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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ª VARA DO

TRABALHO DA COMARCA DE SANTOS/SP.

ADILSON ALMEIDA DE ARAUJO, brasileiro, solteiro, profissão, filho de Andrea Gonzaga


de Almeida, nascido em 25.12.1991, portador do RG nº 48612052 e CTPS nº 005686 série
00442-SP, inscrito no CPF sob nº 421.245.278-27 e no PIS sob nº 200.52512.73-2, residente e
domiciliado à Rua Rangel Pestana, 66, Centro, São Vicente/SP, CEP: 11320-120, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por sua advogada que a esta subscreve,
devidamente qualificado no incluso instrumento de procuração, ajuizar a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de TOC TERMINAIS DE OPERAÇÃO DE CARGAS LTDA., inscrita no CNPJ


sob nº. 67.546.671/0001- 23, situada à Av. Nossa Senhora de Fátima, nº. 353, Chico de Paula,
CEP 11085-203, em Santos/SP, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

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1. DA JUSTIÇA GRATUITA

O reclamante declara, sob as penas da lei, não ter condições financeiras para pagamento de
eventuais despesas processuais, sem prejuízo de seu próprio sustento e de seus familiares.

Assim, requer o reclamante a concessão dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, por ser
pessoa pobre na acepção legal do termo, pois sua atual situação econômica não lhe permite
pagar às custas do processo sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, nos termos do
art. 5º, LXXIV, CF, dos artigos 98 e 99 do NCPC, da Lei 1.060/50, do artigo 790 da CLT e da
súmula nº 05 do TRT da 2ª Região.

2. DA LIMITAÇÃO DOS VALORES

De acordo com a nova redação dada pela Lei nº 13.467/2017 ao §1º do art. 840 da CLT prevê
tão somente a necessidade de indicação de valor do pedido, e não de sua liquidação, pelo que a
interpretação sistemático-teleológica a ser dada a tal dispositivo legal é no sentido de que o
dever da parte é apenas o de indicar o valor estimado de sua pretensão para fins de
estabelecimento do rito processual (alçada), até porque vigente a Lei nº 5.584/1970 (artigo 2º),
norma especial que regula a fixação do valor da causa para fins de determinação da alçada no
processo do trabalho, considerando as particularidades deste ramo especializado.

Dessa forma, vê-se que a determinação de apresentação de liquidação com juros e correção
monetária na inicial não guarda amparo legal e constitucional, sendo verdadeira afronta aos
direitos constitucionais de Acesso à Justiça e à Razoável Duração do Processo, assim como aos
Princípios da Reserva Legal e da Simplicidade, por isso desde logo se alega, acaso haja tal
determinação, ser esta inconstitucional (artigos 1º, III e IV, e 5º, II, XXXV e LXXVIII).

Portanto, não há de se falar em vinculação ou limitação aos valores atribuídos na peça inicial,
uma vez que tratam de meros indicativos econômicos para fixação de valor da causa e custas

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processuais, devendo a apuração integral dos créditos trabalhistas ser realizada em fase
processual própria, ou seja, na liquidação de sentença.

3. DO CONTRATO DE TRABALHO

O reclamante foi admitido em 08/08/2019, onde sua última função foi de analista de suporte
com último salário de R$ 5.360,00, tendo o contrato de trabalho encerrado em 02/09/2022.

4. DOS FATOS E DIREITOS

DO FGTS

Conforme se infere do extrato analítico do FGTS em anexo, constata-se que a Reclamada não
efetuou escorreitamente os recolhimentos do FGTS, já que não efetuou os depósitos dos anos e
meses de:

2019: 13º salário (total 1 mês);


2020: fevereiro e 13º salário (total 2 meses);
2021: fevereiro, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro e
13º salário (total 11 meses);
2022: janeiro a agosto e 13º salário (total 9 meses); e

Diante disto, uma vez que a reclamada deixou de efetuar os recolhimentos do FGTS, deverá ser
compelida a efetuar o pagamento dos depósitos a título de FGTS, referente ao período não
depositado.

