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RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
O reclamante declara, sob as penas da lei, não ter condições financeiras para pagamento de
eventuais despesas processuais, sem prejuízo de seu próprio sustento e de seus familiares.
Assim, requer o reclamante a concessão dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, por ser
pessoa pobre na acepção legal do termo, pois sua atual situação econômica não lhe permite
pagar às custas do processo sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, nos termos do
art. 5º, LXXIV, CF, dos artigos 98 e 99 do NCPC, da Lei 1.060/50, do artigo 790 da CLT e da
súmula nº 05 do TRT da 2ª Região.
De acordo com a nova redação dada pela Lei nº 13.467/2017 ao §1º do art. 840 da CLT prevê
tão somente a necessidade de indicação de valor do pedido, e não de sua liquidação, pelo que a
interpretação sistemático-teleológica a ser dada a tal dispositivo legal é no sentido de que o
dever da parte é apenas o de indicar o valor estimado de sua pretensão para fins de
estabelecimento do rito processual (alçada), até porque vigente a Lei nº 5.584/1970 (artigo 2º),
norma especial que regula a fixação do valor da causa para fins de determinação da alçada no
processo do trabalho, considerando as particularidades deste ramo especializado.
Dessa forma, vê-se que a determinação de apresentação de liquidação com juros e correção
monetária na inicial não guarda amparo legal e constitucional, sendo verdadeira afronta aos
direitos constitucionais de Acesso à Justiça e à Razoável Duração do Processo, assim como aos
Princípios da Reserva Legal e da Simplicidade, por isso desde logo se alega, acaso haja tal
determinação, ser esta inconstitucional (artigos 1º, III e IV, e 5º, II, XXXV e LXXVIII).
Portanto, não há de se falar em vinculação ou limitação aos valores atribuídos na peça inicial,
uma vez que tratam de meros indicativos econômicos para fixação de valor da causa e custas
3. DO CONTRATO DE TRABALHO
O reclamante foi admitido em 08/08/2019, onde sua última função foi de analista de suporte
com último salário de R$ 5.360,00, tendo o contrato de trabalho encerrado em 02/09/2022.
DO FGTS
Conforme se infere do extrato analítico do FGTS em anexo, constata-se que a Reclamada não
efetuou escorreitamente os recolhimentos do FGTS, já que não efetuou os depósitos dos anos e
meses de:
Diante disto, uma vez que a reclamada deixou de efetuar os recolhimentos do FGTS, deverá ser
compelida a efetuar o pagamento dos depósitos a título de FGTS, referente ao período não
depositado.
Ademais, nos meses em que a Reclamada efetuou os depósitos, o fez a menor, também deverá
ser compelida a efetuar o pagamento das diferenças:
Os depósitos não efetuados e os feitos de maneira incorreta deverão ser acrescidos dos encargos
legais (juros e correção monetária), uma vez que a reclamada deixou de realizar os depósitos
referentes a título de FGTS nos prazos estipulados, sob pena de execução imediata, o que
deverá ser apurado em regular liquidação de sentença.
O Reclamante comunicou sua saída em 24/08/2022 e ficou pactuado que o último dia de
trabalho seria 02/09/2022., conforme comprova TRCT anexo.
Vejamos, o art. 477 § 6º da CLT quanto ao prazo para que as verbas rescisórias sejam quitadas:
Portanto, suas verbas rescisórias deveriam ser pagas até 12/09/2022. Fato esse que não ocorreu,
o pagamento não foi feito em data correta, conforme extrato bancário (anexo),
Assim, devido o pagamento da multa no valor de R$ 5.360,00 (cinco mil cento e trezentos e
sessenta reais), devidamente corrigidos pelo índice inflacionário oficial em consequência as
verbas rescisórias devidas não foram quitadas em data limite prevista em lei.
