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EXMO.

SENHOR JUIZ FEDERAL DA VARA DO TRABALHO DE PORTO


CALVO- AL

LUZIA DOS PRAZERES ARAÚJO – ME., pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ nº 16.889.993/0001-34, com sua sede estabelecida no
endereço Rua Dr. Antônio Dorda, 113, Centro, Porto Calvo-AL, CEP: 57.900-
000, na pessoa de seu representante legal, qual seja: LUZIA DOS
PRAZERES ARAÚJO, brasileira, casada, comerciante, inscrita no CPF:
040.744.154-96 e RG: 5785693 SDS/PE, vem, através de seu Advogado que a
esta subscreve, conforme procuração em anexo, com endereço profissional a ,
brasileiro , advogado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil Seccional
Pernambuco sob o n° 37.791, co escritório profissional na Avenida Teonilo
Silvestre, n° 248, São Cristóvão, Santa Cruz do Capibaribe-PE, vem, com o
respeito costumeiro à presença de Vossa Excelência, inconformado com a
respeitável decisão de ID- 267c439, vem tempestiva opor:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

com base no artigo 897-A da CLT, pelos fatos e fundamentos expostos a seguir:

1) DO RESUMO FÁTICO

Foi proposta Reclamação Trabalhista e o Embargante, contestou e pediu, no


mérito, o indeferimento do pedido de pagamento de diferenças salariais,
levando em consideração a sua inexistência no período compreendido de
02/01/2019 à 28/03/2022, em virtude das provas carreadas aos autos no id-
761e933. Todavia este juízo deferiu o pedido do reclamante, fundamento que a
reclamada não juntou provas que comprovassem os argumentos fáticos da peça
contestatória.

2) DO CABIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.

2.1) DAS DIFERENÇAS SALARIAS

Conforme mencionado anteriormente, em que pese a empresa LUZIA DOS


PRAZERES ARAÚJO – ME, tenha pedido em sua contestação, pelo
indeferimento do pedido de pagamento de diferenças salarias, argumento que
alegação falaciosa da reclamante de que o salário percebido por ela, está abaixo
do salário mínimo nacional. Não merecem prosperar, pois, como dito
anteriormente, a reclamante, sempre, durante o período de 02/01/2019 à
28/03/2022, percebia, os salários mínimos vigentes a época. Tudo conformidade
com os recibos de salário assinados e juntados na peça contestatória. (id-
761e933)
Sendo assim, no ano de 2019, a reclamante, percebia como salário o montante
compreendido de R$998,00, por sua vez, no ano de 2020, percebia como salário
o montante compreendido de R$1.045,00, que, , por sua vez, no ano de 2021,
percebia como salário o montante compreendido de R$1.100,00 e que afinal do
contrato de trabalho que ocorreu no ano de 2022, terminou seu labor recebendo
o valor de R$1.212,00.
Ocorre que este Juízo, deixou de analisar, omitindo-se as provas juntadas nos
autos, sem a devida análise. Podemos ver, que dos documentos, juntados pela
reclamada no id- 761e933 (recibos de salário) e pela própria reclamante, no id-
8ac2a7d, (Recibos de Salário), bem como, no Termo de Rescisão de Contrato de
Trabalho de ID- 2b95369, que os cálculos de salário e das verbas trabalhista,
foram processados com base no salário mínimo vigente na época. A própria
reclamante, confirma que assinou os recibos de salários.

O Juízo foi omisso e contraditório ao deferir para a reclamante verbas


rescisórias que foram quitadas na época do pagamentos, quais sejam:
DIFERENÇAS SALARIAIS MENSAIS, PARA O SALÁRIO MÍNIMO EM
VIGOR, EM RELAÇÃO AO PERÍODO DE 31/05/2018 A 28/03/2022, COM
REPERCUSSÕES SOBRE OS DEPÓSITOS DO FGTS + 40%. Alegando ainda
que a reclamada não trouxe provas aos autos em sentido contrário. Vejamos
trecho da sentença:

2.2.3 – DIFERENÇAS SALARIAIS MENSAIS.


REPERCUSSÕES.DEFERIMENTO PARCIAL. – A
reclamante pleiteou o recebimento de diferenças salariais
mensais, alegando ter sido remunerada em valores
inferiores ao salário mínimo, no período em que trabalhou
para a reclamada. Em socorro de suas alegações
afirmou a percepção de remuneração mensal, durante
o vínculo, correspondente a R$ 500,00 (quinhentos
reais), nos meses de maio a dezembro de 2018; R$ 600,00
(seiscentos reais), nos meses de janeiro de 2019 a fevereiro
de 2020; R$ 800,00 (oitocentos reais), nos meses de março
de 2020 a julho de 2021; e, R$ 900,00 (novecentos reais),
nos meses de agosto de 2021 a março de 2022, quantias
que se afiguram inferiores aos valores mensais do salário
mínimo nacional vigentes nas referidas fases. A
reclamada não trouxe aos autos provas em sentido
contrário, de cunho meramente documental (Art. 464,
CLT). Nesse cenário, existente disposição constitucional
proibitiva da percepção de remuneração básica inferior ao
salário mínimo mensal (Art. 7º, IV, CFRB),defere-se em
favor da reclamante o pleito de diferenças salariais
mensais, para o salário mínimo em vigor, em relação ao
período de 31/05/2018 a 28/03/2022, com repercussões
sobre os depósitos do FGTS + 40%, observadas a
proporcionalidade dos meses não integralmente
trabalhados e a dedução dos valores pagos a idênticos
títulos(ID 2b95369/1607cac)

