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AO JUÍZO DO ......

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E DAS RELAÇÕES DE CONSUMO DA


COMARCA .........-........
AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O CONTRA INSTITUIÇÃ O FINANCEIRA POR COBRANÇA DE TAXAS E
TARIFASBANCÁ RIAS. AUSÊ NCIA DE CONTRATAÇÃ O ESPECÍFICA -VIOLAÇÃ O AO ART. 8º
DARESOLUÇÃ O 3.919/10 do Conselho Monetário Nacional –Banco Central do Brasil.
FULANO DE TAL, brasileiro, casado, RG nº ..... e inscrito no CPF/MF sob o nº ....., residente e
domiciliado ....., por sua advogada infra-assinada, já devidamente constituída e qualificada
em instrumento de mandato procurató rio em anexo, com endereço profissional
endereço ....., onde recebe notificaçõ es e intimaçõ es ( CPC, art. 39, I), vem respeitosamente a
presença de Vossa Excelência com fulcro nos arts. 186 e 927 do Có digo Civil, bem como no
art. 5º, V, CRFB/88 e demais dispositivos legais previstos no Có digo de Defesa do
Consumidor e na Autorregularã o Bancá ria propor:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS PORCOBRANÇA INDEVIDA
DETAXAS ETARIFAS
Contra o ....., instituiçã o financeira, inscrita no CNPJ. Sob nº ....., estabelecida com
endereço ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
I – PRELIMINARES
I.I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Primeiramente, cumpre salientar que a parte autora se encontra em situaçã o de
hipossuficiência, restando impossibilitado de arcar com custas processuais. À vista disto, o
Có digo de Processo Civil brasileiro, em cumprimento ao direito constitucional de acesso ao
judiciá rio à quelas pessoas que se encontrem financeiramente impossibilitadas, traz, nos
artigos 98 e 99, a possibilidade de obtençã o do benefício da gratuidade da justiça,
isentando tais hipossuficientes ao pagamento de custas, despesas processuais e honorá rios
advocatícios, a ser pleiteado no corpo desta exordial.
Outrossim, Vossa Excelência, caso a parte autora comprometa a sua renda financeira com
estas custas processuais, estará ainda mais impossibilitado de arcar com os seus gastos
mensais, como moradia, alimentaçã o, transporte, enfim, custos para que consiga sobreviver
de forma digna. Entã o, caso este juízo negue a gratuidade da justiça, irá a parte autora,
consequentemente, incapacitado de continuar litigando em busca de um direito legítimo
seu em face da instituiçã o bancá ria demandada.
Entã o, requer-se a este juízo a concessã o do benefício à gratuidade da justiça, bem como a
juntada dos documentos comprobató rios que demonstram a imprescindibilidade da parte
demandante no que tange à gratuidade, a fim de que consiga exercer o seu direito
constitucional de acesso ao judiciá rio, de forma efetiva e plena, sem comprometer com sua
renda financeira e de sua família.
I.II – DESINTERESSE NA DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
A parte autora manifesta, expressamente, o seu desinteresse na designação da
audiência de conciliação e mediação, nos termos do art. 334, § 5º do CPC. Assim, em
homenagem aos Princípios da Razoá vel Duraçã o do Processo, Celeridade e Economia
Processual, requer a imediata instruçã o e julgamento do feito.
Todavia, ainda que seja desnecessá ria a audiência de conciliaçã o, em homenagem ao
Princípio da Cooperaçã o, insculpido no art. 6º do CPC, indica os canais de comunicaçã o
constantes no timbre para uma eventual composiçã o amigá vel, informando desde já que
seus patronos possuem os poderes especiais previstos do art. 334, § 10, do CPC.
I.III – DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE
A presente demanda versa sobre matéria reproduzida exclusivamente em
documentos, razão pela qual é desnecessária a produção de qualquer outra prova,
conforme previsã o contida no art. 355, I do NCPC, que vale a pena transcrever:
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resoluçã o de
mérito, quando:
I - nã o houver necessidade de produçã o de outras provas;
Nestes termos, considerando que a apreciaçã o da açã o Sub Judice é suficiente a partir da
