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Prática Simulada V

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DO


MUNICÍPIO Y, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº..., com
sede à Rua ..., bairro ..., Município Y, São Paulo, CEP, endereço eletrônico,
representado por seu Presidente CAIO, nacionalidade, estado civil, profissão,
portador da carteira de identidade nº ..., inscrito no CPF sob o nº..., residente e
domiciliado à Rua ..., bairro..., Cidade ..., Estado ..., CEP ..., endereço
eletrônico ..., por meio de seu procurador que a esta subscreve inscrito na
OAB/UF sob o nº ..., com endereço profissional à Rua ..., bairro ..., Cidade ...,
Estado ..., CEP ..., endereço eletrônico ..., para fins do artigo 106, inciso I do
Código de Processo Civil, com base no artigo 5º, inciso LXXI da CRFB/88, vem
perante Vossa Excelência, impetrar:
MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO

Em face do PREFEITO DO MUNICÍPIO Y, nacionalidade, estado


civil, profissão, portador da carteira de identidade nº ..., inscrito no CPF sob o
nº ..., residente e domiciliado à Rua ..., bairro ..., Cidade ..., Estado ..., CEP ...,
endereço eletrônico ..., que deverá ser citado na pessoa de seu Procurador, na
sede da Prefeitura Municipal, situada à Rua ..., bairro ..., Município Y, São
Paulo, CEP ..., endereço eletrônico, sob os fatos e fundamentos que se
seguem:
I- DOS FATOS

A Funcionária da Impetrante e os demais associados exercem


atividade profissional em estação de tratamento de esgoto, submetendo-se à
exposição constante de agentes nocivos à saúde. Recebe, assim, como todos
aqueles que trabalham nesta função, adicional por insalubridade.
Segundo a lei orgânica do município, compete ao Impetrado
apresentar proposta de Lei Complementar para regular o exercício do
direito à aposentadoria especial dos servidores públicos municipais,
efetivando-se, assim, o direito previsto na Constituição Estadual a tal
benefício, trata-se de norma de eficácia limitada que gera um dever de agir do
Município Y que deve regular a norma para garantir o exercício do direito
previsto na Constituição Estadual, não o fazendo incide em mora executiva.

II- DOS FUNDAMENTOS

Inicialmente, cabe ressaltar que, o mandado de injunção é


garantia constitucional que visa, exclusivamente, viabilizar direitos ou
liberdades constitucionais, bem como a cidadania, a soberania e a
nacionalidade, quando não puderem ser exercidos por falta de norma
regulamentadora, conforme prevê o artigo 5º, inciso LXXI, da CRFB/88.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;

O Prof. Luís Roberto Barroso, ao tratar do tema, assevera que:


“Afigura-se fora de dúvida que a melhor inteligência do dispositivo
constitucional (art. 5°, LXXI) e de seu real alcance está em ver no
mandado de injunção um instrumento de tutela efetiva de direitos
que, por não terem sido suficiente e adequadamente
regulamentados, careçam de um tratamento excepcional, qual seja:
que o Judiciário supra a falta de regulamentação, criando a norma
para o caso concreto, com efeitos limitados às partes do processo.
O objeto da decisão não é uma ordem ou recomendação para
edição de uma norma. Ao contrário, o órgão jurisdicional substitui o
órgão legislativo ou administrativo competentes para criar a regra,
criando ele próprio, para os fins estritos e específicos do litígio que
lhe cabe julgar, a norma necessária (BARROSO, 1996, p. 183). ”

Para o Prof. José Rubens da Costa:

“O mandado de injunção é medida satisfativa de um direito


constitucional fundamental. O judiciário, à falta de norma, deverá, por
obrigação constitucional, viabilizar o exercício do direito carente de
regulamentação, ao seu juízo e valor, consoante a hermenêutica
constitucional, à luz dos princípios estruturantes do Estado
Democrático de Direito (DA COSTA, 1990, p. 428). ”

Nesse diapasão, o objetivo do mandado de injunção é assegurar


a efetividade da Constituição, em caso de direito que não possa ser exercido
pela falta da norma regulamentadora.
Conforme disposto no artigo 126, §4º, inciso III, a ausência de lei
complementar municipal regulamentadora do direito previsto na Constituição
Estadual, torna inviável o exercício do direito à aposentadoria especial dos
servidores públicos municipais que laboraram em condições insalubres, dessa
forma, o mandado de injunção coletivo torna-se o instrumento viável à
satisfação da pretensão veiculada, conforme prevê o artigo 12, inciso III, da Lei
13.300/16.