Ademais, nos meses em que a Reclamada efetuou os depósitos, o fez a menor, também deverá
ser compelida a efetuar o pagamento das diferenças:

2019: agosto, setembro e outubro;


2020: março, abril, maio, junho, julho, outubro, novembro e dezembro;

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2021: janeiro.

Os depósitos não efetuados e os feitos de maneira incorreta deverão ser acrescidos dos encargos
legais (juros e correção monetária), uma vez que a reclamada deixou de realizar os depósitos
referentes a título de FGTS nos prazos estipulados, sob pena de execução imediata, o que
deverá ser apurado em regular liquidação de sentença.

DA MULTA DO ART 477 DA CLT

O Reclamante comunicou sua saída em 24/08/2022 e ficou pactuado que o último dia de
trabalho seria 02/09/2022., conforme comprova TRCT anexo.

Vejamos, o art. 477 § 6º da CLT quanto ao prazo para que as verbas rescisórias sejam quitadas:

“Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador


deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e
Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes
e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na
forma estabelecidos neste artigo.

§ 6o A entrega ao empregado de documentos que comprovem a


comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem
como o pagamento dos valores constantes do instrumento de
rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias
contados a partir do término do contrato.”

Portanto, suas verbas rescisórias deveriam ser pagas até 12/09/2022. Fato esse que não ocorreu,
o pagamento não foi feito em data correta, conforme extrato bancário (anexo),

TOTAL DA RESCISÃO: R$ 14.691,71

15/09/2022 Parcela 1 R$ 2.489,10


29/09/2022 Parcela 2 R$ 2.489,10
07/10/2022 Parcela 3 R$ 3.000,00
10/10/2022 Parcela 4 R$ 3.000,00
19/10/2022 Parcela 5 R$ 3.713,51

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Incide, pois, a Reclamada no pagamento da multa prevista no artigo 477, §8º da CLT, em
valores equivalentes ao salário do reclamante, devidamente corrigidos pelo índice inflacionário
oficial.

Nesse sentido, os seguintes precedentes da Alta Corte Trabalhista:

“RECURSO ORDINÁRIO. RECURSO DO RECLAMANTE.


MULTA DO §8ºART.477DA CLT.PAGAMENTO DAS
VERBAS RESCISÓRIAS FORA DO PRAZO LEGAL. DEVIDA
À MULTA. A multa do art. 477da CLT é gerada pela falha da
quitação das verbas rescisórias, em estrito senso, ou a
destempo pela reclamada e, com isso, só é afastada se o
pagamento integral das verbas trabalhistas incontroversas
devidas ocorrer dentro do prazo legal (parágrafo 6ºdo art.
477da CLT), independentemente, do tipo de modalidade de
extinção contratual e da data da homologação do TRCT, na
linha da jurisprudência pacífica do C. TST e da Tese Prevalecente
08 decorrente de decisão proferida em Incidente de Uniformização
de Jurisprudência instaurado perante este Egrégio Regional do
Trabalho da Primeira Região. Não depositado, in casu, o valor das
verbas rescisórias elencadas no TRCT dentro do prazo legal, sem
qualquer culpa por parte do reclamante, dou provimento ao pleito
de condenação ao pagamento da multa do parágrafo 8ºdo art.
477da CLT. Recurso provido.” (TRT-1, 0101006-
61.2017.5.01.0047 -DEJT 2019-07-30, Rel. ANA MARIA
SOARES DE MORAES, julgado em 09/07/2019)

“MULTA DO ART.477DA CLT.A teor do que dispõe o § 8ºdo


artigo 477, da CLT (com redação anterior à Lei 13.467/17), é
devida multa em valor equivalente ao salário do empregado
quando o pagamento dos haveres rescisórios é feito a
destempo, ou seja, em prazo superior ao dia seguinte ao término
do aviso prévio trabalhado, ou, quando este for indenizado, em 10
dias a contar da data da notificação da demissão (alínea b, § 6º,
artigo 477, CLT).” (TRT-1, 0104068-95.2016.5.01.0451 -DEJT
2019-07-25, Rel. CLAUDIA DE SOUZA GOMES FREIRE,
julgado em 09/07/2019)

Assim, devido o pagamento da multa no valor de R$ 5.360,00 (cinco mil cento e trezentos e
sessenta reais), devidamente corrigidos pelo índice inflacionário oficial em consequência as
verbas rescisórias devidas não foram quitadas em data limite prevista em lei.

