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RELAÇÕES ECONÓMICAS COM O RESTO

DO MUNDO

A Necessidade e Diversidade das Relações


Económicas com o Resto do Mundo

Comércio – Atividade de compra e venda que permite pôr à disposição do


consumidor os bens e os serviços que ele deseja consumir

Comércio Interno – Verifica-se, quando os agentes económicos


intervenientes (num bem ou serviço), pertencem ao mesmo país.

Comércio Externo – Verifica-se, quando os agentes económicos


intervenientes (num bem ou serviço) pertencem a países diferentes.

Resto do Mundo – Agente económico constituído pelo conjunto das


economias com as quais um país tem relações de troca de mercadorias,
serviços e capitais.

Nem sempre é possível encontrar no mercado o bem que procuramos


Made In Portugal, porque:
- A produção nacional é insuficiente para assegurar o comercio interno
- O bem não é produzido internamente
- Compra do bem ao estrangeiro, ser mais económico e de melhor
qualidade

Os recursos naturais, humanos e tecnológicos encontram-se


desigualmente distribuídos pelo globo, pelo que cada país apresenta um
conjunto de potencialidades próprias que aconselha a sua especialização
em determinadas atividades produtivas.

As trocas comerciais são resultado dessa especialização


Globalização – consequência da internacionalização da economia
mundial.

DIT – Divisão Internacional do Trabalho - Divisão da produção mundial


de acordo com as capacidades de cada país. Os países especializam-se
na produção dos bens para quais têm mais vantagens, em troca de outros
em que não apresentam essas vantagens.
As trocas resultam desta complementaridade na produção. Uma das
desvantagens é que os países mais desenvolvidos são mais favorecidos
porque exportam bens mais caros por serem tecnologicamente mais
exigentes que os dos países subdesenvolvidos que apresentam bens
produzidos à base de recursos naturais e de trabalho. A DIT origina
desigualdades nas trocas, beneficiando os países mais industrializados.

Conclui-se então que:

- O comercio entre os povos tem por base a necessidade de consumir


outros bens que não são produzidos internamente.

- As trocas entre os países são de natureza diversa, abrangendo


mercadorias, serviços e capitais.

- São varias as razoes justificativas para o comercio entre os povos e hoje,


em plena era da globalização, não é imaginável um país sobreviver ou
desenvolver-se em isolamento (economia fechada)

10.1) O registo das Relações Económicas com o Resto do Mundo – A


balança de pagamentos

A necessidade de troca de bens serviços e capitais com o Resto do Mundo


obriga ao registo oficial dessas operações como formas de as controlar e
avaliar. Surge assim, um documento estatístico e contabilístico anual,
elaborado pelo Banco Central de cada país, onde se registam todos os
fluxos monetários e financeiros decorrentes das relações económicas
entre um país e o Resto do Mundo.

- Balança de Pagamentos – Os valores dos fluxos são representados num


quadro onde se registam, de um lado, todos os pagamentos (débitos), do
outro, todos os recebimentos (créditos), e por fim o saldo final que resulta
da subtração dos débitos aos créditos.
Balança de mercadorias / comercial
Balança Corrente
Balança de serviços
Balança de
Pagamentos Balança de Capital Balança de Rendimentos
Balança de Transferencias
Balança Financeira

Erros e Omissões
Balança Corrente – Inclui os fluxos monetários relativos às trocas de
mercadorias (máquinas) / serviços (turismo) / rendimentos de trabalho
(salários pagos a um residente português no estrangeiro) e de
investimento (lucros reinvestidos e dividendos) / e transferências correntes
(remessas dos emigrantes e imigrantes).

Balança de Capital – Inclui os fluxos não correntes de capitais entre um


país e o resto do Mundo (recebimentos de capital da UE ou fluxos
associados à cooperação entre os estados)

Balança Financeira – Inclui os fluxos financeiros relativos a operações de


investimento (como o investimento direto ou outros fluxos financeiros)
Saldo da Balança Corrente – Inclui os saldos das suas balanças
componentes.

Saldo da Balança Corrente e de Capital – Representa a capacidade ou


necessidade de financiamento de um país; ou seja, se um país é,
respetivamente credor ou devedor em relação ao resto do mundo.

