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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ESTANCIA/SE.

IVAN SE AZEVENDO SILVA, brasileiro, maior, capaz, aposentad o,


portador do CPF nº 126.671.545-04, residente e domiciliado na rua HUMBERTO
FERREIRA 00016,Bairro Centro ,ESTANCIA/SE, através de seu advogado
legalmente habilitado que esta subscreve (procuração em anexo), com
endereço profissional infracitado, vem respeitosamente perante V. Exa. ajuizar a
presente

AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS E MATERIAS

em face do BANCO PAN S.A com o CNPJ 59.285.411/0029-14 situado a


Rua São Cristovão, 423 Centro - Aracaju - SE CEP
49010-380, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

 DOS FATOS

A autor é aposentado a mais de 6 anos, onde recebe através do


INSS seus proventos no valor de um salário mínimo, sendo este depositado
pela autarquia Federal na agencia da requerida, com data de pagamento a
partir do dia 05 de cada mês,agencia 0060 da caixa Econômica em
estância . (em anexo).

Ocorre Excelência, que a conta de pagamento do benefício da


requerente teve cobrança e desconto a desde de 06/09/2022 de
c o b r a n ç a s i n d e v i d a s , conforme extrato em anexo.

Data vênia, nobre Julgador, isso tem causado serio prejuízo de ordem financeira a
requerente, tendo em vista ser uma pessoa muito humilde e que apenas tem essa fonte
de renda para sobreviver. O autor vive sobre medicações caras por conta de sua idade,
e qualquer desvio no seu beneficio lhe acarreta sérios risco a sua manutenção.
Cumpre informar a este Douto Juízo, que por diversas vezes, o
autor se dirigiu ate a agência requerida na cidade de Estância-se, no intuito de
solução amigável do problema, onde foi tratado com desprezo por ser pessoa
humilde e com pouca formação.

Não havendo alternativa esta procura o Judiciário para reaver o seu


direito.

 DOS DESCONTOS INDEVIDOS

 – Tarifas Bancaria

Observa-se excelência através dos extratos em anexo que a autor


recebe a quantia de 01 salário mínimo mensal referente à aposentadoria por
idade.

Salienta ainda que, de acordo com artigo 2º da resolução


3.919/2010 do Banco Central(todo banco deve oferecer conta corrente
gratuita, sem a cobrança de taxas de manutenção)principalmente quando se
trata de conta específica para recebimento de benefício previdenciário.

Contudo, tais descontos ocorreu no ano de 2022 perfazem a


quantia de R$ 1400,00 ( mil e quatrocentos reais) devendo o mesmo ser
ressarcido em dobro pelos descontos indevidos, bem como o seu total
cancelamento.

Ora excelência, como se falar em tais descontos de tarifas se a conta


da requerente é tão somente e exclusiva para recebimento do benefício do
INSS.

DA LIMINAR

Faz-se necessario a cocessão de liminar para o requerente, visto que


ainda persistem os descontos da requerida, sendo que não houve
solicitaçao de contratação.
Portanto merece que seja conscedida liminar para que a requerida
pare de cobrar as cobranças indevidasda sua conta.

art 300 cpc: A tutela de urgência será


concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo

 DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Acerca da não solicitação de serviços, assim dispõe o Código de


Defesa do Consumidor:

“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas


abusivas: [...] III- enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia,
qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; [...] Parágrafo único. Os serviços
prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese

prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo


obrigação de pagamento.”

Conforme sustentam Flávio Tartuce e Daniel Assumpção (2016,


p. 238):

“Oenvio de produto sem solicitação é prática abusiva bem comum


no mercado deconsumo.”

E, ainda, arrematam os autores:

“Em complemento à proibição, estabelece o parágrafo únicodo art. 39


do CDC que os serviços prestados ou produtosremetidos ou
entregues ao consumidor sem a devidasolicitação equiparam-se às
amostras grátis, inexistindoobrigação de pagamento.[...] (Manual de
Direito doConsumidor, Volume único, Editora Método, p. 238).”

