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QUESTÕES DE PROCESSO CIVIL

1) A solução jurisdicional é uma das vias do Tribunal Multiportas?


Em
se tratando de conflitos civis, quais as possíveis vantagens da solução jurisdicional em
relação aos métodos de autocomposição?
Sim, a solução jurisdicional faz parte de uma das “portas” do tribunal
multiportas, junto com outros meios de resolução de conflitos, como a negociação,
conciliação, mediação e a arbitragem. As vantagens da resolução de um conflito
através da solução jurisdicional, em relação aos métodos de autocomposição
(mediação, conciliação e negociação), podem ser apontadas como a presença de
coercitividade e coercibilidade e a possibilidade de requerimento de recursos.
Entretanto, os métodos autocompositivos apresentam uma maior agilidade, menores
custos, pacífica, diferentemente da solução jurisdicional, todo o conflito social,
almejando a resolução completa da lide e apresenta uma burocracia menos elevada,
por adotar critérios que necessitam serem legislações.

2) Qual a diferença entre Processo e Procedimento? Existe


procedimento sem processo?
O processo é uma entidade complexa, um procedimento realizado
contraditório, animado por uma relação jurídico processual, pode ser encarado pelo
dúplice aspecto dos atos que lhe dão corpo e das relações entre eles e das relações
entre os sujeitos. Procedimento é o meio pelo qual a lei estampa os atos e fórmulas da
ordem legal do processo. Em um só processo pode haver mais de um procedimento.
Todo processo tem um procedimento, mas o contrário não é verdadeiro.

3) O que é o Processo de Conhecimento?


Processo de Conhecimento é aquele instaurado para processar e julgar
pretensões mediante a uma decisão de mérito, ou seja, pretensões à tutela cognitiva. É
a fase em que ocorre toda a produção de provas, a oitiva das partes e testemunhas,
dando conhecimento dos fatos ao juiz responsável, a fim de que este possa aplicar
corretamente o direito ao caso concreto, com o proferimento da sentença.

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4) Cite quais são os procedimentos do Processo de Conhecimento
previstos no CPC. Indique os artigos do CPC na resposta.
Procedimento Comum, previsto no artigo 318 do CPC; Procedimentos
Especiais, previsto no artigo 539 do CPC; Procedimento Especialíssimos, previsto no
artigo 190 do CPC.

a) Procedimento Comum: é aplicado o artigo 318 do CPC/15, é a regra geral,


o
procedimento mais completo, podendo ser aplicado subsidiariamente aos demais
procedimentos e nos processos de execução. O procedimento comum é dividido em
quatro fases, sendo estas respectivamente, a fase postulatória; a fase saneadora; a fase
probatória/instrutória; e a fase decisória.

b) Procedimento Especial: existem várias espécies de procedimentos especiais,


ficando estas fixadas entre os artigos 539 a 770 do CPC/15. Ainda, vale dizer que é
possível separar as espécies em dois planos, a contenciosa e a voluntária sendo, do
artigo 539 ao artigo 718, sobre os procedimentos especiais de jurisdição contenciosa
e, do artigo 719 ao artigo 770, sobre os procedimentos especiais de jurisdição
voluntária.

c) Procedimento Especialíssimo: inovação trazida pelo CPC/15, é o


procedimento derivado de negócios jurídicos processuais por convecção das partes,
de modo bilateral e no plano contratual, disposto no artigo 190 do CPC.

5) Qual a diferença entre ato jurídico estrito senso e o negócio


jurídico?
Atos/fatos jurídicos estrito senso são aqueles que ocorrem diariamente e
independem da vontade humana, como o nascimento ou a morte. Diferentemente
do ato jurídico estrito senso, o negócio jurídico depende da vontade humana, tanto
na sua formação, quanto nos seus efeitos, como o contrato, por exemplo.

6) O que são negócios jurídicos processuais? Quais suas possíveis


vantagens?

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O negócio jurídico é um fato jurídico voluntário, que se concede aos sujeitos a
possibilidade de regrarem processualmente o processo que protagonizam, portanto,
estes podem regular, dentro dos limites fixados no próprio ordenamento jurídico,
certas situações jurídicas processuais ou alterarem o procedimento. Suas vantagens
são a possibilidade das partes de negociarem e flexibilizarem o procedimento judicial,
de acordo com as suas necessidades.

7) Como deve ser interpretado o termo “direitos que admitem


autocomposição”, contido no artigo 190 do CPC?
Quando se trata de direitos que admitem autocomposição, segundo a
doutrina clássica, estariam envolvidos direitos relativos a direitos disponíveis, de
forma que direitos indisponíveis não poderiam ser objeto de atos jurídicos
processuais. Porém, com a flexibilidade proporcionada pelo NCPC, algumas
causas de indisponibilidade de direitos são pactuadas, como no caso de
negociações realizadas com a administração pública, entendimento confirmado
pela Lei 13.448/17, que apresenta as possibilidades de utilização da arbitragem
para algumas causas que contém o poder público.

8) O que é o princípio da substanciação da causa de pedir?


O princípio da substanciação, adotado pelo Código de Processo Civil de 2015
e dissertado em seu artigo 319, III, refere-se aos fatos e fundamentos jurídicos do
pedido. Logo, a causa de pedir remota do pedido é o fato jurídico e a causa de
pedir próxima é a relação jurídica. Assim, quando a relação jurídica e o fato
jurídico se mostram idênticos, a causa de pedir será idêntica, dando base para a
teoria da substanciação adotada pelo CPC/15.

