancia para o nosso desenvolvimento.


São registadas as entradas e saídas de fluxos financeiros correspondentes a investimento
estrangeiro feito em Portugal e investimento feito por Portugueses no estrangeiro.

Numa economia aberta, o IDE é fundamental para o seu crescimento e dinamismo económico.
Todavia, quando as condições oferecidas ao investidor estrangeiro, tornam o seu investimento
menos rentavel, este pode adoptar pela deslocalização, isto é, o investidor desloca o seu
investimento para países em que as condições de rentabilidade sejam mais atractivas.

Como se tratam normalmente de grandes investimentos, por consequencia, as desvantagens


sao de grande dimensão (desemprego de muitos trabalhadores / abandono de regiões onde
essas actividades estavam instaladas).

Factores que atraem o investimento no estrangeiro

- Mão de obra disponível / qualificada / adaptável - Salários baixos

- Estabilidade politica

- Legislação laboral flexivel

- Recursos naturais abundantes / baratos - Boas infra-estruturas

- Boa localizaçao geografica

Saldo da balança financeira – capacidade ou necessidade de Financiamento

Tambem nos é possivel verificar a capacidade ou necessidade de financiamento externo de


uma economia, através do saldo da balança financeira, consoante o saldo for positivo ou
negativo.

Saldo + na balança financeira – necessidade fe financiamento Saldo – na balança Financeira –


capacidade de financiamento

As Politicas Comerciais

Um país pode adoptar várias formas de se relacionar comercialmente com outros. Essas
diferentes maneiras de relacionamento têm evoluido, podendo identificar dois modelos
tipicos: (livre comercio ou livre cambismo) e proteccionismo.

O proteccionismo

- é uma das politicas económicas relativas ao comércio entre os países em que se defende a
economia nacional, penalizando as outras economias com as quais se estabelecem relações
comerciais.
- Não é contra a abertura da economia nacional ao exterior

- Adopta medidas que levam a que esse comércio se processe de forma distorcida (viciando a
concorrencia), com o objectivo de favorecer a economia nacional.

Proteccionismo ≠ Autarcia (forma extrema de proteccionismo)

Instrumentos do proteccionismo

Podem actuar dificultando as importações (+ frequente) mas podem tambem actuar do lado
das exportações, facilitando-as

Um dos instrumentos mais usados na politica proteccionista assenta nas barreiras


alfandegárias.

Estas barreiras alfandegárias são entraves às importações, levantados nas fronteiras. Entre
estas barreiras, podemos distinguir as barreiras tarifárias e as não tarifárias.

- Direiros Aduaneiros – São impostos sobre os bens importados que são retidos nas
alfândegas. Podem ser fixados contratualmente ou em percentagem sobre os bens
importados. A integração em espaços comerciais livres de direitos, limita o uso destas medidas
apenas a terceiros.

- Contingentação – Uma forma mais radical de defender os produtos nacionais, impedindo que
se importe mais do que um certo volume ou quantidade de bens. Uma forma extrema de
contingentação é o embargo comercial (proíbe a entrada de um bem)

Facilitação das exportações

- subsidios às exportações – tornam-se mais baratas e competitivas

- Dumping – Consiste em vender os seus bens a preços inferiores aos que são praticados no
mercado interno. Permite eliminar concorrentes e conquistar novos mercados

- Desvalorização da moeda – Torna as importações mais caras, porque com a desvalorização, é


necessário pagar mais para comprar moeda ao exterior.

Vantagens e inconvenientes do proteccionismo

- Vantagem – É justificavel o uso da politica do proteccionismo nas industrias nascentes para


as tornar mais competitivas internacionalmente

- Desvantagem – As mesmas “industrias nascentes” podem-se acomodar aos lucros fáceis,


devido à ausencia de concorrencia estrangeira, e não procederem às adaptações necessárias.

Livre-Cambismo ou comércio livre

Entende-se pela politica de comércio entre países que defende a liberdade de trocas.

- Teoria das vantagens absolutas – cada país deveria especializar-se, produzindo os bens para
os quais fosse mais dotado
- Teoria das vantagens relativas – Pode haver países que não tenham vocação especifica para
a produção de nenhum bem, em particular, mesmo assim é possivel e vantajosa a troca entre
os países com base na especialização do bem para o qual cada um dos países apresente
vantagem relativa – vantagem competitiva.

