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LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA – Lei 9.

296/96

MATERIAL COM QUESTÕES DE CONCURSO e ALGUMAS REFERÊNCIAS À SÚMULAS E


JULGADOS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES

Material confeccionado por Eduardo B. S. Teixeira.

Última atualização legislativa: Lei 13869/19 (publicada em 05/09/19 – artigos alterados/incluídos: art. 10);
Lei 13964/19 – PACOTE ANTICRIME (publicada em 24/12/19 – entra em vigor em 30 dias – artigos
alterados/incluídos: art. 8º-A e art. 10-A). Inclusão da promulgação dos trechos vetados do Pacote
Anticrime!!!

Última atualização jurisprudencial: 13/10/2022 –Info 1047 (art. 5º); Info 737 (art. 10).

Última atualização questões de concurso: 04/01/2023.

Observações quanto à compreensão do material:


1) Cores utilizadas:
 EM VERDE: destaque aos títulos, capítulos, bem como outras informações relevantes, etc.
 EM ROXO: artigos que já foram cobrados em provas de concurso.
 EM AZUL: Parte importante do dispositivo (ex.: questão cobrou exatamente a informação,
especialmente quando a afirmação da questão dizia respeito à situação contrária ao que dispõe na
Lei 9.296/96).
 EM AMARELO: destaques importantes (ex.: critério pessoal)

2) Siglas utilizadas:
 MP (concursos do Ministério Público); M ou TJPR (concursos da Magistratura); BL (base legal),
etc.

LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996.

Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5° da Constituição Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º A INTERCEPTAÇÃO DE COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS, de qualquer natureza,


para prova em INVESTIGAÇÃO CRIMINAL e em INSTRUÇÃO PROCESSUAL PENAL,
OBSERVARÁ o disposto nesta Lei e DEPENDERÁ de ordem do juiz competente da ação
principal, sob segredo de justiça.

Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em


sistemas de informática e telemática. (DPETO-2013) (DPEAL-2017) (DPEAM-2018) (DPEAP-2018)
(TJBA-2019) (MPPI-2019) (MPSP-2019) (DPEMG-2019) (DPESP-2019) (PCES-2019) (MPCE-2020)
(MPDFT-2011/2021) (DPESC-2021) (PF-2021)

Art. 2° NÃO SERÁ ADMITIDA a INTERCEPTAÇÃO DE COMUNICAÇÕES


TELEFÔNICAS quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:

I - NÃO HOUVER indícios RAZOÁVEIS da autoria ou participação em infração penal;


(MPPE-2008) (PCMG-2008) (TRF4-2009) (MPPB-2010) (MPSP-2011) (TJAC-2012) (MPSC-2012) (PCSP-
2012) (TJDFT-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (PCSC-2014) (TJMS-2015) (MPMS-2015) (TRF5-2015) (AGU-
2015) (MPPR-2017) (MPRR-2017) (Anal. Judic./TRF1-2017) (PCPI-2018) (PCES-2019) (DPERR-2021)

(TRF3-2018): Relativamente à interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza,


para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, assinale a alternativa que
contém uma afirmação correta: Não poderá ser deferida se não houver indícios razoáveis da
autoria ou participação em infração penal. BL: art. 2º, I, da Lei.

II - a prova PUDER SER FEITA por outros meios DISPONÍVEIS; (PCMG-2008) (TRF4-2009)
(MPPB-2010) (MPSP-2010/2011) (TJAC-2012) (TJPR-2012) (MPSC-2012) (PCSP-2012) (Cartórios/TJBA-
2013) (DPEMG-2014) (PCSC-2014) (TRF5-2015) (AGU-2015) (MPPR-2017) (MPRR-2017) (DPEAM-2018)
(DPEAP-2018) (TRF3-2018) (PCPI-2018) (PCRS-2018) (TJSC-2019) (PCES-2019) (MPMG-2021) (DPERR-
2021) (Cartórios/TJGO-2021)

