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Ao Juízo de Direito do Juizado Especial Cível da Comarca de São Pedro da Aldeia-RJ.

Competente por distribuição


Procedimento do Juizado Especial Cível
Código de Defesa do Consumidor - Lei nº 8.078/90.
CAPITÃO GANCHO, brasileiro, divorciado, militar, portador do cartã o de identidade nº
***.478, MINDEF/RJ, inscrito no CPF sob nº ***.***.397-00, endereço eletrô nico: (e-mail),
telefone: (22) 9 ****-9790, residente e domiciliado na Rua Dois Irmã os, S/N, Campo
Redondo, CEP: 28.942-238, Sã o Pedro da Aldeia-RJ, intermediado por sua mandatá ria
subscritora, com endereço profissional e eletrô nico descritos no rodapé desta, a qual, em
obediência à diretriz fixada no art. 77, inciso V, do CPC/15, indica-o para as
intimaçõ es que se fizerem necessá rias, vem com o devido acato e respeito à presença do
Douto Juízo, propor, nos termos da Lei nº 8.078/90 e art. 319 e seguintes do
CPC/15, a presente
Ação de Obrigação de Fazer – Reembolso de Valor Pago em Passagens Aéreas c/c
Repetição do Indébito e Reparação por Danos Morais
pelo rito especial em desfavor de TVLX Viagens e Turismo S.A, VIAJANET, pessoa jurídica
de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 12.337.454/0001-31, com sede na Rua Manoel
Coelho, nº 600, Centro, CEP: 09510-101, Sã o Caetano do Sul-SP, e GOL Linhas Aéreas S.A,
pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 07.575.651/0001-59, com sede
na Praça Senador Salgado Filho, S/N, Centro, CEP: 20021-340, Rio de Janeiro-RJ, pelas
razõ es de fato e de direito que passa a aduzir.
I – Preliminarmente
I.1. Da Assistência Judiciária Gratuita
Em que pese o valor de sua remuneraçã o, o autor é responsá vel por duas pensõ es
alimentícias descontadas em folha de pagamento, auferindo proventos líquido mensal,
inferior a 3 (três) salários-mínimos, se vê impossibilitado de arcar com as custas
processuais e honorá rios advocatício, sem prejuízo pró prio e de sua família. Ademais, há
previsã o legal no art. 5º, incisos XXXIV, LXXIV e LXXVII da Constituiçã o
Federal e nos art. 98 e seguintes do CPC/15, consoante inteligência do pará grafo
ú nico do art. 2º da Lei nº 1.060/50.
Pelo exposto, com base na garantia jurídica que a lei oferece, postula a parte autora a
concessã o do benefício da justiça gratuita, em todos os seus termos, a fim que sejam isentos
de quaisquer ô nus decorrentes do presente feito. Por ora, anexa declaração de
hipossuficiência e os 3 (três) últimos comprovantes de renda.
I.2. Da Audiência de Conciliação e Mediação
Atendendo o disposto no artigo 319, VII do Có digo de Processo Civil, o autor
informa que não tem interesse na audiência de conciliação ou mediação prevista no
art. 334 do mesmo codex.
Na medida que já foram feitas inú meras tentativas de composiçã o extrajudicial, por parte
autoral, obtendo descaso em suas solicitaçõ es, além de ter sido apresentadas informaçõ es
confusas e incoerentes que contrariam a verdade real dos fatos.
II – Síntese dos Fatos
Em 04.08.2020, as 21h 21min, o autor realizou a compra de passagens aéreas, reserva sob
nº 27699728, trecho Rio de Janeiro X Florianó polis X Rio de Janeiro, ida e volta, no valor
total de R$ 362,50 (trezentos e sessenta e dois reais e cinquenta centavos), incidindo
taxas e encargos, pagos através de cartã o de crédito de final 0755, em favor de TVLX
Viagens e Turismo S.A, ora requerida, entrada de R$ 157,86 (cento e cinquenta e sete
reais e oitenta e seis centavos), debitada na fatura de AGO/2020, + 4 parcelas no valor de
R$ 51,16 (cinquenta e um reais e dezesseis centavos), a serem debitados nos meses
subsequentes, SET, OUT, NOV e DEZ/2020. À s 23h 05min, do mesmo dia da compra, o
autor realizou o pedido de cancelamento da reserva, (conforme confirmação de compra,
cancelamento e boletos anexo).
Ao perceber que o estorno do valor da compra realizada em seu cartã o de crédito, final
0755, nã o havia ocorrido, e as parcelas foram todas debitadas nas faturas subsequentes a
data da compra. Em 15.01.2021 o autor entrou em contato com a requerida, solicitando
informaçõ es sobre o estorno da reserva sob nº 27699728 cancelada. Em 18.01.2021, a
primeira requerida respondeu o e-mail, solicitando que o autor enviasse as faturas
referente aos meses de SET, OUT e NOV/2020, para abrir aná lise junto a Cia aérea, sendo
enviado em 18.03.2021 pelo autor, as faturas de AGO a DEZ/2020, (conforme primeiro e-
mail anexo).
Em 20.03.2021, a requerida respondeu ao e-mail, noticiando que os documentos foram
encaminhados ao setor responsá vel e bastaria aguardar. Em 26.04.2021, o autor solicitou
novamente informaçõ es, o que foi respondido no dia seguinte, 27.04.2021, informando que
foi aberto chamado com o setor responsá vel. No entanto, em 18.05.2021, passados mais de
8 (oito) meses, desde o pedido de cancelamento, a parte autora novamente entra em
contato, mais uma vez sem resposta, (conforme segundo, terceiro e quarto e-mail anexo).
Somente em 03.06.2021, a primeira requerida responde a negativa do estorno,
informando que não foram identificados nas faturas encaminhadas, nenhuma
cobrança em nome da Cia aérea, ora segunda requerida, motivo, pelo que não houve
valores a serem estornados, (conforme e-mail de negativa anexo).

