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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO.

NOME, nacionalidade, estado civil, advogado, inscrito na OAB


sob o nº..., inscrito no CPF/MF sob o nº ..., residente e domiciliado à Rua ...,
bairro..., Cidade ..., Estado..., CEP..., endereço eletrônico..., vem perante
Vossa Excelência, respaldado no artigo 5º, inciso LXVIII, da CRFB/88 e artigos
647 ao 667 do Código de Processo Penal, impetrar ordem de

HABEAS CORPUS PREVENTIVO COM MEDIDA LIMINAR

Em favor de MATILDE, nacionalidade, estado civil, atualmente


desempregada, portadora da carteira de identidade nº ..., inscrita no CPF/MF
sob o nº..., residente e domiciliada na Rua..., bairro..., Rio de Janeiro, RJ,
CEP..., endereço eletrônico..., contra ato do JUIZ DE DIREITO DA 10ª VARA
DE FAMÍLIA DA COMARCA DA CAPITAL, pelos fatos e fundamentos
jurídicos que passa a expor:

I- DOS FATOS

A paciente, domiciliada no Rio de Janeiro, está sendo cerceada


de sua liberdade, por força de ordem de processo de execução de alimentos,
movida por seus filhos, representados por seu pai, Gildo.
Na execução de alimentos, que tramita perante a 10ª Vara de
Família da Capital, a paciente está sendo executada a pagar a quantia de R$
5.000,00 (Cinco mil reais), referente aos cinco meses impagos dos alimentos
fixados por sentença pelo juízo da mesma Vara de Família.
Ocorre que a paciente se encontra desempregada há um ano,
diante da grave situação econômica em que passa o país, motivo pelo qual não
vem conseguindo se inserir no mercado de trabalho e nem possui condições
financeiras para quitar a dívida alimentar.
Diante da real impossibilidade da executada em adimplir a sua
dívida, o Magistrado decretou a prisão da mesma, pelo prazo de sessenta dias.

II- DO FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Da análise da peça inicial e dos pedidos, ora acostados,


depreende-se que a Paciente foi citada para pagar a quantia de R$ 5.000,00
(cinco mil reais), referente aos últimos cinco meses impagos dos alimentos
fixados por sentença pelo juízo da 10ª Vara de Família. Recebida a petição
inicial, a Autoridade Coatora, decretou a prisão da mesma, pelo prazo de
sessenta dias.
Sucede que, houve substancial mudança na situação econômica
da Executada. Tendo em vista que, a mesma demonstrou encontrar-se
desempregada há mais de um ano, devido a grave situação econômica que
assola o país. De modo que, a Executada não deixou de adimplir por
negligência, mas por absoluta impossibilidade financeira.
Destarte, a inadimplência tem razão escusável, na hipótese a
comprovação do desemprego da Executada.
Nesse diapasão, que dispõe o texto da Constituição em seu artigo
5º, inciso LXVII, in verbis:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel. ”
Por tais razões, demonstrada a impossibilidade da Executada em
adimplir com o referido pagamento, torna-se indevida a decretação de prisão
cível, conforme assevera a doutrina sobre o tema:

“Impossibilidade absoluta de pagar. Poderá ser provada pelo


devedor por todos os meios possíveis. Somente será legítima a
decretação da prisão cível por dívida de alimentos se o
responsável inadimplir voluntária e inescusávelmente a
obrigação. Caso seja inescusável ou involuntário o
inadimplemento, não poderá ser decretada a prisão. ”

Nesse ínterim, mister se faz que a prisão cível seja


moderadamente utilizada.
Acerca do tema, Luiz Guilherme Marinoni, dispõe sobre o
assunto:

“Caso o inadimplemento decorra de justificativa legítima ou de


causa involuntária (como o caso fortuito ou a força maior), não
se poderá recorrer à prisão civil. Assim, se o devedor se
encontrar impossibilitado de cumprir a prestação porque, por
exemplo, não dispões de recursos em razão de estar
desempregado, ou por causa da iliquidez do patrimônio,
descabe a aplicação da medida...”

Registra-se ainda que o débito alimentar a fundamentar a prisão


cível, deve ter expressa previsão legal e deve ser limitado até as três
prestações pretéritas ao ajuizamento da execução e as que vencerem no curso
do processo, conforme preceitua o art. 528, §7º do CPC.
Nesse diapasão, o STJ editou a Súmula 309 que afirma:

“O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o


que compreende as três prestações anteriores à citação e as que
vencerem no curso do processo”.

No entanto, o caso em análise, não se justifica a supressão da


liberdade da Executada, quando se refira a execução de débito vencido a mais
de quatro meses, pois foram incluídas parcelas de período anterior ao
permitido por lei para o rito por prisão.
Diante o exposto, a decisão que determinou a prisão por excesso
de execução da Executada deve ser afastada. Tendo em vista que, além do
excesso de execução, a mesma importou na ausência de fundamentação e
cerceamento de defesa. Sendo certo que, qualquer decisão sem a devida
fundamentação, importará na sua nulidade, conforme preceitua o art. 489, §1º
do CPC.
Ademais, a corroborar o posicionamento doutrinário acima citado,
impende trazer o posicionamento jurisprudencial:

HABEAS CORPUS. PENSÃO ALIMENTÍCIA. DÍVIDA PRETÉRITA.


1-Concede-se ordem de Habeas Corpus quando há ameaça de
violência ou coação em sua liberdade por ilegalidade ou abuso
de poder (art. 5º, LXVIII, da CF).
2-A finalidade dessa prisão, como medida extrema, é a de coagir
o devedor ao pagamento das prestações mais recentes e
essenciais para assegurar as necessidades básicas do
alimentando.
3-Depósito realizado pelo devedor que supera o valor
correspondente aos três últimos meses do débito alimentar,
vencidos antes do ajuizamento da execução.
4-CONCESSÃO DA ORDEM.
(0053997-58.2021.8.19.0000 - HABEAS CORPUS. Des(a). MILTON
FERNANDES DE SOUZA - Julgamento: 24/08/2021 - QUINTA
CÂMARA CÍVEL)

III- DA MEDIDA LIMINAR

Indubitavelmente, após a exposição feita acima, estão presentes


os requisitos legais para concessão da liminar, ou seja, relevância dos
fundamentos fumus boni iuris e o periculum in mora.
A probabilidade do direito se evidencia diante do excesso de
execução, caracterizado pela ilegalidade na decretação da prisão preventiva da
Paciente.
O periculum in mora, de outra banda, se dá pelo cerceamento da
liberdade de locomoção da Paciente. Assim, o prolongamento desnecessário
da prisão da Executada, além do constrangimento ilegal que a mesma poderá
sofrer, evidencia o risco de irreparável dano.
Portanto, imperioso, que recebido o presente writ, seja
determinada, liminarmente, a imediata colocação em liberdade da Paciente.

IV- DO PEDIDO

Diante o exposto, requer:

1. Seja deferida a liminar para determinar ao Juízo o


recolhimento, independentemente de cumprimento, do
mandado de prisão já expedido, ou, alternativamente, caso já
cumprido o mandado, seja determinada a imediata colocação
em liberdade da Paciente.
2. A notificação da Autoridade Coatora, o Exmo. Dr. Juiz da 10ª
Vara de Família da Comarca da Capital do Estado do Rio de
Janeiro.
3. A concessão da ordem de Habeas Corpus Preventivo, com a
consequente expedição de Salvo Conduto, para a Paciente.

V- DO VALOR DA CAUSA

Atribui-se à causa por questões formais, o valor de R$ 1.000,00


(hum mil reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB/UF

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