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EXMO (A). SR (A). DR (A).

JUIZ (A) DE DIREITO DO JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA ILHA DO GOVERNADOR

Wladimir dos Santos Mello, brasileiro, estado civil, profissão, portador


da Cédula de Identidade RG nº 08159163-8, inscrito no CPF/MF sob nº
955313867-53, residente e domiciliado na Rua Paramopama 216 ap 201,
Ribeira, em Rio de Janeiro - RJ, CEP 21930-110, por seu advogado infra-
assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA E


INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO E PEDIDO DE INDENIZAÇÃO
POR DANO MORAL

Em face de Telefônica Brasil S.A., pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ/MF sob nº02.558.157/0001-62, estabelecida na Av
Engenheiro Luiz Carlos Berrini, nº 1376, Cidade Monções, em São Paulo
- SP, CEP04.571-936, ante aos elementos de fato e argumentos de direito
abaixo expendidos:

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

A parte Autora buscou diversas formas de solucionar o conflito na via


administrativa antes de judicializar o caso. No entanto, não obteve êxito
junto a Ré.

Por essa razão, entende que agora que a lide foi instaurada, igualmente
não será possível uma solução conciliatória.

Assim, com fulcro no artigo 319, VII, do Novo Código de Processo Civil,
o autor manifesta o seu desinteresse na realização de audiência de
conciliação.
DA JUSTIÇA GRATUITA

A autora postula pela concessão dos benefícios da Gratuidade da Justiça,


pois não dispõe de recursos financeiros para arcar com as custas judiciais,
sem que isso resulte em real prejuízo para o seu sustento e de sua família,
sendo hipossuficiente economicamente, e, portanto, se enquadra no
disposto no artigo 5º, inciso LXXIV, da Carta Magna e na Lei n0
1060/50.
Além disso, como prova, aporta-se aos autos o comprovante de renda
dela, pelo qual se constata a sua condição de hipossuficiência financeira!

Dessa forma, o Autor faz jus ao benefício da justiça gratuita, cabendo,


portanto, o seu deferimento, o que desde já se requer!

DOS FATOS

Nos meses de Agosto e Setembro do ano de 2021, o autor foi


surpreendido com cobranças indevidas pela empresa Ré em 3(três)
números de linha telefônica, cujos números são (71) 99724-8189, (19)
99824-7067 e (13) 99744-2088 com valores de R$ 70,99 cada uma.
Ao tentar obter informações sobre a origem de tais valores, o autor
verificou que tratava-se de planos de ligações e internet.
Ocorre que os serviços não foram contratados.
Na tentativa de solucionar o problema, o Autor fez diversas ligações
para a Requerida sem que obtivesse qualquer êxito.
Inconformado com o constrangimento infundado, o Autor busca a
imediata repetição dos valores indevidamente descontados, bem como a
composição do dano moral sofrido pela conduta, pelo dissabor que está
causando e ante ao fato da cobrança feita ser evidentemente ilícita, o que
presume o dano moral.

DO DIREITO
Conforme narrado, trata-se de cobrança indevida, realizada pela
Empresa Ré que não tomou qualquer precaução no controle de seus
registros, permitindo a cobrança de dívidas inexistentes em nome do
Autor.
Portanto, configurada a falha no serviço, nasce o dever de indenizar,
que no presente caso é consubstanciado nos valores indevidamente pagos,
cumulando com as despesas com advogados, conforme preconiza os arts.
186 e 187 do Código Civil.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Afinal, trata-se de proteção expressamente prevista no Código de


Defesa do Consumidor, que dentre as normas previstas, dispões:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

(...)

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos


comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam


prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à


prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão


do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências;

IX - (Vetado);

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

Logo, resta imperativo que seja considerado em favor do Autor todas


as prerrogativas previstas no CDC, como a noção de hipossuficiência, a
inversão do ônus da prova, principalmente frente a gravidade da ocorrência
de ato ilícito contra o consumidor.

DA AUSÊNCIA DE VÍNCULO CONTRATUAL

Conforme narrado, o débito cobrado se trata de relação jurídica


inexistente, uma vez que não houve serviço contratado pelo Autor junto à
empresa Ré, tratando-se, possivelmente, de um serviço contratado com
documentos falsos. Inclusive as linhas telefônicas mencionadas são de
estados diferentes.
Dessa forma, mesmo que pudesse tratar-se de um serviço prestado, o
mesmo sequer foi solicitado pelo consumidor, configurado prática vedada
expressamente pelo CDC:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas:

(...)

VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização


expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores
entre as partes;

Trata-se de responsabilidade objetiva da empresa, ao qual deveria se


precaver de fraudes comuns nesta área, ou seja, independentemente da
existência de culpa responderá pelos danos caudados ao autor.
DOS PEDIDOS

Diante ao exposto, requer a Vossa Excelência:

a) seja julgada totalmente procedente a presente demanda, declarando a


inexistência dos débitos imputados ao Autor, condenando a Ré ao
pagamento de indenização, a título de danos morais, decorrentes do
constrangimento e do sofrimento psíquico a que foi submetido,
notadamente pelo estresse de ter que ficar tentando com todos os esforços
solucionar a demanda administrativamente sem nenhum êxito.

b) seja determinada a citação da Ré, na pessoa do seu representante legal,


para, querendo, contestar a presente ação, sob pena de revelia e confissão;

c) A condenação da Ré ao pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios, nos termos da segunda parte do §2º, do artigo 85 do CPC.

d)Por fim, requer o benefício da gratuidade de Justiça, com fulcro na Lei


nº. 1.060/50, por não possuir o Autor condições de arcar com as custas
processuais e os honorários advocatícios, sem prejuízo de seu próprio
sustento, conforme declaração de hipossuficiência econômica em acoste.

Dá-se a causa, para efeitos fiscais e legais, o valor de R$ 20.000,00 (vinte


mil reais).

Termos em que, pede e espera deferimento.

Rio de janeiro,03 de março de 2022

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Yuri Tadeu da Conceição

xxx.xxx/RJ

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