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Pratica III - Caso 02 – 04.08.

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XXV EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2018.1) - FGV –


Patrick, nascido em 04/06/1960, tio de Natália, jovem de 18 anos, estava na varanda de
sua casa em Araruama, em 05/03/2017, no interior do Estado do Rio de Janeiro, quando
vê o namorado de sua sobrinha, Lauro, agredindo-a de maneira violenta, em razão de
ciúmes.
Verificando o risco que sua sobrinha corria com a agressão, Patrick gritou com Lauro,
que não parou de agredi-la. Patrick não tinha outra forma de intervir, porque estava com
uma perna enfaixada devido a um acidente de trânsito.
Ao ver que as agressões não cessavam, foi até o interior de sua residência e pegou uma
arma de fogo, de uso permitido, que mantinha no imóvel, devidamente registrada, tendo
ele autorização para tanto. Com intenção de causar lesão corporal que garantisse a
debilidade permanente de membro de Lauro, apertou o gatilho para efetuar disparo na
direção de sua perna. Por circunstâncias alheias à vontade de Patrick, a arma não
funcionou, mas o barulho da arma de fogo causou temor em Lauro, que empreendeu
fuga e compareceu à Delegacia para narrar a conduta de Patrick.
Após meses de investigações, com oitiva dos envolvidos e das testemunhas presenciais
do fato, quais sejam, Natália, Maria e José, estes dois últimos sendo vizinhos que
conversavam no portão da residência, o inquérito foi concluído, e o Ministério Público
ofereceu denúncia, perante o juízo competente, em face de Patrick como incurso nas
sanções penais do Art. 129, § 1º, inciso III, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código
Penal. Juntamente com a denúncia, vieram as principais peças que constavam do
inquérito, inclusive a Folha de Antecedentes Criminais, na qual constava outra anotação
por ação penal em curso pela suposta prática do crime do Art. 168 do Código Penal,
bem como o laudo de exame pericial na arma de Patrick apreendida, o qual concluiu
pela total incapacidade de efetuar disparos.
Em busca do cumprimento do mandado de citação, o oficial de justiça comparece à
residência de Patrick e verifica que o imóvel se encontrava trancado. Apenas em razão
desse único comparecimento no dia 26/02/2018, certifica que o réu estava se ocultando
para não ser citado e realiza, no dia seguinte, citação por hora certa, juntando o
resultado do mandado de citação e intimação para defesa aos autos no mesmo dia.
Maria, vizinha que presenciou a conduta do oficial de justiça, se assusta e liga para o
advogado de Patrick, informando o ocorrido e esclarecendo que ele se encontra
trabalhando e ficará embarcado por 15 dias. O advogado entra em contato com Patrick
por email e este apenas consegue encaminhar uma procuração para adoção das medidas
cabíveis, fazendo uma pequena síntese do ocorrido por escrito.
Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade do advogado de
Patrick, a peça jurídica cabível, diferente do habeas corpus, apresentando todas as
teses jurídicas de direito material e processual pertinentes. A peça deverá ser
datada do último dia do prazo, considerando as datas informadas.
Excelentíssimo (a) Juiz (a) da ___________ Vara Criminal da Comarca de
Araruama/RJ

Autos nº

Patrick ..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., identidade ...,
CPF:..., filho de ..., residente de domiciliado ..., por seu advogado,
procuração anexo, vem perante Vossa Excelência nos termos do art.
396 e 396-A do CPP, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇAÕ na denúncia
oferecida pelo Ministério Público deste estado, nos seguintes:

