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EXECUÇÕES ESPECIAIS

PROFESSOR: JEREMIAS PEDRO RODRIGUES IBIAPINA


■ CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
■ 1. INTRODUÇÃO
■ Os alimentos estão diretamente relacionados com o direito à vida das
pessoas, com o direito à dignidade da pessoa humana e, também, com o
direito à solidariedade familiar. Vida X Dignidade
■ Os alimentos correspondem a uma prestação devida pelo alimentante ao
alimentando, sendo indispensável para a subsistência do credor.
■ Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. Art. 1694, §1º do CC.
Necessidade x Possibilidade.
■ Pode-se dizer que são obrigados ao pagamento de alimentos os parentes, os
cônjuges e os companheiros (art. 1.694 do CC). Entre os parentes obrigados
ao pagamento de alimentos estão os ascendentes, os descendentes e os
colaterais de segundo grau, o que incluiu apenas os irmãos.
■ 2. MODOS DE EXECUÇÃO DAS PRESTAÇÕES DE ALIMENTOS
■ Os alimentos vencidos, ou seja, aqueles que não foram adimplidos a despeito da
sua prévia fixação em título judicial ou extrajudicial, poderão ser executados de
dois modos: sob pena de penhora ou sob pena de prisão. Alimentos do Direito de
Família x Alimentos Indenizatórios
■ Em relação à execução (título extrajudicial) ou ao cumprimento de sentença (título
judicial) que prevê obrigação alimentar sob pena de penhora, não há limitação à
cobrança das prestações pretéritas, salvo evidentemente, em relação àquelas que já
estiverem prescritas. Vale destacar que, em conformidade com o art. 206, § 2º, do
Código Civil, o prazo de prescrição dos alimentos é de 2 (dois) anos.
■ O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende
até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se
vencerem no curso do processo”. art. 528, § 7º, do CPC
■ É possível desconto em folha de pagamento. Em tal caso, o juiz oficiará a
autoridade, a empresa ou o empregador, determinando, sob pena de crime de
desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do
executado, a contar do protocolo do ofício. O art. 529 do CPC
■ 3 COMPETÊNCIA
■ A competência para o cumprimento de sentença que estabelece obrigação alimentar é,
como regra, funcional. Cabe, pois, ao juízo prolator da decisão que estabeleceu
alimentos processar o módulo executivo, em conformidade com o que estabelece o art.
516, inc. II, do Código de Processo Civil.
■ O foro competente para a execução de alimentos fundada em título executivo
extrajudicial é o foro do domicílio ou da residência do alimentando, ou seja, do
exequente.
■ 4 RITOS PARA EXECUÇÃO DOS ALIMENTOS PREVISTOS NO NOVO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
■ A execução dos alimentos é, na verdade, execução de pagar quantia “que em razão da
especial natureza do direito tutelado é tratada como execução especial”, havendo
previsão de atos materiais próprios para satisfação do crédito alimentar.
■ O Código de Processo Civil prevê dois sistemas para a execução dos alimentos. O
primeiro é destinado à execução dos alimentos que foram fixados em título judicial.
■ O segundo é destinado à execução dos alimentos mencionados em título extrajudicial
(escritura pública de divórcio),sendo realizada, portanto, em processo autônomo.
■ 5 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A
EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS SOB
PENA DE PENHORA
■ Em tal caso, o procedimento será inaugurado por meio de simples petição (e não
por meio de ação de execução), sendo o devedor de alimentos intimado para pagar
o débito, no prazo de 15 (quinze) dias.
■ Caso não ocorra o pagamento voluntário da dívida no prazo de 15 (quinze) dias, o
débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de
advogado no mesmo percentual, expedindo, desde logo, mandado de penhora e
avaliação, com a prática, em seguida, dos atos de expropriação.
■ A defesa do executado será veiculada por meio de impugnação ao cumprimento de
sentença (art. 524 do CPC), valendo destaque para o fato de que o prazo para
apresentação dessa é de 15 (quinze) dias, contados após o transcurso do prazo
também de 15 (quinze) dias para pagamento da dívida.