A Balança Corrente
É uma das mais importantes rubricas da Balança de Pagamentos, onde
se registam todos os fluxos monetários correspondentes à balança de
mercadorias, à de serviços, à de rendimentos e à de transferências
correntes. Todos estes fluxos correspondem às trocas efetuadas entre o
País e o Resto do Mundo. O seu saldo resulta da soma dos saldos das
balanças que a compõem.

Balança de mercadorias
Balança em que se registam os fluxos monetários correspondentes às
vendas (exportações / créditos) e compras (importações / débitos) com o
exterior. O seu saldo calcula-se através da diferença entre o valor inscrito
na coluna dos créditos e na dos débitos.

Taxa de cobertura
É necessário que o país tenha conhecimento da capacidade que tem de
pagar as importações a partir das receitas provenientes das exportações.
A taxa de cobertura representa então em percentagem, o valor das
importações que podemos considerar pago com o valor das exportações
efetuadas para o exterior.

Tx de cobertura = Valor das exportações / Valor das importações x 100

A situação é aquela em que o valor ultrapassa os 100% e assim cobre as


importações e ainda sobram divisas.

Operações de câmbio
Quando os países trocam entre si bens e serviços, necessitam de faturar
os pagamentos respetivos em moeda que seja aceite pelos intervenientes.

- Divisas – Moedas nacionais usadas, no âmbito das trocas internacionais,


como moeda internacional devido a uma elevada aceitação.

Todo este comércio entre os diversos países exige o respetivo pagamento,


e se a unidade monetária varia de país para país, nem sempre podemos
pagar em euros os bens que compramos ao exterior. É necessário
trocarmos a nossa moeda pela moeda aceite num determinado país.

Câmbio / Taxa de Cambio – Relação de troca entre uma moeda e todas


as outras, permitindo o estabelecimento e desenvolvimento do comércio
entre os países. (Quantidade de moeda que é necessário entregar para
comprar uma unidade de outra moeda.)

Oscilações da moeda dependem de:

Processo inflacionista: A inflação contribui para a depreciação do valor da


moeda, o que significa que, precisamos de entregar mais euros para
comprar o mesmo numero de outras moedas.

Politica de desvalorização da moeda: Consiste em desvalorizar a moeda


do país exportador para tornar as suas exportações mais baratas e mais
competitivas no mercado internacional. Por outro lado torna as suas
importações mais caras. Esta politica encoraja as exp e desencoraja as
impor.
Balança de serviços
Balança onde se registam os valores dos fluxos monetários
correspondentes à compra e venda de serviços com o exterior. Nesta
balança, o valor do turismo, assume uma grande importância para
Portugal.

Balança de Rendimentos
Balança que regista as entradas e saídas de fluxos relativos aos
rendimentos do trabalho e investimento (empresa portuguesa situada no
estrangeiro, envia o seu rendimento para a empresa mãe).

Balança de Transferências Correntes


Balança que regista os fluxos monetários que não resultam de qualquer
pagamento ou recebimento.

- Transferências Publicas – Registam-se apenas as transferências em que


um dos intervenientes é o estado português (recebimentos provenientes
da UE)
- Transferências privadas – Registam-se as transferências entre
particulares (remessas enviadas pelos nossos emigrantes) e as enviadas
pelos imigrantes que trabalham no nosso país, ou as transferências entre
um estado estrangeiro e um residente nacional

A Balança de Capital
Balança que regista os valores dos fluxos correspondentes a
transferências de capitais que não sejam correntes, como o caso dos
fundos estruturais europeus.

Registam-se na balança de capital:


- As transferências de capital – que correspondem a mudanças de
propriedade sem contrapartida, as quais se traduzem no aumento dos
ativos do país recetor ou na diminuição dos seus passivos (fundos da UE
para infraestruturas - TGV)

- Aquisições ou cedências de ativos não produzidos não financeiros –


Abrange transações sobre ativos intangíveis, como patentes, licenças,
marcas, franchises, copyrights ou a aquisição de ativos tangíveis (compra
de terrenos por embaixadas)
A capacidade ou necessidade de financiamento de uma economias pode
ser avaliada, respetivamente, através do sinal positivo ou negativo do
saldo do conjunto das Balanças Corrente e de Capital.

A Balança Financeira
Na balança Financeira inscrevem-se os movimentos de fluxos financeiros
entre um país e o resto do Mundo, entre os quais se incluem os fluxos
relacionados com o investimento, nomeadamente o Investimento directo
Estrangeiro (IDE).

