Você está na página 1de 62

NORMAS

PROCESSUAIS
CIVIS
O que é
processo
→ método de criação de normas jurídicas: no caso específico do Poder Judiciário, o juiz, ao
aplicar as normas gerais a um caso concreto trazido em juízo, cria uma lei específica, dentro
do processo, para as partes envolvidas – que se dá quando ele profere uma sentença. Em
outras palavras, a sentença vale como lei para elas, seja favorável ou desfavorável aos seus
interesses, devendo ser obrigatoriamente cumprida.

→ ato jurídico complexo: diz-se que o processo é um conjunto de atos jurídicos realizados
sucessivamente que se relacionam ordenadamente entre si, constituindo parte integrante
do processo destinado a realizar uma finalidade – nesse caso, a de pôr fim ao conflito de
interesses mencionado por nós logo acima, através de um procedimento definido por lei.

→ relação jurídica: o processo, sob esse enfoque, é analisado tendo por base as relações
que são estabelecidas entre os vários sujeitos que nele atuam. Assim, podem ser formadas
inúmeras relações entre eles. Em seu conjunto, elas podem ser consideradas como uma das
bases do processo.
Normas Fundamentais do Processo Civil

(...) princípios são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a
compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua integração e compreensão quer para a
elaboração de novas normas”. Assim, os princípios são fundamentais quando se interpreta e dá
sentido a uma norma jurídica, podendo-se extrair significados que extrapolem a pura letra da lei,
por exemplo, bem como servir de parâmetro de aplicação de determinado preceito legal.

As regras, por sua vez, disciplinam uma determinada situação, expressam um comportamento que deve
ser adotado, trazem uma hipótese que, se verificada, resultará consequências precisas e pré-estabelecidas.
Princípio do Devido Processo Legal

Art. 5º, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;

O princípio do devido processo legal protege as pessoas contra o Estado, que é a parte mais
forte dessa relação. No âmbito dos processos judiciais, temos os juízes. Eles agem em nome
do Estado e exercem a função jurisdicional: por esse motivo devem respeitar uma série de
normas protetivas dos bens e da liberdade das pessoas!
☼ Dimensão formal (ou processual): representa todo o rol de direitos e garantias, bem como
todo o regramento legal que deve ser obedecido com o objetivo de conferir validade ao
processo. É garantido pela observação do contraditório, da publicidade dos atos processuais,
pela motivação das decisões judiciais bem como por todas as outras regras e princípios.

☼ Dimensão material (ou substancial): por essa dimensão, o devido processo legal é
respeitado se os órgãos julgadores observarem não apenas as normas processuais, mas
também o dever de proporcionalidade e de razoabilidade , instrumentos que servem como
“freio” aos atos praticados pelo Poder Público em sua função jurisdicional.
Informativo nº 0658
Publicação: 8 de novembro de 2019.
PRIMEIRA TURMA
Processo REsp 1.817.179-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade,
julgado em 17/09/2019, DJe 02/10/2019

Tema: Descaminho e/ou contrabando praticado pelo condutor-locatário. Veículo


transportador. Propriedade. Locadora de veículos. Não participação no ilícito. Pena de
perdimento. Ilegalidade.

Destaque: É ilegal a pena de perdimento do veículo pela locadora que não teve
participação no crime de contrabando e/ou descaminho.
Informações do Inteiro Teor
Só a lei pode prever a responsabilidade pela prática de atos ilícitos e estipular a
competente penalidade para as hipóteses que determinar, ao mesmo tempo em que
ninguém pode ser privado de seus bens sem a observância do devido processo legal.
À luz dos arts. 95 e 104 do DL n. 37/1966 e do art. 668 do Decreto n. 6.759/2009, a pena de
perdimento do veículo só pode ser aplicada ao proprietário do bem quando, com dolo,
proceder à internalização irregular de sua própria mercadoria.
Assim, a pessoa jurídica, proprietária do veículo, que exerce a regular atividade de locação,
com fim lucrativo, não pode sofrer a pena de perdimento em razão de ilícito praticado pelo
condutor-locatário, salvo se tiver participação no ato ilícito para internalização de
mercadoria própria, exceção que, à míngua de previsão legal, não pode ser equiparada à
não investigação dos "antecedentes" do cliente, os quais, em tese, poderiam indicar
eventual intenção de prática de descaminho/contrabando.
Informativo nº 0642
Publicação: 15 de março de 2019.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.729.143-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
12/02/2019, DJe 15/02/2019

Tema: Art. 941, § 3º, CPC/2015. Ausência de juntada dos votos divergentes. Nulidade do
acórdão configurada. Republicação. Necessidade. Nulidade do julgamento. Inexistência