III - o fato investigado CONSTITUIR infração penal punida, no máximo, COM PENA DE
DETENÇÃO. (DPEAL-2009) (DPEES-2009) (DPEAC-2012) (DPEBA-2016) (DPERO-2017) (DPEAP-2018)
(DPERR-2021) ((DPEMT-2022)

Parágrafo único. Em qualquer hipótese DEVE SER DESCRITA COM CLAREZA a situação
objeto da investigação, INCLUSIVE com a indicação e qualificação dos investigados, SALVO
IMPOSSIBILIDADE MANIFESTA, devidamente justificada. (TJMG-2007) (MPSC-2012) (MPGO-
2014) (PCSC-2014) (MPMS-2013/2015) (AGU-2015) (MPRS-2016) (TJSC-2019) (DPERR-2021)

Art. 3° A INTERCEPTAÇÃO das comunicações telefônicas PODERÁ SER DETERMINADA


pelo juiz, de ofício ou a requerimento:) (DPETO-2013) (DPEPB-2014) (DPERO-2017) (DPEAP-2018)
(DPERR-2021)

I - da autoridade policial, na investigação criminal;

II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal E na instrução


processual penal.

Art. 4° O pedido de INTERCEPTAÇÃO DE COMUNICAÇÃO TELEFÔNICA CONTERÁ a


demonstração de que a sua realização É NECESSÁRIA à apuração de infração penal, com
indicação dos meios A SEREM EMPREGADOS. (TJBA-2012) (MPPR-2017) (Cartórios/TJGO-2021)
(DPEMT-2022)

§ 1° EXCEPCIONALMENTE, o juiz PODERÁ ADMITIR que o pedido SEJA FORMULADO


verbalmente, DESDE QUE ESTEJAM presentes os pressupostos que AUTORIZEM a
INTERCEPTAÇÃO, caso em que a concessão SERÁ CONDICIONADA à sua redução a termo.
(PCPB-2009) (TJPR-2010) (MPPB-2010) (MPSP-2011) (MPF-2011) (TJBA-2012) (PCPA-2012) (TJRJ-2013)
(MPGO-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (TJPA-2014) (TJMG-2014) (TJMS-2015) (MPBA-2015) (MPRS-2016)
(MPRO-2008/2017) (DPERO-2017) (PCPI-2018)

§ 2° O juiz, NO PRAZO MÁXIMO de vinte e quatro horas, DECIDIRÁ sobre o pedido.


(TJMG-2007) (MPPB-2010) (PCPA-2012) (PCSP-2012) (MPMS-2013) (Cartórios/TJGO-2021)

Art. 5° A decisão SERÁ FUNDAMENTADA, SOB PENA DE NULIDADE, INDICANDO


TAMBÉM a forma de execução da diligência, que NÃO PODERÁ EXCEDER o prazo de quinze
dias, RENOVÁVEL por igual tempo UMA VEZ COMPROVADA a indispensabilidade do meio
de prova.

Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de


interceptação, DANDO CIÊNCIA ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.
(DPETO-2013)

§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será


determinada a sua transcrição. DPEMG-2014) (DPERN-2015 (DPEAM-2018)

§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação


ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações
realizadas.

§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8°, ciente o Ministério
Público.

Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial
PODERÁ REQUISITAR serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público.
(TRF1-2011) (MPPR-2013)
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, OCORRERÁ em
autos apartados, APENSADOS aos autos do inquérito policial ou do processo criminal,
PRESERVANDO-SE o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas. (MPSP-2011)
(PCAL-2012) (PCPA-2012) (MPPR-2013) (DPETO-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (TJDFT-2014) (PCSC-2014)
(MPBA-2015) (MPMG-2017) (DPERO-2017) (PCRS-2018) (DPEMT-2022)

(AGU-2013-CESPE): Acerca da legislação penal especial, julgue o item subsequente: Os autos


referentes à interceptação de comunicações telefônicas correrão em apenso aos autos do inquérito
policial ou do processo criminal. BL: art. 8º, Lei 9296.

Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada imediatamente antes do relatório
da autoridade, quando se tratar de inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na
conclusão do processo ao juiz para o despacho decorrente do disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do
Código de Processo Penal. (PCRS-2018)

Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, PODERÁ SER AUTORIZADA pelo juiz,
a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a CAPTAÇÃO AMBIENTAL de
sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (TJGO-
2021) (TJRS-2022)

I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais


cujas penas máximas SEJAM superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (TJGO-2021)

§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação


do dispositivo de captação ambiental. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

(DPERJ-2021-FGV): “A garantia da defesa consiste precisamente na institucionalização do poder de


refutação da acusação por parte do acusado. De conformidade com ela, para que uma hipótese acusatória seja
aceita como verdadeira, não basta que seja compatível com vários dados probatórios, mas também é
necessário que não seja contraditada por nenhum dos dados virtualmente disponíveis.” (FERRAJOLI,
Luigi. Direito e Razão. Teoria do Garantismo Penal. trad. Ana Paula Zomer e outros. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2002, p. 121). Em relação à produção de prova penal lícita, é correto afirmar
que: para apuração de fato criminoso, somente será lícita a captação, por agentes policiais, de
sinais oriundos de rádio transmissores através de autorização judicial fundamentada, devendo o
requerimento indicar o local e a forma de instalação do dispositivo eletrônico específico para a
captação. BL: art. 8º-A, caput e §1º, Lei 9296.

§ 2º A instalação do dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada, quando


necessária, por meio de operação policial disfarçada ou no período noturno, exceto na casa, nos
termos do inciso XI do caput do art. 5º da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por
decisão judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando
presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

§ 4º A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento da


autoridade policial ou do Ministério Público poderá ser utilizada, em matéria de defesa, quando
demonstrada a integridade da gravação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na legislação


específica para a interceptação telefônica e telemática. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 9° A gravação que não interessar à prova SERÁ INUTILIZADA por decisão judicial,
durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do
Ministério Público ou da parte interessada. (TJMG-2007) (PCPB-2009) (MPSP-2010) (TRF1-2011)
(PCSP-2012) (MPMS-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (MPM-2013) (TJPA-2014) (TJDFT-2014) (MPRS-2016)
(MPMG-2010/2017) (MPPR-2013/2019) (TJPR-2019) (PCES-2019)

Parágrafo único. O INCIDENTE DE INUTILIZAÇÃO SERÁ ASSISTIDO pelo Ministério


Público, SENDO FACULTADA a presença do acusado ou de seu representante legal. (MPRO-2008)
(PCPB-2009) (TRF1-2011) (Cartórios/TJBA-2013) (MPM-2013) (MPAM-2015) (MPRS-2016) (MPMG-2017)
(MPPR-2013/2019)

##Atenção: ##STJ: ##DOD: ##DPERR-2021: ##FCC: É dever do Estado a disponibilização da