A partir da análise do exposto, constata-se o flagrante desrespeito da


empresa demandada ao cobrar indevidamente, sem a concordância de seu
cliente, o serviço denominado cobranças indevidas .
Sobre o assunto, segue abaixo a liminar proferida pela Juíza
Mariana Silveira de Araújo Lopes da 2ª Vara Cível da Comarca de Santa
Rosa – RS, nos autos do processo de Nº 11100063273:

"Vistos. Informa, a autora, que é correntista da requerida, a qual inseriu nas faturas
do cartão de

crédito, arbitrariamente e sem qualquer autorização, os serviços denominados


HIPERALERTA, também denominado como ENVIO MENS. ELETRONICA-H, no
valor de R$ 2,99, HIPER PROTEÇÃO 72H, no valor de R$ 2,95, SEGURO
HIPER PROTEGIDO, no valor de R$ 6,99 e H. PROTEÇÃO TRABALHO, no
valor de R$ 3,49.
Argumenta que tais serviços nunca foram solicitados. Refere que entrou várias
vezes em contato com a central de atendimento da requerida a fim de que
suspendesse as cobranças, no entanto nada foi solucionado. Requer a AJG e a
antecipação dos efeitos da tutela para determinar que a requerida interrompa a
cobrança dos serviços não solicitados, sob pena de multa diária. Junta
documentos, fls. 22/53. Relatei sucintamente. Decido. Procede o pedido da parte
autora de ver cancelado os serviços alegadamente não solicitados enquanto
pendente a presente ação, pois tais serviços só se justificam quando solicitados e
autorizados pelo cliente. Ademais, nenhum prejuízo terá a ré com tal decisão, pois
possível a interrupção da prestação de serviços adicionais, mesmo que
anteriormente contratados, que não mais interessem ao cliente. Em face do
exposto, defiro o pedido de tutela antecipada para o efeito de determinar que a
requerida interrompa a cobrança dos valores referentes aos serviços
HIPERALERTA, também denominado ENVIO MENS. ELETRONICA-H, HIPER
PROTEÇÃO 72H, SEGURO HIPER PROTEGIDO e H. PROTEÇÃO
TRABALHO, sob pena de multa diária no valor de R$ 100,00, a contar do prazo de
48 horas da intimação pessoal da ré (Súmula 410 do STJ) até o efetivo acatamento
da presente decisão, ou em 30 dias, o que ocorrer primeiro. Por fim, inverto
o ônus da

prova, a fim de que a requerida traga aos autos todos os documentos relativos à
avença. Defiro a AJG. Cite-se e intime-se pessoalmente. Intimem-se. Diligências
legais.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) comunga do mesmo entendimento,


senão vejamos:

“Recurso especial. Consumidor. Ação civil pública. Envio de cartão de crédito não
solicitado. Prática comercial abusiva. Abuso de direito configurado. 1. O envio do
cartão de crédito, ainda que bloqueado, sem pedido pretérito e expresso do
consumidor, caracteriza prática comercial abusiva, violando frontalmente o disposto
no artigo 39, III, do Código de Defesa do Consumidor. 2. Doutrina e jurisprudência
acerca do tema. 3. Recurso especial provido” (STJ – REsp 1.199.117/SP – Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino – Terceira Turma – j. 18.12.2012 – DJe
04.03.2013).

Ressaltamos ainda o entendimento salutar de vossa excelência em casa


análogo a esse. Vejamos o processo 202087200153:
“Diante do exposto, com lastro no art. 487, I, do Código de Processo Civil,
extingo o presente processo com resolução do mérito PARA JULGAR
PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados pela parte autora na
proemial, de forma a:

 Determinar o cancelamento da cobrança da “Tarifa Bancária Cesta Fácil


Econômica”, na conta 651375-1, Agência 1605, de titularidade de José de
Candido Rosa;

 Condenar a requerida à restituição em dobro dos valores indevidamente


cobrados, a título de danos

materiais, a serem apurados por meros cálculos aritméticos, os quais devem ser
corrigidos pelo INPC, com a incidência de juros de mora de 1% ao mês, ambos
a contar da data de desconto de cada prestação;

 Condenar a requerida ao pagamento de indenização por danos morais no


valor de R$3.000,00 (três mil reais), a ser corrigida pelo INPC, desde a
publicação desta decisão (Súmula
362 do STJ), com a incidência de juros de mora de 1% ao mês, desde o
primeiro desconto (evento danoso)”.