aná lise dos documentos acostados aos autos, requer que, caso Vossa Excelência entenda
por bem, conheça diretamente do pedido, antecipando o julgamento da lide, conhecendo-o
diretamente e proferindo a consequente sentença, sem a necessidade de dilaçã o
probató ria, ou mesmo em caso de Revelia da Parte Demandada, tudo nos termos do art.
355, I e II do NCPC.
I.IV – DAS INTIMAÇÕES, PUBLICAÇÕES E NOTIFICAÇÕES
Nos termos do art. 272, §§ 2º e 5º do Có digo de Processo Civil, requer que todas as
Intimaçõ es, Publicaçõ es e Notificaçõ es, dizendo respeito à presente açã o, tenham a devida
publicaçã o, com expressa indicaçã o, sempre, de todos os advogados constituídos, sob
pena de NULIDADE.
Já as Intimaçõ es e Notificaçõ es que, “in eventum”, possam vir a ser excepcionalmente
expedidas, via postal, requer que sejam endereçadas, sempre, aos cuidados dos
mesmos patronos ora constituídos.
Na forma do art. 272 do CPC/2015, sob pena de nulidade.
II – DOS FATOS: COBRANÇA NÃO AUTORIZADA DE TAXAS E TARIFAS
O autor possui sua conta bancá ria junto ao banco demandado Ag. ..... / Conta ..... Contudo,
ocorre que a parte autora verificou descontos abusivos e ilegais por parte do promovido
em sua conta bancá ria, seja por nã o terem sido autorizados, seja por ser isento nos termos
da legislaçã o específica do Banco Central do Brasil (CONTRATAÇÃ O ESPECÍFICA), ou pelo
fato de alguns destes descontos serem frutos de uma prá tica bastante conhecida em nosso
mercado, a Venda Casada.
Apó s tal constataçã o, com seu patrimô nio sendo subtraído, o requerente buscou junto ao
banco informaçõ es acerca desses descontos, solicitando a gerente da Agência .... os
Contratos relativos à s taxas, tarifas e seguros que estã o sendo debitados da sua conta, na
tentativa de reaver os valores deduzidos indevidamente ou até mesmo cessarem, porém
nã o obteve êxito.
A gerente, tã o somente o informou que abriu uma “solicitaçã o” a qual gerou um protocolo
de nº ...., e que seria respondido em até 07 dias ú teis. Ocorre que até o dia de hoje, o autor
segue sem nenhum retorno do banco demandado quanto as cobranças indevidas, e
consequentemente nã o recebeu, conforme solicitaçã o feita, os supostos contratos firmados.
É imperioso ressaltar, portanto, que o autor se enquadra no que dispõ e a Resolução
3.919/10 – Conselho Monetário Nacional, em seu Art. 8ª – CONTRATAÇÃO
ESPECÍFICA PARA PACOTE DE SERVIÇOS. Os valores debitados, a título de pacote de
serviços, sem que haja uma contrataçã o específica, fere a legislaçã o do atual sistema
financeiro, bem como a lei consumerista, pois nã o houve nenhuma contrataçã o do Pacote
de Serviços de forma específica, ou autorizaçã o por parte do autor para realizaçã o desses
descontos.
Contudo o banco Réu realizou descontos indevidamente, visto que o autor SEQUER
FIRMOU CONTRATO DE QUALQUER PACOTE DE SERVIÇOS junto ao demandado, e ainda
que tenha firmado, nã o teve a devida ciência sobre esses descontos em sua conta.(art 46 do
CDC, 47 CDC) Sendo simplesmente compelido a assinar, devido a abertura de sua conta
Bancá ria junto à Instituiçã o Financeira.
No caso em tela, o autor sofreu diversos descontos por parte do banco demandado,
conforme extratos bancá rios em anexo e planilha abaixo:
01
Tarifa Bancá ria – (Pacote de Serviços, Tarifa DOC Internet, Tarifa TED Internet, Tarifa TED
Eletrô nico)
Cobrança nã o autorizada – Ausência de contrataçã o Específica (Art. 8º, Resoluçã o BCB
3.919/2010)
02
Mensalidade de Seguro
Violaçã o a Resoluçã o 2.892/01 – BACEN – Ausência de Contrataçã o Específica.
Ademais o consumidor já realizou o pagamento até então, cerca de R$ .... (por
extenso), totalizando, portanto, repetição de indébito de R$ R$ .... (por extenso).
Planilhas em anexo!
Importante ressaltar que nã o estamos falando aqui de valores irrisó rios, mas um valor
significativo de R$ .... (por extenso), que claramente fizeram falta na sustentação
alimentar da parte autora e sua família.
Vejamos:
i. a) Abreviatura: “Tarifa Bancá ria – (Pacote de Serviços, Tarifa DOC Internet, Tarifa
TED Internet, Tarifa TED Eletrô nico) – SERVIÇOS NÃO CONTRATADOS”