integralidade das conversas advindas nos autos de forma emprestada, sendo inadmissível a
seleção pelas autoridades de persecução de partes dos áudios interceptados: Situação concreta:
durante uma investigação para apurar tráfico de drogas, o juiz da vara criminal decretou a
interceptação telefônica dos suspeitos. Durante os diálogos, constatou-se a participação de um
militar. O militar foi, então, denunciado na Justiça Militar. Os diálogos interceptados foram
juntados aos autos do processo penal militar como prova emprestada, oriundos da vara
criminal. Ocorre que o juiz da vara criminal não remeteu à Justiça Militar a integralidade dos
áudios, mas apenas os trechos em que se entendia que havia a participação do militar. O STJ
entendeu que esse procedimento não foi correto. Isso porque “quebra da cadeia de custódia da
prova”. A cadeia de custódia da prova consiste no caminho que deve ser percorrido pela prova
até a sua análise pelo magistrado, sendo certo que qualquer interferência indevida durante esse
trâmite processual pode resultar na sua imprestabilidade (RHC 77.836/PA, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 05/02/2019). A defesa deve ter acesso à integralidade das conversas
advindas nos autos de forma emprestada, sendo inadmissível que as autoridades de persecução
façam a seleção dos trechos que ficarão no processo e daqueles que serão extraídos. A
apresentação de somente parcela dos áudios, cuja filtragem foi feita sem a presença do
defensor, acarreta ofensa ao princípio da paridade de armas e ao direito à prova, porquanto a
pertinência do acervo probatório não pode ser realizada apenas pela acusação, na medida em
que gera vantagem desarrazoada em detrimento da defesa. STJ. 6ª T. REsp 1.795.341-RS, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, j. 7/5/19 (Info 648).
##Comentários sobre o julgado acima: ##DOD: Vale ressaltar que o caso acima explicado trata
sobre falta de acesso à integralidade da interceptação telefônica e não sobre falta de transcrição ou
degravação integral das conversas obtidas. O entendimento da jurisprudência do STF e do STJ é o de
que não é obrigatória a transcrição integral do conteúdo das interceptações telefônicas. Isso não foi
alterado pelo julgado acima, que trata sobre hipótese diferente.
##Questão de concurso:
(DPERR-2021-FCC): A Polícia Civil de Roraima iniciou investigação contra Mário e Mariano diante
de indícios de participarem ativamente do tráfico de drogas na região central de Boa Vista. Em meio
à investigação, o Delegado responsável entendeu pertinente a interceptação telefônica dos réus.
Após manifestação favorável do MP estadual, tal medida foi deferida pelo magistrado competente,
de forma motivada e pelo prazo de 15 dias, findo o qual as interceptações foram imediatamente
cessadas. Todavia, ao produzir o relatório, a Polícia Civil mencionou que dos 15 dias de
interceptação, 05 deles foram excluídos sumariamente pela própria equipe policial da base do
sistema, por não interessar ao caso. O MP, então, ofereceu denúncia contra Mário e Mariano, por
tráfico de drogas e associação para o tráfico, referindo-se a alguns trechos da interceptação realizada.
Devidamente citados, iniciou-se o prazo para resposta à acusação, na qual a Defensoria Pública deve
alegar a ilicitude da prova obtida através da interceptação telefônica e o que dela derivou, haja vista
quebra da cadeia de custódia. BL: Info 648, STJ.

Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática


ou telemática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial
ou com objetivos não autorizados em lei: (Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019) (PCES-2019)
(DPEMT-2022)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019)

Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de
conduta prevista no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei . (Incluído pela Lei nº
13.869. de 2019)
Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para
investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida : (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores . (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de


sigilo das investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações
enquanto mantido o sigilo judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 24 de julho de 1996; 175º da Independência e 108º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Nelson A. Jobim

(Agente da Polícia Civil/AC-2017-IBADE): Euclênio, jornalista, teve seu telefone interceptado


para que fosse descoberta a fonte de uma reportagem, uma vez que alguém repassara informações
a ele para uma matéria sobre corrupção no poder público. A polícia civil, ao elaborar a
representação pela receptação telefônica sustentou que a fonte do jornalista participara de um
esquema de desvio de verbas públicas e sua identificação seria imprescindível para o sucesso da
investigação. Nesse contexto, é correto afirmar que a interceptação telefônica é ilegal porquanto o
jornalista não tenha participação no crime e a CRFB/88 estabeleça o sigilo da fonte como direito
individual.

OBS: Observa-se que a interceptação telefônica somente é cabível como ultima ratio, mediante
ordem judicial e nos termos que a lei estabelecer, para fins de investigação criminal e instrução
processual penal. No caso em tela, a polícia civil representou pela interceptação para averiguar se
a fonte de informações do jornalista teria supostamente participado de um esquema de desvio de
verbas públicas, fundamentando o pedido alegando que a identificação de tal fonte seria
imprescindível para o sucesso da investigação. Como se vê, a interceptação telefônica deveria ser
utilizada apenas para fins de investigação criminal, e não para quebrar o sigilo da fonte
jornalística. Essa última hipótese viola, inclusive, o art. 5º da CRFB, que prevê: “XIV - é assegurado
a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional”.

