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Direito Penal I – TB (2022/2023)

Regência: Professor Doutor Paulo de Sousa Mendes


Colaboração: Mestre João Matos Viana, Dr. David Silva Ramalho e Dra. Inês Vieira
Santos

SUCESSÃO DE LEIS PENAIS

CASOS PRÁTICOS

Em 10 de novembro, Aníbal empresta a Bento, seu amigo de longa data, uma pistola que
este lhe pediu a fim de matar Célia, que ambos detestam. Bento executa o crime em 16
de novembro.
No dia 12 de novembro entra em vigor uma lei que determina que os homicídios em que
participem, a qualquer título, duas ou mais pessoas, implicam a perda do direito de voto
por 10 anos.
Quid juris?

II

O artigo 28º do DL 28/84 prevê uma pena até 3 anos para o crime de açambarcamento.
Em 1 de março de 2010, face a uma acentuada escassez de vários produtos alimentares
de primeira necessidade, a Lei N1 determinou que “enquanto durasse a crise alimentar”
a pena cominada para o açambarcamento seria de prisão até 8 anos. Em 2 de abril, a Lei
N2 alterou a Lei N1, prevendo uma pena até 5 anos para o crime de açambarcamento
durante o período de excecional escassez. Em 1 de junho, a Lei N3 declarou ultrapassada
a crise, repondo o regime do artigo 28º do DL 28/84.

Gualter praticou a conduta descrita no artigo 28º, n.º 1, alínea a) do referido Decreto-Lei
entre 10 de março e 20 de maio, data em que foi detetado o seu armazém clandestino. Vai
ser julgado em setembro de 2010. Qual a lei aplicável?

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III

Paulo pretende deslocar-se ao Porto com urgência, mas não tem meios para o fazer.
Apodera-se, então, do carro de Quitéria, sem o conhecimento desta, pensando em
devolvê-lo uma semana depois.

a) No entanto, é surpreendido pela polícia passados 5 dias, sendo que na véspera da


sua detenção tinha entrado em vigor uma alteração ao artigo 208.º, n.º 1, do CP, que
agravava a respetiva pena em 2 anos de prisão. Quid juris?

b) Um mês depois de Paulo se ter apoderado do carro de Quitéria e de o ter devolvido,


entrou em vigor a Lei n.º 8/2022, de 22 de agosto, que veio tornar público o crime
previsto no artigo 208.º do Código Penal, em revogação do n.º 3 do preceito. Não
tendo Quitéria apresentado queixa, pode o Ministério Público instaurar
procedimento criminal contra Paulo em outubro de 2022?

IV

Rita conduzia sem carta, no verão de 1994. Numa passagem de peões não conseguiu
travar a tempo e atropelou um peão, que ficou ferido.

a) Considerando que a condução sem carta foi criminalizada pelo CP de 1982,


passando a contraordenação em 1995 e sendo de novo criminalizada em 1998,
poderia Rita ser punida se tivesse sido julgada em 1999?

b) Como resolveria o caso se a infração tivesse sido cometida em 1993 e o agente


condenado por sentença transitada em julgado antes da alteração verificada em
1995?

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