Durante todo o contrato de trabalho, a Reclamada não cumpriu a obrigação básica: PAGAR O
SALÁRIO SEM ATRASO, conforme artigo 459 da CLT:
Vejamos abaixo todos os atrasos durante os anos de labor na Reclamada, conforme extrato
bancário anexo:
NOVEMBR
Adiantamento - Competência 11/21 22/11/2021 30/11/2021 8 dias
O
Pagamento - Competência 10/21 08/11/2021 22/11/2021 14 dias
Pagamento - Competência 10/21 08/11/2021 16/11/2021 8 dias
2022 Competência
Dia 20
Pagamento Atraso
(adiantamento)
SETEMBR
Pagamento - Competência 08/22 09/09/2022 19/09/2022 10 dias
O
Adiantamento - Competência 08/22 20/09/2022 02/09/2022 0 dias
Destarte, o direito essencial do trabalhador foi violado. Em todo contrato de trabalho apenas 3
vezes foi depositado sem atraso. Há o entendimento no Tribunal Superior do Trabalho que
deverá incidir multa de 10% sobre o salário devido, na hipótese de atraso no pagamento
de até 20 dias, e de 5% por dia no período subsequente.
Por essa razão, requer a aplicação de multa por atraso contumaz no pagamento do salário do
Reclamante.
A CLT dispõe que todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias,
sem prejuízo da remuneração, adquirido a cada 12 meses de vigência do contrato de trabalho.
E, a sua concessão, é sabido que deverão ser nos 12 meses subsequentes à aquisição do direito,
sendo que, não respeitado esse prazo, o empregador deve pagar em dobro a respectiva
remuneração, conforme arts. 134 e137 da CLT.
Já em relação ao prazo para pagamento da remuneração das férias, o artigo 145 da CLT é
taxativo: deve ser efetuado até 2 dias antes do início do respectivo período, sob pena de
pagamento em dobro.
Cabe ressaltar que esta 2ª parcela das férias foi paga no holerite com nome da verba diferente
da que realmente cabia, conforme recorte abaixo:
Diante disto, faz jus o autor ao pagamento da dobra + 1/3 das mesmas, ao teor do artigo 137 da
CLT.
Assim como salário, havia atraso nos vales refeição e alimentação. Quando contrato o
Reclamante recebia seus benefícios por uma operadora, sempre de forma parcelada.
Para surpresa do Reclamante ao emitir um extrato do seu INSS (anexo) verificou a falta de
recolhimento previdenciário, motivo pelo qual requer o Reclamante que a Reclamada seja
compelida a comprovar o pagamento das contribuições previdenciárias durante todo o contrato
de trabalho, sob pena de execução direta, além de expedição de ofícios à DRT e INSS, no
DO DANO MORAL
A conduta realizada pela Reclamada durante todo o pacto laboral restou cristalino que não
cumpriu com as obrigações de empregador, tratando de forma desleal o Reclamante. Os
prejuízos morais sofridos pelo Reclamante na vigência do contrato de trabalho encontram-se
assinalada peça exordial.
O dano moral in re ipsa já está configurado uma vez que Reclamada agrediu deliberadamente
os direitos trabalhistas, portanto deve sofrer consequências dos atos ilícitos que cometeu, e ser
condenada a reparar o sofrimento do obreiro pelo não pagamento de todos os seus direitos.
A jurisprudência indica:
Não obstante, o Reclamante deixou de realizar o seu grande sonho, A COMPRA DA CASA
PRÓPRIA. Como é de praxe, o Reclamante ia usar o saldo do seu FGTS para conseguir dar a
entrada no imóvel, conforme e-mail anexo aos autos.
O acordo comercial de compra do imóvel foi desfeito e ele perdeu a oportunidade de realizar
seu sonho, por um descaso da Reclamada que não depositou o que é seu por direito. Foram
inúmeros e-mails à Reclamada, mas NADA FORA feito.
Por esse motivo, não pode pedir sua linda namorada em casamento, pois não teriam onde morar
juntos e constituírem sua família de forma digna e totalmente possível, pois trabalhou de forma
excelente para a Reclamada, mas em contrapartida a ré não cumpriu com sua parte no contrato
de trabalho.