• Soma dos valores saqueados da parte autora, corrigido: R$ .... (por extenso)
• Pedido da Repetiçã o de Indébito – Art. 42 § ú nico do CDC: R$ .... (por extenso)
i. b) Abreviatura: “Mensalidade de Seguro – SERVIÇO NÃO CONTRATADO”
• Soma dos valores saqueados da parte autora, corrigido: R$ R$ .... (por extenso)
• Pedido da Repetiçã o de Indébito – Art. 42 § ú nico do CDC: R$ .... (por extenso)
Referidos descontos dependem de prévio ajuste contratual, de forma específica, o que,
claramente, nã o se verifica no presente caso.
Nesse sentido, é o entendimento do Tribunal do Paraná , em açã o ajuizada na defesa do
consumidor no mesmo sentido:
RECURSO INOMINADO. CONTA CORRENTE. COBRANÇA DAS TARIFAS “TAR EXTRATO
MES”, “TAR DOC/TED ELETRÔ NICO”, “TAR SAQUE PESSOAL”, “TAR DOC INTERNET”, “TAR
DOC ELETRÔ NICO” e “TAR MAXICONTA MENS”. AUSÊNCIA DE PROVA DA
CONTRATAÇÃO. RESTITUIÇÃ O SIMPLES DOS VALORES INDEVIDAMENTE COBRADOS.
APLICAÇÃ O DA PRESCRIÇÃ O TRIENAL. DANO MORAL NÃ O CONFIGURADO. SENTENÇA
REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 2ª Turma
Recursal - 0004243-82.2018.8.16.0018 - Maringá - Rel.: Juíza Fernanda Bernert Michelin - J.
21.08.2020) (TJ-PR - RI: 00042438220188160018 PR 0004243-82.2018.8.16.0018
(Acó rdã o), Relator: Juíza Fernanda Bernert Michelin, Data de Julgamento: 21/08/2020, 2ª
Turma Recursal, Data de Publicaçã o: 23/08/2020)
Isso posto, conforme foi excessivamente exarado nos autos, o Requerente experimentou
diversos descontos, relacionados a um serviço que nunca aderiu, e que as cobranças
realizadas em sua conta nã o sã o legítimas e devem ser restituídas em dobro ao autor. A
instituiçã o financeira aproveitou-se do poder que detinha sobre a conta bancá ria do autor –
pois é seu correntista e os créditos provenientes de seu trabalho sã o depositados
diretamente na sua conta.
III – DO DIREITO
III.I - DA VIOLAÇÃO À COBRANÇA INDEVIDA – NÃO CONTRATADA
Inicialmente, é importante mencionar, que na Resolução 3.919/10 do Banco Central, em
seu artigo 8º, dispõe sobre a contratação mediante contrato específico. O que é
cristalino no caso concreto, pelo fato de não haver nenhuma contratação por parte
do autor do Pacote de Serviços Bancários.
Art. 8º A contratação de pacotes de serviços deve ser realizada mediante contrato
específico.
Ora, é vedado à s instituiçõ es financeiras realizarem descontos a título de tarifa de pacote
de serviços bancá rios sem prévia e expressa autorizaçã o do consumidor. E que só devem,
ou pelo menos deveriam ser descontadas, mediante contrato com clá usula específica e
destacada, nos termos do art. 54, § 4º, [1] do Có digo de Defesa do Consumidor.
Diante de todo o exposto, resta demonstrado que houve ilegalidade na conduta do Banco
réu, pois, a cobrança da Tarifa de pacote de serviços sem dú vidas viola o Art. 39, V [2]; Art.
42; Pará grafo ú nico [3], Art. 51, § 2º [4] e Art. 54, § 3º [5] do CDC, gerando cobrança
excessiva e exageradas em desfavor do consumidor correntista.
Dessa forma, é possível observar que a parte autora está sendo cobrada indevidamente,
em desconformidade com a regulamentação do setor financeiro, sendo onerado
excessivamente há anos.
Portanto, resta demonstrada a ilegalidade das cobranças e o consequente dever da
Instituição Financeira de indenizar a parte autora.
III.II – DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Conforme farta e sedimentada jurisprudência e de acordo com a Sú mula 297 do Superior
Tribunal de Justiça, o Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições
financeiras.
Vale salientar, ainda, que o Banco Central do Brasil, através da resoluçã o do CMN 4.949/21,
também reconhece como relaçã o consumerista as transaçõ es bancá rias.
Sendo assim, requer a aplicabilidade do mencionado sistema protetivo ao presente
caso, visto que o Autor se encontra em nítida desvantagem em relação ao Réu.
III.III – DO DANO MATERIAL – REPETIÇÃO DO INDÉBITO
O Demandante sofreu diversos descontos indevidos em sua conta Bancá ria, referentes a
serviços que sequer contratou.
Em razã o da nítida má -fé do Réu, conforme amplamente demonstrado no processo em