Destaque: Haverá nulidade do acórdão que não contenha a totalidade dos votos
declarados, mas não do julgamento, se o resultado proclamado refletir, com exatidão, a
conjunção dos votos proferidos pelos membros do colegiado.
Informações do Inteiro Teor
A razão de ser do § 3º do art. 941 do CPC/2015 está ligada, sobretudo, à exigência de
fundamentação, inerente a todas as decisões judiciais, nos termos do art. 93, IX, da
Constituição Federal e, em consequência, à observância do direito fundamental ao devido
processo legal, na medida em que, na perspectiva endoprocessual, a norma garante às
partes o conhecimento integral do debate prévio ao julgamento, permitindo o exercício
pleno da ampla defesa, e, na perspectiva extraprocessual, confere à sociedade o poder de
controlar a atividade jurisdicional, assegurando a independência e a imparcialidade do
órgão julgador.
Noutra toada, a publicação do(s) voto(s) vencido(s) municia a comunidade jurídica de
fundamentos outros que, embora não constituam a razão de decidir (ratio decidendi) do
colegiado, têm o condão de instigar e ampliar a discussão acerca das questões julgadas pelas
Cortes brasileiras e pode, inclusive, sinalizar uma forte tendência do tribunal à mudança de
posicionamento.
Assim sendo, afirma a doutrina que "o acórdão, para o CPC/2015, compõe-se da totalidade
dos votos, vencedores e vencidos".
Nesse sentido, a inobservância da regra do § 3º do art. 941 do CPC/2015 constitui vício de
atividade ou erro de procedimento (error in procedendo), porquanto não diz respeito ao teor
do julgamento em si, mas à condução do procedimento de lavratura e publicação do
acórdão, já que este representa a materialização do respectivo julgamento.
Assim, há nulidade do acórdão, por não conter a totalidade dos votos declarados, mas não
do julgamento, pois o resultado proclamado reflete, com exatidão, a conjunção dos votos
proferidos pelos membros do colegiado.
Cabe ao tribunal de origem providenciar a juntada do(s) voto(s) vencido(s) declarado(s),
observando, para tanto, as normas de seu regimento interno, e, em seguida, promover a sua
republicação, nos termos do § 3º do art. 941 do CPC/2015, abrindo-se, em consequência,
novo prazo para eventual interposição de recurso pelas partes.
Princípio da Razoabilidade e da Proporcionalidade

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do
bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Informativo nº 0605
Publicação: 12 de julho de 2017.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.602.678-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade,
julgado em 23/5/2017, DJe 31/5/2017.

Tema: Tamanho mínimo de letra em anúncios. Aplicação da norma do art. 54 § 3, do CDC.


Analogia. Descabimento. Elementos de distinção entre o contexto dos anúncios e o contexto
dos contratos.

Destaque: A previsão de tamanho mínimo de fonte em contratos de adesão estabelecido


no art. 54, § 3º, do CDC não é aplicável ao contexto das ofertas publicitárias.
Informações do Inteiro Teor
A polêmica central do presente recurso diz respeito à possibilidade de aplicação, por
analogia, do enunciado normativo do art. 54, § 3º, do Código de Defesa do Consumidor, aos
anúncios.
Assim prevê o citado dispositivo: “§ 3º - Os contratos de adesão escritos serão redigidos em
termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior
ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.”
Inicialmente, consigna-se que a integração do ordenamento jurídico por meio da analogia
pressupõe que a identidade entre os dois casos deve atender ao elemento em vista do qual o
legislador formulou a regra que disciplina o caso previsto.
Na discussão posta, não se verifica esse elemento de identidade, pelo contrário, existem
importantes elementos de distinção.
Uma distinção evidente diz respeito aos sujeitos da relação jurídica.
Num contrato, por exemplo, a relação jurídica se estabelece entre um número determinado
de pessoas (os contratantes), ao passo que, no âmbito da oferta ao público, a relação jurídica
se estabelece entre o anunciante e um número indeterminado de pessoas (toda a
coletividade exposta à publicidade). Outra distinção diz respeito aos custos do suporte material
do contrato e do anúncio.
Tratando-se de um contrato, o espaço ocupado pelas letras no papel não é significativo em
termos de custo, pois o custo de uma folha de papel é desprezível em relação ao preço dos
produtos e serviços.
Tratando-se, porém, de um anúncio na imprensa, o espaço ocupado pelas letras tem um custo
significativo, sendo, por vezes, superior ao preço do produto anunciado. Uma última distinção
relaciona-se ao aspecto visual do texto (design gráfico), que é indiferente no âmbito de um
contrato, mas é bastante relevante no âmbito das ofertas publicitárias.
Essas significativas diferenças entre o contexto de um contrato e o contexto de uma oferta
publicitária tornam inviável a pretendida aplicação da analogia. Sob outra ótica, a fixação do
corpo 12 como mínimo para o tamanho das letras nos anúncios não resiste a um juízo de
razoabilidade. Efetivamente, observa-se que a imprensa se utiliza de fontes de tamanho
menores do que o corpo 12 na seção de classificados dos jornais, onde se concentra a maior
parte dos anúncios ao mercado consumidor. Desse modo, uma norma que estabelecesse o
corpo 12 como tamanho mínimo da fonte implicaria mudança na diagramação dos jornais,
tornando mais onerosos os anúncios. Não parece razoável, portanto, que tamanhas
consequências sejam impostas pela via jurisprudencial, valendo-se da analogia.
Princípio do Juízo Natural