9) A indicação errada da norma legal (dispositivo de lei) na petição


inicial impede o juiz de apreciar o pedido do autor?
De modo geral, a petição inicial, para ser analisada, deve cumprir com os
requisitos do artigo 319 e 320 do CPC/15. A indicação errada da norma legal não
impede o juiz de apreciar o pedido do autor na petição inicial, visto que o juiz
pode, de acordo com o artigo 321 do CPC/15, determinar que o autor corrija tais
vícios/erros da petição inicial, emendando-a ou completando-a. Desta forma, o

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autor deverá emendar a petição de acordo com as indicações feitas pelo juiz. Caso
tal emenda não ocorra, o juiz poderá não apreciar o pedido do autor. Por outro
lado, caso o autor faça as emendas da forma como indicado o processo seguirá seu
curso normalmente.

10) O “legal design” é ou não uma ferramenta útil aos processos?


O design jurídico tem muito a ofertar para o futuro da advocacia, o que é
demonstrado no texto com pesquisas científica, comprovando a efetividade dos
recursos visuais para a obtenção de um melhor entendimento.
Depreende-se, portanto, que o uso do visual, utilizado dentro de seus
limites, facilita o entendimento do juiz sobre o processo, possibilitando um melhor
julgamento, devido sua maior cognição. Além disso, por ser uma técnica que busca
a dispensa do “juridiquês”, o visual law torna o linguajar jurídico mais inclusivo,
ocasionando que as partes envolvidas acompanhem o processo com um maior
domínio.

11) Qual a diferença entre Jurisdição e Competência?


De acordo com Diddier Jr., a jurisdição é a função dada a um terceiro
imparcial de efetivar o Direito de forma imperativa, a partir do reconhecimento e
aplicação de situações jurídicas concretamente deduzidas, de controle externo e
que podem se tornar indiscutíveis. É exercida em todo território nacional, existindo
especialização setorial da função jurisdicional.
Por outro lado, a competência é o resultado das formas de distribuição dos
órgãos e suas atribuições que dizem respeito ao desempenho da jurisdição.
Portanto, a competência é a capacidade de exercer a jurisdição dentro dos
parâmetros fixados em lei, nos quais o juiz pode exercer a jurisdição.

12) O que é o Princípio da Perpetuatio iurisdictionis e qual sua relação


com o Princípio do Juiz Natural?
O princípio da perpetuatio iurisdictionis, exposto no artigo 43 do CPC/15,
tem como objetivo evitar que as partes sofram prejuízos de deslocamento por
mudança de endereço no desenrolar do processo. Além disso, busca preservar o
princípio da celeridade processual e o princípio da duração razoável do processo,

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tratados na Constituição Federal. Da mesma forma, ao mesmo tempo em que tem
como objetivo proteger a prorrogação da competência da ação dentro do momento
no qual ela é proposta, objetiva, também, preservar o juiz natural.
Diante disso, o princípio da Perpetuatio iurisdictionis, além de preservar a
competência da ação, evitando-a que esta seja deslocada (salvo exceções dispostas
em lei), preserva também o juiz natural da ação, em detrimento com o princípio do
juiz natural, apresentado na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 5º,
XXXVVII.

13) Quais as distinções entre competência absoluta e relativa? É


possível negócio jurídico processual para alterar estas competências?
De acordo com artigo 62 do CPC/15, competência absoluta, está ligada ao
interesse público, se dispõe sobre a conveniência da função jurisdicional, não
podendo ser convencionada entre as partes. Por outro lado, a competência relativa,
diz respeito a situações do interesse privado, sendo determinada sua competência
de acordo com o valor da causa, e seu território, estando disposta no artigo 63 do
CPC/15.
Com relação à possibilidade de negócio jurídico processual para alteração
de
competência, em primeiro plano delimita-se que, tal possibilidade só pode ocorrer
no âmbito do interesse privado, ou seja, da competência relativa (artigo 63, CPC).
Nas causas de competência absoluta não é possível convencionar sobre alteração
de competência, como disposto no já mencionado artigo 62 do CPC.

14) O que significa prorrogação de competência? Em que hipóteses


pode ocorrer?
A prorrogação de competência ocorre quando se amplia a competência de um
órgão judiciário para conhecer certas causas que, em regra, não fariam parte da
competência jurisdicional do órgão em questão. Dito isso, a prorrogação de
competência é dividida em duas hipóteses de ocorrência, a prorrogação de
competência legal – quando imposta por lei -; e a prorrogação de competência
voluntária – quando determinada pela vontade das partes.

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15) O que é a prevenção e qual a sua utilidade em se tratando de
conexão entre duas ações?
A prevenção é uma prefixação de competência que garante que todas as causas em
questão sejam remetidas ao juízo no qual primeiro foi distribuída a petição inicial de um dos
processos coligados por conexão ou continência.

16) Com base no art. 69, inciso IV e § 2o do CPC, bem como Resolução no
350/2020, explique o que são os “atos concertados entre os juízes cooperantes” e se eles
podem contribuir para a eficiência do processo civil?
De acordo com Fredie Didier Jr., cooperação judiciária é o “o complexo
de instrumentos e atos jurídicos pelos quais os órgãos judiciários brasileiros podem
interagir entre si, com tribunais arbitrais ou órgãos administrativos”.
A cooperação judiciária se configura por meio de um auxílio recíproco ou
do compartilhamento da prática de atos entre os diferentes órgãos e esferas
nacionais, dentro ou fora do Judiciário. Esta tem como objetivo garantir o princípio
constitucional da duração razoável do processo, previsto no art. 5º, LXXVIII,
concretizando, assim, o princípio da eficiência disposto no art. 8º do CPC e no art.
37, caput, da CRFB/88, e da própria decisão de mérito justa e efetiva, conforme o
art. 6º do CPC. O art. 69, § 2º, do CPC e o art. 6º da Resolução trazem somente um
rol meramente exemplificativo dos atos que poderão ser praticados. Perante o
exposto, os limites serão impostos pela doutrina e jurisprudência, respeitando os
princípios constitucionais.

