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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 9ª VARA DA FAMÍLIA E

SUCESSÕES DA COMARCA DE SÃO PAULO – SP

Processo nº 0048827-72.2019.8.26.0100

Théo Gabriel de Lima Silva, brasileiro, menor impúbere, nascido em 06 de


setembro de 2017, neste ato representado por sua genitora Milena Cristina de Lima
Silva, brasileira, solteira, portadora do RG nº 52.767.551-9, CPF/MF nº 509.528.608-
48, residentes e domiciliados na Rua Luiz Gonzaga Fernandes Vergara, 84, cs 1,
Jardim Silveira, Barueri – SP, CEP 06434-050, por seu advogado que esta subscreve,
vem a Vossa Excelência, com fundamento no artigo 528 do Código de Processo Civil,
propor

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

em face de Emerson Gabriel da Silva, brasileiro, solteiro, portador do RG nº


53.069.282-X, CPF/MF nº 479.862.468-39, residente e domiciliado na Rua Conselheiro
Nébias, nº 1566, Apartamento 31, Campos Elíseos, São Paulo – SP, CEP 01203-002,
pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O exequente e sua representante legal não possuem condições de pagar as


custas e despesas do processo sem prejuízo próprio, tanto é que são beneficiários da
assistência judiciária gratuita firmada no convênio entre Defensoria Pública e OAB.
Cabe aqui mencionar que o artigo 5º da CF/88 em seu inciso LXXIV, garante
assistência jurídica integral aos necessitados que comprovarem essa situação. De
forma que, tal dispositivo não revogou o artigo 4º da lei 1.060/50 e não interfere no
artigo 99 do CPC.
Portanto, são pessoas pobres na acepção jurídica do termo, conforme declaração
anexa, razão pela qual requer os benefícios da justiça gratuita nos termos do
artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal c/c artigo 98 com seus incisos e parágrafos e
seguintes do Código de Processo Civil/2015.
DOS FATOS

Em audiência de conciliação realizada no dia 21/08/2019, na 9ª Vara da Família


e Sucessões da Comarca da Capital – São Paulo, nos autos do processo nº 0048827-
72.2019.8.26.0100, ficou decidido que o executado pagaria pensão alimentícia mensal
no valor equivalente a 25% do salário mínimo, todo dia 10 de cada mês. Foi
estabelecido também que, em caso de trabalho com registro em carteira seriam
descontados 30% dos seus rendimentos líquidos enquanto empregado, inclusive
FGTS.
Não obstante a evidente razoabilidade do valor da pensão, o executado
inexplicavelmente não vem cumprindo com sua obrigação, desde a data de 10 de abril
de 2020.
Ademais, não se pode olvidar que se trata de verba de subsistência e garantidora
do mínimo existencial, permitindo o completo desenvolvimento do filho. Neste sentido,
estamos falando da dignidade da pessoa humana e do melhor interesse do
alimentando, o qual não deve restar prejudicado nesta lide.
É cediço serem as responsabilidades em relação aos filhos repartidas igualmente
entre pai e mãe, nos termos do artigo 229 da Constituição Federal:

Art. 229 – Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos
maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência, ou
enfermidade.

Tem-se, pois, caracterizada o inadimplemento do executado de seu dever de


assistência alimentícia ao seu filho ora exequente.
Importante ressaltar que, segundo a genitora do exequente, nos dias de visita o
filho volta da casa do pai dizendo que o executado e sua namorada falam que a mãe
não o ama e que ela na verdade não é mãe dele, fazendo com que a criança fique
confusa, frustrada e triste, caracterizando a conduta que conhecemos como alienação
parental e que será oportunamente apurada em ação própria para que seja possível
aplicar uma punição ao exequente.