epígrafe, a parte autora faz jus a receber a devoluçã o, em dobro, das quantias
descontadas de sua conta bancária, acrescida de juros e correção monetária no valor
de R$ .... (por extenso).
Ora, Douto Julgador, no caso em tela, conforme já mencionado, as queixas a respeito de
cobranças indevidas efetuadas pelo banco réu a consumidores sã o frequentes e facilmente
demonstradas por diversas condenaçõ es trazidas como meio de provas aos autos. A razã o e
a ló gica desautorizam qualquer possibilidade de todos os fatos relatados – sem contar os
diversos outros que ocorrem sem que haja denú ncia aos ó rgã os de defesa do consumidor –
e da reiteraçã o de descontos de valores a título de tarifas bancá rias serem oriundos de
“erro justificá vel”.
Portanto, resta evidente que o autor deve ser restituído pelos danos materiais
correspondente ao dobro dos valores indevidamente cobrados, acrescidos de atualizaçã o
monetá ria e juros de mora. É incontestá vel a má -fé da instituiçã o financeira. Basta observar
a falta do dever de cuidado ao promover cobranças de tarifas sem qualquer lastro
contratual com o autor, acarretando um acréscimo patrimonial indevido que se situa na
categoria do enriquecimento sem causa, nos termos do Artigo 884 [6] do Có digo Civil.
Ora Excelência, a instituiçã o financeira tinha ciência de suas açõ es, dos danos causados ao
autor, assim como o prejuízo erá rio causado. Mesmo assim, o banco age de modo
inadequado, prejudicial e defeituoso quanto a prestaçã o dos serviços, bem como por
informaçõ es insuficientes e inadequadas. Assim, deve responder, independentemente da
existência de culpa, pela reparaçã o dos danos causados.
A reparaçã o a parte autora é fundamental para que a Demandada nã o reincida na conduta,
conforme previsã o no artigo 42, pará grafo ú nico [7] do Có digo de Defesa do Consumidor.
Nesse sentido, cita-se o posicionamento do Supremo Tribunal de Justiça a respeito do tema
que assim dispô s:
Repetiçã o de indébito, pelo banco, do montante descontado no benefício previdenciá rio da
requerente. Pagamento devido pela financeira em dobro por ter agido de forma
abusiva e não ficar demonstrado o engano justificável. Aplicação da penalidade
prevista no artigo 42, parágrafo único, do CDC. Precedentes. Ilícito configurado. Abalo
moral que, diante dos descontos ilegais efetuados no benefício previdenciá rio da
demandante, dispensa comprovaçã o. Obrigaçã o de indenizar caracterizada. Quantia
arbitrada em R$ 5.000,00. Critérios de fixaçã o. Razoabilidade, proporcionalidade e
parâ metros desta Câ mara em casos semelhantes. Preservaçã o da soma arbitrada. Juros de
mora incidentes a partir do evento danoso. STJ - AREsp: 1634799 SC 2019/0375667-2,
Relator: Ministro JOÃ O OTÁ VIO DE NORONHA, Data de Publicaçã o: DJ 05/02/2020 (grifos
nossos)
Posto isso, em conformidade com os artigos 14 e 42 do CDC, desde logo, requer-se que este
Douto Juízo condene expressamente a demandada a devolver EM DOBRO a quantia paga
indevidamente – valores que perfazem, nestes moldes, a título de danos materiais,
totalizando a repetição de indébito um montante de R$ .... (por extenso).
III.IV – DO DANO MORAL
O dano moral é evidente. Verifica-se que o demandado agiu dolosamente contra o
consumidor. O lançamento de débito em conta, sem autorizaçã o expressa, relativo a serviço
nã o contratado, configura falha na prestação do serviço e gera a obrigação de
indenizar, pois onera excessivamente o consumidor e compromete a sua verba
alimentar.
Tais descontos sã o indevidos e configuram conduta ilícita, apta a causar danos de ordem
patrimonial e da personalidade, os quais merecem a devida compensaçã o, pois o Có digo de
Defesa do Consumidor, em seu art. 6º, VI [8] versa sobre os direitos bá sicos do consumidor.
Sendo assim o banco demandado deve ressarcir o prejuízo moral experimentado pelo
Consumidor, visto que no referido caso o dano é presumido.
Cumpre ressaltar também, que a prova se esgota na pró pria lesã o à personalidade, sendo
intrínseco a ela. Logo, a demonstraçã o desses danos se restringe à existência do ato ilícito,
