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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __

VARA DA COMARCA DE ARARUAMA - RJ 


 
PROCESSO Nº:

PATRICK, devidamente qualificado nos autos em epígrafe, vem perante Vossa Excelência,


por intermédio de seu advogado, com fulcro no art. 396 e 396-A, ambos do Código de
Processo Penal, apresentar a devida

RESPOSTA À ACUSAÇÃO
 
pelos fatos e fundamentos a seguir narrados.

 
I – DOS FATOS

O Ministério Público ofereceu denúncia, em desfavor do acusado, por ter praticado o


crime de lesão corporal grave, na modalidade tentada, consubstanciando o incurso nas
sanções penais do art. 129, § 1º, inciso III, c/c. o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.

Destarte, o acusado estava na varanda de sua casa, em Araruama, no interior do


estado do Rio de janeiro, quando vê o namorado de sua sobrinha, Lauro, agredindo-a, de
maneira violenta, em razão de ciúmes.

Por sua vez, verificando o risco que sua sobrinha corria com agressões, o acusado
gritou com Lauro, que não parou de agredi-la, foi no interior de sua residência, pegou uma
arma de fogo, de uso permitido, que mantinha no interior de seu imóvel. Devidamente
registrada, tendo ele autorização para tanto, tentou efetuar disparos para cessar a agressão que
sua sobrinha sofria de Lauro, seu namorado.

Cumpre ressaltar, por circunstâncias alheias à vontade de Patrick, a arma de fogo


não funcionou, mas o barulho da mesma causou temor em Lauro, que empreendeu fuga e
compareceu à delegacia para narrar à conduta do acusado.
Findando o inquérito policial, o acusado foi denunciado, logo após citado por hora
certa para apresentar resposta à acusação no prazo legal.

II - DAS PRELIMINARES

A - NULIDADE DE CITAÇÃO

Verifica-se, no caso, manifesta nulidade no ato da citação. Da análise dos fatos,


verifica-se que, também não é cabível tal citação, vez que o oficial de justiça não esgotou
todos os meios para tentar citar o réu, foi à casa do mesmo uma única vez, o que caracteriza
manifesta nulidade na citação, artigo 362 do código de processo penal e artigos 227 da lei n°
5.869 de janeiro de 1973 do código de processo civil.
Assim, com tal ato, o oficial de justiça fez com que o acusado não tivesse tempo
hábil para contatar seu advogado para expressar de maneira completa os fatos, prejudicando
assim a ampla defesa.

III – DO DIREITO
Conforme se pode denotar, o acusado tinha a intenção de atirar em Lauro, porém,
arma que seria utilizada para realizar disparos.
O crime impossível está previsto no artigo 17 do código penal. Dispõe o artigo 17
do código penal que não se punira a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime, devendo o réu ser
absolvido sumariamente com fulcro no artigo 397, inciso lll do código de processo penal.
Caso não seja esse o entendimento de vossa excelência, o que se admite apenas em
respeito ao princípio da eventualidade, deverá ser declarado em favor do acusado a excludente
de ilicitude de legitima defesa em favor de terceiro.
Verifica se, pois, que o único meio que o acusado teria para cessar a injusta
agressão sofrida por sua sobrinha seria com o disparo da arma de fogo, pois, sua debilidade
não permitiria que o mesmo pudesse se fazer de outra maneira para cessar a agressão, artigo
25 do código penal.

 Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios


necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Assim, ficou manifesto que o réu tem seus direitos resguardados pela excludente de
legitima defesa, portanto, Vossa Excelência devera absolver sumariamente o réu nos termos
do artigo 397, inciso l.

IV - DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, a defesa requer:

a) O recebimento da presente Resposta à Acusação;

b) pugna-se pela anulação do processo devido a NULIDADE DE CITAÇÃO, vez


que o oficial de justiça deveria ter esgotados os meios de procura para citar o réu;

c) subsidiariamente, requer-se a absolvição sumaria com fundamento no artigo 397,


inciso l e ll do código de processo penal;

d) que sejam arroladas as testemunhas já requeridas pelo Ministério Público (fl. X),
sob cláusula de imprescindibilidade.

Termos em que se pede e espera deferimento.

Araruama-RJ, Data

OAB

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