Você está na página 1de 7

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE

DIREITO DA VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA


COMARCA DE PARAÍSO DO NORTE - ESTADO DO
PARANÁ

Guilherme Atanazio Pinto Leite, menor, nascido em


20 de outubro de 2011, inscrito no CPF n. 125.540.419-11, filho de Edvaldo Leite e
Marta Atanazio Pinto Leite, representado neste ato por sua Genitora, a qual é
portadora da cédula de identidade RG n. 7.636.642-0 – SSP-PR, e inscrita no CPF
n. 025.874.959-89, ambos residentes em Paraíso do Norte-PR, na Rua André
Pacheco, n. 414, Centro, CEP: 87780-000, vem à presença de Vossa Excelência,
com elevado acatamento, por intermédio de advogado devidamente constituído,
conforme procuração anexa, requer

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

em desfavor de Edvaldo Leite, brasileito, divorciado,


motorista, portador da cédula de identidade sob o RG n. 7.409.387-6 SSP-PR e
inscrito no CPF n. 005.951.709-35, residente e domiciliado à Rua Dom Pedro II, n.
475, Bairro: João VIII, Ivaiporã, CEP: 86.870-000, com fulcro no artigo 528 do
Código de Processo Civil, observando-se os motivos de fato e de direito abaixo
aduzidos.

www.volanteadvocacia.com.br
1. DOS FATOS

A genitora do autor e o réu aforaram Ação de Divórcio


Consensual (autos 0000469-29.2014.8.16.0127).

Na referida demanda judicial, acordou-se, a título de


pensão alimentícia em favor do ora exequente, o depósito até o dia 15 de cada mês,
em conta bancária indicada pela genitora, de 43% do salário mínimo nacional,
hoje equivalente ao valor de R$ 521,16 (quinhentos e vinte e um reais e
dezesseis centavos). Destaque-se ter sido homologado o acordo em 15 de julho
de 2014, no juízo da Vara de Família e Sucessões da Comarca de Pérola-PR.

Malgrado o compromisso prestado em juízo, o ora


executado deixou e vem deixando de adimplir na totalidade sua obrigação,
conforme se demonstrará a seguir.

Ante sua recalcitrância em arcar com a obrigação


alimentícia em tela, a parte autora vê-se compelida a recorrer ao Judiciário para ter
seu direito preservado/reparado.

Com efeito, impende-nos dizer que já tramitará feito cujo


objeto será a execução da dívida pretérita decorrente do inadimplemento do
avençado no acordo judicial retro falado.

Sendo assim, o presente cumprimento de sentença cingir-


se-á à cobrar o débito alimentício novo, isto é, as três últimas parcelas que
antecedem o protocolo deste, adicionadas das prestações que vierem a ser
insatisfeitas no curso do processo.

Ademais, não se pode olvidar que se trata de verba de


subsistência e garantidora do mínimo existencial, permitindo o completo
desenvolvimento do filho menor. Neste sentido, se está falando da dignidade da
pessoa humana e do melhor interesse do alimentando, o qual não deve restar
prejudicado nesta lide.

2. DO PROCEDIMENTO E DO DIREITO - Execução de Prestação


Alimentícia pelo rito do artigo 528 do CPC

A jurisprudência e a doutrina fixaram posicionamento no


sentido de que para a execução de dívida alimentícia fixada em decisão judicial,
deve tramitar conforme o rito do artigo 528 do Código de Processo Civil, senão
vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE


ALIMENTOS. TÍTULO JUDICIAL. ARTIGO 528, § 8º
CPC/15. EXECUÇÃO DE DÍVIDA CERTA E LÍQUIDA.
MUDANÇA DO RITO DA EXECUÇÃO APÓS A CITAÇÃO.