em razã o de ser muito difícil ou até mesmo impossível provar e dimensionar danos quando
incorpó reos.
Trata-se de dano moral in re ipsa, que dispensa a comprovaçã o da extensã o dos prejuízos,
sendo estes evidenciados pelas circunstâ ncias do fato, conforme entendimento firmado
pelo STJ. Cumpre salientar que a indenizaçã o em comento é indispensá vel, pois tem cará ter
repressivo e pedagó gico.
Outro nã o é o entendimento de sentença recente da 4º Câmara Especializada Cível do
Tribunal de Justiça do Piauí, apelação nº 0800066-53.2019.8.18.0082, no tocante à
indenizaçã o por Danos Morais oriundos de cobrança indevida de Taxas e Tarifas Bancá rias:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTA CORRENTE. COBRANÇA DE
“TARIFA BANCÁRIA CESTA B.EXPRESSO1”. AUSÊNCIA DE PROVA DA CONTRATAÇÃO.
RESTITUIÇÃO DE VALORES E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA
REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1 – A autora/apelante comprova os alegados descontos havidos no seu beneficio
previdenciá rio, referentes à cobrança da “TARIFA BANCÁ RIA CESTA B. EXPRESSO 1” . Por
outro lado, o banco (réu/apelado) nã o juntou a có pia do suposto contrato autorizando a
cobrança da prefalada tarifa, o que evidencia a irregularidade nos descontos realizados no
benefício percebido pela consumidora.
2 – Assim, impõ e-se a condenaçã o do banco fornecedor do serviço ao pagamento de
indenizaçã o por danos morais, que se constituem in re ipsa, e a devoluçã o em dobro da
quantia que fora indevidamente descontada (repetiçã o do indébito – art. 42, pará grafo
ú nico, do CDC).
3 – No que se refere ao quatum indenizató rio relativo aos danos morais, entende-se que o
montante de R$ 3.000,00 (três mil reais) é razoá vel e compatível com o caso em exame.
4 – Recurso conhecido e provido.
ÓRGÃO JULGADOR : 4ª Câmara Especializada Cível APELAÇÃO CÍVEL (198) No
0800066-53.2019.8.18.0082 APELANTE: MARIA DE JESUS ARAUJO Advogado (s) do
reclamante: LUIS ROBERTO MOURA DE CARVALHO BRANDAO APELADO: BANCO
BRADESCO S.A.
Isso posto, requer seja o Banco Réu condenado a indenizar a parte autora no valor de
R$ .... (por extenso), pelos danos morais advindos da conduta ilícita praticada.
III.V – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Para que nã o paire dú vida sobre a irregularidade cometida pelo Réu, faz-se necessá ria a
inversã o do ô nus da prova, nos termos do inciso VIII do artigo 6º do Có digo de Defesa do
Consumidor, pois a relaçã o jurídica entre as partes está resguardada pelo CDC.
Por essa razã o, impõ e-se a inversã o do ô nus da prova, devendo a instituiçã o financeira
apresentar em juízo toda a documentação referente ao suposto contrato firmado
entre as partes, especificando, de forma detalhada, as cobranças efetivadas e todas
as informações necessárias para comprovação dessa contratação.
Acerca do tema, é o cediço entendimento do STJ:
“É necessária a expressa previsão contratual das tarifas e demais encargos bancários
para que possam ser cobrados pela instituição financeira. Não juntados aos autos os
contratos, deve a instituição financeira” (STJ, AgInt no REsp 1414764/PR, Rel.suportar o
ô nus da prova, afastando-se as respectivas cobranças Ministro Raul Araú jo, Quarta Turma,
julgado em 21/02/2017, DJe 13/03/2017)’’.
A propó sito, esse também é o entendimento do e. TJ/PR, veja-se:
RECURSO INOMINADO. CONTA CORRENTE. TARIFAS BANCÁRIAS. AUSÊNCIA DE
PREVISÃO CONTRATUAL. COBRANÇA INDEVIDA. PRAZO PRESCRICIONAL ( CC, ART.
206, § 3º, II DO CC). RESTITUIÇÃO EM DOBRO ( CDC, ART. 42, P. ÚN.), CORRIGIDA
DESDE CADA DESEMBOLSO E COM JUROS DE MORA A PARTIR DA CITAÇÃO.
COBRANÇA SEM MAIOR REPERCUSSÃO. DANOS MORAIS INDEVIDOS. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Em se tratando de pedido de devoluçã o de valores pagos de
forma indevida, fundamentado na impossibilidade do enriquecimento indevido, o prazo
prescricional a ser adotado é o trienal, previsto no art. 206, § 3º, IV, do CC/02 (STJ, REsp
1602681/ES, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, julgado em 23/05/2017, DJe
02/06/2017). 2. “É necessária a expressa previsão contratual das tarifas e demais
