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AÇÃO PENAL Nº 5058056-05.2019.4.02.5101/RJ

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
RÉU: ANTONIO CARLOS ALVES CORREIA

DESPACHO/DECISÃO

Evento 1: cuida-se de denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal em

desfavor de ANTÔNIO CARLOS ALVES CORREIA (CPF 499.128.957-20), militar do
Exército Brasileiro, pela prática, em tese, do crime do art. 23, II, da Lei de Segurança
Nacional (LSN, Lei 7.170/1983).

A denúncia teve por base o apurado no Inquérito Policial (IPL) n.º 5033892-
10.2018.4.02.5101 e nas medidas cautelares n.º 5034341-65.2018.4.02.5101 (busca e
apreensão), n.º 5034342-50.2018.4.02.5101 (quebra de sigilo de dados) e n.º 5034350-
27.2018.4.02.5101 (pedido de prisão).

No Evento 3, considerando (i) que a denúncia, nos termos em que formulada,

implicava no arquivamento parcial de fatos; (ii) que as razões invocadas se
apresentavam, prima facie, improcedentes, ao menos parcialmente; (iii) que da definição
sobre os contornos da denúncia dependia, no caso concreto, o rito a ser
observado, determinei a remessa dos autos ao Conselho Superior do Ministério Público nos
termos do artigo 28 do Código de Processo Penal. Na oportunidade, ainda destaquei que o
argumento da suposta absorção da injúria pelo tipo penal do art. 23, II, da LSN, seria objeto
de análise em juízo de admissibilidade da inicial.

Ocorre que o Conselho Superior, por sua 2ª Câmara de Coordenação e revisão,

ratificou os argumentos do eminente presentante do MPF e arquivou parcialmente os fatos
apurados (Evento 26), mantendo a denúncia nos termos em que oferecida.

Intimado para manifestação, inclusive acerca do novo art. 28-A do Código de

Processo Penal (Evento 28), o Ministério Público Federal ratificou a apresentação da proposta
de suspensão condicional do processo (Evento 31).

É o relatório necessário. Decido.

Por existir justa causa consubstanciada pelos elementos de convicção constantes

nas peças do inquérito policial e das cautelares a ele vinculadas, conforme relatório supra,
e por estarem presentes os requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal (CPP), dando
conta da inexistência de qualquer das hipóteses previstas no artigo 395 do mesmo diploma
legal, o recebimento da denúncia é medida que se impõe.

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Destarte, a peça acusatória contém a exposição do fato criminoso com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado e a classificação do crime, permitindo precisar,
com acuidade, os limites da imputação, a fim de viabilizar o exercício da ampla defesa e, se o
caso, da aplicação da lei penal.

Os indícios de autoria e materialidade são, pois, suficientes para a deflagração

da ação penal, não se cuidando, na hipótese, de mera aplicação do princípio in dubio pro
societate, cuja rejeição foi recentemente sinalizada pelo E. Supremo Tribunal Federal.

Ademais, na esteira da jurisprudência, ressalto que a defesa deve se pautar pelos

fatos narrados, sendo certo que eventual alteração na capitulação típica é objeto do art. 383 do
Código de Processo Penal.

Por fim, considerando que a aplicação do art. 28-A demanda, em essência,

iniciativa das partes, sem intervenção do Poder Judiciário, a quem compete a análise posterior
(em autos próprios) exclusivamente nos limites dos parágrafos 4º e 5º desse mesmo
artigo, RECEBO A DENÚNCIA, nos termos do art. 396 do Código de Processo Penal.

Ademais, considerando (i) o Decreto Estadual n.° 46.970, de 13/03/2020, que

dispõe sobre medidas de prevenção ao contágio e propagação do Coronavírus; (ii) os temos
da Resolução CNJ n. ° 313/2020, que estabelece regime de Plantão Extraordinário em todos
os órgãos do Poder Judiciário e determina suspensão do trabalho presencial de magistrados,
servidores, estagiários e colaboradores, assegurando apenas a manutenção de serviços
essenciais em cada tribunal sem prejuízo de eventual prorrogação; (iii) os termos da
Resolução n.° TRF2-RSP-2020/00010 do Tribunal Regional Federal da Segunda Região a
qual suspendeu os prazos processuais, no Tribunal e na Seção Judiciária do Rio de Janeiro, no
período de 16 a 29/03/2020 e (iv) a iminente designação de audiência neste feito,
SUSPENDO a tramitação da ação penal até ulterior determinação.

(1) Sem prejuízo, a Secretaria deverá atualizar os dados para fins de cálculo do
prazo prescricional, em cumprimento ao disposto na Resolução nº 112/2010 do Conselho
Nacional de Justiça; providenciar a inclusão, no SINIC e no FACWEB, da presente decisão;
cadastrar a data do fato e do recebimento da denúncia; e atualizar, se necessário, o tipo penal.
Providencie também a FAC atualizada, sem prejuízo da renovação da diligência por ocasião
da prolação da sentença; e verificar necessidade de atualização do SNBA.

(2) Cite-se o denunciado, se necessário através de carta precatória, para ciência

da acusação.

No mandado de citação deverá constar o endereço eletrônico para consulta do

processo e a respectiva CHAVE para visualização dos documentos anexados. Constará
também do mandado que, caso o citado não disponha de meios para visualizar a denúncia via
Internet, poderá ter acesso aos autos em qualquer unidade da Justiça Federal da 2ª Região.

(3) Ciência ao MPF.

(4) Cadastre-se e intime-se a defesa constituída.

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Aguarde-se a oportuna designação da audiência.

Documento eletrônico assinado por ADRIANA ALVES DOS SANTOS CRUZ, Juíza Federal, na forma do artigo 1º,
inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de 2018. A
conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://eproc.jfrj.jus.br, mediante o
preenchimento do código verificador 510002527103v17 e do código CRC 5eaad288.

Informações adicionais da assinatura:

Signatário (a): ADRIANA ALVES DOS SANTOS CRUZ
Data e Hora: 23/3/2020, às 18:34:22

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