■ O art. 525, § 1º, do CPC prevê que, na impugnação, o que o executado poderá
alegar.
■ 6 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A
EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS SOB
PENA DE PRISÃO
■ O art. 528, caput, do CPC, prevê que “no cumprimento de sentença que
condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória
que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o
executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o
fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo”.
■ O prazo para pagamento deve ser contado em dias úteis, na forma do art. 219
do CPC. A partir daí há três hipóteses:
■ Na primeira hipótese, quando o executado realiza o pagamento da dívida no
prazo legal ou comprova que já o havia feito, o Juiz proferirá sentença e
extinguirá o módulo executivo. Deve o Juiz, antes de proferir sentença de
extinção do módulo de execução, determinar a intimação do exequente para
se manifestar nos autos.
■ Na segunda hipótese, o executado não paga a dívida, não comprova que pagou e nem
apresenta justificativa. Diante de tal cenário, o Juiz mandará protestar o título executivo
em Cartório. No caso do protesto da decisão que fixou alimentos não se exige o trânsito
em julgado dela e tal providência será determinada diretamente pelo Juiz, não se
afigurando necessário o credor apresentar certidão da decisão ao Cartório de Protestos de
Títulos.
■ Além de mandar protestar o título, o Juiz também determinará a prisão do executado pelo
prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. A decretação da prisão não deve ser determinada ex
officio, devendo o Julgador aguardar o requerimento da parte.
■ Nada impede que, decretada inicialmente no prazo mínimo legal, seja posteriormente
objeto de prorrogação, observando-se o prazo máximo fixado em lei, se demonstrada a
recalcitrância e a desídia do devedor de alimentos”. STJ
■ É importante mencionar que a prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso
ficar separado dos presos comuns e que o cumprimento da pena não exime o executado
do pagamento das prestações vencidas e vincendas. Realizado o pagamento da prestação
alimentícia, o juiz deverá imediatamente suspender o cumprimento da ordem de prisão,
independentemente de prévia oitiva do exequente ou do Ministério Público.
■ A terceira hipótese que poderá ocorrer é aquela em que o executado apresenta
justificativa para o não cumprimento da obrigação alimentar. A justificativa é
uma peça de defesa por meio da qual o executado, no exíguo prazo de 3 (três) dias,
após ser intimado para cumprimento da obrigação, apresenta motivos de fato e de
direito que o impossibilitam de adimplir a obrigação alimentar. Vale destaque para a
disposição contida no § 2º do art. 528 do CPC, no sentido de que “somente a
comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar justificará o
inadimplemento”.
■ Apresentada a justificativa, deverá o exequente ser intimado, por meio do seu
advogado, para, querendo, se manifestar sobre a defesa apresentada pelo executado.
Deve ser mencionado que a justificativa não é a via processual correta para discussão
do eventual excesso do valor da prestação de alimentos, diante de eventual alteração
do binômio possibilidades (do alimentante) -necessidades (do alimentando). Isso
deverá ser feito em sede de ação revisional de alimentos, que admite ampla dilação
probatória, com cognição plena e exauriente, valendo lembrar que o art. 1.699 do
Código Civil estabelece que “se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação
financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar
ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo”.
■ EXECUÇÃO AUTÔNOMA DAS PRESTAÇÕES DE ALIMENTOS SOB PENA
DE PENHORA E SOB PENA DE PRISÃO
■ Em tal caso, há um processo de execução autônomo inaugurado por meio de ação de
execução, e não processo híbrido, devendo ser determinada a citação do executado.