17) Por que se diz que a petição inicial determina o conteúdo da


sentença?
Utiliza-se de tal consideração pois a sentença deve se limitar aos pedidos
feitos na petição inicial. Ou seja, o autor, em petição inicial, alega as questões de
fato e de direito, requerendo ao final, seus pedidos (tais pedidos são a pretensão do
autor perante a demanda), dessa forma, o juiz, ao proferir sentença, deve se
fundamentar a partir da pretensão da demanda, não devendo dar provimento a
questões que não foram tratadas.
O artigo 319, IV do CPC/15 define que a petição inicial indicará o pedido
com suas devidas especificações. Ao dar provimento na sentença, de questões não

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discutidas ao longo da inicial, o juiz proferirá sentença ultra petita, ou além do
pedido, devendo ser reduzida aos limites do pedido.

18) Ao propor uma ação de indenização decorrente de acidente de


trânsito, o Autor pode pedir genericamente “condenação em perdas
e danos”?
Não, o pedido não poderá ser genérico, pois, se há perdas e danos você
deverá especializar quais foram as perdas e quais foram os danos, além de
comprovar a veracidade para garantir tais pedidos.

19) Quais as diferenças entre pedido certo e determinado?


O pedido certo está explícito no art. 322 do CPC, este deve ser expresso
na petição, como o pedido de correção monetária. O pedido do autor não deve ficar
implícito no texto, sendo exceção a possibilidade de pedido oculto ou implícito.
Quanto ao pedido determinado, este está esclarecido no art. 324 do CPC,
apresentando o intuito de estabelecer os limites da pretensão da ação, com exceção
do pedido genérico.

20) Cite um exemplo (baseado na doutrina ou jurisprudência) de


pedido alternativo (em relação ao art. 326, parágrafo único) e outro
de pedido subsidiário.
Pedido Alternativo

APELAÇÃO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


(COM PEDIDO ALTERNATIVO DE RESCISÃO
CONTRATUAL) CUMULADA COM PLEITO DE
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. CONTRATO
DE COMPRA E VENDA DE VEÍCULO. PEDIDOS
ALTERNATIVOS. ACOLHIMENTO DE UM DOS
PEDIDOS. AUSÊNCIA DE INTERESSE PARA
RECORRER EM RELAÇÃO AO OUTRO PEDIDO
ALTERNATIVO prejudicado. APELAÇÃO NÃO
CONHECIDA NESTA PARTE, COM OBSERVAÇÃO.

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Formulados pedidos alternativos, e acolhido um deles,
falta interesse para recorrer em relação ao outro
pedido. Sendo o interesse recursal requisito de
admissibilidade, de rigor o não conhecimento do
recurso.
APELAÇÃO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
(COM PEDIDO ALTERNATIVO DE RESCISÃO
CONTRATUAL) CUMULADA COM PLEITO DE
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. CONTRATO
DE COMPRA E VENDA DE VEÍCULO.
MAJORAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL. POSSIBILIDADE. VALOR INSUFICIENTE
PARA REPARAÇÃO DO DANO E COIBIÇÃO DE
EVENTUAL REPETIÇÃO DA CONDUTA DANOSA.
SENTENÇA REFORMADA PARCIALMENTE.
APELAÇÃO PROVIDA NESTA PARTE. Cabível a
majoração da indenização por dano moral se, de
acordo com as circunstâncias do caso, o valor fixado
é insuficiente para reparação do dano e coibição de
eventual repetição da conduta danosa

Pedido Subsidiário

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ACOLHIMENTO DO PEDIDO
SUBSIDIÁRIO. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. INVERSÃO DO JULGADO.
INVIABILIDADE. REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ.
AGRAVO INTERNO DO PARTICULAR NÃO PROVIDO. 1. O agravo interno
não trouxe argumentos novos capazes de alterar o entendimento anteriormente
firmado, limitando-se a reiterar as teses já veiculadas no recurso especial. 2. Sobre
a questão processual levantada, a saber: se o acolhimento integral do pedido
subsidiário é ou não capaz de ensejar o pagamento dos honorários de sucumbência
aos advogados da parte autora, registra-se que, nos casos em que há ordem

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hierárquica na cumulação de pedidos realizada, é possível o reconhecimento da
mútua sucumbência, uma vez que, rejeitado o pedido principal e acolhido o
subsidiário, a parte autora terá obtido vantagem apenas parcial com o resultado do
processo. Hipótese diversa se dá quando a parte autora formula pedidos
alternativos, ocasião em que o acolhimento de qualquer deles importa procedência
integral do pedido. 3. De acordo com o acórdão regional, a parte agravante
formulou pedido subsidiário, e não alternativo, porque o segundo pedido só
deveria ser apreciado caso fosse indeferido o primeiro, que era o principal. 4.
Assim, tendo o Tribunal de origem concluído pela necessidade de distribuição
recíproca dos honorários advocatícios de sucumbência, a adoção de entendimento
diverso, conforme pretendido, implicaria o reexame do contexto fático-probatório
dos autos, circunstância que redundaria na formação de novo juízo acerca dos
fatos e provas, e não de valoração dos critérios jurídicos concernentes à utilização
da prova e à formação da convicção, o que impede o seguimento do recurso
especial. Sendo assim, incide a Súmula 7 do STJ, segundo a qual a pretensão de
simples reexame de prova não enseja recurso especial. 5. Agravo interno do
particular não provido.
(STJ - AgInt no AREsp: XXXXX SP XXXXX/XXXXX-7, Relator:
Ministro MANOEL ERHARDT (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TRF5), Data de Julgamento: 27/09/2021, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 29/09/2021)

