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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARÁ

5ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE BELÉM


Av. José Bonifácio, 1177 – São Braz. Telefone: (91) 3229-0869/3229-5175
Email: 5jecivelbelem@tjpa.jus.br

SENTENÇA

Processo nº: 0852166-47.2021.8.14.0301

Reclamante: MARLON SILVA CARVALHO


Reclamada: BANCO BRADESCO S/A

Trata-se de ação indenizatória na qual o Reclamante


alega, em síntese, e requer, o seguinte:

“... DOS FATOS

O autor é titular do cartão de credito vinculado ao


Banco Bradesco de com o limite de 12 mil reais.

Ocorre que no dia 10/06/2021, o autor ao comprar os


medicamentos para o seu tratamento médico, foi
surpreendido com a falta de limite para realizar tal ato,
gerando desta forma o transtorno psíquicos e expondo
este a vergonha perante as pessoas que estavam ao seu
redor na hora de sua compra, bem como, ao atendente
que conhece este cidadão, já que sempre compra na
mesma drogaria.

Após esta situação constrangedora o autor resolveu


consultar seu saldo, e foi informado que fora reduzido de
R$12.000,00 (dose mil reais) para R$4.000,00 (quatro
mil reais).
Contudo, o limite de R$4.000,00 (quatro mil reais),
encontrava-se comprometido com outras compras.

Diante desta informação o autor questionou o motivo


que levou a redução do seu limite e até o presente
momento não foi informado, mesmo entrando em
contado por diversas vezes para buscar esclarecimentos,
conforme faz prova em anexo o número de protocolo.

Desta forma o autor entrou com uma reclamação


administrativa junto ao respectivo banco responsável
pela administração do cartão, requerendo com isso o
retorno do seu limite, haja vista, a financeira
administradora do cartão em momento algum notificou o
autor desta redução de limite de crédito.

Com isso, ferindo a resolução nº 4962 de 2018 do banco


central, a qual determina a comunicação previa de no
mínimo 30 dias para realizar a diminuição do limite,
justamente para que os clientes não sejam prejudicados
em nenhum sentido, ou seja, para que não aconteça o
constrangimento que ocorreu com o autor.

Em seu recurso administrativo de protocolo nº


16114360034, junto a central de atendimento Bradesco
Visa, Mastercard e Elo, o autor solicitou o retorno do
limite anterior, já que sempre pagou suas faturas em dia
e devidamente pegas e sem quaisquer tipos de
pendências.

Ressalta-se ainda que o autor é cliente e faz uso deste


cartão há 5 anos, desde 2016, e que este transtorno
causa um grande abalo emocional, pois nunca havia
passado por isso.

Ademais, não houve resposta pela instituição financeira


responsável.

...
DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

1- O recebimento e processamento da presente demanda;

2- Os benefícios da justiça gratuita, previsto na Lei


1.060/50, por ser o autor pessoa pobre na acepção
jurídica do termo, não podendo arcar com as despesas
processuais sem que cause prejuízos para sua
sobrevivência;

3- A citação dos réus, no endereço inicialmente referido,


para comparecer em audiências a serem designadas e,
querendo, apresentar resposta, sob pena de revelia e
confissão quanto à matéria de fato;

4- Se digne Vossa Excelência considerar procedente o


seu pedido, para o fim de condenar a ré ao pagamento
de indenização no valor de R$24.000,00(vinte e quatro
mil reais) a título de danos morais, como o pagamento
das custas processuais e honorários advocatícios, na
base de 20% sobre o valor da condenação, tudo com a
devida atualização;

5-A produção de todos os tipos de provas cabíveis, em


especial a prova documental, depoimento pessoal da
Requerida, oitiva de testemunhas e todas as outras
provas que se fizerem necessárias à busca da verdade;

E por fim, pugna pela condenação da Requerida ao


pagamento de 20% honorários sucumbenciais em
conforme dispõe o art. 85, dada a natureza da causa e o
trabalho desenvolvido, nos termos do caput do Código
de Processo Civil.

DAS PROVAS
Protesta por todos os meios de prova em direito
admitidos, depoimentos de testemunhas, bem como novas
provas, documentais e outras, que eventualmente
venham a surgir.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 24.000,00 (vinte e quatro


mil reais).”.

Em sua contestação o Reclamado referiu que não há


qualquer comprovação de que o Reclamante possuía o limite que alega ter
sido reduzido. Ressaltou que em caso de redução do limite o cliente é
previamente comunicado, conforme condições gerais do contrato de cartão de
crédito. Fundamenta a impossibilidade de restituição em dobro e a ausência de
dano moral, pugnando pela total improcedência do pedido. Réplica do
Reclamante (id. 53252356).

Considerando-se que a causa versa sobre questão de fato


e de direito, os autos foram conclusos para sentença.

É o relatório. Decido.

Primeiramente, cumpre registrar que se cuida de relação


de consumo, em que figura o Reclamante como consumidor. Além disso, os
bancos são fornecedores de serviços e a eles é aplicado o Código de Defesa do
Consumidor (art. 3º, § 2º, do CDC; Súmula 297-STJ; STF ADI 2591).

Cinge-se a questão em se analisar se houve a prática de


algum ato ilícito pelo Reclamado e, caso positivo, quais as consequências
jurídicas do ato.
No presente caso, o Reclamante alega que teve reduzido
seu limite no cartão, todavia, não se desincumbiu de produzir provas mínimas
do alegado, eis que não trouxe aos autos documentos comprovando possuir o
limite de R$ 12.000,00 (doze mil reais), em cartão de crédito, tampouco, a
comprovação de que houve a redução daquele, sem prévio aviso, pelo
Reclamado. Assim, diante da ausência de provas mínimas das alegações
autorais, em inobservância ao ônus do Reclamante quanto ao fato constitutivo
do seu direito, na forma do art. 373, I, do CPC, a ação deve ser julgada
improcedente.

Posto isto, julgo improcedentes os pedidos da


Reclamante, nos termos da fundamentação. Extingo o processo com resolução
de mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil.

Determino que a secretaria proceda a alteração do polo


passivo no PJE para constar o CNPJ nº 60.746.948.0001-12, relativamente,
BANCO BRADESCO S/A, conforme requerido.

Defiro ao Reclamante os benefícios da gratuidade da


justiça, conforme requerido.

Isento as partes do pagamento de custas, despesas


processuais e honorários de sucumbência, em virtude da gratuidade do
primeiro grau de jurisdição dos Juizados Especiais (arts. 54 e 55, da Lei n.º
9099/95).

Certificado o trânsito em julgado e, não havendo


modificação da decisão, arquivem-se os autos com as baixas necessárias.

Publique-se. Registre-se. Intime-se.

Belém, PA, 17 de maio de 2023.


TANIA BATISTELLO

Juíza de Direito Titular da 5ª Vara do JEC de Belém.

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