■ A propósito, o Superior Tribunal de Justiça já deixou claro que “a eleição do rito de
execução por dívida alimentar é de livre escolha do credor, tanto na hipótese de versar
sobre título judicial, como extrajudicial”. Penhora x Prisão
■ O art. 913 do CPC trata do primeiro, ou seja, da execução dos alimentos sob pena de
penhora. Assim, o executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias,
contados da citação, podendo apresentar defesa por meio de embargos à execução, no
prazo de 15 (quinze) dias
■ Já o art. 911 do CPC trata do rito da execução autônoma dos alimentos sob pena de
prisão. O referido artigo prevê que “na execução fundada em título executivo
extrajudicial que contenha obrigação alimentar, o juiz mandará citar o executado para,
em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e
das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de
fazê-lo”
■ EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
■ CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDOA PÚBLICA (534 e
535 do CPC)
■ Bens da Fazenda Pública são Bens Públicos (impenhorável e inalienável)
■ Requerimento da Parte com demonstrativo discriminado e atualizado (534)
■ Intimação Pessoal da Fazenda Pública: União (Advocacia Geral da União); Estado
(Procuradoria do Estado); Municípios (Procuradoria dos Municípios); e DF
(Procuradoria do DF)
■ Carga, Remessa ou Meio Eletrônico (Prioritariamente – Lei 14.195/21).
■ Art. 270. As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na
forma da lei.
■ 3. A intimação da Fazenda Pública será para, querendo, impugnar a execução no
prazo de 30 dias (art. 535 do CPC).
■ Em sede de impugnação, poderá aa Fazenda Pública alegar os temas dispostos no
535 do CPC.
■ Muito embora aplicável, no que couber, o procedimento do cumprimento de
sentença comum (de pagar quantia), destacou o legislador que “a multa prevista no §
1º do art. 523 não se aplica à Fazenda Pública” (art. 534, § 2º, CPC). Isso significa
que, caso a Fazenda Pública, após intimada, não pague o débito, NÃO será aplicado
a multa de 10% e honorários de 10%.
■ Na hipótese da impugnação não ser acolhida (ou não ser apresentada…), deverá a
Fazenda Pública pagar o débito. Mas, como já observamos no início desse artigo, os
bens da fazenda pública são bens públicos e, portanto, impenhoráveis e inalienáveis.
■ Por isso, há um procedimento específico para pagamento do débito. O pagamento
efetuado pela Fazenda Pública será feito por precatório ou requisição de pequeno
valor (RPV). De forma bem sucinta, podemos consignar que o pagamento por RPV
é muito mais rápido
■ Art. 535, §3º, II: “II – por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o
ente público foi citado para o processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor
será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante
depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente.”
■ Evidente, contudo, que a parte não pode simplesmente optar pelo pagamento por RPV.
Será preciso observar a entidade devedora e o respectivo valor devido. Há um teto que
deve ser respeitado para cada ente…
■ São eles: Federal: até 60 salários mínimos; Estados: até 40 salário mínimos; Distrito
Federal: Até 10 salários mínimos (possui lei específica); Municípios: até 30 salários
mínimos. Importante observar que alguns municípios admitem o pagamento de RPV até
10 salários mínimos.
■ É vedado ratear ou dividir parte do valor em precatório e outra parte em RPV. Neste
caso, todo o valor será recebido por precatório, exceto se a parte RENUNCIAR ao que
exceder o teto do RPV (neste caso, consegue receber como RPV). Neste caso, “expedir-
se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor do
exequente, observando-se o disposto na Constituição Federal” (art. 535, § 3º, I, CPC).
■ Além disso, na condição de advogado, é possível separar o crédito do cliente do crédito
do advogado (honorários). É o que disciplina a Súmula Vinculante 47: “Os honorários
advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao
credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a
expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial
restrita aos créditos dessa natureza”.
■ EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
■ A Fazenda Pública é citada para embargar no prazo de 30 dias e não para
pagar como todos os demais executados em execução de pagar quantia certa.
Caso a fazenda Pública não oponha embargos ou transite em julgado a
decisão que rejeitar será expedido RPV ou Precatório em favor do
Exequente. No restante, segue o mesmo procedimento apresentado
anteriormente.

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