II.1. Dos Contrassensos


Ocorre Meritíssimo, se V.Exª., analisar as faturas anexas, minuciosamente, observará , que
em todas elas, ocorre a descriçã o dos pagamentos em favor “T&e companhia aérea
Parc.X/5 - parc=105gol oryl5h”, ora requeridas.
III – Dos Direitos e Fundamentos
III.1. Da Aplicação do CDC
O presente caso, tem novamente a requerida como ocupante do polo passivo. É flagrante o
desrespeito que a acionada vem tendo com os consumidores. Infelizmente, repetimos aqui
na presente exordial os mesmos argumentos que usamos em outras ocasiõ es, em que
clientes da requerida vêm sendo constantemente desrespeitados na relaçã o de consumo.
Em verdade, a ré causa o enriquecimento ilícito através do valor nã o estornado, pode-se
dizer que pagos em duplicidade. Sendo assim, o autor requer através da tutela jurisdicional
Estatal, reaver em dobro o valor pago como medida de inteira justiça, haja vista os esforços
em tentar dirimir o ocorrido através do Serviço de Atendimento ao Cliente.
Pela lei nº 8.078/90, claro está , a relaçã o entre o autor e a acionada, totalmente regulada
pelo codex, chamado Có digo de Defesa do Consumidor.
Em seu art. 2º, o referido Có digo define consumidor como sendo:
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.
Por outro lado, temos a posiçã o da acionada perfeitamente definida no art. 3º do mesmo
diploma legal:
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Logo, deve ser respeitado o referido diploma que estabelece direitos e deveres para ambas
as partes.
Encontra o consumidor proteçã o contra a prá tica de atos abusivos, no art. 6º, inc. IV,
do CDC:
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
(…)
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou
desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de
produtos e serviços.
III.2. Da Inversão do Ônus da Prova
Está consubstanciada no CDC a inversã o do ô nus da prova em favor do consumidor, o
que se mostra cabível nesta demanda.
Diz o art. 6º, inc. VIII, do Có digo de Defesa do Consumidor:
(…)
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.
Em regra, o ô nus da prova incumbe a quem alega o fato gerador do direito mencionado ou a
quem o nega fazendo nascer um fato modificativo, conforme disciplina o art. 333, incisos
I e II do Có digo de Processo Civil.
O Có digo de Defesa do Consumidor, representando uma atualizaçã o do direito vigente e
procurando amenizar a diferença de forças existentes entre polos processuais onde se tem
num ponto, o consumidor, como figura vulnerá vel e noutro, o fornecedor, como detentor
dos meios de prova que sã o muitas vezes buscados pelo primeiro, e à s quais este nã o
possui acesso, adotou teoria moderna onde se admite a inversã o do ô nus da prova
justamente em face desta problemá tica.
Havendo uma relaçã o em que está caracterizada a vulnerabilidade entre as partes, como de
fato há , este deve ser agraciado com as normas atinentes na Lei nº 8.078/90,
principalmente no que tange aos direitos bá sicos do consumidor, e a letra da Lei é clara.
Ressalte-se que se considera relaçã o de consumo a relaçã o jurídica havida entre fornecedor
(art. 3º da Lei 8.078/90), tendo por objeto produto ou serviço, sendo que nesta esfera cabe
a inversã o do ô nus da prova quando:
“O CDC permite a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, sempre que foi
hipossuficiente ou verossímil sua alegação. Trata-se de aplicação do princípio constitucional
da isonomia, pois o consumidor, como parte reconhecidamente mais fraca e vulnerável na
relação de consumo ( CDC 4º, I), tem de ser tratado de forma diferente, a fim de que seja
alcançada a igualdade real entre os participes da relação de consumo. O inciso comentado
amolda-se perfeitamente ao princípio constitucional da isonomia, na medida em que tratam
desigualmente os desiguais, desigualdade essa reconhecida pela própria Lei.” (Código de
Processo Civil Comentado, Nelson Nery Júnior et al, Ed. Revista dos Tribunais, 4ª ed.1999,
pág. 1805, nota 13).
Diante exposto com fundamento acima pautados, necessita o autor da inversã o do ô nus da
prova, incumbindo a acionada à demonstraçã o de todas as provas que fundamentem seu
ato.
III.3. Do Dano Moral
O dano moral está positivado no Ordenamento Jurídico Brasileiro na Constituiçã o
Federal de 1988, em seu artigo 5º inciso V, quando assevera que “é assegurado o
direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenizaçã o por dano material, moral
ou à imagem".