DO ATRASO PAGAMENTO DE SALÁRIO

Durante todo o contrato de trabalho, a Reclamada não cumpriu a obrigação básica: PAGAR O
SALÁRIO SEM ATRASO, conforme artigo 459 da CLT:

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Art. 459 - O pagamento do salário, qualquer que seja a
modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período
superior a 1 (um) mês, salvo no que concerne a comissões,
percentagens e gratificações.

§ 1º Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá


ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês
subsequente ao vencido.

Vejamos abaixo todos os atrasos durante os anos de labor na Reclamada, conforme extrato
bancário anexo:

5º dia útil/ Data do Dias de


Competência
2020 Dia 20 (adiantamento) Pagamento Atraso
ABRIL Pagamento – Competência 03/20 07/04/20 12/4/2020 5 dias
Adiantamento – Competência 04/20 20/04/20 23/4/2020 3 dias

MAIO Pagamento – Competência 04/20 08/05/20 12/5/2020 4 dias


Adiantamento – Competência 05/20 20/05/20 23/5/2020 3 dias

JUNHO Adiantamento – Competência 06/20 22/06/20 25/6/2020 4 dias


Pagamento – Competência 05/20 05/06/20 17/6/2020 12 dias

JULHO Adiantamento – Competência 07/20 20/07/20 22/7/2020 2 dias


Pagamento – Competência 06/20 07/07/20 8/7/2020 1 dia

AGOSTO Adiantamento – Competência 08/20 20/08/20 21/8/2020 1 dia


Pagamento – Competência 07/20 07/08/20 12/8/2020 5 dias
Pagamento – Competência 07/20 07/08/20 10/8/2020 1 dia

SETEMBRO Adiantamento – Competência 09/20 21/09/20 22/9/2020 1 dia


Pagamento – Competência 08/20 09/09/20 11/9/2020 2 dias

OUTUBRO Adiantamento – Competência 10/20 20/10/20 22/10/2020 2 dias


Pagamento – Competência 09/20 07/10/20 13/10/2020 6 dias
Pagamento – Competência 09/20 07/10/20 9/10/2020 2 dias
Pagamento – Competência 09/20 07/10/20 8/10/2020 1 dia
Pagamento – Competência 09/20 07/10/20 8/10/2020 1 dia

NOVEMBRO Adiantamento – Competência 11/20 20/11/20 24/11/2020 4 dias


Pagamento – Competência 10/20 06/11/20 12/11/2020 6 dias
Pagamento – Competência 10/20 06/11/20 10/11/2020 4 dias

DEZEMBRO Adiantamento – Competência 12/20 20/12/20 30/12/2020 10 dias


Pagamento – Competência 11/20 07/12/20 14/12/2020 8 dias
Pagamento – Competência 11/20 07/12/20 11/12/2020 5 dias
Pagamento – Competência 11/20 07/12/20 9/12/2020 3 dias

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5º dia útil/ Data do Dias de
2021 Competência Dia 20
Pagamento Atraso
(adiantamento)
JANEIRO Pagamento - Competência 12/20 08/01/2021 15/01/2021 7 dias
Adiantamento - Competência 12/20 21/12/2020 08/01/2021 18 dias
Adiantamento - Competência 12/20 21/12/2020 07/01/2021 17 dias
Adiantamento - Competência 12/20 21/12/2020 05/01/2021 15 dias

FEVEREIRO Adiantamento - Competência 02/21 22/02/2021 23/02/2021 1 dia


Pagamento - Competência 01/22 05/02/2021 08/02/2021 3 dias

MARÇO Adiantamento - Competência 03/21 22/03/2021 25/03/2021 3 dias


Adiantamento - Competência 03/21 22/03/2021 24/03/2021 2 dias
Pagamento - Competência 02/21 05/03/2021 10/03/2021 5 dias
Pagamento - Competência 02/21 05/03/2021 09/03/2021 4 dias