I. SINTESE DA DENÚNCIA

1. Ministério Público ofereceu denúncia, em face do réu como incurso


nas sanções penais do Art. 129, § 1º, inciso III, c/c. o Art. 14, inciso II,
ambos do CP.
2. Por ter o réu, tio de Natália, jovem de 18 anos, estava na varanda de
sua casa em Araruama, em 05/03/2017, quando vê o namorado de sua
sobrinha, Lauro, agredindo-a de maneira violenta, em razão de ciúmes.
3. Gritou com Lauro, que não parou de agredi-la, como não tinha outra
forma de intervir, porque estava com uma perna enfaixada devido a um
acidente de trânsito.
4. Como as agressões não cessavam, foi até o interior de sua residência
e pegou uma arma de fogo, de uso permitido e devidamente registrada,
com intenção de causar lesão corporal para garantir a segurança de sua
sobrinha, apertou o gatilho para efetuar disparo na direção de sua
perna, ocorre que a arma não funcionou, mas o barulho causou temor
em Lauro que empreendeu fuga.
5. Juntamente com a denúncia, vieram as principais peças que
constavam do inquérito, inclusive a Folha de Antecedentes Criminais, a
denúncia foi recebida e a citação procedeu-se por hora certa em
27/02/2018.
II. PRELIMINAR – NULIDADE DA CITAÇÃO

6. Segundo a disposição contida no art. 362 do CPP, caso o réu oculta-


se em receber a citação o oficial de justiça deve proceder na citação por
hora certa nos termos do art. 227 ss do CPC revogado pelos art. 252 e
ss NCPC, que assevera, quando o oficial por 2 (duas) vezes procurar o
réu e não o encontrando e suspeitando de que esta se ocultando deverá
intimar familiares ou vizinhos que retornará no dia seguinte e em hora
determinada.
7. Em 26/02/2018 o meirinho realiza somente uma diligência à casa do
réu e a encontrando-a fechada, conclui e certifica que o réu esta
ocultando-se e procede a citação por hora certa em 27/02/2021,
conforme certidão nos autos (fls. ... ou ID...).
8. Deve-se declarar a nulidade da citação, pela inobservância ao
procedimento legal e ainda violando o devido processo legal e ampla
defesa que impossibilitou a comunicação direta e pessoal entre a defesa
e o réu.

III. EXCLUSÃO DA ILICITUDE – CRIME IMPOSSÍVEL

9. Segundo disposição contida no art. 17 do CP, quando a tentativa


devido à ineficácia total do meio empregado ou pela impropriedade
absoluta do objeto material é impossível de se consumar.
10. O réu na intenção defender a sua sobrinha, pensou em praticar o
crime de lesão corporal grave mediante disparo de arma de fogo,
entretanto arma era totalmente incapaz de efetuar disparos, conforme
consta do laudo pericial nos autos, (fls... ou ID...).
11. Resta inconteste o crime impossível gerando a atipicidade da
conduta e, conforme o art. 397, III do CPP, cabível a absolvição sumária
pelo fato evidentemente não constituir crime a conduta imputada ao
réu.

IV - EXCLUSÃO DA ILICITUDE – LEGITIMA DEFESA

12. Segundo a disposição contida no art. 23, II c/c 25 do CP, considera-


se legitima defesa que usando de meios moderatos e adequados a
repelir injusta agressão em seu favor ou de outrem.
13. Da sua varanda o réu tentou impedir a injusta agressão de sua
sobrinha de forma verbal, impossibilitado de locomover-se devido sua
perna estar enfaixada, usou de armar de fogo que apesar de não
disparar projetil o estrondo foi suficiente para espantar o agressor ora
vítima na denúncia.
14. Também resta incontroverso a exclusão da ilicitude diante da
legitima defesa de terceiro e, nos termos do art. 397, III do CPP, cabível
a absolvição sumária pelo fato evidentemente não constituir crime a
conduta imputada ao réu.

Conclusão

A. Pede-se a absolvição sumária do acusado nos termos acima.


B. Na eventualidade de assim não ser, requer seja reconhecida a
nulidade da citação, renovando a citação pessoal nos termos da
Lei.
C. E, caso também assim não entenda este Juízo, aprazando
audiência de instrução e julgamento, requer a produção de todos
os meios de prova admitidos, especialmente testemunhal com
intimação do rol anexo.

Pede-se deferimento

Araruama/RJ, 09 de março de 2018.

Ass.
ADV.

Rol de Testemunhas

1. Natália..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., identidade ...,
CPF:..., filho de ..., residente de domiciliado ...,

2. Maria ..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., identidade ...,
CPF:..., filho de ..., residente de domiciliado ...,

3. José ..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., identidade ...,
CPF:..., filho de ..., residente de domiciliado ...,

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