DO DIREITO

A jurisprudência e a doutrina fixaram posicionamento no sentido de que para a


execução de dívida alimentícia fixada em decisão judicial, deve tramitar conforme o rito
do artigo 528 do Código de Processo Civil, senão vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. TÍTULO JUDICIAL. ARTIGO


528, § 8º CPC/15. EXECUÇÃO DE DÍVIDA CERTA E LÍQUIDA. MUDANÇA DO RITO DA
EXECUÇÃO APÓS A CITAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. INCLUSÃO DAS PARCELAS
VINCENDAS. POSSIBILIDADE. LIMITAÇÃO. DATA DO EFETIVO PAGAMENTO. 1. Para a
execução de alimentos, o Código de Processo Civil/15, prevê dois procedimentos, a depender
da natureza do título: se extrajudicial (art. 911 a 913) ou judicial (art. 528, §§ 1º a 7º). No caso
do título judicial, de acordo com o § 8º do art. 528, o credor de alimentos pode optar pela
execução nos moldes do cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia certa (art.
523 a 527), executando-se o título imediatamente, sem a possibilidade de prisão civil do
devedor. 2. Se a ação de cumprimento de sentença foi recebida nos moldes do artigo 528, §
8º, do CPC/15 e o devedor foi citado para contestar nos termos do artigo 523 do CPC/15
obrigação de pagar dívida certa ?, sem que o credor manifestasse o desacordo com o rito
imposto, não é possível a modificação posterior para adotar o rito de execução da prisão civil.
3. Mesmo no caso da opção pelo rito de cumprimento de sentença de dívida certa, prevista no
§ 8º do artigo 528, do CPC/15, não há óbice na legislação para que sejam incluídos no
montante executado os valores referentes às prestações alimentícias vencidas no curso do
processo. 4. Nos termos do art. 323 do CPC/15, em se tratando de cobrança de prestações
sucessivas, consideram implícitas, no pedido, as parcelas que se vencerem no curso da
demanda. 5. Com base nos dispositivos de regência, conclui-se que a inclusão, no processo
de execução de alimentos, das prestações que se vencerem no curso da demanda constitui
providência plenamente admissível. 6. A tendência dos tribunais superiores é de admitir que
parcelas obrigatórias e periódicas a vencerem no curso da ação de execução sejam cobradas
na mesma demanda executiva, a exemplo do que dispõe o Enunciado nº 309 do STJ, o qual
versa sobre a exigibilidade das prestações alimentícias que se vencerem no curso da
execução de alimentos. 7. A fim de compatibilizar a inclusão das parcelas que se vencerem
no curso da demanda executiva com o princípio da segurança jurídica, deve-se estabelecer
um termo final para a execução dos débitos, sendo esse termo a data do efetivo pagamento.
Assim, no dia em que o devedor pagar as parcelas vencidas até então, a execução deve ser
encerrada, de maneira que eventuais inadimplementos posteriores devem ser objeto de nova
execução. 8. Agravo conhecido e provido.

Destarte, pelo presente rito, busca-se a satisfação forçada da obrigação


alimentícia devida ao exequente e voluntariamente inadimplida pelo seu genitor.

DAS PARCELAS VENCIDAS

Conforme dito, tratando-se de ação do rito do artigo 528 do Código Processual


Civil, executar-se-ão as parcelas inadimplidas acrescidas das que se vencerem no
curso da demanda.
De acordo com o que se verifica no acordo judicial que fixou a pensão alimentícia,
o cálculo dos valores devidos deve incidir sobre 25% do salário mínimo à época do
inadimplemento, ou seja, R$ 250,00 reais, que deverão ser acrescidos de juros e
correção monetária.
De conseguinte, as prestações vencidas, objeto desta execução, perfazem a
quantia corrigida e atualizada de R$ 3.731,25 (três mil, setecentos e trinta e um reais e
vinte e cinco centavos).