ABRIL Adiantamento - Competência 04/21 20/04/2021 27/04/2021 7 dias


Pagamento - Competência 03/21 08/04/2021 13/04/2021 5 dias
Pagamento - Competência 03/21 08/04/2021 12/04/2021 4 dias

MAIO Adiantamento - Competência 05/21 20/05/2021 24/05/2021 4 dias


Pagamento - Competência 04/21 07/05/2021 13/05/2021 6 dias
Pagamento - Competência 04/21 07/05/2021 12/05/2021 5 dias
Pagamento - Competência 04/21 07/05/2021 11/05/2021 4 dias

JUNHO Adiantamento - Competência 06/21 21/06/2021 28/06/2021 7 dias


Adiantamento - Competência 06/21 21/06/2021 25/06/2021 4 dias
Pagamento - Competência 05/21 09/06/2021 15/06/2021 6 dias
Pagamento - Competência 05/21 09/06/2021 10/06/2021 1 dia

JULHO Adiantamento - Competência 07/21 20/07/2021 27/07/2021 7 dias


Pagamento - Competência 06/21 07/07/2021 15/07/2021 8 dias

AGOSTO Adiantamento - Competência 08/21 20/08/2021 30/08/2021 10 dias


Adiantamento - Competência 08/21 20/08/2021 27/08/2021 7 dias
Pagamento - Competência 07/21 06/08/2021 16/08/2021 10 dias
Pagamento - Competência 07/21 06/08/2021 13/08/2021 7 dias

SETEMBRO Adiantamento - Competência 09/21 20/09/2021 27/09/2021 7 dias

Pagamento - Competência 08/21 09/09/2021 15/09/2021 6 dias

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OUTUBRO Adiantamento - Competência 10/21 20/10/2021 26/10/2021 6 dias
Pagamento - Competência 09/21 07/10/2021 20/10/2021 13 dias
Pagamento - Competência 09/21 04/10/2021 15/10/2021 8 dias

NOVEMBR
Adiantamento - Competência 11/21 22/11/2021 30/11/2021 8 dias
O
Pagamento - Competência 10/21 08/11/2021 22/11/2021 14 dias
Pagamento - Competência 10/21 08/11/2021 16/11/2021 8 dias

DEZEMBRO Pagamento - Competência 11/21 07/12/2021 23/12/2021 16 dias


Pagamento - Competência 11/21 07/12/2021 21/12/2021 14 dias
Décimo Terceiro - Parcelas 1 e 2 20/12/2021 21/12/2021 31 dias
Pagamento - Competência 11/21 07/12/2021 20/12/2021 13 dias
Pagamento - Competência 11/21 07/12/2021 16/12/2021 9 dias
Adiantamento - Competência 11/21 22/11/2021 03/12/2021 11 dias

5º dia útil/ Data do Dias de

2022 Competência
Dia 20
Pagamento Atraso
(adiantamento)

JANEIRO Pagamento - Competência 12/21 20/01/2022 20/01/2022 0 dias


Adiantamento - Competência 12/21 07/01/2022 07/01/2022 0 dias

FEVEREIRO Pagamento - Competência 01/22 07/02/2022 16/02/2022 9 dias


Adiantamento - Competência 01/22 20/02/2022 02/02/2022 0 dias

MARÇO Adiantamento - Competência 03/22 21/03/2022 25/03/2022 4 dias


Pagamento - Competência 02/22 08/03/2022 15/03/2022 7 dias

ABRIL Adiantamento - Competência 04/22 20/04/2022 27/04/2022 7 dias


Pagamento - Competência 03/22 07/04/2022 14/04/2022 7 dias

MAIO Adiantamento - Competência 05/22 20/05/2022 30/05/2022 10 dias


Adiantamento - Competência 05/22 20/05/2022 27/05/2022 7 dias
Pagamento - Competência 04/22 06/05/2022 17/05/2022 11 dias

