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Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso

PJe - Processo Judicial Eletrônico

20/05/2021

Número: 1000696-40.2021.8.11.0086
Classe: AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
Órgão julgador: 3ª VARA DE NOVA MUTUM
Última distribuição : 18/02/2021
Assuntos: Tráfico de Drogas e Condutas Afins
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO
14.921.092/0001-57 (AUTOR(A))
CICERO GONCALVES DA SILVA (REU) GUILHERME ALVES MACHADO (ADVOGADO(A))
JUACY DOS REIS LIRA (ADVOGADO(A))
KELY MARCIA SILVA RIBEIRO (TESTEMUNHA)
ILDEU LOPES PIMENTA (TESTEMUNHA)
LUIS CLAUDIO DE AZEVEDO (TESTEMUNHA)
FERNANDO BEUREN ARAUJO (TERCEIRO INTERESSADO)
CELSO HENRIQUE MORAES VENDAS (TERCEIRO
INTERESSADO)
SOCIEDADE (VÍTIMA)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
55870 19/05/2021 18:34 Decisão Decisão
002
ESTADO DE MATO GROSSO
PODER JUDICIÁRIO
3ª VARA DE NOVA MUTUM

DECISÃO

Processo: 1000696-40.2021.8.11.0086.

URGENTE

RÉU PRESO!

Vistos.

Em análise do feito, verifico que a defesa do acusado


compareceu novamente aos autos no Id. 55802407 e solicitou que seja realizada a
extração de todas as conversas existentes entre o réu e o contato “Edsom Desp”,
bem como a transcrição dos áudios nelas constantes, solicitando que a referida
diligência seja realizada por peritos técnicos, os quais também deverão atestar
possível manipulação em seus conteúdos.

Pois bem.

Em análise do referido petitório, tenho que o pedido contido no


item “a” comporta parcial deferimento, devendo o relatório já apresentado ser
complementado com as transcrições dos áudios em que o acusado e o contato
registrado como “Edsom Desp”, tratam sobre a documentação do veículo cavalo
trator, placa GSH-7766, (se existentes) e que, consequentemente, possuem relação
com os crimes de falsificação de documento público e uso de documento falso, sem
prejuízo de que seja apresentada em mídia a integralidade da extração de todas as
conversas, havidas entre entre o réu e esse contato.

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Saliento que deixo de determinar a transcrição integral dos
áudios, visto que, pelo que já aportou aos autos, não se trata apenas de uma
relação comercial, sendo verificada certa proximidade entre os referidos
interlocutores, existindo inúmeros diálogos entre eles, o que torna inviável a
realização de tal diligência, em razão desta demandar maior tempo, em um
processo de réu preso, cuja instrução processual já fora encerrada.

Indefiro os pedidos contidos nos itens “b” e “c”.

Conforme se verifica, em 08/02/2021, por meio do Ofício nº


229/2021/DERF NM, em cumprimento à decisão de Id. 49341243 (fls. 71/75), que
autorizou a realização de devassa de dados nos aparelhos celulares apreendidos
em posse do acusado, a autoridade policial já encaminhou os telefones à POLITEC
para realização de perícia técnica, cujo laudo aportou aos autos nesta data, no Id.
55825010.

Sendo assim, considerando que os dados constantes nos


aparelhos celulares já foram extraídos pela própria POLITEC, restando pendente,
apenas, a realização de transcrição dos áudios, que de toda forma seria feita pela
equipe de investigadores da DERF de Nova Mutum, já que a politec não realiza as
transcrições, não há que se falar na realização desta diligência por peritos técnicos.

Oportunamente, ressalto que no Estado de Mato Grosso, a


POLITEC apenas realiza a extração dos dados celulares, encaminhando-os à
autoridade policial competente para que, então, sejam elaborados os relatórios
correlatos, com as transcrições necessárias.

Além disso, não há que se falar que o relatório anterior


“extrapolou as determinações do Juízo”, eis que foram apresentadas conversas que
possuem relação com o crime de tráfico de drogas, nos termos da decisão de
49341243 (fls. 71/75), em que já havia sido autorizada a devassa de dados,
requerida pela representante ministerial naquela oportunidade.

Nesses mesmos termos, não há qualquer pertinência de que “


seja determinado aos peritos que verifiquem se houve manipulação nas conversas
apresentadas”, já que os dados também foram extraídos pela própria POLITEC,
conforme laudo pericial de n. 2.10.2021.43248-01.

Sendo assim, expeça-se novo ofício à autoridade policial


competente para que, no prazo de 05 dias, promova a realização das
transcrições dos áudios que eventualmente possuam relação com os crimes
de falsificação de documento público e uso de documento falso de que o réu
está sendo acusado neste feito, conforme determinado acima, bem como que
apresente em mídia digital contendo a integralidade dos dados extraídos do
aparelho celular apreendido, os quais permanecerão em secretaria, à disposição
das partes.