Art. 5º, LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente.

Podemos analisar o referido princípio sob dois critérios:


→ pelo critério objetivo, o princípio do juízo natural garante a todos que o órgão
jurisdicional seja preexistente ao fato que será julgado, ou seja, juiz natural é o juiz
competente em conformidade com as regras gerais e abstratas previamente estabelecidas.

→ pelo critério subjetivo, a jurisdição deve revestir-se do manto da imparcialidade, já que é


indispensável que o juiz e seus auxiliares (o perito, o escrivão, os conciliadores e mediadores
e todos os outros) atuem da forma mais imparcial e desinteressada possível, sem prejudicar
nem beneficiar qualquer das partes.
Informativo nº 0644
Publicação: 12 de abril de 2019.
PRIMEIRA TURMA
Processo AREsp 832.354-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado em
21/02/2019, DJe 19/03/2019

Tema: Medida cautelar preparatória. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário.


Débitos referentes a autuações fiscais distintas. Conexão com anterior medida cautelar de
mesma finalidade. Inexistência.

Destaque: O vínculo de conexão a justificar a reunião de medidas cautelares preparatórias


está vinculado com a identidade de objeto e/ou de causa de pedir existente entre as ações
principais a serem propostas e não do processo cautelar em si.
Informações do Inteiro Teor
Cinge-se a controvérsia a definir se a anterior distribuição de medida cautelar preparatória
de suspensão da exigibilidade de crédito tributário mediante depósito integral (art. 151, II,
do CTN) gera vínculo de conexão com outra medida cautelar distribuída com a mesma
finalidade, mas que se refere a autuação fiscal diversa, na qual se imputaria a infringência
de diferentes normas da legislação de regência do ICMS.
É bem verdade que a conexão entre ações deve ser analisada de maneira flexível, devendo
ser reconhecida sempre que exista o risco de decisões judiciais conflitantes, ainda que os
feitos não guardem perfeita identidade entre objeto e/ou causa de pedir.
Todavia esse entendimento não se aplica aos casos em que se controverte sobre a conexão
entre medidas cautelares preparatórias, pois a pretensão cautelar de suspender a
exigibilidade do crédito tributário mediante depósito integral não caracteriza o objeto ou a
causa de pedir de que tratava o art. 103 do CPC/1973.
Com efeito, dispunha o art. 800 do CPC/1973 que as medidas cautelares preparatórias
deviam ser requeridas ao juiz competente para conhecer da ação principal. Em face dessa
previsão normativa, o juízo a respeito da conexão entre ações cautelares preparatórias deve
levar em conta a eventual identidade de objeto e/ou de causa de pedir das ações principais a
a serem propostas e não do processo cautelar em si. E nem poderia ser diferente já que o
processo cautelar, porquanto acessório, guarda vínculo de dependência com o processo
principal e, por isso, o seu juízo natural deve seguir as regras de competência jurisdicional,
dentre elas as relativas à conexão, aplicável ao feito matriz.
Assim, fica claro que as medidas cautelares manejadas com o objetivo de suspender a
exigibilidade do crédito tributário mediante depósito judicial não guardam entre si vínculo
jurídico apto a configurar a hipótese de conexão e a distribuição por dependência, visto que
tais medidas são preparatórias de ações antiexacionais (anulatórias) independentes, voltadas
contra autuações fiscais distintas e respaldadas em fundamentos legais também diferentes.
Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa

Art. 5º, LV: Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes

→ Dimensão formal: representa o conteúdo mínimo, que é o direito das partes de participar
dos atos do processo. Essa garantia é cumprida na medida em que lhes seja assegurada a
ciência dos termos e atos do processo. Mas não é só isso: é necessário que lhes seja
oportunizada a possibilidade de reação: seja oferecendo uma contestação , interpondo um
recurso, manifestando ciência da decisão, dentre várias outras possibilidades!