JUNHO Adiantamento - Competência 06/22 20/06/2022 29/06/2022 9 dias


Pagamento - Competência 05/22 07/06/2022 20/06/2022 13 dias
Pagamento - Competência 05/22 07/06/2022 17/06/2022 10 dias

JULHO Adiantamento - Competência 07/22 20/07/2022 28/07/2022 8 dias


Pagamento - Competência 06/22 07/07/2022 20/07/2022 13 dias

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AGOSTO Adiantamento - Competência 08/22 22/08/2022 31/08/2022 9 dias
Pagamento - Competência 07/22 05/08/2022 19/08/2022 14 dias
Pagamento - Competência 07/22 05/08/2022 18/08/2022 13 dias
Pagamento - Competência 07/22 05/08/2022 17/08/2022 12 dias

SETEMBR
Pagamento - Competência 08/22 09/09/2022 19/09/2022 10 dias
O
Adiantamento - Competência 08/22 20/09/2022 02/09/2022 0 dias

Destarte, o direito essencial do trabalhador foi violado. Em todo contrato de trabalho apenas 3
vezes foi depositado sem atraso. Há o entendimento no Tribunal Superior do Trabalho que
deverá incidir multa de 10% sobre o salário devido, na hipótese de atraso no pagamento
de até 20 dias, e de 5% por dia no período subsequente.

Por essa razão, requer a aplicação de multa por atraso contumaz no pagamento do salário do
Reclamante.

DO ATRASO PAGAMENTO DE FÉRIAS

A CLT dispõe que todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias,
sem prejuízo da remuneração, adquirido a cada 12 meses de vigência do contrato de trabalho.
E, a sua concessão, é sabido que deverão ser nos 12 meses subsequentes à aquisição do direito,
sendo que, não respeitado esse prazo, o empregador deve pagar em dobro a respectiva
remuneração, conforme arts. 134 e137 da CLT.

Já em relação ao prazo para pagamento da remuneração das férias, o artigo 145 da CLT é
taxativo: deve ser efetuado até 2 dias antes do início do respectivo período, sob pena de
pagamento em dobro.

As férias do período aquisitivo de 08/08/20 a 07/08/21 foram pagas com 87 DIAS DE


ATRASO, eis que o gozo da mesma iniciou em 21/02/2022 e seu pagamento, que tinha como
valor total R$1.985,68, foi efetuado de forma parcelada, sendo:

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 1ª parcela em 24/03/2022 no valor de R$ 1.115,93 e a 2ª parcela em 17/05/2022 no
juntamente com salário de competência de abril/2022, conforme extrato bancário.

Cabe ressaltar que esta 2ª parcela das férias foi paga no holerite com nome da verba diferente
da que realmente cabia, conforme recorte abaixo:

Há diversos julgados do TRT 15ª Região com o mesmo posicionamento:

FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA. REMUNERAÇÃO FORA


DO PRAZO PREVISTO NO ART. 145 DA CLT . DOBRA DEVIDA.
ART. 137 DA CLT E SÚMULA 450 DO C. TST. É devido o
pagamento da dobra da remuneração de férias, incluído o terço
constitucional, com base no art. 137 da CLT e Súmula 450 do C.
TST, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador
tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma
legal. (TRT-15 Divulgada no D.E.J.T de 18/3/2016, págs. 02 e 03;
D.E.J.T de 21/3/2016, pág. 02; D.E.J.T de 22/3/2016, pág. 02)

Diante disto, faz jus o autor ao pagamento da dobra + 1/3 das mesmas, ao teor do artigo 137 da
CLT.

DO VALE REIFEIÇÃO E ALIMENTAÇÃO

Assim como salário, havia atraso nos vales refeição e alimentação. Quando contrato o
Reclamante recebia seus benefícios por uma operadora, sempre de forma parcelada.

Após um certo tempo de contrato os benefícios deixaram de ser creditados no cartão da


operadora para serem depositados diretamente na conta salário do Reclamante. E seguindo o
mesmo padrão: pagamento atrasado e parcelado.