21) Zélia e Joaquim são vizinhos há cerca de sete anos. Determinada


parede foi construída por Joaquim, mas, por defeitos na execução da obra,
está permitindo a infiltração da água da chuva, gerando danos à parede
limítrofe construída por Zélia. Inconformada, Zélia procura você como
advogado(a) a fim de ingressar com a medida judicial cabível. Analisando a
hipótese e, estando Zélia de acordo com o seu parecer técnico, você afora
ação judicial para o desfazimento da construção ou a reparação da obra
defeituosa.
a) Explique a modalidade de pedido formulada na petição inicial.
b) O valor da causa será atribuído considerado qual objeto e/ou
circunstância?

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c) Em caso de incorreção do valor da causa, o juiz pode corrigir de
ofício?
d) E o Réu, entendendo que o valor da causa está errado, pode
impugná-lo?
a) A modalidade do pedido formulada na petição inicial seria a modalidade de
pedido alternativo, de acordo com o disposto nos artigos 325 e 326, parágrafo
único CPC/15. Dessa forma, ao fazer o pedido do desfazimento da construção ou
da reparação da obra defeituosa, de forma alternativa.
b) O valor da causa será atribuído considerando os danos causados à Autora, com
a parede que possui infiltração, e considerando o valor para o desfazimento da
construção ou reparação da obra defeituosa. O valor da causa deverá ter como
base a soma dos valores de todos os pedidos, e havendo pedido alternativo, deverá
ser somado o de maior valor.
c) Sim, o juiz poderá corrigir de ofício, de acordo com o artigo 292, 3º do
CPC/15,
que concede ao juízo a possibilidade de corrigir o valor da causa quando verificar-
se que este não corresponde com o conteúdo patrimonial em discussão ou não
corresponde ao proveito econômico pretendido pelo autor.
d) De acordo com o artigo 293 do CPC/15, o réu poderá impugnar o valor da
causa em sede de contestação, sob pena de preclusão.

22) Diferencie a cognição exauriente da cognição sumária, fornecendo


um exemplo
de cada uma delas (baseado na doutrina ou na jurisprudência).
Cognição exauriente é aquele que se realiza após análise aprofundada dos
autos, em que se verifica o esgotamento do contraditório, e a apresentação de
todas as provas necessárias à solução da lide, comumente utilizadas na sentença
final.

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Já cognição sumária é aquela que o juiz faz de forma superficial, com base
em um julgamento de probabilidade, sem esgotar as provas conflitantes ou
probatórias, normalmente utilizadas em decisões preliminares.

23) Quais as diferenças entre tutela cautelar e antecipada?


A tutela provisória de urgência cautelar objetiva assegurar o resultado útil
do processo, sendo, portanto, assecuratória, possuindo caráter instrumental. Ainda,
o artigo 301 do CPC delimita a efetivação da medida cautelar, devendo esta
medida ser idônea para asseguração do direito.
Já a tutela provisória de urgência antecipada possui caráter satisfativo,
objetivando antecipar os efeitos de uma futura decisão de mérito. A tutela em
questão viabiliza a prática de um direito, desde que demonstrado em juízo de
cognição sumária a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao
resultado útil do processo. (artigo 300 CPC/15).
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24) O juiz pode “afastar” o requisito da irreversibilidade previsto no
art. 300, § 3o, do CPC e conceder uma tutela de urgência de natureza
antecipada?
Sim, a irreversibilidade do artigo 300, §3º do CPC/15 não é absoluta. Com
isso, a depender do caso concreto, o juiz poderá afastar o requisito da
irreversibilidade para conceder tutela de urgência de natureza antecipada.

25) Escolha uma jurisprudência sobre tutela de urgência de natureza


cautelar e explique o seu cabimento e finalidade.

26) Explique a estabilidade (art. 304, CPC) gerada em decorrência do


procedimento da tutela antecipada requerida em caráter antecedente.
Forneça exemplo de sua utilidade ao autor ou réu.
A tutela antecipada requerida em caráter antecedente busca a prática do direito,
devendo ser expressa na Petição Inicial, conforme expresso no artigo 303 do CPC/15.
Dito isso, a estabilização da tutela de urgência satisfativa antecedente, disposta no artigo
304 do CPC, mesmo que não faça coisa julgada (art. 304, §6º) é estável caso não haja
interposição de recurso (art. 304, caput).
Tal estabilidade garante que surtam os efeitos da decisão de imediato, só podendo
ser revisto, reformulado ou invalidado quando a parte interpõe recurso com intuito de
rever a decisão (art. 304, §2º e §3º).
Tem-se como por exemplo a exclusão do nome do autor em órgão de proteção ao
crédito, mesmo que seja reversível e não faça coisa julgada, possui um efeito prático
provisório, que só poderá ser revisto em sede de urgência quando houver interposição de
recurso.
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27) Na tutela de evidência é obrigatório o requisito da urgência? Ela
pode ser requerida em caráter antecedente? Fundamente.
Não é obrigatório o requisito de caráter de urgência na tutela de evidência e pode
ser concedida liminarmente em alguns casos específicos.
Em primeiro lugar, vale dizer que na tutela de evidência não há qualquer pedido
cautelar, exigindo-se unicamente, para a concessão o fumus boni iuris, não sendo
justificada pela urgência e sim pela evidência do direito do autor (BUENO, 2018, p. 814).
Ainda, com relação aos casos em que pode ser concedida a tutela de
evidência em caráter antecedente, estes estão dispostos nos incisos II e III do
artigo 311 do CPC, podendo ser concedida quando:
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental
adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a
ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;