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:


III - por organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um)
ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas
em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados,
na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas
finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;

Esse direito à aposentadoria especial configura direito


fundamental, cuja eficácia deve ser assegurada, na lição de GILMAR
MENDES:

"Verifica-se marcado zelo nos sistemas jurídicos


democráticos em evitar que as posições afirmadas como
essenciais da pessoa quedem como letra morta ou que só
ganhem eficácia a partir da atuação do legislador. Essa
preocupação liga-se à necessidade superar, em definitivo,
a concepção do Estado de Direito formal, em que os
direitos fundamentais somente ganham expressão
quando regulados por lei, com o que se expõem ao
esvaziamento de conteúdo pela atuação ou inação do
legislador. "

Neste sentido é a Jurisprudência:

EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO.


APOSENTADORIA ESPECIAL DO SERVIDOR
PÚBLICO. ARTIGO 40, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. AUSÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR A
DISCIPLINAR A MATÉRIA. NECESSIDADE DE
INTEGRAÇÃO LEGISLATIVA. 1. Servidor público.
Investigador da polícia civil do Estado de São Paulo.
Alegado exercício de atividade sob condições de
periculosidade e insalubridade. 2. Reconhecida a
omissão legislativa em razão da ausência de lei
complementar a definir as condições para o
implemento da aposentadoria especial. 3. Mandado de
injunção conhecido e concedido para comunicar a mora à
autoridade competente e determinar a aplicação, no que
couber, do art. 57 da Lei n. 8.213/91.
(MI 795, Relator (a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno,
julgado em 15/04/2009, DJe-094 DIVULG 21-05-2009
PUBLIC 22-05-2009 EMENT VOL-02361-01 PP-00078
RTJ VOL-00210-03 PP-01070) ”.

Em relação a real necessidade desse mandado de injunção,


pode-se afirmar que as atividades de risco desenvolvidas pelos filiados,
integram exceção às regras constitucionais que impedem a adoção dos
critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria.
Convém ressaltar que, em conformidade com o artigo 24, § 3º c/c
artigo 30, inciso II da CRFB/88, o Município tem autonomia para legislar sobre
aposentadoria especial de seus servidores no exercício da competência
supletiva.
Cumpre ainda aludir ao disposto que, a competência legislativa
das pessoas políticas para editar normas sobre previdência social, em especial
acerca do regime jurídico de seus servidores públicos, é concorrente, com
fulcro no artigo 24, inciso XII, da CRFB/88, de modo, que na inexistência de
norma de caráter geral expedida pela União, haverá competência plena pelo
Chefe do Poder Executivo local para propositura da lei, conforme preceitua o
artigo 24, §4º da CRFB/88.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Vide ADPF
672)
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a
eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Nesse diapasão, sabendo que a lei em questão já deveria ter sido


proposta e, não tendo sido, incide a autoridade Impetrada em mora, tendo em
vista que o mesmo já deveria tê-la feito e, por omissão, não a fez. Contudo,
não resta outra alternativa diversa da busca pela tutela jurisdicional, aplicando
por analogia, o artigo 57, caput, §1º da Lei 8.213/91.
“Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez
cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver
trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou
25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. (Redação dada
pela Lei nº 9.032, de 1995)
§ 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33
desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente a 100%
(cem por cento) do salário-de-benefício. (Redação dada pela Lei
nº 9.032, de 1995”.

III- DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer a Vossa Excelência:


1. A notificação da autoridade coatora para prestar informações,
no prazo de 10 (dez) dias;
2. A intimação do Ministério Público para emitir parecer no prazo
de 10 (dez) dias, nos moldes do art. 7º da Lei 13.300/2016;
3. A ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação
judicial da pessoa jurídica interessada, devendo-lhe ser
enviada cópia da petição inicial, para que, querendo, ingresse
no feito.
4. A procedência do pedido para declarar a omissão normativa e
aplicação analógica do artigo 57, §1º da Lei 8.213/91, que
disciplina o regime geral da previdência social, aos servidores
que cumprirem as exigências legais.

IV- DO VALOR DA CAUSA


Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (Mil reais).

Nestes termos,
Pede deferimento
Local e data
Advogado
OAB/UF

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