 – DO DANO MORAL

É evidente o dano moral provocado pelo réu. Os indevidos


descontos, por si só, é induvidosamente ofensivo.

E a obrigatoriedade de reparar o dano está consagrada na


Constituição Federal, cujo art. 5º incisos V e X assegura a todo cidadão
indenização por dano moral decorrente da violação à intimidade, vida privada,
honra e imagem.

Os descontos indevidos no benefício da autora caracterizam ato


ilícito, resultando no dever de reparar o dano por força dos arts. 186 c/c 927 do
Código Civil, in verbis:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.

Não há dúvidas acerca dos danos sofridos pela Autora. Trata-se,


aliás, de dano presumido (in reipsa), ou seja, basta o desconto indevido para
que esteja caracterizado o dano moral.

O pedido tem caráter pedagógico. Não é razoável admitir-se a


imposição de serviços sem prévia solicitação do consumidor. Faz-se
necessário reprimir e inibir os danos causados pela ré. O pedido também
encontra fundamento na teoria do desestímulo.

Nesse sentido, manifesta-se a Jurisprudência em situações


similares ao presente caso:

RECURSO INOMINADO. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. DIREITO DO


CONSUMIDOR. CESTA DE SERVIÇOS. COBRANÇA INDEVIDA DE TARIFAS
BANCÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE ONTRATO OU QUALQUER OUTRO
DOCUMENTO QUE DEMONSTRE CIÊNCIA DA AUTORA EM FACE OS
DESCONTOS OCORRIDOS EM SUA CONTA. PARTE REQUERIDA NÃO FAZ
PROVA MODIFICATIVA, EXTINTIVA OU IMPEDITIVA DA PRETENSÃO
AUTORAL. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. ART. 14 DO CDC. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
INDENIZATÓRIO FIXADO EM R$ 3.000,00 (TRÊS MIL REAIS). VALOR
PROPORCIONAL A LESÃO OCASIONADA. RESPONSABILIDADE
CONTRATUAL. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. 1.
Recurso conhecido, porque tempestivo, dispensandodo preparo em face de
gratuidade judiciária que ora lhe defiro. 2. Insurgência recursal da autora apenas
para a fixação da indenização por
danos morais, no patamar mínimo de 10 salários mínimos. 3. No que concerne aos
danos morais, é entendimento deste Relator que o simples desconto indevido de
tarifas bancárias ou seguros não contratados não acarreta, automaticamente,
danos extrapatrimoniais que ensejem reparação. 4. Entretanto, no caso dos autos,
a parte requerente sofreu diversos descontos que totalizam cerca de R$ 663,60
(seiscentos e sessenta e três reais e sessenta centavos), pulverizados por mais de
01 ano (fls. 17/27). 5. No caso dos autos, a parte ré não juntou prova da efetiva da
autorização de desconto da tarifa denominada “Cesta fácil” ou qualquer
outro fato contrário à pretensão autoral. Dessa forma, considerando que não houve
prova acerca da informação de desconto da referida taxa no momento da abertura
da conta bancária, tampouco do consentimento do consumidor no que concerne ao
seu desconto, constato querestou configurada a falha na prestação de serviços,
nos termos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, por parte da instituição
financeira requerida, ao descontar na conta-corrente do consumidor valores de
serviços que sequer foram contratados. 6. Quanto à reparação pelo dano moral,
esta relatoria partilha do entendimento de que o simples desconto indevido de
tarifas bancárias ou seguros não contratados não acarreta, automaticamente,
danos extrapatrimoniais que ensejem reparação. Nesse sentido, destaca-se os
seguintes precedentes: (Recurso Inominado nº 201801002369 nº
único0002414-07.2018.8.25.9010 -