Portando, a tutela de evidência é independente de periculum in mora,


podendo ter caráter liminar quando cumprir com alguns dos requisitos dos incisos
II e III do artigo 311 do CPC.

28) Apresente uma jurisprudência (apenas a ementa da decisão) sobre


um caso cível envolvendo litisconsórcio necessário ou sobre o unitário.
Explique o conceito do instituto escolhido (litisconsórcio necessário ou
unitário) e de que maneira foi aplicado ao caso escolhido. A jurisprudência
deve ser contemporânea ao CPC/15.

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O litisconsórcio necessário, conforme artigo 114 do CPC, ocorrerá quando
por disposição em lei ou quando pela natureza jurídica da relação, na qual a
eficácia da sentença depender de que sejam citadas todas as partes litisconsortes.

Ou seja, no caso de litisconsórcio necessário, é obrigatória a presença de


todos os litisconsortes, sob pena de sentença nula ou ineficaz (para os que não
foram
citados), vide artigo 115, I e II do CPC. De acordo com o parágrafo único do
referido artigo, quando caso de litisconsorte necessário, o juiz determinará que o
autor requeira a citação de todos que devem ser litisconsortes.

Trata-se de um litisconsórcio necessário a jurisprudência referida, pois


decorre de imposição legal, sendo de suma importância que todas as partes
compareçam em litisconsórcio passivo para concluírem a sentença de forma justa.

29) Cinquenta (50) adquirentes de lotes urbanos ajuizaram uma única


ação em face da loteadora para revisar as cláusulas contratuais. O juiz
deferiu a citação da loteadora. Como advogado(a) da loteadora, é possível
pleitear a limitação do litisconsórcio facultativo ativo ou em razão do
princípio do acesso à Justiça não é possível limitar o número de litisconsortes
ativos? Sendo possível, como o juiz pode decidir sobre o desmembramento do
processo?
Sim, é possível pleitear limitação do número de litisconsortes ativos no
litisconsórcio ativo facultativo, de acordo com o artigo 113, §1º do CPC/15,

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quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o
cumprimento da sentença.
Tal fator de limitação das partes é nomeado de litisconsórcio
multitudinário, onde o juiz pode determinar de ofício a separação das causas, ou
também pode ser requerido pelo réu.

30) Com base no art. 115 do CPC, o terceiro que não participou de
um processo como réu, em litisconsórcio unitário, sofrerá os ônus da
sentença? Como ele deverá reivindicar seus direitos, nos mesmos autos ou em
ação própria?
De acordo com o art. 115 do CPC, o terceiro que não participou de um
processo como réu em litisconsórcio unitário sofrerá o ônus da sentença, pois e se
declarará como nula, e no litisconsórcio unitário, a decisão deveria ser uniforme
em relação a todos que deveriam ter integrado o processo, portanto, se a sentença
for nula para um dos litisconsortes, será para os demais.

31) Numa ação de despejo, o réu (locatário) decidiu fazer acordo com
o autor (locador). O assistente simples do réu (sublocatário) não concorda
com a realização do acordo, pois acredita que a defesa pode sair vitoriosa.
Diante disso, protocolou petição requerendo ao juiz que não homologue os
termos da transação. O juiz pode homologar o acordo sem a anuência do
assistente simples?
Sim, o juiz poderá homologar o acordo sem anuência do assistente
simples, pois, insta salientar que o assistente é mero coadjuvante na relação
jurídica, sendo subordinado ao assistido, portanto, o terceiro não impede a
desistência, remissão ou renúncia do assistido, conforme como disposto nos
artigos 121 a 123 do CPC.

32) Qual a diferença entre denunciação da lide e chamamento ao


processo?
A denunciação da lide, exposta nos artigos 125 a 129 do CPC, pode ser
requerida tanto pela parte autora quanto pelo Réu. Neste tipo de intervenção de
terceiros apresentam-se as hipóteses da denúncia do alienante para exercer os

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direitos que a evicção lhe resulta, e, também, da denúncia daquele obrigado por lei
ou contrato para indenizar em ação regressiva.
Diferentemente do supramencionado, no chamamento ao processo, tal
requerimento somente pode ser realizado pelo réu, sendo possível resultar a
formação de um litisconsórcio passivo.
Assim como o chamamento ao processo, a denunciação da lide aborda dois
litígios em um único processo, resultando em uma economia processual.

33) a) Feita a denunciação da lide pelo réu, se o denunciado contestar


o pedido formulado pelo autor, como ficará o polo passivo da ação principal,
o denunciado atuará como assistente ou em litisconsórcio com o réu?
b) O juiz julgará primeiro a ação principal ou a denunciação da lide?
a) O assistente atuará como litisconsorte, junto ao réu, formando um
litisconsórcio passivo, de acordo com o artigo 128, I, do CPC.

b) O juiz julgará primeiro a ação principal, e posteriormente a denunciação


da lide. Caso o denunciante vença a ação principal, a denunciação não terá o seu
pedido examinado, na forma do Parágrafo único do artigo 129 do CPC. No
entanto, caso o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao
julgamento da denunciação da lide, artigo 129 do CPC.

