PATRICK já qualificado nos autos, por seu procurador infra-
assinado, com procuração anexa, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
1.DOS FATOS
No dia 05/03/2017 o réu Patrick viu Lauro, namorado de sua
sobrinha, agredindo-a de maneira violenta em razão ciúmes.
Ao perceber que as agressões não cessariam, foi até o interior de
sua residência e pegou uma arma de fogo, de uso permitido, que mantinha no imóvel, devidamente registrada e com intenção de causar lesão corporal em Lauro apertou gatilho mais arma não funcionou.
Após conclusão do inquérito policial o Ministério Público ofereceu
denúncia contra o réu, como incurso na sanções penais do artigo 129, § 1º, inciso III, c/c o artigo 14 inciso II, do Código Penal.
Foi juntado laudo de exame pericial da arma apreendida o qual
concluiu pela total incapacidade de efetuar disparos. O oficial de justiça considerou que o réu estava se ocultando e entendeu a necessidade de proceder à citação por hora certa.
• 2. DOS DIREITOS E FUNDAMENTOS
2.1. Da nulidade da citação
Em audiência realizada em 26 de fevereiro de 2018, os Oficiais de
Justiça souberam que o réu estava escondido para evitar ser citado. No dia seguinte, o oficial de justiça executou a citação a tempo. No entanto, Patrick não se escondeu em sua residência, que estava fechada porque ele trabalhava no navio, para não ser intimado, e os oficiais de justiça compareceram apenas uma vez. Além disso, o oficial de justiça apenas se deslocou uma vez à residência do arguido e precisou de o procurar por duas vezes, o que se coaduna com o disposto no artigo 362.º do Código de Processo Penal e no artigo 252.º do Código de Processo Civil, verificando-se assim a nulidade da citação. A rigor, portanto, a intimação é nula nos termos do artigo 564, inciso III “e” do Código de Processo Penal.
2.2. - Do crime impossível
O acusado foi indiciado por tentativa de lesão corporal gravíssima.
No entanto, de acordo com o laudo pericial anexo, as armas de fogo utilizadas eram inutilizáveis e os meios utilizados eram totalmente ineficazes e sem efeito. De acordo com o artigo 17.º do Código Penal, a tentativa não pode ser punida se o crime não puder ser concretizado por meio absolutamente ineficaz ou por fim absolutamente inadequado, pelo que é crime impossível. A admissão da impossibilidade do crime cria tipicidade de conduta, pelo que a declaração sumária de facto claramente não é crime previsto no artigo 397.º, inciso III do Código de Processo Penal.
2.3 Da legítima defesa
O réu visualizou namorado de sua sobrinha agredindo-a de maneira
violenta, ao verificar que as agressões não cessariam, busco a arma de fogo devidamente registrada para defender sua sobrinha, logo Patrick agiu amparado pela legítima defesa prevista nos artigos 25 e 23 inciso II, do código penal. No caso, usou moderadamente dos meios que tinha na sua disposição, já que estava com a perna enfaixada devido a um acidente de trânsito, para repetir injusta agressão praticada contra sua sobrinha. Além disso, Patrick não pretendia matar Lauro, mas apenas lesionar.
Portanto, diante da legítima defesa, requer a absolvição sumária,
tendo em vista que há manifesta causa de excludente de ilicitude, com fundamento no artigo 397, inciso II do código de processo penal.
3. DOS PEDIDOS
Ante ao exposto, requer-se:
a) reconhecimento da nulidade do ato de citação, nos termos do
artigo 564, inciso III, alínea ‘’e’’ do código de processo penal; (nulidade faltou citação correta)
b) absolvição sumária, nos termos do Art. 397, inciso I, do código
processo penal; (existência manifesta de causa excludente da ilicitude);
c) absolvição sumária, nos termos do Art. 397, inciso III, do código
processo penal; (o fato narrado não constitui crime);
d) produção de todas as provas admitidas em direito;