Até suas férias foram impactadas com o desprezo da Reclamada. Conforme demostrado acima,
o atraso no pagamento de suas férias lhe causou um imenso desgaste, pois com estava com a
Cabe listar todos os atos ilícitos praticados pela Reclamada que lhe causaram prejuízos em seu
patrimônio moral:
Falta de depósito do FGTS, bem como quando depositado, no valor abaixo do
correto;
Atraso contumaz no pagamento do salário;
Atraso no pagamento do vale refeição e alimentação;
Atraso no pagamento das férias;
Atraso no pagamento da rescisão.
Vossa Excelência, é evidente que o obreiro merece a devida reparação, nos termos dos incisos
V e X do artigo 5º da Constituição Federal, e do artigo 186 do Código Civil brasileiro no
importe de no mínimo 10 (dez) vezes a última remuneração do Reclamante.
Os honorários advocatícios estão previstos ainda no artigo 85, do NCPC, e seus parágrafos, em
especial no § 14º, o qual dispõe que a verba honorária é devida ao advogado, possuindo caráter
alimentar.
É importante ressaltar que, de acordo com as ADIs 5867 e 6021, o Supremo Tribunal Federal
decidiu que o índice IPCA-e deve ser utilizado na fase pré-processual, enquanto a Tabela Selic
deve ser utilizada para a atualização (que inclui correção monetária e juros de mora) a partir da
citação. Essa decisão tem como objetivo equiparar o credor trabalhista ao credor cível.
No entanto, é importante mencionar que a Tabela Selic apresenta atualmente o seu menor
índice histórico. Embora tenha discutido sobre qual índice seria mais adequado para a
atualização dos créditos trabalhistas, seja a TR ou IPCA-e, nunca houve questionamentos sobre
os juros de mora, que correspondem a 1% ao mês. O argumento apresentado pelo STF é de que
a ação trabalhista não deve ser vista como um investimento para o trabalhador, mas também
não deve ser um investimento para o empregado.
É injusto que o trabalhador seja ainda mais prejudicado pela inadimplência do empregador e
tenha seu poder de compra extremamente reduzido, enquanto o empregador obtém vantagem
econômica em benefício próprio, fazendo "uso" do dinheiro que pertenceria ao trabalhador se
fosse pago na data correta. É importante lembrar que um dos princípios fundamentais que
regem o Direito do Trabalho é a proteção ao trabalhador.
5. DOS PEDIDOS
4) o pagamento dos depósitos do FGTS na conta vinculada do reclamante, cujo valor deverá ser
apurado em regular liquidação de sentença, estimando-se a quantia
de ....................................................................................................................................................
..R$ 5.500,00;
6) pagamento da dobra das férias + 1/3 das mesmas, ao teor do artigo 137 da CLT, estimando-
se a quantia de ….................................................................................................................... R$
2.648,08;
8) o pagamento da indenização por danos morais, em virtude do atraso dos salários, das férias e
da ausência dos depósitos do FGTS, cuja quantia deverá ser arbitrada por Vossa Excelência,
desde que não inferior a 10 (dez) vezes a remuneração do reclamante, a ser devidamente
apurada em sede de liquidação de sentença, estimando-se a quantia
de.................................................................................................................................................R$
53.600,00;
3. Essa subscritora declara serem autênticos os documentos acostados à inicial, nos termos
do art. 830 da CLT.
Deve a presente ação ser julgada totalmente procedente, condenando-se a reclamada na forma
do pedido, acrescida de juros e correção monetária, bem como nas custas processuais e demais
cominações de estilo, assim como verba honorária arbitrada por Vossa Excelência.
Desde já, requer a dedução de todos os valores pagos e comprovados pela reclamada em sua
defesa.
Dá-se à causa o valor estimativo de R$ 77.908,08 (setenta e sete mil, novecentos e oito reais e
oito centavos) para os efeitos legais de alçada e custas.
Pede deferimento.
Santos, 12 de maio de 2023.