encargos bancários para que possam ser cobrados pela instituição financeira. Não
juntados aos autos os contratos, deve a instituição financeira suportar o ônus da
prova, afastando-se as respectivas cobranças” (STJ, AgInt no REsp 1414764/PR, Rel.
Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 21/02/2017, DJe 13/03/2017). 3. O
réu/recorrido nã o se desincumbiu do ô nus de comprovar a efetiva adesã o ao pacote de
serviços incidente em conta bancá ria ( CPC, art. 373, II; CDC, art. 6º, VIII e art. 14, § 3º), eis
que não trouxe aos autos documento que ateste a ciência e anuência da parte autora
com a cobrança tarifária. Daí por que o encargo intitulado “Tarifa Bancá ria Cesta B
Expresso 1” deve ser considerado indevido. 4. Verificada a existência de cobrança indevida
e ausente erro justificado na conduta do réu, faz jus o autor à restituiçã o em dobro dos
valores indevidamente pagos ( CDC, art. 42, par. ú nico). Contudo, nã o é razoá vel a
condenaçã o do réu à restituiçã o de valores cujo pagamento nã o restou comprovado pelo
autor, sob pena de enriquecimento ilícito deste. Com efeito, em se tratando de dano
material, necessá ria a prova documental de sua ocorrência, nã o bastando a simples
alegaçã o. Daí por que deve ser efetuada a restituiçã o em dobro dos valores indevidamente
cobrados, mediante juntada pelo autor, das faturas e comprovantes de pagamento,
observado, ainda, o prazo prescricional de três anos. 5. Deve ser ressaltado, ainda, que
conforme entendimento do STJ, a juntada de novos documentos, em sede de cumprimento
de sentença, nã o atenta contra a coisa julgada, quando necessá rios à verificaçã o do crédito
reconhecido na sentença (REsp 1629797/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, julgado em 12/03/2018, DJe 23/03/2018). Tampouco torna ilíquida a
sentença, uma vez que o valor da obrigaçã o é determiná vel por simples cá lculos
aritméticos (STJ, REsp 1147191/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃ O NUNES MAIA FILHO, CORTE
ESPECIAL, julgado em 04/03/2015, DJe 24/04/2015). 6. A mera cobrança de quantia
indevida em conta corrente ou em cartã o de crédito, sem maior repercussã o, é insuscetível
de causar danos morais, eis que nã o há violaçã o de direitos da personalidade que justifique
esse tipo de indenizaçã o. 7. Recurso parcialmente provido para determinar a restituiçã o em
dobro dos valores indevidamente cobrados, nos termos do voto acima. 8. Ante o êxito
parcial do recurso, condeno a parte recorrente ao pagamento de honorá rios de
sucumbência de 10% sobre o valor atualizado da condenaçã o. Custas devidas (Lei Estadual
18.413/14, arts. 2º, inc. II e 4º, e instruçã o normativa – CSJEs, art. 18). As verbas de
sucumbência permanecerã o sob condiçã o suspensiva de exigibilidade enquanto perdurar a
concessã o dos benefícios da justiça gratuita ao recorrente ( CPC, 98, § 3º).a Ante o exposto,
esta 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve, por unanimidade dos votos, em
relaçã o ao recurso de LAURIANE SAMWAYS MENDES, julgar pelo (a) Com Resoluçã o do
Mérito - Provimento em Parte nos exatos termos do voto. O julgamento foi presidido pelo
(a) Juiz (a) Alvaro Rodrigues Junior (relator), com voto, e dele participaram os Juízes
Marcel Luis Hoffmann e Helder Luis Henrique Taguchi. 12 de fevereiro de 2019 Alvaro
Rodrigues Junior Juiz (a) relator (a) (TJPR - 2ª Turma Recursal - 0002745-
41.2018.8.16.0182 – Curitiba - Rel.: Juiz Alvaro Rodrigues Junior - J. 13.02.2019)
Em razã o da fragilidade do consumidor, que o coloca em posiçã o desigual ou desvantajosa
em relaçã o ao fornecedor, deve ser determinada a inversã o do ô nus da prova, visto que é
mais fá cil ou menos difícil para a instituiçã o Bancá ria comprovar, já que é titular do
monopó lio de informaçõ es e documentaçõ es.
Art. 373, II, do CPC/2015, in verbis:
[...]
II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor.
Diante do exposto, requer desde já que Vossa Excelência se digne em determinar, no
mandado da citação, a inversão do ônus da prova, por ser medida necessária para a