Turma Recursal do Estado de Sergipe, Tribunal de Justiça de Sergipe -


Relator(a): Isabela Sampaio Alves - Julgado em 19/12/2018) (Recurso
Inominado nº 201701012828 nº único0012847-07.2017.8.25.9010 -
Turma Recursal do Estado de Sergipe, Tribunal de Justiça de Sergipe -
Relator(a): Isabela Sampaio Alves - Julgado em 20/08/2018) (Recurso
Inominado nº 201601003661 nº único0003646-25.2016.8.25.9010 -
Turma Recursal do Estado de Sergipe, Tribunal de Justiça de Sergipe -

Relator(a): Isabela Sampaio Alves - Julgado em 15/08/2018). 7. Diante das


peculiaridades do caso concreto e os reflexos dos descontos no
benefício recebido pela parte autora, o quantum indenizatório a
título de indenização por danos morais merece ser fixado no
importe de R$ 3.000,00 (três mil reais), por ser o valor adequado
aos Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade. 8. Ante o
exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso interposto,
para DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, reformando a sentença
apenas para fixar o dano moral no importe de R$ 3.000,00 (três
mil reais), mantendo-a 9. Sem custas ou honorários advocatícios,
na incólume nos demais termos. forma do art. 55 da Lei 9.099/95.
(Recurso Inominado nº 201901010504 nº único0010505-
52.2019.8.25.9010 – Turma Recursal do Estado de Sergipe, Tribunal
de Justiça de Sergipe - Relator(a): Geilton Costa Cardoso da Silva -
Julgado em 21/05/2020)

Vê-se que o instituto do dano moral tem também como objetivo, evitar
que práticas ilegais e abusivas, venham a se perpetuar, impingindo às pessoas
jurídicas infratoras, nítido caráter didático-pedagógico. Assim, com a imposição
à demandada de pagamento de valor indenizatório, visa-seneutralizar
condutas ilícitas que costumeiramente se reproduzem no mercado de consumo.

Acerca da quantificação desses danos morais deve-se levar em


consideração as reais e presumíveis circunstâncias do caso, mormente as
condições pessoais da vítima (angústia, vexame, falta de boa aceitação na
sociedade, abalo à reputação e até mau julgamento de si mesmo) e o descaso
do requerido, cuja responsabilidade é de índole objetiva.

Dessarte, requer desde já a condenação do requerido ao


ressarcimento pelos danos morais sofridos pelo Autor, em valor a ser
arbitrado por este juízo, respeitado, todavia, os parâmetros do Tribunal de
Justiça do nosso Estado, fixando-se, assim, quantia não inferior a R$
10.000,00 (dez mil reais).

 DOS PEDIDOS

Em face de tudo acima exposto, requer a Autora:


 A citação da empresa ré, mediante carta com aviso de
recebimento
 Deferimento da liminar pleiteada, a fim de que seja a empresa ré
impedida de prosseguir com os descontos de tarifas cesta
expresso da conta do requerente sob pena de multa diaria de
R$500,00 reais.

 A procedência dos pedidos autorais, a fim de condenar o réu à


indenização por dano moral em R$ 10.000,00 (dez mil reais),
bem como o dano material ressarcido em DOBRO no valor de
R$2,800,00( dois mil e oitocentos reais), ambos atualizados do
evento danoso;

 requer a inversão do ônus da prova, pela verossimilhança de


suas alegações e por sua condição de hipossuficiente;

Por fim, protesta provar o alegado através de todos os meios de


prova admitidos em direito, especialmente documental.

Dá-se à causa o valor de R$ 12.800,00( doze mil e oitocentos


reais)) para efeitos meramente fiscais.
Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Estancia, 25 de outubro de 2022.


Vinícius C D Mendonça
OAB/SE 11.107

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