→ Dimensão material: não basta a parte participar do processo. É necessário que ela seja
ouvida em condições de poder influenciar a decisão que será proferida, seja com
argumentos, ideias, alegando fatos etc. - essa faceta do contraditório se traduz no princípio
da ampla defesa!
Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa

Art. 9º CPC. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente
ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se
trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e


faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de
sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Informativo nº 0668
Publicação: 24 de abril de 2020.
PRIMEIRA SEÇÃO
Processo PUIL 372-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Seção, por unanimidade, julgado
em 11/03/2020, DJe 27/03/2020

Tema: Código de trânsito brasileiro. Auto de infração. Notificação. Obrigatoriedade. Remessa


postal. Aviso de recebimento. Desnecessidade. Previsão legal. Inexistência.

Destaque: É obrigatória a comprovação do envio da notificação da autuação e da


imposição da penalidade de trânsito, mas não se exige que sejam acompanhadas de aviso
de recebimento.
Informações do Inteiro Teor
Em observância ao princípio insculpido no art. 5º, LV, da Constituição Federal, o Código de
Trânsito Brasileiro determina que a autoridade de trânsito deve expedir a notificação do
cometimento da infração no prazo de até 30 (trinta) dias, caso o condutor não seja
cientificado no local do flagrante, para fins de defesa prévia (arts. 280, VI, e 281 do CTB),
bem como acerca da imposição da penalidade e do prazo para a interposição de recurso ou
recolhimento do valor da multa (art. 282 do CTB).
Destaca-se que a legislação especial é imperativa quanto à necessidade de garantir a ciência
do infrator ou do responsável pelo veículo da aplicação da penalidade, seja por remessa
postal (telegrama, sedex, cartas simples ou registrada) ou por "qualquer outro meio
tecnológico hábil" que assegure o seu conhecimento, mas não obriga ao órgão de trânsito à
expedição da notificação mediante Aviso de Recebimento (AR).
Se o CTB reputa válidas as notificações por remessa postal, sem explicitar a forma de sua
realização, tampouco o CONTRAN o faz. Não há como atribuir à Administração Pública uma
obrigação não prevista em lei ou, sequer, em ato normativo, sob pena de ofensa aos
princípios da legalidade, da separação dos poderes e da proporcionalidade, considerando o
alto custo da carta com AR e, por conseguinte, a oneração dos cofres públicos.
O envio da notificação, por carta simples ou registrada, satisfaz a formalidade legal, assim
não há se falar em ofensa ao contraditório e à ampla defesa no âmbito do processo
administrativo, até porque, se houver falha nas notificações, o art. 28 da Resolução n.
619/2016 do Contran prevê que "a autoridade de trânsito poderá refazer o ato, observados
os prazos prescricionais".
Princípio da Inércia e do Impulso Oficial

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo
as exceções previstas em lei.

Uma vez instaurado, o processo desenvolve-se por impulso oficial – independentemente da


vontade das partes, pois os juízes e servidores praticam atos que dão seguimento ao
processo, como atos ordinatórios que determinam a juntada de determinados documentos
ao processo; logo em seguida, o juiz profere um despacho determinando que as partes se
manifestem a respeito do documento anteriormente juntado. E por aí vai – o andamento do
processo é reflexo do princípio do impulso oficial.
Informativo nº 0652
Publicação: 16 de agosto de 2019.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.655.655-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 25/06/2019, DJe 01/07/2019

Tema: Demanda executiva. Polo passivo. Inclusão. Embargos do devedor. Oposição. Ato
incompatível com a vontade de recorrer. Não ocorrência.

Destaque: Não configura ato incompatível com a vontade de recorrer a oposição de


embargos do devedor pela parte que recorreu contra decisão que incluiu seu nome no polo
passivo da execução.
Informações do Inteiro Teor
O artigo 503 do CPC/1973, mantido em sua essência no artigo 1.000 do CPC/2015, dispõe:
"A parte, que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a decisão, não poderá
recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem reserva alguma, de um
ato incompatível com a vontade de recorrer". Segundo a doutrina, a aquiescência tácita há
de se inferir de fatos inequívocos, absolutamente inconciliáveis com a impugnação da
decisão. Assim, não configura preclusão lógica a prática de ato próprio do impulso oficial,
como é a apresentação de defesa em processo em curso, por exemplo. Nesse contexto, não
é possível concluir que a oposição de embargos à execução possa ser considerada
aceitação tácita da decisão que determinou a inclusão dos sujeitos no polo passivo da
execução. A apresentação dos embargos ao processo executivo, a fim de evitar o
perecimento do direito de defesa, está destituída de qualquer caráter de espontaneidade
que possa sugerir a aquiescência tácita e a ocorrência de preclusão lógica pela prática de ato
incompatível com a vontade de recorrer. Acrescenta-se que, na linha da jurisprudência
desta Corte, havendo dúvida acerca da anuência da recorrente à decisão agravada - que
deve ser inequívoca -, a solução que melhor se amolda à instrumentalidade inerente ao
processo civil deve ser no sentido do prosseguimento do julgamento do recurso.
Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição (Princípio do Acesso à Justiça)

Art. 5º, XXXV, CF: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito.