O Investimento Directo Estrangeiro – Tem grande importancia para o


nosso desenvolvimento. São registadas as entradas e saídas de fluxos
financeiros correspondentes a investimento estrangeiro feito em Portugal
e investimento feito por Portugueses no estrangeiro.

Numa economia aberta, o IDE é fundamental para o seu crescimento e


dinamismo económico. Todavia, quando as condições oferecidas ao
investidor estrangeiro, tornam o seu investimento menos rentavel, este
pode adoptar pela deslocalização, isto é, o investidor desloca o seu
investimento para países em que as condições de rentabilidade sejam
mais atractivas.

Como se tratam normalmente de grandes investimentos, por


consequencia, as desvantagens sao de grande dimensão (desemprego de
muitos trabalhadores / abandono de regiões onde essas actividades
estavam instaladas).

Factores que atraem o investimento no estrangeiro


- Mao de obra disponivel / qualificada / adaptavel
- Salarios baixos
- Estabilidade politica
- Legislação laboral flexivel
- Recursos naturais abundantes / baratos
- Boas infra-estruturas
- Boa localizaçao geografica

Saldo da balança financeira – capacidade ou necessidade de


Financiamento
Tambem nos é possivel verificar a capacidade ou necessidade de
financiamento externo de uma economia, através do saldo da balança
financeira, consoante o saldo for positivo ou negativo.

Saldo + na balança financeira – necessidade fe financiamento


Saldo – na balança Financeira – capacidade de financiamento

As Politicas Comerciais
Um país pode adoptar várias formas de se relacionar comercialmente com
outros. Essas diferentes maneiras de relacionamento têm evoluido,
podendo identificar dois modelos tipicos: (livre comercio ou livre
cambismo) e proteccionismo.

O proteccionismo
- é uma das politicas económicas relativas ao comércio entre os países em
que se defende a economia nacional, penalizando as outras economias
com as quais se estabelecem relações comerciais.

- Não é contra a abertura da economia nacional ao exterior


- Adopta medidas que levam a que esse comércio se processe de forma
distorcida (viciando a concorrencia), com o objectivo de favorecer a
economia nacional.

Proteccionismo ≠ Autarcia (forma extrema de proteccionismo)

Instrumentos do proteccionismo
Podem actuar dificultando as importações (+ frequente) mas podem
tambem actuar do lado das exportações, facilitando-as
Um dos instrumentos mais usados na politica proteccionista assenta nas
barreiras alfandegárias.

Estas barreiras alfandegárias são entraves às importações, levantados


nas fronteiras. Entre estas barreiras, podemos distinguir as barreiras
tarifárias e as não tarifárias.

- Direiros Aduaneiros – São impostos sobre os bens importados que são


retidos nas alfândegas. Podem ser fixados contratualmente ou em
percentagem sobre os bens importados. A integração em espaços
comerciais livres de direitos, limita o uso destas medidas apenas a
terceiros.

- Contingentação – Uma forma mais radical de defender os produtos


nacionais, impedindo que se importe mais do que um certo volume ou
quantidade de bens. Uma forma extrema de contingentação é o embargo
comercial (proíbe a entrada de um bem)

Facilitação das exportações

- subsidios às exportações – tornam-se mais baratas e competitivas

- Dumping – Consiste em vender os seus bens a preços inferiores aos que


são praticados no mercado interno. Permite eliminar concorrentes e
conquistar novos mercados

- Desvalorização da moeda – Torna as importações mais caras, porque


com a desvalorização, é necessário pagar mais para comprar moeda ao
exterior.

Vantagens e inconvenientes do proteccionismo

- Vantagem – É justificavel o uso da politica do proteccionismo nas


industrias nascentes para as tornar mais competitivas internacionalmente

- Desvantagem – As mesmas “industrias nascentes” podem-se acomodar


aos lucros fáceis, devido à ausencia de concorrencia estrangeira, e não
procederem às adaptações necessárias.

Livre-Cambismo ou comércio livre


Entende-se pela politica de comércio entre países que defende a liberdade
de trocas.

- Teoria das vantagens absolutas – cada país deveria especializar-se,


produzindo os bens para os quais fosse mais dotado

- Teoria das vantagens relativas – Pode haver países que não tenham
vocação especifica para a produção de nenhum bem, em particular,
mesmo assim é possivel e vantajosa a troca entre os países com base na
especialização do bem para o qual cada um dos países apresente
vantagem relativa – vantagem competitiva.