DOS RECOLHIMENTOS PREVIDENCIÁRIOS

Para surpresa do Reclamante ao emitir um extrato do seu INSS (anexo) verificou a falta de
recolhimento previdenciário, motivo pelo qual requer o Reclamante que a Reclamada seja
compelida a comprovar o pagamento das contribuições previdenciárias durante todo o contrato
de trabalho, sob pena de execução direta, além de expedição de ofícios à DRT e INSS, no

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sentido de que esses órgãos, respectivamente, venham a instaurar as competentes ações
fiscalizadoras para a autuação e punição da empresa.

DO DANO MORAL

A conduta realizada pela Reclamada durante todo o pacto laboral restou cristalino que não
cumpriu com as obrigações de empregador, tratando de forma desleal o Reclamante. Os
prejuízos morais sofridos pelo Reclamante na vigência do contrato de trabalho encontram-se
assinalada peça exordial.

O dano moral in re ipsa já está configurado uma vez que Reclamada agrediu deliberadamente
os direitos trabalhistas, portanto deve sofrer consequências dos atos ilícitos que cometeu, e ser
condenada a reparar o sofrimento do obreiro pelo não pagamento de todos os seus direitos.

A jurisprudência indica:

"(...) RECURSO DE REVISTA DO RECLAMADO - ADMITIDO


PARCIALMENTE. DANOS MORAIS. ATRASO REITERADO NO
PAGAMENTO DOS SALÁRIOS. DANO IN RE IPSA. NÃO
CONHECIMENTO. O pagamento tempestivo do salário do
empregado é obrigação imposta por lei ao empregador, conforme se
extrai do artigo 459, § 1º, da CLT. O legislador, ciente das
necessidades básicas do empregado, cuidou de determinar um
prazo para o pagamento do salário, a fim de evitar não só a mora
salarial, mas de garantir ao trabalhador as condições mínimas de
dignidade em sua vida pessoal, familiar e social. A relevância do
salário está, pois, ligada diretamente à fonte de subsistência. Assim,
o atraso reiterado do pagamento, além de constituir ato ilícito, sem
dúvida, causa danos extrapatrimoniais, pois atinge diretamente a
personalidade do trabalhador que se virá impossibilitado de
manter suas necessidades básicas de sobrevivência bem como de
cumprir com suas obrigações sociais. Nesse contexto, a
jurisprudência desta Corte Superior firmou entendimento de que
nesses casos não precisa ser demonstrado o dano, pois existe in re
ipsa, dispensando prova de ter o autor experimentado sentimentos
de dor, incerteza e incapacitação ou mesmo o grau da sua
intensidade. Na hipótese, a egrégia Corte Regional consignou,
expressamente, que o reclamado "atrasava habitualmente o
pagamento do salário do autor". Premissa fática inconteste à luz do
que preceitua a Súmula nº 126. A decisão, portanto, do egrégio
Tribunal Regional que condena o reclamado ao pagamento de
compensação por dano moral decorrente do ato ilícito de atraso
reiterado no pagamento dos salários do reclamante está em
consonância com a jurisprudência desta Corte e com o artigo 5º, X,
da Constituição Federal. Recurso de revista de que não se conhece"

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(TST - 5ª T. - ARR 874-81.2014.5.09.0013 - Rel. Min. Guilherme
Augusto Caputo Bastos - DEJT9/6/2017). (Grifo nosso)