Art. 3º CPC Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.


§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.

A referida lei é a Lei n. 9307/96, que dispõe sobre a arbitragem e permite que as partes
atribuam a solução de seu conflito a um árbitro, que irá proferir uma decisão com a mesma
força que uma sentença, sendo desnecessária uma posterior homologação pelo Poder
Judiciário.
Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição (Princípio do Acesso à Justiça)

→ Na conciliação, existe a figura de um conciliador que, no curso do processo, sugere


soluções para que as partes cheguem a um acordo (seja interferindo, seja aconselhado).
Aqui, as relações entre as partes são episódicas, ou seja, não há um vínculo anterior entre
elas.

→ Na mediação, o mediador não sugere ativamente soluções para o conflito: ele cria um
ambiente para que isso aconteça, auxiliando e estimulando as partes a restabelecer a
comunicação entre elas, as quais possuem relações continuadas ou um vínculo anterior,
como no direito de família, por exemplo.
Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição (Princípio do Acesso à Justiça)

Art. 3º, § 2º O Estado PROMOVERÁ, sempre que possível, a solução consensual dos
conflitos.

Art. 3º, § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos


deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do
Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.
Informativo nº 0664
Publicação: 28 de fevereiro de 2020.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.807.216-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 04/02/2020, DJe 06/02/2020

Tema: Cumprimento de sentença condenatória de alimentos. Exame da gratuidade a partir


da situação econômica do representante legal do menor. Impossibilidade. Presunção de
insuficiência econômica do menor.

Destaque: Em ação judicial que versa sobre alimentos ajuizada por menor, não é admissível
que a concessão da gratuidade de justiça esteja condicionada a demonstração de
insuficiência de recursos de seu representante legal.
Informações do Inteiro Teor
O direito ao benefício da gratuidade de justiça possui natureza individual e personalíssima,
não podendo ser automaticamente estendido a quem não preencha os pressupostos legais
para a sua concessão e, por idêntica razão, não se pode exigir que os pressupostos legais
que autorizam a concessão do benefício sejam preenchidos por pessoa distinta da parte,
como o seu representante legal.
Em se tratando de direito à gratuidade de justiça pleiteado pelo menor, é apropriado que,
inicialmente, incida a regra do art. 99, §3º, do novo CPC, deferindo-se o benefício ao menor
em razão da presunção de sua insuficiência de recursos decorrente de sua alegação,
ressalvando-se, todavia, a possibilidade de o réu demonstrar, com base no art. 99, §2º, do
novo CPC, a posteriori, a ausência dos pressupostos legais que justificam a gratuidade,
pleiteando, em razão disso, a revogação do benefício concedido.
Essa forma de encadeamento dos atos processuais privilegia, a um só tempo, o princípio da
inafastabilidade da jurisdição, pois não impede o imediato ajuizamento da ação e a prática
de atos processuais eventualmente indispensáveis à tutela do direito vindicado, e também
o princípio do contraditório, pois permite ao réu que produza prova, ainda que indiciária,
de que não se trata de hipótese de concessão do benefício.
Deve também ser levada em consideração a natureza do direito material que é objeto da
ação e, nesse contexto, não há dúvida de que não pode existir restrição injustificada ao
exercício do direito de ação em que se busque o adimplemento de obrigação de natureza
alimentar.
Com efeito, o fato de a representante legal das partes possuir atividade remunerada e o
elevado valor da obrigação alimentar que é objeto da execução não podem, por si só,
servir de empeço à concessão da gratuidade de justiça aos menores credores dos
alimentos.
Princípio da Isonomia Processual

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e


faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de
sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

Obs: o art. 71 da Lei nº 10.741/2003 – o Estatuto do Idoso - assegura prioridade na


tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em
que figure como parte ou interveniente pessoa idosa, ou seja, com idade igual ou superior a
60 anos, em qualquer instância. No entanto, os idosos com mais de 80 anos terão uma
“prioridade maior”. Assim, por exemplo, havendo dois idosos (um com 72 e outro com 85
anos), o processo daquele com 85 anos será tramitado de forma prioritária em relação ao do
de 72 anos.
Informativo nº 0662
Publicação: 31 de janeiro de 2020.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.846.109-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 10/12/2019, DJe 13/12/2019

Tema: Instauração de IRDR. Suspensão do processo em 1º grau. Procedimento de distinção


(distinguishing) do art. 1.037, §§ 9º a 13 do CPC/2015. Aplicabilidade. Decisão interlocutória
que resolve o pedido de distinção em IRDR. Agravo de instrumento cabível.