Os novos países industrializados (NPI)

- Conjunto de países que apostaram o seu desenvolvimento numa estratégia especial de


industrialização de bens manufacturados para exportação.

O êxito económico destes países deve-se principalmente à caracteristica de terem uma mão de
obra barata e abundante.

A Organização Mundial do Comércio

- Após se reconhecer que o comércio sem entraves poderia ser um factor de desenvolvimento,
foi assinado, um acordo por parte de vários países, após a 2a guerra mundial, que detinham
cerca de 80% do Comercio Mundial (GATT).

- Principal Objectivo – Estabelecer as bases para a criação de uma organização internacional


de comércio que defendesse o desenvolvimento do livre comércio entre os países signatarios.

Princípios para a liberalização do comercio:

- Princípio da não discriminação – Um país não pode discriminar outros em termos de


diferenciação de direitos aduaneiros. Não pode tambem prejudicar as importações de outros
países através de direitos aduaneiros nem sequer as suas subsidiar exportações.

Princípios criados para a liberalização do comércio

- Principio da Consolidação – Todas as vantagens negociadas não pode ser anuladas, devendo
progredir-se, no sentido de maior liberalização.

- Principio das negociações comerciais multilaterais – Estabelecimento de acordos sobre as


barreiras alfandegárias

Em 1995 foi criada a OMC que substituiu a GATT. O seu objectivo resume- se em regular o
comércio entre os países-membros.

As negociações dentro da OMC são decorridos em 3 niveis

- Conferencia Minesterial – Orgao supremo da OMC – decisoes tomadas em consenso

- Conselho Geral – Segundo patamar de trabalho. Reúne-se para examinar as politicas


comerciais

- Conselho de comercio de mercadorias e serviços e Conselho sobre direitos de Propriedade


Intelectual relativos ao comércio – Abiente, desenvolvimento, candidaturas à OMC (staff)
Objectivo Principal da OMC – Criar harmonia, liberdade, equidade e previsibilidade das trocas
entre os paises membros.

- Criar uma igualdade, de modo a nao existirem mais vantagens para uns que para outros.

- Não haver excessos de produção

Funções da OMC

- gerir os seus acordos comerciais

- ser referencia para as negociações comerciais entre os países.

- regulamentar os diferendos comerciais entre os países

- acompanhar e controlar as politicas comerciais dos paises membros (liberalizaçao equitaria)

- dar assistencia tecnica e formação aos países em desenvolvimento

- cooperar com outras organizações internacionais

Podemos reparar que o comércio mundial se desenvolveu imenso, mas este passo não
favoreceu de forma igual todos os intervenientes – as desigualdades entre os países mais ricos
e os mais pobres acentuaram- se.

As Relações Económicas de Portugal com a UE e o resto do Mundo

Criação de comércio – Aumento ou aparecimento de relações de troca entre um país e outro


que dantes não existiam, resultantes da abolição das tarifas aduaneiras.

Desvio de comércio – Deslocação dos fluxos de troca entre um país e outro, resultante da
abolição das tarifas aduaneiras.

Relações económicas de Portugal com a UE – Exportações

O aumento do volume de comércio foi evidente, muito devido à sua integração na CEE.
Todavia, para Portugal, foi ao nivel do desvio de comércio que se notaram maiores diferenças
– Exportação elevada para a UE e menor para o Resto do Mundo.

Relações económicas de Portugal com o Resto do Mundo – Exportações

Portugal terá de concentrar grande parte do seu esforço no sentido de exportar bens com
maior valor acrescentado, pois já não se pode competir com base nos baixos salários nacionais
mas na qualificação dos bens, que deverão apresentar maior valor acrescentado no recurso a
altas tecnologias, na diversificação dos bens e na sua excelente qualidade, nunca no seu baixo
preço.

Verificam-se mais importações da UE que do Resto do Mundo.

O Caso particular da Espanha


O relacionamento entre Portugal e Espanha acentuou-se com a integração de ambos na CEE,
originando criação de comercio para os dois países. No entanto, Portugal beneficiou da
proximidade geografica, do mercado espanhol e concentrou o seu comercio nessa região,
enquanto que a Espanha diversificou mais as suas relações económicas com a UE e o Mundo.

Actualmente é o grande parceiro comercial Português e detém grande importância no noso


comércio externo devido ao Turismo.

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