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DAS


LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ATRASO REITERADO
NO PAGAMENTO DE SALÁRIOS. O recurso de revista se
viabiliza porque ultrapassa o óbice da transcendência com relação
aos reflexos gerais de natureza política e jurídica, nos termos do
art. 896-A, inciso II e IV, da CLT. INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. ATRASO REITERADO NO PAGAMENTO DE
SALÁRIOS. O e. TRT presumiu como 'verdadeiras as afirmações
iniciais' (pág. 58) quanto aos reiterados atrasos no pagamento dos
salários da autora. No entanto, considerou que apenas o
patrimônio trabalhista foi violado, não ensejando tal fato, por si
só, o pagamento de indenização por danos morais . Pois bem. A
jurisprudência pacífica desta Corte Superior é firme no sentido de
que o reiterado atraso no pagamento dos salários gera dano
moral in re ipsa ao empregado. Precedentes da SBDI-1 e de todas
as Turmas do TST. Configurada a ilicitude da conduta do
empregador, é devida a indenização por danos morais, no valor de
R$ 10.000,00 (dez mil reais), importância arbitrada tendo em conta
o bem jurídico lesado, a capacidade econômica das partes, a
finalidade pedagógica da medida e os processos julgados nesta
Corte em 2018. Recurso de revista conhecido por violação do
artigo 5º, X, da CF e provido" (TST - 3ª T. - RR 10534-
55.2017.5.15.0069 - Rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte -
DEJT26/4/2019). (Grifo nosso)

Não obstante, o Reclamante deixou de realizar o seu grande sonho, A COMPRA DA CASA
PRÓPRIA. Como é de praxe, o Reclamante ia usar o saldo do seu FGTS para conseguir dar a
entrada no imóvel, conforme e-mail anexo aos autos.

O acordo comercial de compra do imóvel foi desfeito e ele perdeu a oportunidade de realizar
seu sonho, por um descaso da Reclamada que não depositou o que é seu por direito. Foram
inúmeros e-mails à Reclamada, mas NADA FORA feito.

Por esse motivo, não pode pedir sua linda namorada em casamento, pois não teriam onde morar
juntos e constituírem sua família de forma digna e totalmente possível, pois trabalhou de forma
excelente para a Reclamada, mas em contrapartida a ré não cumpriu com sua parte no contrato
de trabalho.

Até suas férias foram impactadas com o desprezo da Reclamada. Conforme demostrado acima,
o atraso no pagamento de suas férias lhe causou um imenso desgaste, pois com estava com a

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viagem marcada e comprada. Foi viajar sem dinheiro, pois não poderia perder as reservas de
hotéis e passagens aéreas, conforme comprovantes juntados aos autos.

Cabe listar todos os atos ilícitos praticados pela Reclamada que lhe causaram prejuízos em seu
patrimônio moral:
 Falta de depósito do FGTS, bem como quando depositado, no valor abaixo do
correto;
 Atraso contumaz no pagamento do salário;
 Atraso no pagamento do vale refeição e alimentação;
 Atraso no pagamento das férias;
 Atraso no pagamento da rescisão.

Vossa Excelência, é evidente que o obreiro merece a devida reparação, nos termos dos incisos
V e X do artigo 5º da Constituição Federal, e do artigo 186 do Código Civil brasileiro no
importe de no mínimo 10 (dez) vezes a última remuneração do Reclamante.

DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

O artigo 791-A da CLT, trata dos honorários de sucumbência e assim dispõe:

“Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria,


serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo
de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento)
sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o
valor atualizado da causa.”

Os honorários advocatícios estão previstos ainda no artigo 85, do NCPC, e seus parágrafos, em
especial no § 14º, o qual dispõe que a verba honorária é devida ao advogado, possuindo caráter
alimentar.

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Assim, requer o reclamante a condenação da reclamada ao pagamento dos honorários
advocatícios sucumbenciais ao procurador, a ser arbitrado por Vossa Excelência ou o importe
mínimo de 15% do valor da causa.

DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

É importante ressaltar que, de acordo com as ADIs 5867 e 6021, o Supremo Tribunal Federal
decidiu que o índice IPCA-e deve ser utilizado na fase pré-processual, enquanto a Tabela Selic
deve ser utilizada para a atualização (que inclui correção monetária e juros de mora) a partir da
citação. Essa decisão tem como objetivo equiparar o credor trabalhista ao credor cível.

No entanto, é importante mencionar que a Tabela Selic apresenta atualmente o seu menor
índice histórico. Embora tenha discutido sobre qual índice seria mais adequado para a
atualização dos créditos trabalhistas, seja a TR ou IPCA-e, nunca houve questionamentos sobre
os juros de mora, que correspondem a 1% ao mês. O argumento apresentado pelo STF é de que
a ação trabalhista não deve ser vista como um investimento para o trabalhador, mas também
não deve ser um investimento para o empregado.