Destaque: O procedimento de distinção (distinguishing) previsto no art. 1.037, §§ 9º e 13,


do CPC/2015, aplica-se também ao incidente de resolução de demandas repetitivas - IRDR.
Informações do Inteiro Teor
Os recursos especiais e extraordinários repetitivos e o IRDR compõem, na forma do art.
928, I e II, do CPC/2015, um microssistema de julgamento de questões repetitivas, devendo
o intérprete promover, sempre que possível, a integração entre os dois mecanismos que
pertencem ao mesmo sistema de formação de precedentes vinculantes.
Os vetores interpretativos que permitirão colmatar as lacunas existentes em cada um desses
mecanismos e promover a integração dessas técnicas no microssistema são a inexistência de
vedação expressa no texto do CPC/2015 que inviabilize a integração entre os instrumentos e
a inexistência de ofensa a um elemento essencial do respectivo instituto.
Não há diferença ontológica e nem tampouco justificativa teórica para tratamento
assimétrico entre a alegação de distinção formulada em virtude de afetação para julgamento
sob o rito dos recursos repetitivos e em razão de instauração do incidente de resolução de
demandas repetitivas, pois ambos os requerimentos são formulados após a ordem de
suspensão emanada pelo Tribunal, tem por finalidade a retirada da ordem de suspensão
de processo que verse sobre questão distinta daquela submetida ao julgamento
padronizado e pretendem equalizar a tensão entre os princípios da isonomia e da
segurança jurídica, de um
lado, e dos princípios da celeridade, economia processual e razoável duração do processo,
de outro lado. Considerando que a decisão interlocutória que resolve o pedido de distinção
em relação a matéria submetida ao rito dos recursos repetitivos é impugnável
imediatamente por agravo de instrumento (art. 1.037, § 13, I, do CPC/2015), é igualmente
cabível o referido recurso contra a decisão interlocutória que resolve o pedido de distinção
em relação a matéria objeto de IRDR.
Examinado detalhadamente o procedimento de distinção previsto no art. 1.037, §§ 9º a 13,
constata-se que o legislador estabeleceu detalhado procedimento para essa finalidade,
dividido em cinco etapas: (i) intimação da decisão de suspensão; (ii) requerimento da parte,
demonstrando a distinção entre a questão debatida no processo e àquela submetida ao
julgamento repetitivo, endereçada ao juiz em 1º grau; (iii) abertura de contraditório, a fim de
que a parte adversa se manifeste sobre a matéria em 05 dias; (iv) prolação de decisão
interlocutória resolvendo o requerimento; (v) cabimento do agravo de instrumento em face
da decisão que resolve o requerimento
Princípio da Razoável Duração do Processo

Art. 5º, LXXVIII CF: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantem a celeridade de sua tramitação.

A Convenção Americana dos Direitos Humanos - Pacto de San Jose da Costa Rica
Art. 8°: Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada
contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista,
fiscal ou de qualquer outra natureza")

Art. 4º CPC. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do
mérito, incluída a atividade satisfativa.
Informativo nº 0658
Publicação: 8 de novembro de 2019.
PRIMEIRA TURMA
Processo REsp 1.735.097-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade,
julgado em 08/10/2019, DJe 11/10/2019

Tema: Sentença ilíquida contra o INSS. Art. 496, § 3º, I, CPC/2015. Novos parâmetros.
Condenação ou proveito econômico inferior a mil salários mínimos. Remessa necessária.
Dispensa. Súmula 490/STJ. Inaplicabilidade.

Destaque: Após a entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015, é dispensável a