Não há, em que se falar em diferença salarial no período de 02/01/2019 à


28/03/2022, pois inexiste é a diferença, tendo em vista que o contrato de
trabalho do reclamante está em consonância com o piso salarial nacional. A
própria reclamante, assina, seus recibos de salários, o desde já, inviabiliza
sua própria tese.

O art. 464 da CLT dispõe, em seu caput, que: "o pagamento do salário deverá
ser efetuado contra recibo, assinado pelo empregado", o que permite concluir
que o recibo ou contracheque é o meio de prova, por excelência, da quitação
salarial. Presume-se que os valores pagos por meio de recibos salariais são
abrangentes da integralidade da contraprestação salarial. No caso dos autos
podemos ver, que dos documentos, juntados pela reclamada no id- 761e933
(recibos de salário) e pela própria reclamante, no id- 8ac2a7d, (Recibos de
Salário), comprovam que a mesma não recebeu salário inferior ao vigente na
época.

Neste sentido, destacamos os seguintes entendimentos jurisprudenciais:

REMUNERAÇÃO - RECIBOS DEVIDAMENTE


ASSINADOS PELO EMPREGADO. A teor do artigo 464,
caput, da CLT, o pagamento do salário deverá ser
efetuado contra recibo, assinado pelo empregado. Nesses
termos, cuidando a Ré de colacionar aos autos os
referidos documentos, devidamente datados e assinados
pelo Autor, cumpre a ele o ônus de desconstituir as
informações ali consignadas, encargo do qual, todavia,
não se desvencilhou. (TRT-3 - RO: 00115393220155030097
MG 0011539-32.2015.5.03.0097, Relator: Maria Raquel
Ferraz Zagari Valentim, Data de Julgamento: 02/08/2018,
Quarta Turma, Data de Publicação: 07/08/2018.)

DIFERENÇAS SALARIAIS. ÔNUS DA PROVA. Com


fulcro no art. 818 da CLT e art. 373, I, do CPC, é do autor
o ônus da prova em relação à existência de diferenças
salariais, porquanto é fato constitutivo do seu direito. O
não apontamento de diferenças por parte do autor impõe
o desprovimento do seu recurso. (TRT12 - ROT - 0001488-
31.2017.5.12.0035 , Rel. QUEZIA DE ARAUJO DUARTE
NIEVES GONZALEZ , 3ª Câmara , Data de Assinatura:
17/08/2020) (TRT-12 - RO: 00014883120175120035 SC,
Relator: QUEZIA DE ARAUJO DUARTE NIEVES
GONZALEZ, Data de Julgamento: 29/07/2020, Gab.
Des.a. Quézia de Araújo Duarte Nieves
Gonzalez).

PISO SALARIAL DA CATEGORIA. DIFERENÇAS


SALARIAIS. ÔNUS DA PROVA. Para fazer jus ao
pagamento de diferenças salariais, incumbe à parte
autora o ônus da prova quanto à suposta contraprestação
salarial inferior ao piso salarial da categoria
correspondente, por se tratar de fato constitutivo do
direito alegado, ex vi do art. 818 da CLT c/c art. 373 do
CPC. Recurso conhecido e não-provido. (TRT-16
00177845920175160022 0017784-59.2017.5.16.0022, Relator:
JOSE EVANDRO DE SOUZA, Data de Publicação:
01/08/2019).

Assim merece ser sanado a omissão e contradição do julgado para excluir as


diferenças salariais período de 02/01/2019 à 28/03/2022, tendo em vista que há
comprovação nos autos prova documental pela reclamada no id- 761e933
(recibos de salário) e pela própria reclamante, no id- 8ac2a7d, (Recibos de
Salário), bem também improcedente é os reflexo da diferença salarial, sendo
assim, não se aplica o valor, sobre liquidação das verbas rescisórias da
demissão. A reclamante só faz jus a diferença do período compreendido a
31/05/2018 à 31/12/2018, e, apenas neste período.

2.1) DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIARIAS

A sentença não fez menção ao regime tributário privilegiado de empresa


optante do simples nacional, ordenando o recolhimento das contribuições na
forma geral, vejamos:
2.2.9 – CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E IMPOSTO
DERENDA. DEDUÇÕES. – Devidos os recolhimentos à
Previdência Social, em relação aos títulos de "13º salários" e
“diferenças salariais mensais”, acima deferidos, por sua
natureza salarial, observados os limites de contribuição
previstos em lei, cuja execução se fará nestes próprios autos,
com o concurso daquela Autarquia (Art. 114, VIII, CFRB).