Diante dessa diferença, e levando em conta o argumento de equiparar o credor trabalhista ao


credor cível, é necessário aplicar o artigo 404, § único, do Código Civil, que estabelece:

“Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em


dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e
honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o
prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder
ao credor indenização suplementar”.

É injusto que o trabalhador seja ainda mais prejudicado pela inadimplência do empregador e
tenha seu poder de compra extremamente reduzido, enquanto o empregador obtém vantagem
econômica em benefício próprio, fazendo "uso" do dinheiro que pertenceria ao trabalhador se
fosse pago na data correta. É importante lembrar que um dos princípios fundamentais que
regem o Direito do Trabalho é a proteção ao trabalhador.

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Assim, é solicitado a aplicação do artigo mencionado para determinar o pagamento de
Indenização Suplementar ao Reclamante, baseado na atualização dos valores devidos pela
Reclamada através de um índice de mercado como o IPCA-e + 4% ao ano, descontando os
valores apurados pela atualização da Tabela Selic, como já está previsto na jurisprudência.

5. DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer:

1) a concessão da gratuidade de justiça, em face do exposto em item próprio;

2) seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE A PRESENTE RECLAMAÇÃO


TRABALHISTA;

3) seja, ao final, determinada a liquidação efetiva da ação e dos pedidos deferidos e,


consequentemente, o arbitramento ao valor da causa;

4) o pagamento dos depósitos do FGTS na conta vinculada do reclamante, cujo valor deverá ser
apurado em regular liquidação de sentença, estimando-se a quantia
de ....................................................................................................................................................
..R$ 5.500,00;

5) o pagamento da multa do art. 477, CLT, estimando-se a quantia de .....................R$


5.360,00;

6) pagamento da dobra das férias + 1/3 das mesmas, ao teor do artigo 137 da CLT, estimando-
se a quantia de ….................................................................................................................... R$
2.648,08;

7) o pagamento da multa por atraso contumaz do salário, estimando-se a quantia


de ....................................................................................................................................................
..R$ 10.800,00

8) o pagamento da indenização por danos morais, em virtude do atraso dos salários, das férias e
da ausência dos depósitos do FGTS, cuja quantia deverá ser arbitrada por Vossa Excelência,
desde que não inferior a 10 (dez) vezes a remuneração do reclamante, a ser devidamente
apurada em sede de liquidação de sentença, estimando-se a quantia
de.................................................................................................................................................R$
53.600,00;

9) Honorários de sucumbência no percentual a ser fixado pelo juízo; (pedido ilíquido);

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DOS REQUERIMENTOS FINAIS

1. Apuração do crédito em liquidação de sentença, com acréscimo de juros da mora e


correção monetária;

2. Expedição de ofícios denunciatórios ao Ministério Público do Trabalho, Delegacia


Regional do Trabalho e Ministério do Trabalho e Emprego;

3. Essa subscritora declara serem autênticos os documentos acostados à inicial, nos termos
do art. 830 da CLT.

Deve a presente ação ser julgada totalmente procedente, condenando-se a reclamada na forma
do pedido, acrescida de juros e correção monetária, bem como nas custas processuais e demais
cominações de estilo, assim como verba honorária arbitrada por Vossa Excelência.

Desde já, requer a dedução de todos os valores pagos e comprovados pela reclamada em sua
defesa.

Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, sem exceção.

As intimações deverão ser encaminhadas em nome da advogada ANNA CAROLYNA PRATA


DE HOLANDA SILVA (OAB/SP 345.445), com endereço à Avenida Presidente Wilson, 40 sl
902B, Gonzaga, Santos/SP, CEP 11065-200.

Dá-se à causa o valor estimativo de R$ 77.908,08 (setenta e sete mil, novecentos e oito reais e
oito centavos) para os efeitos legais de alçada e custas.

Pede deferimento.
Santos, 12 de maio de 2023.

ANNA CAROLYNA PRATA DE HOLANDA SILVA


OAB/SP 354.445

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