www.volanteadvocacia.com.br
IMPOSSIBILIDADE. INCLUSÃO DAS PARCELAS
VINCENDAS. POSSIBILIDADE. LIMITAÇÃO. DATA DO
EFETIVO PAGAMENTO. 1. Para a execução de alimentos, o
Código de Processo Civil/15, prevê dois procedimentos, a
depender da natureza do título: se extrajudicial (art. 911 a
913) ou judicial (art. 528, §§ 1º a 7º). No caso do título
judicial, de acordo com o § 8º do art. 528, o credor de
alimentos pode optar pela execução nos moldes do
cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia
certa (art. 523 a 527), executando-se o título
imediatamente, sem a possibilidade de prisão civil do
devedor. 2. Se a ação de cumprimento de sentença foi
recebida nos moldes do artigo 528, § 8º, do CPC/15 e o
devedor foi citado para contestar nos termos do artigo 523
do CPC/15 ? obrigação de pagar dívida certa ?, sem que o
credor manifestasse o desacordo com o rito imposto, não é
possível a modificação posterior para adotar o rito de
execução da prisão civil. 3. Mesmo no caso da opção pelo
rito de cumprimento de sentença de dívida certa, prevista
no § 8º do artigo 528, do CPC/15, não há óbice na legislação
para que sejam incluídos no montante executado os valores
referentes às prestações alimentícias vencidas no curso do
processo. 4. Nos termos do art. 323 do CPC/15, em se
tratando de cobrança de prestações sucessivas, consideram
implícitas, no pedido, as parcelas que se vencerem no curso
da demanda. 5. Com base nos dispositivos de regência,
conclui-se que a inclusão, no processo de execução de
alimentos, das prestações que se vencerem no curso da
demanda constitui providência plenamente admissível. 6. A
tendência dos tribunais superiores é de admitir que
parcelas obrigatórias e periódicas a vencerem no curso da
ação de execução sejam cobradas na mesma demanda
executiva, a exemplo do que dispõe o Enunciado nº 309 do
STJ, o qual versa sobre a exigibilidade das prestações
alimentícias que se vencerem no curso da execução de
alimentos. 7. A fim de compatibilizar a inclusão das
parcelas que se vencerem no curso da demanda executiva
com o princípio da segurança jurídica, deve-se estabelecer
um termo final para a execução dos débitos, sendo esse
termo a data do efetivo pagamento. Assim, no dia em que o
devedor pagar as parcelas vencidas até então, a execução
deve ser encerrada, de maneira que eventuais
inadimplementos posteriores devem ser objeto de nova
execução. 8. Agravo conhecido e provido.

Destarte, pelo presente rito, busca-se a satisfação forçada


da obrigação alimentícia devida ao autor e voluntariamente inadimplida pelo seu
genitor, cingindo-se, repita-se, à cobrança daquelas prestações fixadas em decisão
judicial.

www.volanteadvocacia.com.br
2.1 DAS PARCELAS VENCIDAS NOS ÚLTIMOS 3 MESES

Conforme dito, tratando-se da ação do rito do artigo 528


do Código Processual Civil, executar-se-ão as últimas três parcelas inadimplidas
acrescidas das que se vencerem no curso da demanda, conforme cálculo abaixo:

PLANILHA DE DÉBITOS JUDICIAIS


Data de atualização dos valores: junho/2022
Indexador utilizado: TJ/PR (média IGP/INPC)
Juros moratórios legais - a partir de 15/04/2022
Acréscimo de 0,00% referente a multa.
Honorários advocatícios  de 0,00% - (não aplicável sobre a multa).

JUROS JUROS
VALOR VALOR MULTA
ITEMDESCRIÇÃO DATA COMPENSATÓRIOS MORATÓRIOS TOTAL
SINGELOATUALIZADO 0,00%
0,00% a.m. LEGAIS
1 15/04/2022 521,16 527,93 0,00 10,59 0,00 538,52
2 15/05/2022 521,16 524,13 0,00 10,51 0,00 534,64
3 15/06/2022 521,16 521,16 0,00 10,45 0,00 531,61
--------------------------------
Sub-Total R$ 1.604,77
--------------------------------
TOTAL GERAL R$ 1.604,7

Sendo assim, seu valor, nesta data, atinge a quantia de R$


1604,77 (um mil e seiscentos e quatro reais e setenta e sete centavos).

2.2 DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO (ARTIGO 529, CPC)

Diante da pertinácia do executado em não cumprir com


seus deveres patriarcais, não há outra solução mais eficaz que não o desconto em
sua folha de pagamento, forte no artigo 529 do Código de Processo Civil.

Ademais, não é demais dizer que tal medida se afigura,


igualmente, a medida menos onerosa ao devedor.

Sendo assim, requer seja feita busca ao sistema CAGED


para verificar a existência de vínculo empregatício e em caso positivo, seja intimada
a empregadora do executado para que proceda ao desconto mensal do valor de R$
521,16 ou 43% do salário mínimo nacional diretamente em folha de
pagamento de seu empregado, ora executado.

2.3 PENHORA DOS BENS DO EXECUTADO

Com fulcro nos artigos 831 e 935, ambos do Código de


Processo Civil, acaso o executado não venha adimplir a obrigação, o autor suscita de
pronto as prerrogativas dos preceitos legais acima mencionados para promover a
efetividade do cumprimento da sentença.

www.volanteadvocacia.com.br
Desse modo, caso haja o não pagamento do executado, deve
ser deferido o bloqueio on-line via SISBAJUD no importe suficiente ao pagamento
do crédito ora reclamado (STJ, 3ª Turma, REsp 332.584-SP, rel. Min. Nancy
Andrigui, j. 12.11.01; RT 843/318; RP 134/216, dentre outros).