Inicialmente cumpre esclarecer, que aparte reclamante é optante do simples


nacional (comprovante em anexo), e por isso, deve ser sanado a omissão no
julgado e recalculado o valor do INSS levando em consideração seu regime de
tributação privilegiado. Neste Sentido:
RECURSO DA RECLAMADA.
CONTRIBUIÇÕESPREVIDENCIÁRIAS. EMPRESA
OPTANTE DO SIMPLES NACIONAL. REGIME
TRIBUTÁRIOPRIVILEGIADO. ISENÇÃO DA COTA
PATRONAL.RETIFICAÇÃO DOS CÁLCULOS. A
opção pelo regime tributário denominado Simples
Nacional atrai a isenção, a partir da data de opção, da
cota patronal da contribuição previdenciária incidente
sobre as parcelas trabalhistas deferidas em Juízo,
relativas ao período posterior à vigência da Lei nº 11.941
Como a ré é optante do regime/2009.tributário
mencionado desde 01/01/2009,impõe-se a retificação dos
cálculos, a fim de excluir os valores relativos à cota
previdenciária patronal relativa a todo o período
trabalhado. (TRT-13 - ROT:00001577220205130005
0000157-72.2020.5.13.0005, Data de Julgamento:
17/12/2021, 2ª Turma.

Assim, destacado o texto obscuro e contraditó rio. Nos termos do artigo 897-A da
CLT, caberá Embargos de Declaraçã o em casos de omissã o, obscuridade e
contradiçã o no julgado. Como no presente caso este Douto juízo foi omisso e
contraditó rio, verifica-se que o presente embargos é o meio cabível para a
respeitá vel sentença seja esclarecida. E neste sentindo entende a jurisprudência:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃ O DA RECLAMANTE. OMISSÕ ES.


Concede-se provimento aos embargos de declaraçã o para
sanar as omissõ es, com efeito modificativo, na forma da
fundamentaçã o. EMBARGOS DE DECLARAÇÃ O DA
RECLAMADA. OMISSÃ O INEXISTENTE. REDISCUSSÃ O DE
MÉ RITO. A insatisfaçã o da embargante com a decisã o que
lhe foi desfavorá vel nã o pode ser examinada por meio de
embargos de declaraçã o, por ser recurso de estreito
cabimento, conforme artigos 897-A da CLT e 505 do CPC.
Embargos de declaraçã o da reclamante conhecidos e
provido para sanar omissã o. Embargos de declaraçã o da
reclamada conhecidos e nã o providos. (TRT-11
XXXXX20175110401, Relator: VALDENYRA FARIAS THOME,
1ª Turma).
EMBARGOS DE DECLARAÇÃ O. CONTRADIÇÃ O.
ACOLHIMENTO. Acolhem-se os embargos de declaraçã o
quando verificada a existência de contradiçã o no acó rdã o,
apontada pela parte embargante. (TRT-12 - EMBDECCV:
XXXXX20175120026 SC, Relator: HELIO HENRIQUE GARCIA
ROMERO, Data de Julgamento: 10/02/2021, Gab. Des.a.
Quézia de Araújo Duarte Nieves Gonzalez)

Assim sendo, requer seja esclarecida a omissão e a contradição da


respeitável sentença de ID-267c439.

3) Do Efeito Modificativo.

Cumpre ressaltar que a respeitá vel decisã o, além de ter sido omissa, condenou o
Embargante ao pagamento das diferenças salarias de todo o período sem observar
as provas contantes nos autos.

O artigo 897-A da CLT, C/C a OJ 142 da SDI do Egrégio TST, permite a obtençã o de
efeito modificativo no julgado. Inclusive, conforme menciona o saudoso Valentim
Carrion, sem sua obra "Comentá rios à Consolidaçã o das Leis do Trabalho" (2006, p.
894), o TST entende que, em razã o do efeito modificativo, a parte contrá ria deve
ser intimada para que, sendo sua vontade, se manifeste sobre os Embargos de
Declaraçã o.

ISTO POSTO, requer deste douto juízo que aplique o efeito modificativo na decisã o
pelo acolhimento dos presentes embargos de declaraçã o. No sentido de considerar
os recibos de salá rios, constantes nos autos, do período de 02/01/2019 à
28/03/2022, reconhecendo a inexistência de diferença salarial sobre o período
em destaque. Requer ainda, em razã o do efeito modificativo e do pró prio Princípio
Constitucional do Contraditó rio, a intimaçã o do Embargado para que apresente
sua contra razõ es.

Nesses Termos,

Pede e Espera Deferimento.

Santa Cruz do Capibaribe/PE, 18 de Dezembro de 2023.

Felipe Barros de Souza


Advogado – OAB/PE 37.791.

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