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DO PROCESSO

Considerações Iniciais

Conceito:
–Instrumento pelo qual o Estado exerce a jurisdição.
O processo nunca é um fim em si mesmo. Ninguém ingressa em juízo
tão somente para obtê-lo. Constitui apenas o instrumento utilizado
pela jurisdição para aplicar a lei ao caso concreto. Daí que deve
atender, da melhor maneira possível, a sua finalidade, qual seja, fazer
valer o direito da parte, que o entende violado (GONÇALVES, Marcus
Vinicius Rios, 2019, p. 186).
–Representado pelos atos realizados e pela relação que estabelece entre as
partes.
–É instrumento abstrato.
Teorias:
–Processo como:
a)Procedimento: sequencia ordenada de atos.
b)Contrato (contratualista): o processo como um contrato aceito pelas
partes.
c)Relação processual: é uma relação entre pessoas, de direito público,
triangular.
d)Situação jurídica: composto por uma série de situações jurídicas ativas
– deveres, ônus.
e)Procedimento em contraditório: uma sequência de normas, destinadas
a regular uma conduta.

Pressupostos Processuais:

Conceito:
–São todos os elementos de existência, os requisitos de validade e as condições
de eficácia do procedimento.
–Aspecto formal do processo.
–Ato de formação sucessiva.
–Matéria de ordem pública.
Façamos uma analogia: uma pessoa reside no campo e precisa ir à cidade,
para receber determinado prêmio. Duas ordens de coisas são necessárias:
que faça efetivamente jus ao prêmio, que tenha mesmo sido premiada; e
que percorra o caminho que leva à cidade, para reclamar a quantia. O
direito de ação corresponde ao direito ao prêmio. Sem ele, o autor não tem
direito à resposta de mérito, finalidade almejada. Além disso, é preciso que
seja percorrido, de forma válida e regular, o percurso que leva aonde o
prêmio é entregue, o que corresponde ao processo (GONÇALVES, Marcus
Vinicius Rios, 2019, p. 187).
Espécies:
–Pressupostos processuais de existência e de validade.
I. Existência: requisitos para que a relação processual se constitua validamente
(eficácia).
a) Órgão investido de jurisdição: os atos processuais só podem ser
praticados por um juiz nomeado;
*Preenche os requisitos constitucionais para provimento no cargo.
b) Capacidade de ser Parte: todo aquele que tiver capacidade para contrair
direitos e obrigações na ordem jurídica. Diante disso, é a capacidade de ser
autor ou réu.
*Em relação ao incapaz, este tem capacidade de ser parte, que é de
direito, mas não tem a capacidade processual, que é de exercício.
c) Demanda: ato pelo qual se dá o impulso oficial à atuação do Estado-juiz.
*Representada pela petição inicial, em que esta apresenta os elementos
objetivos e subjetivos do processo (o que se pede; a causa de pedir;
quem pede e em face de quem o pedido é formulado).
OBS: alguns doutrinadores indicam a Capacidade Postulatória e a Citação
como pressupostos de Existência.
II. Validade: são os pressupostos de desenvolvimento válido e regular do
processo.
Positivos (devem estar presentes no processo):
a) Juiz Capaz: competência (aptidão do juiz emanada da lei, para exercitar
sua jurisdição). A imparcialidade deve estar presente (ausência de interesse
no desfecho da demanda).
OBS: observar as hipóteses de impedimento (art. 144, CPC) e suspeição
(art. 145, CPC) do juiz.
b) Partes Capazes:
*Capacidade de Estar em Juízo ou Processual (legitimatio ad processum)
art. 70, CPC: legitimidade para o processo.
É a aptidão para figurar como parte, sem precisar ser representado
nem assistido. Não se trata de advogado, mas de representante legal.
As pessoas naturais que têm capacidade de fato, que podem exercer,
por si sós, os atos da vida civil, têm capacidade processual, pois podem
figurar no processo sem serem representadas ou assistidas
(GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios, 2019, p. 193).
*Capacidade Postulatória (ius postulandi), art. 103, CPC: aptidão técnica
dos advogados (OAB), da Defensoria Pública e do Ministério Públi
co.
OBS: há exceções em que a capacidade postulatória é dada diretamente
às partes, como ocorre, por exemplo, na Lei Maria da Penha.
c) Demanda Apta: preenchimento de requisitos previstos pela lei
processual (art. 319, CPC). Regularidade formal da demanda.
d) Citação Válida: necessária para a completude da relação processual (art.
238, CPC).
Mesmo antes de o réu ser citado, já existe um processo incompleto, que
tem a participação apenas do autor e do juiz. A citação é necessária para
que ele passe a existir em relação ao réu e se complete a relação
processual. Sem citação, o réu não tem como saber da existência do
processo, nem oportunidade de se defender (GONÇALVES, Marcus
Vinicius Rios, 2019, p. 191).
Negativos (não devem estar presentes na demanda para alcance do mérito):
a) Litispendência (art. 337, §§, CPC): existência de lide pendente, ou seja,
de um processo em andamento (tria eadem);
b) Coisa Julgada: fenômeno de natureza processual pelo qual se torna firme
e imutável a parte decisória da sentença (art. 337, §§, CPC).
c) Perempção (art. 486, §3º, CPC): se o autor abandonar a causa por 03
vezes.
d) Compromisso Arbitral: solução alternativa do conflito.
Exame do mérito:
–Necessário preencher os pressupostos processuais e condições da ação.
Ausência dos Pressupostos Processuais:
–Nulidades (art. 282, CPC):
As nulidades absolutas são as que decorrem de vícios relacionados com a
estrutura do processo e da relação processual. As que não dizem respeito
a esses aspectos são relativas. Do ponto de vista dos efeitos, a diferença é
que estas últimas têm de ser alegadas pela parte prejudicada, sob pena
de não poderem ser conhecidas, o que deve ser feito na primeira
oportunidade, sob pena de preclusão. São vícios que se sanam de
imediato, se não alegados. Já as nulidades absolutas podem ser
conhecidas de ofício e não precluem nem para as partes, nem para o juiz
(GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios, 2019, p. 189).
1) Absolutas:
*Decorrem de vícios relacionados com a estrutura do processo e da relação
processual.
*Podem ser conhecidos de ofício.
*Não precluem.
*Resguarda direito público.
2) Relativas:
*Têm que ser alegadas pelas próprias partes na primeira oportunidade no
processo, sob pena de preclusão.
*Vícios sanados se não alegados.
*Resguarda interesse das partes.
DO PROCEDIMENTO

Introdução:

Conceito:
–É o aspecto externo e a sequência dos atos no processo relação jurídica
processual.
Enquanto o processo engloba todo o conjunto de atos que se alonga no
tempo, estabelecendo uma relação duradoura entre os personagens da
relação processual, o procedimento consiste na forma pela qual a lei
determina que tais atos sejam encadeados (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios,
2019, p. 185).
Espécies:
a)Procedimentos Especiais (art. 539 e seguintes do CPC): peculiaridade ou
especificidade de certos direitos materiais.
Ex: monitória, reintegração de posse, etc.
b)Procedimento Comum (art. 318, CPC): aplicável ante à complexidade da
relação jurídica (ampla produção probatória, alegações complexas, etc).

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