Marcelo, já qualificado nos autos do processo em epígrafe,
por meio de seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, pelas razões de fato e de direito a seguir apontadas.
DA TEMPESTIVIDADE
Considerando que a citação por hora certa ocorreu em
25/01/2023, uma quarta--feira, e que o prazo passou a fluir na quinta-feira subsequente, resta constatar que a peça é tempestiva, tendo como último dia do prazo 6 de fevereiro de 2023, nos termos do art. 396 c/c art. 798, ambos do CPP.
DOS FATOS
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DO DIREITO
Das preliminares:
Preliminarmente, requer a declaração de nulidade por força
da ausência de intimação da defesa para formulação de contrarrazões ao recurso da acusação que impugnou a rejeição da inicial.
Como consagrado no enunciado 707 da Súmula do STF, a
intimação da defesa é impositiva, sob pena de violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa, insculpidos no art. 5°, LV, CF.
Tal omissão é imperdoável, causando um prejuízo manifesto,
de forma que a declaração de nulidade é a medida que se impõe. Ainda em sede preliminar, é imperiosa a declaração de nulidade decorrente do vício da citação por hora certa, que não atendeu às exigências procedimentais instituídas nos artigos 252 ao 254 do CPC.
Como o Oficial de Justiça compareceu uma única vez no
endereço apontado na inicial, e diante de uma casa fechada e presumiu que o sujeito estava driblando a Justiça, temos uma atuação ao arrepio da regra procedimental, de maneira que a sanção de nulidade seja a medida de rigor, em amparo ao art. 564, III, “e”, CPP.
Do mérito:
No caso em tela, o MP imputou a prática de um furto
qualificado pelo abuso de confiança supostamente ocorrido entre colegas de trabalho, regulado no art. 155, § 4°, II, CP.
Na narrativa trazida na exordial, o aparelho foi subtraído pelo
denunciado, justificando-se a imputação quanto ao crime de furto. Todavia, e de forma diametralmente oposta ao alegado, temos prova robusta e inconteste que o bem é do próprio réu, de forma que o fato atribuído perde por completo a repercussão penal.
O imputado nunca subtraiu coisa alheia móvel. Ao revés,
apresenta prova documental (nota fiscal) de que o bem é de sua propriedade, bem como fotografa do ID e do Part Number do aparelho, atestando que o Notebook em questão lhe pertence, a evidenciara manifesta atipicidade da conduta, pois o fato atribuído não caracteriza infração penal, exigindo- se a absolvição sumária, em conformidade com o art. 397, III, CPP.• Se formulou a composição dos argumentos que levam a tipicidade da conduta e, consequentemente, permitem, no discurso, fazer a correlação com o art. 397, justificador da absolvição sumária.
DOS PEDIDOS.
Em face do exposto, requer a Vossa Excelência:
a) Preliminarmente, a nulidade do processo em virtude da
ausência de intimação da defesa para formulação de contrarrazões ao recurso acusatório, ofendendo o contraditório e a ampla defesa (art. 5°, LV, CF), nos termos da Súmula 707 do STF;
b) Ainda em preliminar, o reconhecimento da nulidade da
citação por hora certa, nos termos do art. 564, III, “e” c/c art. 362, ambos do CPP.
c) No mérito, a absolvição sumária do réu, já que o fato não
constitui crime, diante da manifesta atipicidade da conduta, por força do art. 397, III, CPP. d) Pelo princípio da eventualidade, na remota hipótese de não ocorrer absolvição sumária, a defesa protesta por todas as provas em direito permitidas, bem como já consigna o rol de testemunhas para uma futura audiência de instrução.