remessa necessária nas sentenças ilíquidas proferidas em desfavor do INSS, cujo valor
mensurável da condenação ou do proveito econômico seja inferior a mil salários mínimos.
Informações do Inteiro Teor
A orientação da Súmula n. 490 do STJ não se aplica às sentenças ilíquidas nos feitos de
natureza previdenciária a partir dos novos parâmetros definidos no art. 496, § 3º, I, do
CPC/2015, que dispensa do duplo grau obrigatório as sentenças contra a União e suas
autarquias cujo valor da condenação ou do proveito econômico seja inferior a mil salários
mínimos.
Registre-se que, neste ponto, o CPC/2015 não inovou, porquanto o Código de Processo Civil
de 1973 também disciplinava da mesma forma, quando dispensava a remessa necessária
"sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60
(sessenta) salários mínimos" (art. 475, § 2º, CPC/1973).
O ponto distinguidor está no valor da condenação, ou do proveito econômico, que sofreu
uma alteração substancial. Antes eram dispensadas da remessa necessária as sentenças
condenatórias até sessenta salários mínimos.
Atualmente, porém, a lei traça um escalonamento entre os entes públicos, dispensando do
duplo grau obrigatório aquelas sentenças contra a União, e suas autarquias, cujo limite seja
inferior a mil salários mínimos.
A elevação do limite para conhecimento da remessa necessária significa uma opção pela
preponderância dos princípios da eficiência e da celeridade na busca pela duração razoável
do processo, pois, além dos critérios previstos no § 4º do art. 496 do CPC/2015, o legislador
elegeu também o do impacto econômico para impor a referida condição de eficácia de
sentença proferida em desfavor da Fazenda Pública (§ 3º).
A novel orientação legal atua positivamente tanto como meio de otimização da prestação
jurisdicional – ao tempo em que desafoga as pautas dos tribunais – quanto como de
transferência aos entes públicos e suas respectivas autarquias e fundações da prerrogativa
exclusiva sobre a rediscussão da causa, que se dará por meio da interposição de recurso
voluntário.
Não obstante a aparente iliquidez das condenações em causas de natureza previdenciária,
a sentença que defere benefício previdenciário é espécie absolutamente mensurável, visto
que pode ser aferível por simples cálculos aritméticos, os quais são expressamente
previstos na lei de regência, e são realizados pelo próprio INSS.
Na vigência do Código Processual anterior, a possibilidade de as causas de natureza
previdenciária ultrapassarem o teto de sessenta salários mínimos era bem mais factível,
considerado o valor da condenação atualizado monetariamente.
Após o CPC/2015, ainda que o benefício previdenciário seja concedido com base no teto
máximo, observada a prescrição quinquenal, com os acréscimos de juros, correção
monetária e demais despesas de sucumbência, não se vislumbra, em regra, como uma
condenação na esfera previdenciária venha a alcançar os mil salários mínimos.
Princípio da Boa-fé Processual

Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo
com a boa-fé.

“(...) A boa-fé objetiva se apresenta como uma exigência de lealdade, modelo objetivo de
conduta, arquétipo social que impõe o poder-dever de cada pessoa honesta, escorreita e
leal” (STJ, 3ª TURMA, REsp 803.481/GO, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 28/06/2007, DJE:
01/08/2007, p. 462).
Princípio da Cooperação

Art. 6º: Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em
tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

→ Deve o magistrado cumprir com o seu dever de esclarecimento: ou seja, se esclarecer


junto às partes quanto às dúvidas que ele tenha sobre as suas alegações, pedidos ou
manifestações em juízo, para evitar decisões tomadas levando em conta percepções
equivocadas.
→ Além disso, é necessário que o juiz observe o dever de consulta: não pode ele resolver ou
decidir questão ou matéria sobre a qual ainda não se pronunciou, sem antes ouvir (consultar)
as partes.
→ Por fim, graças ao dever de prevenção, deve o magistrado alertar as partes sobre
possíveis vícios no processo capazes de extinguir o processo sem resolução do mérito, ou
seja, encerrá-lo sem que o pedido da parte seja por ele analisado.
Princípio da Cooperação

Isso se dá porque o novo CPC preza pelo princípio da primazia do julgamento do mérito,
dever decorrente do princípio da cooperação, em que o julgador deve procurar corrigir os
vícios e defeitos processuais para que seja proferida uma decisão que analise o mérito da
causa, em detrimento daquela decisão que extinga o processo sem a análise do que foi
pedido pelo autor na petição inicial.

Art. 932, p. único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo
de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a
documentação exigível.
Informativo nº 0592
Período: 19 de outubro a 8 de novembro de 2016.
TERCEIRA TURMA
Processo REsp 1.622.386-MT, Rel. Ministra Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
20/10/2016, DJe 25/10/2016.

Tema: Julgamento de agravo regimental. Mera reprodução da decisão monocrática. Não


apreciação de questões relevantes.

Destaque: É vedado ao relator limitar-se a reproduzir a decisão agravada para julgar


improcedente o agravo interno.
Informações do Inteiro Teor
Cingiu-se a controvérsia a decidir sobre a invalidade do julgamento proferido, por ausência
de fundamentação, a caracterizar violação do art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015. Sustentou-se
que tribunal de origem, ao julgar o agravo regimental que interpusera, limitou-se a
reproduzir a decisão monocrática do relator, sem enfrentar os argumentos deduzidos,
capazes de alterar o resultado do julgamento.
Conquanto o julgador não esteja obrigado a rebater, com minúcias, cada um dos
argumentos deduzidos pelas partes, o novo Código de Processo Civil, exaltando os
princípios da cooperação e do contraditório, impõe-lhe o dever, dentre outros, de
enfrentar todas as questões capazes de, por si sós e em tese, infirmar a sua conclusão
sobre os pedidos formulados, sob pena de se reputar não fundamentada a decisão
proferida (art. 489, § 1º, IV).
Ademais, conforme prevê o § 3º do art. 1.021 do CPC/2015, é vedado ao relator limitar-se a
reproduzir a decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno, ainda que “com o
fito de evitar tautologia”.
Princípio da Publicidade
Constituição Federal:

Art. 5º, LX: a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem.