PENHORA DOS BENS DO EXECUTADO

Com fulcro nos artigos 831 e 935, ambos do Código de Processo Civil, caso o
executado não venha adimplir a obrigação, o exequente suscita de pronto as
prerrogativas dos preceitos legais acima mencionados para promover a efetividade do
cumprimento da sentença.
Desse modo, caso não haja o pagamento por parte do executado, deve ser
deferido o bloqueio on-line via SISBAJUD no importe suficiente ao pagamento do
crédito ora reclamado (STJ, 3ª Turma, REsp 332.584-SP, rel. Min. Nancy Andrigui, j.
12.11.01; RT 843/318; RP 134/216, dentre outros).

PRISÃO CIVIL

Uma vez citado e intimado o devedor para pagar dívida relativa as três prestações
anteriores ao ajuizamento da execução, e este injustificadamente não a fizer, cabível a
imposição de prisão civil, nos termos dos §§ 3o e 4º do art. 528 do CPC.

Neste sentido, curial trazer a Súmula nº 309 do Superior Tribunal de Justiça, ad


litteris:

STJ Súmula nº 309 – 27/04/2005 – DJ 04.05.2005 –Alterada– 22/03/2006 – DJ


19.04.2006: Débito Alimentar – Prisão Civil – Prestações Anteriores ao Ajuizamento da
Execução e no Curso do Processo. O débito alimentar que autoriza a prisão civil do
alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e
as que se vencerem no curso do processo.

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. HABEAS CORPUS. AÇÃO DE EXECUÇÃO.


PENSÃOALIMENTÍCIA. – É cabível a prisão civil do alimentante inadimplente em ação de
execução contra si proposta, quando se visa ao recebimento das últimas três parcelas
devidas a título de pensão alimentícia, mais as que vencerem no curso do processo. – O
pagamento parcial do débito não afasta a possibilidade de prisão civil do alimentante
executado. – Inviável a apreciação de provas na via estreita do HC. – Ordem denegada.
(220768 RJ 2011/0238068-7, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento:
10/04/2012, T3 – TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/04/2012)

E ainda:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. PENSÃO


ALIMENTÍCIA. DESEMPREGO. PAGAMENTO PARCIAL.I – A prisão civil de devedor de
pensão alimentar é cabível quando a cobrança se refere às três últimas parcelas em atraso,
anteriores à citação e as que lhe são subseqüentes. Esse pagamento tem de ser total e não
parcial.II – Não desobriga o devedor de pensão alimentícia a simples alegação de
desemprego e o pagamento parcial muito aquém do valor devido.III – Recurso em habeas
corpus desprovido (16268 RS 2004/0091894-2, Relator: Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA
RIBEIRO, Data de Julgamento: 13/09/2004, T3 – TERCEIRA TURMA, Data de Publicação:
DJ 25.10.2004 p. 333RJADCOAS vol. 63 p. 85)

Ante a recalcitrância do executado em satisfazer a dívida, requer seja decretada


sua prisão civil pelo prazo definido em lei.
DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) A concessão do benefício da justiça gratuita, pelo fato de o exequente e sua


genitora serem pessoas pobres no sentido jurídico do termo;

b) A citação do executado, para, no prazo legal, adimplir o débito no valor de R$


3.731,25, que deverá ser atualizado até a data do efetivo pagamento, acrescido
de juros e correção monetária;

c) O bloqueio de contas e bens do executado em montante suficiente para a


quitação do débito ora reclamado;

d) A imposição de prisão civil, com arrimo no artigo 19 da Lei 5.478/68 e §3º, do


artigo 528, do Código de Processo Civil, caso não seja aceita a justificativa
apresentada ou caso seja comprovada a inadimplência voluntária do débito;

e) A manifestação do Ministério Público por estar presente interesse de menor (Art.


178, II do Código de Processo Civil – CPC);

f) Informa que não tem interesse em realização de audiência de tentativa de


conciliação, conforme inciso VII do 319 do CPC;

Provará o alegado por todos os meios de prova em direito admissíveis, sobretudo


documental, sem prejuízo da produção de outras provas que se mostrem necessárias
durante a execução.

Termos em que,
pede Deferimento.

São Paulo, 02 de março de 2021.

Diego R. Pereira Oliveira


OAB/SP nº 368.134

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