34) É possível fazer negócio jurídico processual (art. 190, CPC) nas
modalidades de intervenção de terceiros? Explique e forneça exemplos
(citados na doutrina ou jurisprudência).
Segundo o art. 190 do CPC é possível, uma vez que tal artigo discorre a
respeito da autocomposição, que permite que as partes “estipular mudanças no
procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os
seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o
processo”.
Dessa maneira, é cabível encaixar um negócio jurídico na intervenção de
terceiro, uma vez que, participa do processo. Temos de exemplos, a assistência

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litisconsorcial, onde o assistente é uma espécie de substituto do autor/réu e não
está sujeito à decisão assistida.

35) Considerando que não é cabível a denunciação da lide no âmbito


do Juizado Especial Cível (art. 10, Lei no 9.099/95), qual fundamento
autoriza (ou não) o Enunciado no 82 do FONAJE?
O artigo 10 da Lei nº 9.099/95 dispõe que não será admitida a
denunciação da lide no procedimento dos Juizados Especiais Cíveis. Isso significa
que, nesse âmbito, não é possível incluir terceiros no processo por meio da
denunciação da lide, como ocorre em outros tipos de processos.
A razão para essa vedação está relacionada à simplicidade e celeridade dos
Juizados Especiais, que buscam resolver conflitos de forma rápida e acessível. A
inclusão de terceiros por meio da denunciação da lide poderia complicar e alongar
o procedimento, o que vai contra os princípios desses juizados.

36) Quais são as cartas existentes no CPC e as suas respectivas


finalidades?
Existem quatro tipos de cartas, de acordo com o artigo 237 do CPC, sendo
estas a carta de ordem; a carta rogatória; a carta precatória; e a carta arbitral, que
serão expostas a seguir.
A carta de orem será expedida pelo tribunal na hipótese necessidade de
comunicação com juízos superiores ou inferiores, ou seja, em casos que obtém
hierarquia.
A carta rogatória é enviada para que órgão jurisdicional estrangeiro
pratique ato de cooperação jurídica internacional, relativo a processo em curso
perante órgão jurisdicional brasileiro.
A carta precatória é expedida para órgão jurisdicional brasileiro de igual
categoria, mas em competência territorial distinta.
A carta arbitral é enviada em situações da existência da convenção da
arbitragem com necessidade de que o poder judicial realize um ato processual.

37) De que maneira os atos concertados (art. 69, IV e § 2o, I, CPC)


podem contribuir para a realização das citações e intimações?

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Os atos concertados são aqueles acordados entre juízes cooperantes, que
buscam a realização de atos ordinários de forma prática. Dito isso, os atos
concertados que estabelecem procedimento para a prática de citação e intimação
podem contribuir para a celeridade processual, visto que tange a realização de atos
ordinários, e até para encontrar a parte a ser citada, pois o acordo de cooperação
jurisdicional de ato concertado estabelecerá procedimento próprio para a
realização da citação e da intimação.

38) Qual a importância e os efeitos (art. 240, CPC) da citação no


processo civil?
A citação é o chamamento do réu, exequente ou interessado para ingressar
à relação processual e se tornar parte, independendo da vontade deste. Sem a
citação do réu, exequente ou interessado, o processo não estará formado, pois esta
é indispensável para a validade do processo.
O artigo 240 do CPC/15 é importante pois, quando da citação válida, a
parte obtém conhecimento da ação, resultando na possibilidade de indução de
litispendência, na capacidade de tornar litigiosa a coisa e na possibilidade de
constituir o devedor em mora.

39) Explique as novidades trazidas pela Lei n.o 14.195/2021 ao CPC


em relação à citação.
A Lei nº 14.195/21 trouxe como novidades para a citação:
a) O tempo máximo no qual a citação deverá ser efetivada, sendo este de
quarenta e cinco dias após a propositura da ação (art. 238, parágrafo
único);
b) A preferência da citação ser realizada por meio eletrônico, em até dois
dias úteis contados da decisão (art. 246);
c) A obrigação das empresas públicas e privadas de manterem cadastro nos
sistemas de processo em autos eletrônicos para recebimento de citações (art.
246,§1º) e, as consequências da ausência da confirmação da citação por essa
forma; fará com que seja expedida nova citação por correio, oficial de justiça, pelo
escrivão ou chefe de secretaria, ou por edital (art. 246, §1-A).

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§1-A, o réu citado deverá informar de pronto nos autos motivo pelo qual
não recebeu a citação por meio eletrônico (art. 246, §1º-B) e, caso não informe,
será considerado ato atentatório a dignidade da justiça sob pena de multa (art, 246,
§1º-C);
d) O acompanhamento de confirmação de recebimento e de código
identificarnas citações feitas por meio eletrônico (art. 246, §4º);
e) O compartilhamento de cadastro das empresas na Redesim com o Poder
Judiciário (art. 246, §6º), não estando sujeitas a obrigatoriedade de
existência de cadastro do §1º as microempresas e pequenas empresas que não
possuem cadastro na Redesim (art. 246, §5º);
f) As exceções para a citação não ser realizada por meio eletrônico (art.
247).