Ocorre dano moral quando é agredido o patrimô nio imaterial do sujeito de direitos, no caso
em tela a agressã o aos direitos de personalidade do autor é evidente.
Consoante é o previsto pelo Có digo Processualista Brasileiro:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Para que ocorra o dever de indenizar é necessá ria à efetiva demonstraçã o do dano e do
nexo de causalidade, sendo desnecessá ria a investigaçã o acerca da culpa ou dolo do
causador do dano, visto que o Có digo de Defesa do Consumidor expressamente adotou a
teoria da responsabilizaçã o objetiva no caso em comento.
A presença do nexo de causalidade entre as partes está patente, sendo indiscutível o liame
jurídico existente entre elas.
A responsabilidade, de ambas, as quais se enquadram na cadeia de consumo prevista pelo
CDC, operam solidariamente na oferta do serviço, e devem operar conjuntamente na
responsabilidade.
Nã o há outro entendimento que possa ser depreendido disso, já que toda a comunicaçã o
sobre o reembolso sempre foi feita pelas requeridas.
Dessa maneira, é de se reconhecer que restam preenchidos os pressupostos ensejadores do
dever de indenizar (art. 14, caput, do CDC), pois o dano encontra-se inserido na pró pria
ofensa suportada pelo autor e decorre da intensidade da dor, da perda do tempo ú til, da
extensã o dos constrangimentos e transtornos ocasionados.
Já o nexo causal restou devidamente demonstrado, em razã o da conduta das acionadas em
se comportar de forma ilícita e abusiva com o autor.
Dú vida nã o há da conduta abusiva e ilícita, que lesam a parte autora, bem como houve
defeito na prestaçã o do serviço, as requeridas devem responder na forma do art. 14, do
CDC.
Dispõ e sobre a proteçã o do consumidor e dá outras providências.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Por todas as razõ es acima expostas, busca o autor, indenizaçã o à título de danos morais
sofridos, no valor equivalente a 4 (quatro) salários-mínimos, o que correspondem
atualmente a R$ 5.208,00 (cinco mil duzentos e oito reais), assim como, a devolução em
dobro do valor pago, ou seja, R$ 725,00 (setecentos e vinte e cinco reais), se assim o
Nobre Julgador entender, buscando a manutençã o de um direito que lhe assiste.
IV – Dos Pedidos e Requerimentos
Pelo teor exposto, REQUER a V.Exa.:
i. A concessã o das benesses da justiça gratuita, nos termos do art. 98 e seguintes da
Lei 13.105/15;
ii. A citaçã o da acionada, na sua matriz, no endereço supra indicado na qualificaçã o, nos
termos do art. 18, inciso II, da Lei 9.099/95, sob pena de confissã o e revelia;
iii. A concessã o da Inversã o do ô nus da prova, nos termos do art. 6º, VIII do CDC;
iv. Que seja dado provimento a presente açã o, afim de que seja concedido o reembolso em
dobro do valor pago pela reserva sob nº 27699728, na medida que houve seu
cancelamento, poucas horas apó s a compra, ou seja, R$ 725,00 (setecentos e vinte e
cinco reais), bem como, seja reconhecido o direito a indenizaçã o por danos morais,
condenando as acionadas ao pagamento no valor equivalente a 4 (quatro) salários-
mínimos, nacional vigentes, que correspondem atualmente, R$ 5.208,00 (cinco mil
duzentos e oito reais), declarando-se inexistentes quaisquer débitos entre as partes;
v. A condenaçã o da acionada ao pagamento de honorá rios advocatícios e sucumbenciais
nos termos do art. 20 do CPC/15, no percentual de 20% sobre o valor da
indenizaçã o fixada e seus acessó rios, em caso de eventual recurso.
vi. Seja a patrona, subscrito in fine, devidamente intimada de todos os atos processuais no
endereço profissional e eletrô nico anotados no rodapé desta, sob pena de nulidade nos
termos dos arts. 272, §§ e 280, ambos do Có digo de Processo Civil de 2015.

V – Das Provas e Julgamento Antecipado da Lide


Inicialmente, cumpre destacar que as provas juntadas aos autos mostram mais do que
suficientes à formaçã o do livre convencimento sobre a matéria do caso concreto. Sendo
assim, considera-se dispensá vel a produçã o de outras provas.
Isto posto, e visando os princípios da razoá vel duraçã o do processo e da celeridade, requer
o julgamento antecipado da lide, com fulcro no art. 355, inciso I do CPC/15.
VI – Do valor da causa
Atribui à causa, o valor de R$ 5.933,00 (cinco mil novecentos e trinta e três reais), com
observâ ncia ao que prevê o art. 291, do CPC/15, para todos os efeitos legais.
Termos em que pede deferimento.
Sã o Pedro da Aldeia-RJ, em, 01 de março de 2023.
Advogada
OAB/RJ ***.***

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