(TJAM-2016-CESPE): A interceptação telefônica é medida subsidiária e excepcional, só podendo


ser determinada quando não houver outro meio para se apurar os fatos tidos por criminosos,
sendo ilegal quando for determinada apenas com base em notícia anônima, sem investigação
preliminar.

(TJSE-2015-FCC): Admite-se a serendipidade, ou seja, a descoberta de fatos novos advindos do


monitoramento judicialmente autorizado pode resultar na identificação de pessoas inicialmente
não relacionadas no pedido da medida probatória, mas que possuam estreita ligação com o objeto
da investigação, e tal circunstância não invalida a utilização das provas colhidas contra esses
terceiros. BL: STJ, HC 144137/ES.

(MPF-2015): Em relação às nulidades no processo penal: É integralmente correto afirmar que


informações obtidas em interceptação de conversas telefônicas, mediante previa autorização
judicial para prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem ser usadas
em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma pessoa em relação as quais foram
colhidas ou até mesmo contra outros envolvidos também servidores públicos cujos supostos
ilícitos teriam despontado a colheita dessas provas na seara criminal, desde que autorizado o
compartilhamento pelo juiz criminal, sendo improcedente a alegação de nulidade por estas
circunstâncias. BL: Entend. Jurisprud.
##Atenção: ##STJ e #STF: ##DOD: ##PCGO-2012: ##PCRJ-2012: ##TRF1-2009/2013: ##MPGO-
2013: ##MPMG-2013: ##TRF5-2013: ##MPM-2013: ##TRF4-2012/2014: ##Cartórios/TJSE-2014:
##MPF-2015: ##PGEMS-2014/2016: ##DPEAC-2017: ##DPEAL-2017: ##Cartórios/TJDFT-2019:
##PCRN-2021: ##TJSC-2022: ##CESPE: ##FGV: ##STJ: A jurisprudência do STJ e do STF é
firme no sentido de que é admitida a utilização no processo administrativo de “prova
emprestada” do inquérito policial ou do processo penal, desde que autorizada pelo juízo
criminal e respeitados o contraditório e a ampla defesa. (MS 17.472/DF, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, Primeira Seção, julgado em 13/6/2012). (...) É cabível a chamada “prova
emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo
Juízo Criminal. Assim, não há impedimento da utilização da interceptação telefônica produzida
no ação penal, no processo administrativo disciplinar, desde que observadas as diretrizes da
Lei 9.296/96 (MS 14.140/DF). (...) A jurisprudência desta Corte pacificou-se no sentido de
considerar possível se utilizar, no processo administrativo disciplinar, interceptação telefônica
emprestada de procedimento penal, desde que devidamente autorizada pelo juízo criminal.
STJ. Não há desproporcionalidade excessivamente gravosa a justificar a intervenção do Poder
Judiciário quanto ao resultado do Processo Administrativo Disciplinar originário, em que a
autoridade administrativa concluiu pelo devido enquadramento dos fatos e aplicação da pena
de demissão, nos moldes previstos pelo estatuto jurídico dos policiais civis da União. STJ. 1ª S.,
MS 16.146/DF, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 22/05/13. ##STF: A jurisprudência desta Corte
admite o uso de prova emprestada em processo administrativo disciplinar, em especial a
utilização de interceptações telefônicas autorizadas judicialmente para investigação criminal.
Precedentes. STF. 1ª T., RMS 28774, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Ac. Min. Roberto Barroso, j.
22/09/15. (...).A prova colhida mediante autorização judicial e para fins de investigação ou
processo criminal pode ser utilizada para instruir procedimento administrativo punitivo.
Assim, é possível que as provas provenientes de interceptações telefônicas autorizadas
judicialmente em processo criminal sejam emprestadas para o processo administrativo
disciplinar. STF. 1ª T. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, j. 9/8/16 (Info 834). STJ. 1ª Seção. MS 16146-DF, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 22/5/13.
(PCRN-2021-FGV): Tramita no âmbito interno da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte
processo administrativo disciplinar (PAD) que apura eventual falta funcional praticada por certo
delegado de polícia. Durante a instrução do PAD, foi verificada pela autoridade competente que o
conduz a necessidade de obtenção de prova emprestada, consistente em interceptação telefônica
realizada no bojo de processo criminal. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o
compartilhamento de prova pretendido é: viável, desde que devidamente autorizada pelo juízo
criminal competente e respeitados os princípios do contraditório e da ampla defesa. BL: Entend.
Jurisprud.
(MPMG-2013): As provas colhidas no bojo de instrução processual penal, desde que obtidas
mediante interceptação telefônica devidamente autorizada por Juízo competente, admitem
compartilhamento para fins de instruir procedimento criminal ou mesmo procedimento
administrativo disciplinar contra outros agentes. BL: Entend. Jurisprud.