efetivação da justiça.
É incontroverso que o Banco deve responder objetivamente pelos danos causados, em
harmonia com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça: Sú mula 37, que estabelece
que “são cumuláveis as indenizações por dano material e moral oriundos do mesmo
fato”.
SÚMULA 37 - STJ - SÃ O CUMULAVEIS AS INDENIZAÇÕ ES POR DANO MATERIAL E DANO
MORAL ORIUNDOS DO MESMO FATO.
Por fim, pleiteia-se a Vossa Excelência que seja dado total procedência à ação de
conhecimento, visto que o demandante foi excessivamente lesado, ao sofrer
descontos de serviços nunca solicitados. Tal fato lhe gerou incontá veis prejuízos de
ordem financeira, tendo em vista que a ausência de tais valores fizeram bastante falta no
orçamento e geraram seu superendividamento, além dos danos extrapatrimoniais.
IV – DOS PEDIDOS
Ante todo exposto, requer:
i. a) Concessão do benefício da justiça gratuita para as instâ ncias de 1º e 2º grau,
requerido no instrumento procurató rio; nos termos dos arts. 98 e 99, caput e § 3º,
CPC, e da Lei 9.099/95;
ii. b) Que não seja designada a audiência de mediação e conciliação, tendo em vista a
manifestaçã o de desinteresse da parte autora, nos termos do art. 334, § 5º do CPC;
iii. c) Requer que, caso Vossa Excelência entenda por bem, conheça diretamente do
pedido, antecipando o julgamento da lide, conhecendo-os diretamente e proferindo
a consequente sentença sem a necessidade de dilaçã o probató ria, ou mesmo em caso
de Revelia da Parte Demandada, tudo nos termos do art. 355, I e II do NCPC;
iv. d) Por oportuno, requer que todas as notificaçõ es e publicaçõ es referentes ao processo
em epigrafe sejam realizados em nome da Dra....., OAB/UF .... (procuraçã o nos autos).
E-mail: ..... Na forma do art. 272 do CPC/2015, sob pena de nulidade;
v. e) Proceder com a citaçã o do réu para, querendo, apresentar contestaçã o, sob pena de
seu nã o oferecimento importar na incidência dos efeitos da revelia e na aceitaçã o das
alegaçõ es de fato formuladas, nos moldes do art. 344 do Có digo de Processo Civil de
2015;
vi. f) Determinar a incidência das regras do Có digo de Defesa do Consumidor em razã o da
vulnerabilidade e da hipossuficiência do autor em face do réu, sendo invertido o
ônus da prova nos termos do art. 6, VIII do diploma em comento;
vii. g) O reconhecimento da má -fé praticada pelo réu, e condenar a instituição
financeira ré à restituição nos moldes do Art. 42, § do CDC, em dobro, dos
valores cobrados indevidamente dos consumidores-vítimas, no valor de R$ ..... (por
extenso)
viii. h) Na finalidade de nã o restar dú vidas quanto à s ilegalidades das cobranças e valores
ora pleiteados, passamos a detalhá -los a seguir:
Vejamos:
i. a) Abreviatura: “Tarifa Bancá ria – (Pacote de Serviços, Tarifa DOC Internet, Tarifa
TED Internet, Tarifa TED Eletrô nico) – SERVIÇOS NÃO CONTRATADOS”
• Soma dos valores saqueados da parte autora, corrigido: R$ ..... (por extenso)
• Pedido da Repetiçã o de Indébito – Art. 42 § ú nico do CDC: R$ ..... (por extenso)
i. b) Abreviatura: “Mensalidade de Seguro) – SERVIÇO NÃO CONTRATADO”
• Soma dos valores saqueados da parte autora, corrigido: R$ ..... (por extenso)
• Pedido da Repetiçã o de Indébito – Art. 42 § ú nico do CDC: R$ ..... (por extenso)
i. i) Condenaçã o do réu, ao pagamento de uma indenizaçã o por DANOS MORAIS no
valor de R$ ..... (por extenso), de cunho compensató rio e punitivo, conforme Sú mula
326 do STJ, pelos danos morais causados ao Requerente, tudo conforme
fundamentado, em valor pecuniá rio justo e condizente com o caso apresentado em tela
arbitrado por Vossa Excelência.
Protesta provar o alegado por todos os meios de Prova em direito admissíveis,
especialmente a documental inclusa e depoimento pessoal do Representante da
Demandada sob pena de Confissã o, bem como a apresentaçã o de demais documentos que
entender necessá rios e que forem ordenados, tudo nos termos do artigo 369 do Novo
Có digo de Processo Civil.
Portanto, dá-se à causa, o valor de R$ R$ ..... (por extenso)
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, data.
ADVOGADO
OAB/UF nº ......

