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Inês Abib Fabri Ramos – 201803204745 – Prática Simulada Constitucional

CASO CONCRETO – Semana 3


Matilde, domiciliada na cidade do Rio de Janeiro, está sendo executada por seus filhos Jane e
Gilson Pires, menores, com treze e seis anos, respectivamente, representados por seu pai, Gildo,
pelo rito do artigo 911 do CPC. Na execução de alimentos, que tramita perante o juízo da 10ª
Vara de Família da Capital, Matilde foi citada para pagar a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais), referente aos últimos cinco meses não-pagos dos alimentos fixados por sentença pelo juízo
da mesma Vara de Família. Ocorre que Matilde está desempregada há 1 ano, fruto da grave
situação econômica em que passa o país, com isso não está conseguindo se inserir novamente
no mercado de trabalho e nem possui condições financeiras para quitar a dívida alimentar.
Diante da real impossibilidade da executada em adimplir a sua dívida, o magistrado decretou a
prisão da mesma, pelo prazo de sessenta dias.
A filha de Matilde, Jane, de treze anos de idade, telefonou para Josefina, sua avó materna,
Avisando-a da decisão judicial de decretação da prisão de sua mãe.
Desesperada, Matilde procura você, advogado, e afirma que não deixou de pagar por
negligência, mas sim por absoluta impossibilidade financeira, bem como por está tratando de
uma depressão profunda. Promova a medida judicial necessária aos interesses de Matildee para
resguardar o seu direito de locomoção.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL


DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

IMPETRANTE: ADVOGADO (A) XXXX


PACIENTE: MATILDE
IMPETRADO: JUÍZO DA 10ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DO RIO DE
JANEIRO

NOME, nacionalidade, estado civil, advogado (a), inscrito na OAB/UF sob o nº xxxxx, com
endereço profissional xxxxx, e-mail xxxxxx e telefone xxxx, vem, respeitosamente, a este
egrégio tribunal, com fulcro no art. 5º, LXVIII, CF e arts. 647 e 648, CPP, para impetrar o
presente

HABEAS CORPUS PREVENTIVO COM PEDIDO LIMINAR

em favor de MATILDE, nacionalidade, estado civil, desempregada, portadora do RG nº


xxxx, inscrita no CPF nº xxxxx, residente e domiciliada no endereço xxxxxx, com e-mail
xxxx e telefone xxxx, em face da autoridade coatora, qual seja, o Juízo da 10º Vara de
Família da Comarca do Rio de Janeiro, pelos fatos e fundamentos que seguem

DOS FATOS
Matilde é mãe dos menores Gilson e Jane, de 6 e 13 anos, respectivamente, sendo
representados pelo pai Gildo em processo de execução de alimentos. Ocorre que a paciente,
deixou de cumprir com suas obrigações nos últimos 5 meses, resultando na importância de
R$5.000,00 (cinco mil reais) a título de dívida alimentícia.
Não conseguindo adimpli-la conforme determinado, foi decretado pelo magistrado coator sua
prisão, fato este equivocado, uma vez que a paciente não está cumprindo suas obrigações
devido a situação de desemprego em que se encontra há 1 ano, a qual não consegue reverter
visto a situação econômica do país, além dos gastos para tratamento da depressão profunda a
qual é acometida, e não por mera liberalidade e negligência dela.

DA MEDIDA LIMINAR
Conforme pressupõe o art. 300, CPC, as medidas liminares serão concedidas, quando houver
evidências do provável direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Assim,
no caso em análise, há a comprovação do perigo de dano a paciente, uma vez que ela
justificou seu inadimplemento devido sua situação de desemprego, conforme determina o art.
528, §2º, CPC, tal justificativa deveria ser aceita, pois estar desempregada não é algo que a
paciente escolheu.
Seguindo a linha de raciocínio, os valores cobrados são errôneos, uma vez que segundo o
mesmo artigo, em seu §7º, a cobrança só abrange 3 prestações anteriores a data do
ajuizamento da execução, portanto, ao serem cobrados os valores de 5 prestações, fica
comprovado mais um erro.
Assim, além do exposto acima, resta dizer que o cerceamento da liberdade da paciente em
nada resolveria o débito, uma vez que, em cárcere, continuaria em mora e não poderia buscar
formas de adimplir a dívida, devendo, portanto, ser concedida a liminar.

DO DIREITO
DO CABIMENTO DA AÇÃO
O art. 5º, LXVIII, CF, determina que o habeas corpus será concedido quando ameaça ou
possibilidade de ameaça ao direito de locomoção de alguém em virtude de abuso de poder ou
ilegalidade. A decretação de sua prisão foi baseada na ilegalidade, sendo, portanto, cabível a
ação.

DA JUSTIFICATIVA APRESENTADA, A ILEGALIDADE DA DECRETAÇÃO DE


PRISÃO E O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Cumprindo o determinado no art. 528, §2º, CPC, a paciente apresentou como justificativa sua
situação de desemprego e o tratamento de sua doença, sendo assim, um motivo robusto, visto
que ela não restou em mora por mera vontade.
Além de não ter sido observado tal justificativa, houve também uma desatenção aos valores
cobrados, visto que o §7º do mesmo artigo aduz que a cobrança a ser realizada, deverá ser
referente a débitos de até 3 meses antes do ajuizamento da execução, fato este previsto
também em Súmula do STJ, qual seja a 309.
Observa-se também, a luz do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, que, ao
executar valores exorbitantes e errôneos de uma pessoa que já se encontra em situação de
vulnerabilidade social, tendo em vista sua situação de desemprego, e decretar sua prisão, fere
tal princípio, pois coloria em risco sua subsistência e seu tratamento contra depressão.
Por conseguinte, face ao exposto, a decretação da prisão pelo coator se torna ilegal.

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
1) o deferimento de medida liminar para determinar ao Juízo coator o recolhimento do
mandado de prisão ou caso já executado, a imediata expedição de alvará de soltura da
paciente;
2) a notificação da autoridade coatora, qual seja, o Juízo da 10ª Vara de Família da
Comarca do Rio de Janeiro;
3) a concessão do Habeas Corpus e imediata expedição de salvo conduto da paciente.
Nestes termos, pede e espera
deferimento Local, Data
Advogado (a), OAB/UF

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