##Atenção: ##STJ: ##DOD: ##MPMT-2014: ##TRF4-2014: ##TRF5-2015: ##MPSP-2017:


##MPBA-2018: ##PCSP-2018: ##Cartórios/TJDFT-2019: ##DPERR-2021: ##TJSC-2022:
##CESPE: ##FCC: ##FGV: ##VUNESP: Prova emprestada oriunda de processo no qual não
figuravam as mesmas partes: participado do processo originário onde foi produzida? Ex.: no
processo 1, foi produzida determinada prova. Em uma ação de “A” contra “B” (processo 2), “A”
deseja trazer essa prova emprestada. Ocorre que “B” não participou do processo 1. Será possível
trazer essa prova mesmo assim? SIM. É admissível, assegurado o contraditório, a prova
emprestada vinda de processo do qual não participaram as partes do processo para o qual a
prova será trasladada. A prova emprestada não pode se restringir a processos em que figurem
partes idênticas, sob pena de se reduzir excessivamente sua aplicabilidade sem justificativa
razoável para isso. Em outras palavras, não é requisito imprescindível a identidade das partes.
Quando se diz que deve assegurar o contraditório, significa que a parte deve ter o direito de se
insurgir contra a prova trazida e de impugná-la. STJ. Corte Especial. EREsp 617.428-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, j. 4/6/14 (Info 543).
(DPERR-2021-FCC): Antônio teve decretadas em seu desfavor interceptações telefônicas pela
autoridade judicial competente para investigação de fato certo, tipificado como crime apenado com
reclusão. No curso dessa diligência, foram descobertas outras infrações penais, revelando outros
autores e partícipes. Sobre esse caso concreto, os Tribunais Superiores entendem que a prova
emprestada é amplamente admitida, desde que garantidos o contraditório e a ampla defesa. BL: Info
543, STJ.
(MPEBA-2018): A prova obtida por meio de interceptação telefônica no âmbito do processo penal,
ainda que antes do julgamento da ação penal, poderá ser utilizada na qualidade de prova
emprestada em ação civil, desde que haja identidade de partes entre ambas as ações e tenha
assegurado o contraditório. BL: Info 543, STJ.
##Atenção: ##STJ: ##MPGO-2012/2013: ##TRF1-2013: ##MPM-2013: ##PGEMS-2014/2016:
##TJCE-2018: ##MPMG-2019: ##CESPE: Em relação às provas obtidas por interceptação
telefônica, não há ilegalidade na utilização desses elementos na ação de improbidade, quando
resultarem de provas emprestadas de processos criminais. (REsp 1190244/RJ, Rel. Min. Castro
Meira, 2ª T, j. em 05/05/11). (...) Esta Corte Superior possui entendimento pacificado no sentido
de que é possível o uso emprestado em ação de improbidade administrativa do resultado de
interceptação telefônica em ação penal. A decisão deferindo a interceptação deve constar
necessariamente dos autos da ação penal, e não da ação na qual o resultado da medida
probatória figurará como prova emprestada, daí porque inexiste a nulidade por ausência do
referido provimento judicial. (REsp 1163499/MT, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª T., j.
21/09/10).

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