Os novos países industrializados (NPI)


- Conjunto de países que apostaram o seu desenvolvimento numa
estratégia especial de industrialização de bens manufacturados para
exportação.
O êxito económico destes países deve-se principalmente à caracteristica
de terem uma mão de obra barata e abundante.

A Organização Mundial do Comércio


- Após se reconhecer que o comércio sem entraves poderia ser um factor
de desenvolvimento, foi assinado, um acordo por parte de vários países,
após a 2ª guerra mundial, que detinham cerca de 80% do Comercio
Mundial (GATT).

- Principal Objectivo – Estabelecer as bases para a criação de uma


organização internacional de comércio que defendesse o desenvolvimento
do livre comércio entre os países signatarios.

Principios para a liberalização do comercio:


- Principio da nao discriminação – Um país não pode discriminar outros em
termos de diferenciação de direitos aduaneiros. Não pode tambem
prejudicar as importações de outros paises através de direitos aduaneiros
nem sequer as suas subsidiar exportações.

Principios criados para a liberalização do comércio


- Principio da Consolidação – Todas as vantagens negociadas não pode
ser anuladas, devendo progredir-se, no sentido de maior liberalização.

- Principio das negociações comerciais multilaterais – Estabelecimento de


acordos sobre as barreiras alfandegárias

Em 1995 foi criada a OMC que substituiu a GATT. O seu objectivo resume-
se em regular o comércio entre os países-membros.

As negociações dentro da OMC são decorridos em 3 niveis


- Conferencia Minesterial – Orgao supremo da OMC – decisoes tomadas
em consenso
- Conselho Geral – Segundo patamar de trabalho. Reúne-se para
examinar as politicas comerciais

- Conselho de comercio de mercadorias e serviços e Conselho sobre


direitos de Propriedade Intelectual relativos ao comércio – Abiente,
desenvolvimento, candidaturas à OMC (staff)

Objectivo Principal da OMC – Criar harmonia, liberdade, equidade e


previsibilidade das trocas entre os paises membros.
- Criar uma igualdade, de modo a nao existirem mais vantagens para uns
que para outros.
- Não haver excessos de produção

Funções da OMC
- gerir os seus acordos comerciais
- ser referencia para as negociações comerciais entre os países.
- regulamentar os diferendos comerciais entre os países
- acompanhar e controlar as politicas comerciais dos paises membros
(liberalizaçao equitaria)
- dar assistencia tecnica e formação aos países em desenvolvimento
- cooperar com outras organizações internacionais

Podemos reparar que o comércio mundial se desenvolveu imenso, mas


este passo não favoreceu de forma igual todos os intervenientes – as
desigualdades entre os países mais ricos e os mais pobres acentuaram-
se.

As Relações Económicas de Portugal com a UE e o


resto do Mundo
Criação de comércio – Aumento ou aparecimento de relações de troca
entre um país e outro que dantes não existiam, resultantes da abolição das
tarifas aduaneiras.

Desvio de comércio – Deslocação dos fluxos de troca entre um país e


outro, resultante da abolição das tarifas aduaneiras.

Relações económicas de Portugal com a UE – Exportações


O aumento do volume de comércio foi evidente, muito devido à sua
integração na CEE. Todavia, para Portugal, foi ao nivel do desvio de
comércio que se notaram maiores diferenças – Exportação elevada para
a UE e menor para o Resto do Mundo.

Relações económicas de Portugal com o Resto do Mundo –


Exportações

Portugal terá de concentrar grande parte do seu esforço no sentido de


exportar bens com maior valor acrescentado, pois já não se pode competir
com base nos baixos salários nacionais mas na qualificação dos bens, que
deverão apresentar maior valor acrescentado no recurso a altas
tecnologias, na diversificação dos bens e na sua excelente qualidade,
nunca no seu baixo preço.

Verificam-se mais importações da UE que do Resto do Mundo.

O Caso particular da Espanha

O relacionamento entre Portugal e Espanha acentuou-se com a integração


de ambos na CEE, originando criação de comercio para os dois países.
No entanto, Portugal beneficiou da proximidade geografica, do mercado
espanhol e concentrou o seu comercio nessa região, enquanto que a
Espanha diversificou mais as suas relações económicas com a UE e o
Mundo.

Actualmente é o grande parceiro comercial Português e detém grande


importância no noso comércio externo devido ao Turismo.

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