40) É possível fazer a citação via whatsapp, telegrama, instagram,


facebook, linkedin ou outros meios de comunicação e/ou redes sociais?
A comunicação por essa forma poderá ser considerada válida, ainda que
não exista previsão legal de citação por meio de aplicativo de mensagens, se
cumprir a finalidade de dar ao destinatário ciência inequívoca sobre a ação
judicial proposta contra ele.

41) O que é o Princípio da Instrumentalidade das Formas? Forneça


um exemplo de sua aplicação.
O princípio da instrumentalidade das formas segue o princípio do artigo
188 do CPC que também intertextualiza com o artigo 277, que menciona que os
fins justificam os meios, desde que não causem prejuízos. Portanto, há nulidade se
o objetivo não for atendido e gerado prejuízo.

42) Ao receber a petição inicial, quais as possíveis decisões que o juiz


pode proferir?
Existem 4 possíveis decisões que o juiz pode proferir ao receber a petição
inicial que diferem através de seu conteúdo. Primeiramente, insta salientar a
determinação da citação, estando a Petição Inicial em termos e de acordo com os

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requisitos do artigo 319 do CPC, o juiz despachará, ordenando a citação,
integrando o réu à relação processual.
O saneamento da Petição Inicial, é uma outra possível decisão do juiz, esta
ocorre quando há lacunas, defeitos ou irregularidades, mas se estes forem vícios
sanáveis o juiz não a indeferirá de plano, determinará que o Autor emende ou
complemente. Caso o Autor não conclua os vícios no prazo estabelecido pelo CPC
de 15 dias, a Petição Inicial será indeferida, que se configura como outra decisão
proferida pelo juiz e estabelece suas hipóteses no artigo 330 do CPC.
Além disso, é possível a improcedência liminar do pedido, onde ocorre
julgamento in limine litis de rejeição do pedido (julgamento de mérito negativo
imediato, independentemente de citação do réu).

43) Explique as hipóteses que autorizam o indeferimento da petição


inicial pelo juiz (art. 330) e forneça exemplo de ao menos uma das situações.
O artigo 330 do CPC esclarece que a Petição Inicial será indeferida quando
for inepta (quando houver defeito no pedido, sendo este indeterminado ou
ausente, e quando houver ausência de lógica), a parte for manifestamente
ilegítima, o autor carecido de interesse processual (a inexistência do direito de agir
pela parte autora, de forma que não configure a necessidade de tutela
jurisdicional) e se não atendida as prescrições dos arts. 106 e 321 do CPC.

44)Ao receber uma petição inicial para o primeiro despacho, o juiz


identifica que o caso é hipótese de aplicação incontestável do art. 332 do
CPC, diante disso, ele pode desde logo proferir sentença de improcedência
liminar do pedido ou deve antes intimar o autor para se manifestar?
(Fundamente a resposta com base nos artigos 9o; 10; 332, § 3o; 487, II,
parágrafo único, todos do CPC; art. 5o, LV, CF, e eventualmente outros que
entender pertinentes).
O artigo 332 do Código de Processo Civil (CPC) estabelece que "É defeso
ao juiz proferir decisão de mérito, sem que previamente se dê às partes
oportunidade de se manifestar sobre questões processuais que possam influenciar
no julgamento da lide". No entanto, o parágrafo 3º desse mesmo artigo traz

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exceções a essa regra, permitindo ao juiz julgar antecipadamente o pedido
quando:

1. "prescindir da produção de outras provas";


2. "considerar suficiente o conhecimento dos fatos, de direito ou de ambos,
já existentes nos autos".

Além disso, o artigo 9º do CPC estabelece que "não se proferirá decisão


contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida".
Diante disso, o juiz, ao identificar que o caso se enquadra nas hipóteses do
artigo 332 do CPC, pode sim proferir a sentença de improcedência liminar do
pedido desde logo, sem a necessidade de intimar o autor para se manifestar
previamente. Isso é possível quando, por exemplo, a questão é unicamente de
direito e as provas já existentes nos autos são suficientes para o julgamento.
No entanto, é fundamental que o juiz esteja seguro de que as condições
estabelecidas no artigo 332, § 3º, foram atendidas. Caso haja dúvidas sobre a
suficiência das provas ou se a matéria demandar uma análise mais aprofundada, o
juiz deve seguir o procedimento padrão, ou seja, oportunizar a manifestação
prévia das partes antes de proferir a sentença.
Essa abordagem está em consonância com os princípios do contraditório e
da ampla defesa, assegurados no artigo 5º, LV, da Constituição Federal, e visa
garantir que as partes tenham a oportunidade de se manifestar antes que uma
decisão de mérito seja proferida.

45) O que significa a expressão “quando não se admitir a


autocomposição” contida no art. 334, § 4o, inciso II, do CPC?
A expressão quando não se admitir composição diz respeitos aos casos que
não comportam autocomposição, ou seja, situações em que não cabem uma
audiência de conciliação e mediação, pois não se trata de uma resolução pelo
acordo. São os casos quando ambas as partes demonstram desinteresse expresso,
e, em direitos indisponíveis.

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46) Em caso (litígio) em que se admite a audiência de conciliação (art.
334, CPC), o juiz pode discricionariamente não designá-la? E as partes,
podem fazer um negócio jurídico processual atípico (art. 190, CPC)
extrajudicialmente para ela não ser designada num futuro processo judicial?
Sim, podem existir acordos parciais capazes de resolver parte da disputa,
já que uma reclamação pode abranger direitos propícios à autocomposição e
outros que não permitem tal abordagem. Dessa forma, se o acordo tiver sido
estabelecido em conformidade com os direitos suscetíveis à composição própria, e
a demanda passar a tratar dos indisponíveis, os quais não são passíveis de
negociação.