Finalmente, passo à análise do pedido de acautelamento do

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veículo apreendido nestes autos:

Trata-se de pedido de acautelamento de veículo apreendido (


semirreboque, marca REB/Rosseti, placas JHL-7G98), formulado pelo Comandante
do Regimento de Policiamento Montado de Cuiabá/MT, Tenente Coronel Walmir
Barros Rocha.

Segundo consta nos autos, no dia 28 de janeiro de 2021, por


volta das 23h30min, nas dependências da “Fazenda Guapirama”, Zona Rural, nesta
cidade e Comarca de Nova Mutum/MT, o réu Cícero Gonçalves da Silva, vulgo
“Chapolin”, teria transportado, para fins de traficância, 360 (trezentos e sessenta)
tabletes de substância entorpecente do tipo pasta base de cocaína, aferindo
aproximadamente 367 kg (trezentos e sessenta e sete quilogramas), que seriam
levados outro Estado da Federação, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar.

Ainda nas mesmas circunstâncias de tempo e local descritos no


fato 1, o denunciado Cícero Gonçalves da Silva, vulgo “Chapolin”, com consciência
e vontade, fez uso de documento público alterado, consistente no Certificado de
Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV), acompanhado de bilhete do seguro
DPVAT, ambos sob o nº 014193742462.

Pois bem.

De proêmio, verifica-se que a autoridade policial requisitou


perícia no veículo apreendido, conforme Id. 49305860, cuja resposta foi aportada
nos Ids. 49305863 e 49305864 (laudos periciais ns. 500.2.18.2021.001662-01 e
500.2.18.2021.001708-01.).

Segundo consta nos referidos laudos: “O veículo periciado é o


veículo da marca/modelo M.BENZ/LS 1634, do tipo caminhão trator, placas
GSH7766, ano de fabricação/modelo 2003/2003, município de Uberlândia/MG,
pintura de cor branca, combustível diesel, apresentando serial alfanumérico do
chassi 9BM6950523B345615 e cadastrado com o código RENAVAM 809795221.
Os elementos de segurança analisados estavam de acordo com os padrões
utilizados pelo fabricante e não apresentavam evidências de processo de
adulterações”.

E: “Considerando os seriais de chassi 9A9B85030A2DF5610


existentes nas longarinas e na plaqueta metálica e, também o serial de eixo traseiro
10054762 cadastrado na BIN, sendo que estes elementos de segurança não
apresentavam vestígios aparente de adulterações. Em face do exposto, conclui o
perito que o veículo periciado é o veículo da marca/modelo REB/ROSSETTI SRBA
ST3.25, do tipo Semirreboque, ano fabricação/modelo 2010/2010, placas JHL7G98,
padrão Mercosul, pintura de cor branca, serial alfanumérico de chassi
9A9B85030A2DF5610 e cadastrado com o código RENAVAM 227259580. Os
elementos de segurança analisados estavam de acordo com os padrões
utilizados pelo fabricante e não apresentavam evidências de processo de

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adulterações.”

Superada a questão de possível adulteração, prossigo.


De fato, o art. 61 da Lei 11.343/06 autoriza que os veículos utilizados na prática de
crimes de tráfico fiquem sob custódia dos órgãos ou entidades que atuam na
prevenção do uso indevido de drogas, na atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas e na repressão à produção não autorizada e ao tráfico
ilícito de drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades.
Conforme alegado no pedido, o veículo atenderá as necessidades do Policiamento
Montado de Cuiabá/MT, que atua diretamente no combate à criminalidade.
Assim, considerando manifestação ministerial pelo deferimento, o interesse público
restou demonstrado, uma vez que a providência requerida objetiva o uso do veículo
para as atividades desenvolvidas pela Cavalaria da Polícia Militar no combate à
criminalidade, notadamente o tráfico.
Destarte, considerando que a medida se prestará ao atendimento de dupla
finalidade, quais sejam, conservar os bens, evitando sua rápida deterioração
decorrente da falta de uso e, ainda, fornecer recursos necessários ao desempenho
de suas atividades, CONCEDO a custódia do veículo apreendido nestes autos ao
1° Esquadrão Independente de Policiamento Montado de Nova Mutum/MT, na
pessoa do Tenente Coronel Walmir Barros Rocha, para que seja utilizado
exclusivamente em serviço policial, sempre observando a conservação do veículo.
Nos termos do art. 62, §11, da Lei 11.343/06, notifique-se o DETRAN, para a
emissão de certificado provisório de registro e licenciamento, em favor do 1°
Esquadrão de Policiamento Montado de Cuiabá/MT, isentando-as do pagamento de
multas, encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da decisão que
eventualmente decretar o seu perdimento em favor da União.
Oficie-se o Esquadrão de Policiamento Montado de Cuiabá/MT quanto ao teor da
presente.
Expeça-se o necessário. Cumpra-se.

Nova Mutum/MT, 18.05.2021.

Ana Helena Alves Porcel Ronkoski


Juíza de Direito

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