2.4 DA PRISÃO CIVIL

Uma vez citado e intimado o devedor para pagar dívida


relativa as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução, e este
injustificadamente não a fizer, cabível a imposição de prisão civil, nos termos dos §§
3o e 4º do art. 528 do CPC.

Neste sentido, curial trazer à balha Súmula nº 309 do


Superior Tribunal de Justiça, ad litteris:

STJ Súmula nº 309 - 27/04/2005 - DJ 04.05.2005 -


Alterada- 22/03/2006 - DJ 19.04.2006

Débito Alimentar - Prisão Civil - Prestações Anteriores


ao Ajuizamento da Execução e no Curso do Processo.

O débito alimentar que autoriza a prisão civil do


alimentante é o que compreende as três prestações
anteriores ao ajuizamento da execução e as que se
vencerem no curso do processo.

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. HABEAS CORPUS. AÇÃO


DE EXECUÇÃO. PENSÃOALIMENTÍCIA. - É cabível a
prisão civil do alimentante inadimplente em ação
deexecução contra si proposta, quando se visa ao
recebimento dasúltimas três parcelas devidas a título de
pensão alimentícia, maisas que vencerem no curso do
processo. - O pagamento parcial do débito não afasta a
possibilidade de prisãocivil do alimentante executado. -
Inviável a apreciação de provas na via estreita do HC. -
Ordem denegada.
(220768 RJ 2011/0238068-7, Relator: Ministra NANCY
ANDRIGHI, Data de Julgamento: 10/04/2012, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
16/04/2012)

E ainda:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PRISÃO


CIVIL. PENSÃO ALIMENTÍCIA. DESEMPREGO.
PAGAMENTO PARCIAL.I - A prisão civil de devedor de
pensão alimentar é cabível quando a cobrança se refere às
três últimas parcelas em atraso, anteriores à citação e as

www.volanteadvocacia.com.br
que lhe são subseqüentes. Esse pagamento tem de ser total
e não parcial.II - Não desobriga o devedor de pensão
alimentícia a simples alegação de desemprego e o
pagamento parcial muito aquém do valor devido.III -
Recurso em habeas corpus desprovido (16268 RS
2004/0091894-2, Relator: Ministro ANTÔNIO DE
PÁDUA RIBEIRO, Data de Julgamento: 13/09/2004, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 25.10.2004
p. 333RJADCOAS vol. 63 p. 85)

Ante a recalcitrância do executado em satisfazer a dívida,


requer seja decretada sua prisão civil pelo prazo definido em lei.

2.5 CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA

Requer-se, ainda, a concessão dos benefícios da gratuidade


da justiça, nos termos do artigo 98 do Código de Processo Civil, e da Lei n.º
1.060/50 e alterações posteriores, visto que a Requerente não reúne condições de
suportar as despesas com custas processuais e honorários advocatícios, sem
prejuízo de seu sustento e de sua família, conforme declaração e atestado de
pobreza em anexo.

3. DO PEDIDO E DOS REQUERIMENTOS

PELO EXPOSTO, pede e requer a Vossa Excelência:

a) A citação do executado, para, no prazo legal, adimplir o


débito que deverá ser atualizado até a data do efetivo pagamento, e acrescido de
juros e correção monetária sobre o valor do débito ora executado;

b) A busca CAGED para verificar a existência de vínculo


empregatício e em caso positivo, seja intimada a empregadora do executado para
que proceda ao desconto mensal do valor de R$ 521,16 ou 43% do salário
mínimo nacional diretamente em folha de pagamento de seu empregado, ora
executado.

c) A imposição de prisão civil, com arrimo no artigo 19 da


Lei 5.478/68 e artigo 528 e Parágrafos do Código de Processo Civil (CPC), uma vez
comprovada a inadimplência voluntária do débito.

d) A concessão do benefício da Justiça Gratuita, pelo fato


de os exequentes serem pessoas pobres no sentido jurídico do termo;

e) A manifestação do Ministério Público por estarem


presentes interesses de menores (Art. 178, II do Código de Processo Civil - CPC);

www.volanteadvocacia.com.br
f) Requer provar o alegado por meio de todas as provas em
direito admitidos, especialmente, prova documental.

Dá-se à causa o valor de R$ 1604,77 (um mil e


seiscentos e quatro reais e setenta e sete centavos).

Nestes termos,
Pede-se deferimento.
Paraíso do Norte-PR, 12 de julho de 2022.

Joaquim Pedro de Oliveira Volante


Advogado
OAB-PR 85.286

www.volanteadvocacia.com.br

Você também pode gostar