47) O que se entende por defesa processual e de mérito?


A defesa processual, também conhecida como argumentação defesa de
rito, possui um teor essencialmente formal, sendo indireta ao buscar impedir a
tutela jurisdicional almejada pelo autor, visando à desativação do processo sem
avaliação do mérito. Essas argumentações são classificadas como peremptórias
(quando aceitas, resultam na extinção do processo) ou dilatórias (quando aceitas,
não conduzem à extinção do processo, mas causam atraso ou ampliação do curso
do procedimento).

Por outro lado, a argumentação de mérito refere-se ao próprio evento


jurídico que constitui o mérito da causa, ou seja, essa argumentação visa atacar o
próprio evento ou suas implicações jurídicas. Essa argumentação pode ser direta
ou indireta, dilatória ou peremptória, dependendo de seus objetivos.
A título de exemplo de argumentação processual, menciona-se a alegação
de falta de condições da ação; e como exemplo de argumentação de mérito, tem-
se a alegação da ocorrência da prescrição no âmbito do caso.

48) O que são os princípios da eventualidade/concentração e o da


impugnação específica?
O Princípio da eventualidade/concentração está relacionado à obrigação do
demandado de apresentar todas as argumentações defensivas neste documento, ou
seja, é necessário expor todas as suas reivindicações, quer sejam de natureza

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processual ou substantiva. Por outro lado, o Princípio da concentração e da
impugnação específica estipula que é incumbência do demandado contestar de
maneira detalhada, ou seja, deve rebater todos os fatos alegados pelo demandante
na petição inicial, sujeito à ausência de contestação

49) Quais são os pressupostos específicos da reconvenção, de acordo


com o art. 343, CPC? Cite um caso em que é possível utilizar a
reconvenção.
Os pressupostos específicos da reconvenção, de acordo com o artigo 343
do
CPC, são a legitimidade da parte (do réu, contra o autor e terceiro, ou pelo réu
em litisconsórcio com terceiro); a conexão (conexão entre as duas causas, ou
conexão entre a defesa do réu e o pedido reconvencional); a competência; e o
rito (o procedimento da ação principal e a reconvenção devem ser os mesmos).
Um exemplo de uma possível situação em que a reconvenção é um ato cabível
é quando o autor e o réu não chegaram a um entendimento na rescisão
contratual e o demandante, ao se sentir prejudicado dentro da relação, recorre
ao sistema judiciário, optando por ingressar com uma ação para resolver a
controvérsia a seu favor. Em contrapartida, o demandado também se sente
prejudicado, utilizando também o sistema judiciário, por meio da reconvenção,
para resolver a questão, argumentando, conforme sua versão, os eventos que
acredita que o tornam "vítima" da situação.

50) O que é a revelia e quais os seus efeitos materiais e processuais?


Revelia trata-se de da presunção de veracidade dos eventos narrados pelo
autor da demanda. Em outras palavras, esta ocorre quando réu, mesmo sendo
notificado, permanece inativo no curso do processo, abstendo-se de apresentar
qualquer resposta.
Quando a parte omite a contestação às alegações feitas, estas são
consideradas como verdadeiras no âmbito do processo. Importante ressaltar que
ao réu é concedido o direito de se defender, no entanto, ele pode optar por manter-
se inerte; contudo, terá que suportar as consequências procedimentais, ou seja,

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estará sujeito a ônus, consistindo na presunção de veracidade de todos os eventos
narrados pelo demandante.

51) Num determinado processo cível, após a impugnação à


contestação, o juiz determina a intimação das partes para: a) especificarem
as provas que efetivamente pretendem produzir; b) apresentem, querendo,
consensualmente questões de fato e de direito. O autor protocola petição
requerendo prova oral (testemunhal) e o réu prova pericial. E ambos
informam que não têm interesse em apresentar consensualmente questões de
fato e de direito. O juiz entende que a causa é complexa na matéria de fato e
designa audiência de saneamento compartilhado. Pergunta-se: a) qual é o
objetivo da audiência e sua relação com o Princípio da Cooperação (art. 6o)?
b) as partes podem formalizar durante a audiência negócio jurídico
processual sobre questões de fato sem anuência do juiz? C) caso o juiz
entenda pelo deferimento apenas da prova oral, as partes, sem a anuência
dele, podem autorizar a produção da prova pericial, considerando que o
autor, após as explicações do réu, entendeu pertinente a sua produção?
a) O objetivo da audiência de saneamento compartilhado é discutir e
organizar questões processuais e de mérito, com base na cooperação entre as
partes e o juiz. O Princípio da Cooperação, estabelecido no artigo 6º, implica que
as partes e o juiz devem colaborar para a efetividade do processo.

b) Durante a audiência, as partes podem formalizar negócios jurídicos


processuais sobre questões de fato, desde que haja concordância do juiz, conforme
previsto no Código de Processo Civil (CPC).

c) Se o juiz decidir deferir apenas a prova oral e as partes desejarem, sem a


anuência do juiz, autorizar a produção da prova pericial, isso normalmente não
seria permitido. No entanto, se houver uma mudança de entendimento durante a
audiência e o juiz considerar adequada a produção da prova pericial, as partes
podem expressar sua concordância naquele momento, desde que isso esteja de
acordo com a decisão do juiz. A cooperação entre as partes e o juiz continua a ser
um elemento importante nesse contexto.

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