Art. 93, IX: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença,
em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em
casos os quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não
prejudique o interesse público à informação. X as decisões administrativas dos tribunais
serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria
absoluta de seus membros; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
Princípio da Publicidade
Código de Processo Civil

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do
bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente
das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
Princípio da Publicidade
Código de Processo Civil
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os
processos:
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde
que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
§ 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir
certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
§ 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do
dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou
separação.
Informativo nº 0608
Publicação: 30 de agosto de 2017.
PRIMEIRA TURMA
Processo RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade, julgado em
13/6/2017, DJe 22/6/2017.

Tema: Concurso Público. Teste de aptidão física. Modificação na ordem de aplicação das
provas. Prévia divulgação por edital complementar. Isonomia. Legalidade.

Destaque: A simples alteração na ordem de aplicação das provas de teste físico em


concurso público, desde que anunciada com antecedência e aplicada igualmente a todos,
não viola direito líquido e certo dos candidatos inscritos.
Informações do Inteiro Teor
O ponto nodal do debate diz respeito à legalidade da inversão da ordem das provas do teste
de aptidão física em concurso público para provimento de cargos de agente prisional, que,
segundo disposição editalícia inicial, deveriam ser aplicadas em ordem específica.
Nesse contexto, a simples alteração na ordem de aplicação das provas, desde que
anunciada com antecedência e nos termos admitidos pelo edital do certame, não viola
direito líquido e certo dos candidatos.
Isto porque o procedimento assim balizado respeita os princípios constitucionais da
publicidade e da razoabilidade, previstos no artigo 37, caput, da Constituição Federal e nos
arts. 2º, parágrafo único, incisos I a VIII e XIII; 26 e 28 da Lei Federal n. 9.784/1999.
Além disso, o objetivo dos concursos públicos de provas ou provas e títulos, previstos nos
incisos I a IV do art. 37 da CF é assegurar a observância do princípio da isonomia para
ingresso nos quadros efetivos da Administração Pública.
Logo, se a alteração na ordem de aplicação das provas integrantes do teste físico foi
divulgada com antecedência e aplicada igualmente a todos os candidatos inscritos, não há
violação do princípio constitucional da isonomia, bem como não existe ilegalidade.
Regra da Ordem Cronológica de Julgamento

Primeiramente, vamos esclarecer um conceito muito utilizado no âmbito processual:


conclusão de processos para sentença (ou acórdão ).
Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de
conclusão para proferir sentença ou acórdão. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016).
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição
para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.

§ 2º Estão excluídos da regra do caput:


I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência
liminar do pedido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em
julgamento de casos repetitivos;
Regra da Ordem Cronológica de Julgamento
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas
repetitivas;
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932;
V - o julgamento de embargos de declaração;
VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça;
No art. 1.048 (causas em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 anos ou portadora
de doença grave, além dos procedimentos judiciais regulados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente);
No art. 20, Lei 12.016/09 (processos de mandado de segurança e recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais,
exceto "habeas corpus");
No art. 19, Lei 9.507/97 (os processos de "habeas data" terão prioridade de julgamento, exceto sobre mandado de
segurança e "habeas corpus").

VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.
Regra da Ordem Cronológica de Julgamento
§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões
entre as preferências legais.

§ 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1o, o requerimento formulado


pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a
reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência.

§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4o, o processo retornará à mesma posição em


que anteriormente se encontrava na lista.
Regra da Ordem Cronológica de Julgamento
§ 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso, no § 3º, o
processo que:
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de
diligência ou de complementação da instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II, ou seja, haverá prioridade de julgamento de
recursos especiais (dirigidos ao STJ) e extraordinários (STF) repetitivos.
Aplicação da Lei Processual Civil
Aplicação no espaço

Art. 16 CPC. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território
nacional, conforme as disposições deste Código.

Art. 7º LINDB. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o
começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
Aplicação da Lei Processual Civil
Aplicação no tempo (Direito Processual Civil Intertemporal)

Art. 1.045. Este Código entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da data de sua
publicação oficial.

Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos
em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas
sob a vigência da norma revogada.
Aplicação da Lei Processual Civil

Aplicação Supletiva do Código de Processo Civil

Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou


administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e
subsidiariamente.

Você também pode gostar