BAIXE AQUI OS MODELOS ATUALIZADOS


i. § 4º As clá usulas que implicarem limitaçã o de direito do consumidor deverã o ser
redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fá cil compreensã o. ↑

ii. Código de Defesa do Consumidor - Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou


serviços, dentre outras prá ticas abusivas: V - exigir do consumidor vantagem
manifestamente excessiva; ↑

iii. Art. 42, parágrafo único: O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetiçã o do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correçã o monetá ria e juros legais, salvo hipó tese de engano justificá vel. ↑

iv. 4 Art. 52, § 2º - A nulidade de uma clá usula contratual abusiva nã o invalida o contrato,
exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integraçã o, decorrer ô nus
excessivo a qualquer das partes. ↑

v. 5 Art. 54, § 3º - Os contratos de adesã o escritos serã o redigidos em termos claros e


com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte nã o será inferior ao corpo
doze, de modo a facilitar sua compreensã o pelo consumidor. ↑
vi. Código Civil: Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem,
será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualizaçã o dos valores
monetá rios.

Código Civil, em seu art. 927 dispõe:

Art. 927 Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará -lo.

Parágrafo único: haverá obrigaçã o de reparar o dano, independentemente de culpa,


nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 14 dispõe:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestaçã o dos serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruiçã o e riscos.

É inegá vel a prá tica ilegal da instituiçã o financeira, assim como o enriquecimento
ilícito auferido pela empresa em diversas situaçõ es idênticas e repetitivas, que
interferiu ilegalmente no direito creditício da parte autora. Prova suficiente para
caracterizar a má -fé da instituiçã o financeira e, por conseguinte, a condenaçã o à
devoluçã o, em dobro e com a devida correçã o monetá ria dos valores indevidamente
descontados. ↑

vii. Código de Defesa do Consumidor - Art. 42. (...) Parágrafo único. O consumidor
cobrado em quantia indevida tem direito à repetiçã o do indébito, por valor igual ao
dobro do que pagou em excesso, acrescido de correçã o monetá ria e juros legais, salvo
hipó tese de engano justificá vel. ↑

viii. Código de Defesa do Consumidor - Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevençã o e reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais,


coletivos e difusos ↑

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